Alimentação artificial de Ornithodoros spp. (Acari: Argasidae), e investigação da transmissão transestadial de Anaplasma marginale

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santiago, Ana Carolina Castro
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-17032021-144111/
Resumo: Ornithodoros fonsecai é um carrapato argasídeo endêmico do Brasil, descrito do município de Bonito, no estado Mato Grosso do Sul. Posteriormente, alguns exemplares foram encontrados no município de Nobres, estado do Mato Grosso, e no município de Crateús, estado do Ceará. Ornithodoros brasiliensis é um carrapato também endêmico restrito do estado do Rio Grande do Sul. Ambas as espécies são agressivas para o homem, causando febre, dor e intensa resposta inflamatória no local da picada. O papel desses carrapatos como vetores de patógenos ainda é desconhecido, mas não deve ser descartado, uma vez que suas picadas causam lesões inflamatórias em humanos como já foi previamente reportado. Anaplasma marginale é uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória parasita de eritrócitos causadora anaplasmose bovina. A diversidade genética desta bactéria vem sendo caracterizada com base na sequência das proteínas de superfície (MSPs) sendo possível identificar as diferentes estirpes geográficas de acordo com as diferenças nas sequências de aminoácidos. Para diminuir o uso de animais de laboratório, estudos têm avaliado a relação patógeno-hospedeiro e transmissão transestadial utilizando alimentação artificial através de membranas. O presente estudo tem como objetivo geral alimentar artificialmente ninfas (N2 e N3) de O. fonsecai e O. brasiliensis utilizando sangue de bezerros naturalmente infectado com A. marginale, e sangue de coelhos experimentalmente infectados com a mesma bactéria a fim de verificar a capacidade de infecção desses carrapatos e a ocorrência da transmissão transestadial do patógeno. Para o sistema de alimentação, membranas de parafilme e câmaras foram adaptadas. As ninfas foram pesadas e separadas em grupos para cada repetição do experimento. Esfregaços sanguíneos foram feitos a fim de verificar a presença de A. marginale. As amostras de sangue coletadas e os carrapatos, após a muda, foram submetidos à extração de DNA, PCR convencional para seus respectivos genes endógenos, PCR em tempo real quantitativa para o gene msp1β e semi-nested PCR para o gene msp1α. Dentre as três alimentações artificiais de ninfas de O. fonsecai utilizando sangue de bezerros, apenas em uma foram obtidas ninfas positivas (28,5%) para A. marginale. Já as ninfas de O. brasiliensis alimentadas artificialmente submetidas apenas a uma alimentação, foram todas negativas para a bactéria. Ninfas de O. fonsecai e O. brasiliensis foram submetidas a quatro repetições de alimentação pela membrana utilizando sangue de coelhos. Vinte e cinco por cento das ninfas de O. fonsecai foram positivas na transmissão, enquanto 36,8% das ninfas de O. brasiliensis mostraram positividade para a bactéria. Conclui-se que as ninfas das espécies O. fonsecai e O. brasiliensis foram hábeis de se alimentarem artificialmente por membrana, usando sangue de bezerro e de coelho. Ambas as espécies se infectaram com A. marginale durante a alimentação artificial e foram capazes de transmitir o patógeno transestadialmente.
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O papel desses carrapatos como vetores de patógenos ainda é desconhecido, mas não deve ser descartado, uma vez que suas picadas causam lesões inflamatórias em humanos como já foi previamente reportado. Anaplasma marginale é uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória parasita de eritrócitos causadora anaplasmose bovina. A diversidade genética desta bactéria vem sendo caracterizada com base na sequência das proteínas de superfície (MSPs) sendo possível identificar as diferentes estirpes geográficas de acordo com as diferenças nas sequências de aminoácidos. Para diminuir o uso de animais de laboratório, estudos têm avaliado a relação patógeno-hospedeiro e transmissão transestadial utilizando alimentação artificial através de membranas. O presente estudo tem como objetivo geral alimentar artificialmente ninfas (N2 e N3) de O. fonsecai e O. brasiliensis utilizando sangue de bezerros naturalmente infectado com A. marginale, e sangue de coelhos experimentalmente infectados com a mesma bactéria a fim de verificar a capacidade de infecção desses carrapatos e a ocorrência da transmissão transestadial do patógeno. Para o sistema de alimentação, membranas de parafilme e câmaras foram adaptadas. As ninfas foram pesadas e separadas em grupos para cada repetição do experimento. Esfregaços sanguíneos foram feitos a fim de verificar a presença de A. marginale. As amostras de sangue coletadas e os carrapatos, após a muda, foram submetidos à extração de DNA, PCR convencional para seus respectivos genes endógenos, PCR em tempo real quantitativa para o gene msp1β e semi-nested PCR para o gene msp1α. Dentre as três alimentações artificiais de ninfas de O. fonsecai utilizando sangue de bezerros, apenas em uma foram obtidas ninfas positivas (28,5%) para A. marginale. Já as ninfas de O. brasiliensis alimentadas artificialmente submetidas apenas a uma alimentação, foram todas negativas para a bactéria. Ninfas de O. fonsecai e O. brasiliensis foram submetidas a quatro repetições de alimentação pela membrana utilizando sangue de coelhos. Vinte e cinco por cento das ninfas de O. fonsecai foram positivas na transmissão, enquanto 36,8% das ninfas de O. brasiliensis mostraram positividade para a bactéria. Conclui-se que as ninfas das espécies O. fonsecai e O. brasiliensis foram hábeis de se alimentarem artificialmente por membrana, usando sangue de bezerro e de coelho. Ambas as espécies se infectaram com A. marginale durante a alimentação artificial e foram capazes de transmitir o patógeno transestadialmente.Ornithodoros fonsecai is an argasid tick endemic to Brazil, described from municipality of Bonito, in the state of Mato Grosso do Sul. Later, some specimens were found in the municipality of Nobres, state of Mato Grosso, and municipality of Crateús, state of Ceará. Ornithodoros brasiliensis is a tick also endemic restricted to the state of Rio Grande do Sul. Both species are aggressive to humans, causing fever, pain and intense inflammatory response at the site of the bite. The role of these ticks as vectors of pathogens is still unknown, but it should not be ruled out, since their bites cause intense inflammatory lesions in humans as previously reported. Anaplasma marginale is a gram-negative, mandatory intracellular erythrocyte parasite that causes bovine anaplasmosis. The genetic diversity of this bacterium has been characterized based on the sequence of surface proteins (MSPs) and it is possible to identify the different geographical strains according to the differences in the amino acid sequences. To reduce the use of laboratory animals, studies evaluate the host-pathogen relationship and transstadial transmission using artificial feeding through membranes. The present study has the general objective of artificially feeding nymphs (N2 and N3) of O. fonsecai and O. brasiliensis using blood from calves naturally infected with A. marginale, and blood from rabbits experimentally infected with the same bacteria in order to verify the ability of these ticks to infect and the occurrence of transstadial transmission of the pathogen. For the feeding system, parafilm membranes and chambers were adapted. The nymphs were weighed and separated into groups for each repetition of the experiment. The blood samples collected and the ticks, after molting, were submitted to DNA extraction, conventional PCR for their respective endogenous genes, quantitative real-time PCR for the mspβ gene and semi-nested PCR for the msp1 α gene. Among the three artificial feedings of O. fonsecai nymphs using blood from calves, only one was obtained positive nymphs (28.5%) for A. marginale. The nymphs of O. brasiliensis fed artificially submitted to only one feeding, were all negative for the bacteria. Nymphs of O. fonsecai and O. brasiliensis were subjected to four repetitions of feeding through the membrane using blood from rabbits. Twenty-five percent of O. fonsecai nymphs were positive in transmission, while 36.8% of O. brasiliensis nymphs were positive for the bacterium. It was concluded that the nymphs of the species O. fonsecai and O. brasiliensis were able to feed artificially by membrane, using blood from calves and rabbits. Both species became infected with A. marginale during artificial feeding and were able to transmit the pathogen transstally.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBarros-Battesti, Darci MoraesSantiago, Ana Carolina Castro2021-01-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-17032021-144111/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-15T19:58:03Zoai:teses.usp.br:tde-17032021-144111Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-15T19:58:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description Ornithodoros fonsecai é um carrapato argasídeo endêmico do Brasil, descrito do município de Bonito, no estado Mato Grosso do Sul. Posteriormente, alguns exemplares foram encontrados no município de Nobres, estado do Mato Grosso, e no município de Crateús, estado do Ceará. Ornithodoros brasiliensis é um carrapato também endêmico restrito do estado do Rio Grande do Sul. Ambas as espécies são agressivas para o homem, causando febre, dor e intensa resposta inflamatória no local da picada. O papel desses carrapatos como vetores de patógenos ainda é desconhecido, mas não deve ser descartado, uma vez que suas picadas causam lesões inflamatórias em humanos como já foi previamente reportado. Anaplasma marginale é uma bactéria gram-negativa, intracelular obrigatória parasita de eritrócitos causadora anaplasmose bovina. A diversidade genética desta bactéria vem sendo caracterizada com base na sequência das proteínas de superfície (MSPs) sendo possível identificar as diferentes estirpes geográficas de acordo com as diferenças nas sequências de aminoácidos. Para diminuir o uso de animais de laboratório, estudos têm avaliado a relação patógeno-hospedeiro e transmissão transestadial utilizando alimentação artificial através de membranas. O presente estudo tem como objetivo geral alimentar artificialmente ninfas (N2 e N3) de O. fonsecai e O. brasiliensis utilizando sangue de bezerros naturalmente infectado com A. marginale, e sangue de coelhos experimentalmente infectados com a mesma bactéria a fim de verificar a capacidade de infecção desses carrapatos e a ocorrência da transmissão transestadial do patógeno. Para o sistema de alimentação, membranas de parafilme e câmaras foram adaptadas. As ninfas foram pesadas e separadas em grupos para cada repetição do experimento. Esfregaços sanguíneos foram feitos a fim de verificar a presença de A. marginale. As amostras de sangue coletadas e os carrapatos, após a muda, foram submetidos à extração de DNA, PCR convencional para seus respectivos genes endógenos, PCR em tempo real quantitativa para o gene msp1β e semi-nested PCR para o gene msp1α. Dentre as três alimentações artificiais de ninfas de O. fonsecai utilizando sangue de bezerros, apenas em uma foram obtidas ninfas positivas (28,5%) para A. marginale. Já as ninfas de O. brasiliensis alimentadas artificialmente submetidas apenas a uma alimentação, foram todas negativas para a bactéria. Ninfas de O. fonsecai e O. brasiliensis foram submetidas a quatro repetições de alimentação pela membrana utilizando sangue de coelhos. Vinte e cinco por cento das ninfas de O. fonsecai foram positivas na transmissão, enquanto 36,8% das ninfas de O. brasiliensis mostraram positividade para a bactéria. Conclui-se que as ninfas das espécies O. fonsecai e O. brasiliensis foram hábeis de se alimentarem artificialmente por membrana, usando sangue de bezerro e de coelho. Ambas as espécies se infectaram com A. marginale durante a alimentação artificial e foram capazes de transmitir o patógeno transestadialmente.
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