Frugivoria de Ficus (Moraceae) por aves em paisagens com diferentes níveis de fragmentação florestal no Estado de São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-10112009-102713/ |
Resumo: | Ficus (Moraceae) é o gênero mais importante para animais frugívoros nas florestas tropicais, considerado um recurso-chave durante períodos de escassez de frutos. Esses animais dispersam suas sementes e contribuem para a manutenção das populações de figueiras. A perda de hábitat e a fragmentação da paisagem podem afetar a sobrevivência de populações e a composição de comunidades e suas interações. Os objetivos deste trabalho foram (1) comparar a frugivoria e a dispersão de sementes por aves frugívoras entre espécies de Ficus encontradas em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e (2) testar se a perda de hábitat influencia a frugivoria e dispersão de sementes dessas árvores. Estudamos três áreas de reservas florestais no Estado de São Paulo, sudeste do Brasil, com diferentes áreas e nível de fragmentação da paisagem: Parque Estadual do Morro do Diabo (33.845 ha), Estação Ecológica dos Caetetus (2.176 ha) e Estação Ecológica de Ribeirão Preto (180 ha). Ao longo de 443 h de observação árvore-focal, registramos todas as espécies de aves frugívoras se alimentando de figos e estimamos a taxa de remoção de figos e sementes. Como nossos dados não se adequaram a métodos estatísticos tradicionais, utilizamos a reamostragem por bootstrap para estimar os intervalos de confiança das taxas de remoção e dispersão de sementes e testar as diferenças entre as espécies de figueira e as áreas de estudo. Trinta e duas espécies de aves foram observadas consumindo figos de seis espécies de Ficus. As figueiras que apresentam figos verdes, de tamanho médio ou grande, foram consumidas por uma boa variedade de espécies, mas apenas uma das aves de cada assembléia foi responsável pela remoção da maior parte dos figos. Ficus luschnathiana, com figos pequenos e vermelhos quando maduros, foi consumida de forma mais equitativa pelos seus visitantes, e apresentou taxa de dispersão de sementes significativamente maior que as demais espécies. A fragmentação reduziu a remoção de figos e sementes de F. citrifolia. Ficus eximia não demonstrou nenhum padrão claro, uma vez que só teve um consumo expressivo em um microhábitat específico, não incluído na análise da fragmentação. No fragmento menor, aves de grande porte, consideradas bons dispersores de sementes, não foram encontradas e as aves menores e generalistas não compensaram a perda do serviço de dispersão de sementes. Essas espécies de Ficus, no entanto, devem depender mais de morcegos e macacos-prego que das aves no processo de dispersão, e devem inclusive ser beneficiadas pelo aumento na extensão de bordas. Mesmo que essa comunidade de figueiras no fragmento menor não estabeleça uma interação forte com a avifauna, ainda é relevante testar se a baixa densidade de indivíduos de F. luschnathiana é consequencia da ausência de bons dispersores de sementes. |
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Frugivoria de Ficus (Moraceae) por aves em paisagens com diferentes níveis de fragmentação florestal no Estado de São PauloFrugivory of Ficus (Moraceae) by birds in areas with different levels of forest fragmentation in São Paulo StateAnimal-plant interactionDispersão de sementesEspécie-chaveFloresta Estacional SemidecidualForest fragmentsFragmentos florestaisInteração animal-plantaKeystone speciesSeed dispersalSemideciduous Seasonal ForestFicus (Moraceae) é o gênero mais importante para animais frugívoros nas florestas tropicais, considerado um recurso-chave durante períodos de escassez de frutos. Esses animais dispersam suas sementes e contribuem para a manutenção das populações de figueiras. A perda de hábitat e a fragmentação da paisagem podem afetar a sobrevivência de populações e a composição de comunidades e suas interações. Os objetivos deste trabalho foram (1) comparar a frugivoria e a dispersão de sementes por aves frugívoras entre espécies de Ficus encontradas em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e (2) testar se a perda de hábitat influencia a frugivoria e dispersão de sementes dessas árvores. Estudamos três áreas de reservas florestais no Estado de São Paulo, sudeste do Brasil, com diferentes áreas e nível de fragmentação da paisagem: Parque Estadual do Morro do Diabo (33.845 ha), Estação Ecológica dos Caetetus (2.176 ha) e Estação Ecológica de Ribeirão Preto (180 ha). Ao longo de 443 h de observação árvore-focal, registramos todas as espécies de aves frugívoras se alimentando de figos e estimamos a taxa de remoção de figos e sementes. Como nossos dados não se adequaram a métodos estatísticos tradicionais, utilizamos a reamostragem por bootstrap para estimar os intervalos de confiança das taxas de remoção e dispersão de sementes e testar as diferenças entre as espécies de figueira e as áreas de estudo. Trinta e duas espécies de aves foram observadas consumindo figos de seis espécies de Ficus. As figueiras que apresentam figos verdes, de tamanho médio ou grande, foram consumidas por uma boa variedade de espécies, mas apenas uma das aves de cada assembléia foi responsável pela remoção da maior parte dos figos. Ficus luschnathiana, com figos pequenos e vermelhos quando maduros, foi consumida de forma mais equitativa pelos seus visitantes, e apresentou taxa de dispersão de sementes significativamente maior que as demais espécies. A fragmentação reduziu a remoção de figos e sementes de F. citrifolia. Ficus eximia não demonstrou nenhum padrão claro, uma vez que só teve um consumo expressivo em um microhábitat específico, não incluído na análise da fragmentação. No fragmento menor, aves de grande porte, consideradas bons dispersores de sementes, não foram encontradas e as aves menores e generalistas não compensaram a perda do serviço de dispersão de sementes. Essas espécies de Ficus, no entanto, devem depender mais de morcegos e macacos-prego que das aves no processo de dispersão, e devem inclusive ser beneficiadas pelo aumento na extensão de bordas. Mesmo que essa comunidade de figueiras no fragmento menor não estabeleça uma interação forte com a avifauna, ainda é relevante testar se a baixa densidade de indivíduos de F. luschnathiana é consequencia da ausência de bons dispersores de sementes.Ficus (Moraceae) is the most important plant genus for tropical frugivores and is considered a keystone resource during periods of general fruit scarcity. Frugivorous animals disperse their seeds and contribute for the maintenance of fig trees populations. Habitat loss and landscape fragmentation can affect species survival as well as community composition and their interactions. The goals of this study were (1) to compare the frugivory and seed dispersal by frugivorous birds among Ficus species found in Semideciduous Seasonal Forest remnants and (2) to assess whether habitat loss influences frugivory and seed dispersal of these trees. We studied three natural reserves in São Paulo State, southeastern Brazil, which differ in area and landscape fragmentation: Morro do Diabo State Park (33.845 ha), Caetetus Ecological Station (2.176 ha) and Ribeirão Preto Ecological Station (180 ha). During 443 h focal tree observation, we registered all frugivorous birds eating figs and estimated their fruit removal and seed dispersal. As traditional statistical methods were not suitable for our data, we used bootstrap data resampling to estimate confidence limits of fruit removal and seed dispersal and test for differences between fig trees and forest fragments. A total of 32 bird species were observed consuming figs of six Ficus species. Fig trees bearing green-fruited and medium or large figs were consumed by a great diversity of birds, but showed a dominance of only one species over the others on the fruit removal. Ficus luschnathiana, whose figs are small and red when ripe, was more equally consumed by all visitors and had significantly more seeds dispersed per hour than the other species. Fragmentation reduced fruit removal and seed dispersal of F. citrifolia. Ficus eximia did not show a clear pattern, once it was only highly consumed by birds in a specific microhabitat not included on the fragmentation analysis. The effect upon other Ficus species remains to be tested. In the smallest forest remnant, large-bodied birds, considered high quality seed dispersers, cannot be found anymore and small and generalist birds are not able to compensate for this loss on seed dispersal service. These Ficus species, however, may depend more upon bats and capuchin monkeys than on birds for seed dispersal, and may even benefit from the increase in extension of forest edges. Even if this Ficus community as a whole does not seem to interact with birds, it remains relevant, though, to test whether F. luschnathiana\'s low density in the smallest fragment is due to the absence of good seed dispersers.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPereira, Rodrigo Augusto SantineloLapate, Mariana Esther2009-11-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-10112009-102713/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:01Zoai:teses.usp.br:tde-10112009-102713Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Ficus (Moraceae) é o gênero mais importante para animais frugívoros nas florestas tropicais, considerado um recurso-chave durante períodos de escassez de frutos. Esses animais dispersam suas sementes e contribuem para a manutenção das populações de figueiras. A perda de hábitat e a fragmentação da paisagem podem afetar a sobrevivência de populações e a composição de comunidades e suas interações. Os objetivos deste trabalho foram (1) comparar a frugivoria e a dispersão de sementes por aves frugívoras entre espécies de Ficus encontradas em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e (2) testar se a perda de hábitat influencia a frugivoria e dispersão de sementes dessas árvores. Estudamos três áreas de reservas florestais no Estado de São Paulo, sudeste do Brasil, com diferentes áreas e nível de fragmentação da paisagem: Parque Estadual do Morro do Diabo (33.845 ha), Estação Ecológica dos Caetetus (2.176 ha) e Estação Ecológica de Ribeirão Preto (180 ha). Ao longo de 443 h de observação árvore-focal, registramos todas as espécies de aves frugívoras se alimentando de figos e estimamos a taxa de remoção de figos e sementes. Como nossos dados não se adequaram a métodos estatísticos tradicionais, utilizamos a reamostragem por bootstrap para estimar os intervalos de confiança das taxas de remoção e dispersão de sementes e testar as diferenças entre as espécies de figueira e as áreas de estudo. Trinta e duas espécies de aves foram observadas consumindo figos de seis espécies de Ficus. As figueiras que apresentam figos verdes, de tamanho médio ou grande, foram consumidas por uma boa variedade de espécies, mas apenas uma das aves de cada assembléia foi responsável pela remoção da maior parte dos figos. Ficus luschnathiana, com figos pequenos e vermelhos quando maduros, foi consumida de forma mais equitativa pelos seus visitantes, e apresentou taxa de dispersão de sementes significativamente maior que as demais espécies. A fragmentação reduziu a remoção de figos e sementes de F. citrifolia. Ficus eximia não demonstrou nenhum padrão claro, uma vez que só teve um consumo expressivo em um microhábitat específico, não incluído na análise da fragmentação. No fragmento menor, aves de grande porte, consideradas bons dispersores de sementes, não foram encontradas e as aves menores e generalistas não compensaram a perda do serviço de dispersão de sementes. Essas espécies de Ficus, no entanto, devem depender mais de morcegos e macacos-prego que das aves no processo de dispersão, e devem inclusive ser beneficiadas pelo aumento na extensão de bordas. Mesmo que essa comunidade de figueiras no fragmento menor não estabeleça uma interação forte com a avifauna, ainda é relevante testar se a baixa densidade de indivíduos de F. luschnathiana é consequencia da ausência de bons dispersores de sementes. |
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