Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Kelly Brandão Vaz da
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-03012019-103859/
Resumo: Neste trabalho apresenta-se o estudo geoarqueológico do sítio Sol de Campinas do Acre (SCA), sítio de estruturas monticulares localizado no sudoeste da Amazônia brasileira. Considerado pelo Registro Nacional de Sítios Arqueológicos como um geoglifo circular, atualmente é composto de 15 montículos com uma altura média de 3 metros. Os montes são dispostos de forma elíptica em torno de uma praça central, cobrindo aproximadamente 15.000 m². As datações de radiocarbono mostraram que o SCA foi construído após a maioria dos geoglifos na região. Especificamente, o montículo M11, estudado neste trabalho, revelou uma sucessão de eventos de ocupação entre os séculos XI e XVII As estruturas em terra são amplamente conhecidas na Amazônia desde os tempos antigos por causa de sua conspicuidade na paisagem (frequentemente interpretada como evidência de monumentalidade). Apesar da quantidade, extensão e diversidade de formas que essas estruturas podem adotar, pouco se sabe sobre o uso que tiveram nas comunidades responsáveis pela sua construção. Pesquisas recentes no sudoeste da Amazônia concebem a engenharia de terra como uma prática cultural dinâmica e duradoura que transformou a paisagem e estabeleceu redes regionais de comunicação. Apesar das estruturas em terra da Amazônia serem amplamente conhecidas, ainda existem poucos estudos geoarqueológicos que busquem compreender os processos de formação a partir do estudo de seu principal componente: os sedimentos. Os resultados do estudo micromorfológico do montículo M11 indicaram uma clara intencionalidade na escolha do material de construção. A matéria prima utilizada foi sempre o solo da região. Foi possível observar duas técnicas construtivas em diferentes momentos da história do montículo M11: a primeira foi utilizada na construção da base do montículo, com o uso de material argiloso e nódulos de ferro, possivelmente para oferecer maior resistência à estrutura; e a segunda utilizada nas camadas superiores, construídas com material de granulometria mais grossa (frações silte e areia), que indicam uma continuidade desta prática ao longo de diferentes gerações. A construção do montículo M11 segue uma engenharia que o permitiu permanecer na paisagem por pelo menos cinco séculos, com uma realidade climática de intensas chuvas, secas e recentemente atividades pecuárias. Os povos originários responsáveis pelas construções das estruturas em terra da Amazônia Ocidental não tinham variedade de materiais construtivos. A história geológica da região resultou em um cenário onde os recursos minerais eram restritos aos solos da região e sedimentos dos rios e igarapés. Os povos construtores foram capazes de conhecer e dominar os recursos criando variedades com seleção de misturas e técnicas para uso.
id USP_0990899538fccacad530b190c28c5e51
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-03012019-103859
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - ACMicromorphological analysis of the formation process of the formation process of the archaeological site Sol de Campinas do Acre - ACMicromorfologia de solo; Amazônia; estruturas monticularesSoil micromorphology; earthenmounds; AmazonNeste trabalho apresenta-se o estudo geoarqueológico do sítio Sol de Campinas do Acre (SCA), sítio de estruturas monticulares localizado no sudoeste da Amazônia brasileira. Considerado pelo Registro Nacional de Sítios Arqueológicos como um geoglifo circular, atualmente é composto de 15 montículos com uma altura média de 3 metros. Os montes são dispostos de forma elíptica em torno de uma praça central, cobrindo aproximadamente 15.000 m². As datações de radiocarbono mostraram que o SCA foi construído após a maioria dos geoglifos na região. Especificamente, o montículo M11, estudado neste trabalho, revelou uma sucessão de eventos de ocupação entre os séculos XI e XVII As estruturas em terra são amplamente conhecidas na Amazônia desde os tempos antigos por causa de sua conspicuidade na paisagem (frequentemente interpretada como evidência de monumentalidade). Apesar da quantidade, extensão e diversidade de formas que essas estruturas podem adotar, pouco se sabe sobre o uso que tiveram nas comunidades responsáveis pela sua construção. Pesquisas recentes no sudoeste da Amazônia concebem a engenharia de terra como uma prática cultural dinâmica e duradoura que transformou a paisagem e estabeleceu redes regionais de comunicação. Apesar das estruturas em terra da Amazônia serem amplamente conhecidas, ainda existem poucos estudos geoarqueológicos que busquem compreender os processos de formação a partir do estudo de seu principal componente: os sedimentos. Os resultados do estudo micromorfológico do montículo M11 indicaram uma clara intencionalidade na escolha do material de construção. A matéria prima utilizada foi sempre o solo da região. Foi possível observar duas técnicas construtivas em diferentes momentos da história do montículo M11: a primeira foi utilizada na construção da base do montículo, com o uso de material argiloso e nódulos de ferro, possivelmente para oferecer maior resistência à estrutura; e a segunda utilizada nas camadas superiores, construídas com material de granulometria mais grossa (frações silte e areia), que indicam uma continuidade desta prática ao longo de diferentes gerações. A construção do montículo M11 segue uma engenharia que o permitiu permanecer na paisagem por pelo menos cinco séculos, com uma realidade climática de intensas chuvas, secas e recentemente atividades pecuárias. Os povos originários responsáveis pelas construções das estruturas em terra da Amazônia Ocidental não tinham variedade de materiais construtivos. A história geológica da região resultou em um cenário onde os recursos minerais eram restritos aos solos da região e sedimentos dos rios e igarapés. Os povos construtores foram capazes de conhecer e dominar os recursos criando variedades com seleção de misturas e técnicas para uso.This dissertation presents the geoarchaeological study of one of the largest geoglyph sites in the southwest of the Brazilian Amazon: the Sol de Campinas do Acre site (SCA). Considered by the National Register of Archaeological Sites as a circular geoglyph, it is currently made of 15 mounds with an average height of 3 meters. The mounds are arranged elliptically around a central plaza covering approximately 15.000 m². Radiocarbon datings showed that SCA was built after most geoglyph sites in the region. Specifically Mound 11, studied in this work, revealed a succession of occupation events between the 11th and 17th centuries. Earthen mound complexes have been widely known in the Amazon since ancient times because of their conspicuousness in the landscape (often interpreted as evidence of monumentality). Despite the quantity, extent, and diversity of forms that earthen mounds can adopt, little is known about their use in the communities responsible for their construction. Recent research in the southwest Amazon conceives earth engineering as a dynamic, enduring cultural practice that transformed the landscape and established regional communication networks. Although widely known, there are still few geoarchaeological studies on the Amazonian earthen mounds seeking to understand the formation processes of the structures from the study of its main component: sediments. The results of the micromorphological study of Mound 11 at SCA have indicated a clear intentionality in the choice for construction material. The soil around the archaeological site was always used as raw material. Two construction techniques were identified in different moments of the mound\'s history: the base of the mound, where material with clay and iron nodules was utilized, possibly to offer more resistance to the structure; and the upper layers, constructed with coarser material (silt and sand), indicating the continuity of this building practice across different generations. Construction of mound M11 followed an engineering that allowed it to remain stable in the landscape for at least five centuries in a climatic context of intense rain, droughts and recent livestock farming. The indigenous peoples responsible for the construction of the earthen mounds of Western Amazonia faced a scarcity of construction materials. The geological history of the region resulted in a scenario where mineral resources were restricted to the local soils and the sediments near rivers and streams. Mound builders knew and controlled the resources by creating varieties with selection of mixtures and techniques.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVillagran, Ximena SuarezSilva, Kelly Brandão Vaz da2018-10-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-03012019-103859/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-01-02T16:00:02Zoai:teses.usp.br:tde-03012019-103859Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-01-02T16:00:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
Micromorphological analysis of the formation process of the formation process of the archaeological site Sol de Campinas do Acre - AC
title Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
spellingShingle Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
Silva, Kelly Brandão Vaz da
Micromorfologia de solo; Amazônia; estruturas monticulares
Soil micromorphology; earthenmounds; Amazon
title_short Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
title_full Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
title_fullStr Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
title_full_unstemmed Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
title_sort Análise micromorfológica do processo de formação do sí­tio arqueológico sol de Campinas do Acre - AC
author Silva, Kelly Brandão Vaz da
author_facet Silva, Kelly Brandão Vaz da
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Villagran, Ximena Suarez
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Kelly Brandão Vaz da
dc.subject.por.fl_str_mv Micromorfologia de solo; Amazônia; estruturas monticulares
Soil micromorphology; earthenmounds; Amazon
topic Micromorfologia de solo; Amazônia; estruturas monticulares
Soil micromorphology; earthenmounds; Amazon
description Neste trabalho apresenta-se o estudo geoarqueológico do sítio Sol de Campinas do Acre (SCA), sítio de estruturas monticulares localizado no sudoeste da Amazônia brasileira. Considerado pelo Registro Nacional de Sítios Arqueológicos como um geoglifo circular, atualmente é composto de 15 montículos com uma altura média de 3 metros. Os montes são dispostos de forma elíptica em torno de uma praça central, cobrindo aproximadamente 15.000 m². As datações de radiocarbono mostraram que o SCA foi construído após a maioria dos geoglifos na região. Especificamente, o montículo M11, estudado neste trabalho, revelou uma sucessão de eventos de ocupação entre os séculos XI e XVII As estruturas em terra são amplamente conhecidas na Amazônia desde os tempos antigos por causa de sua conspicuidade na paisagem (frequentemente interpretada como evidência de monumentalidade). Apesar da quantidade, extensão e diversidade de formas que essas estruturas podem adotar, pouco se sabe sobre o uso que tiveram nas comunidades responsáveis pela sua construção. Pesquisas recentes no sudoeste da Amazônia concebem a engenharia de terra como uma prática cultural dinâmica e duradoura que transformou a paisagem e estabeleceu redes regionais de comunicação. Apesar das estruturas em terra da Amazônia serem amplamente conhecidas, ainda existem poucos estudos geoarqueológicos que busquem compreender os processos de formação a partir do estudo de seu principal componente: os sedimentos. Os resultados do estudo micromorfológico do montículo M11 indicaram uma clara intencionalidade na escolha do material de construção. A matéria prima utilizada foi sempre o solo da região. Foi possível observar duas técnicas construtivas em diferentes momentos da história do montículo M11: a primeira foi utilizada na construção da base do montículo, com o uso de material argiloso e nódulos de ferro, possivelmente para oferecer maior resistência à estrutura; e a segunda utilizada nas camadas superiores, construídas com material de granulometria mais grossa (frações silte e areia), que indicam uma continuidade desta prática ao longo de diferentes gerações. A construção do montículo M11 segue uma engenharia que o permitiu permanecer na paisagem por pelo menos cinco séculos, com uma realidade climática de intensas chuvas, secas e recentemente atividades pecuárias. Os povos originários responsáveis pelas construções das estruturas em terra da Amazônia Ocidental não tinham variedade de materiais construtivos. A história geológica da região resultou em um cenário onde os recursos minerais eram restritos aos solos da região e sedimentos dos rios e igarapés. Os povos construtores foram capazes de conhecer e dominar os recursos criando variedades com seleção de misturas e técnicas para uso.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-10-31
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-03012019-103859/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-03012019-103859/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809090324825374720