O legado de Merleau-Ponty para o estudo das implicações entre a formação de vínculos intersubjetivos na primeira infância e o desenvolvimento da afetividade humana
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-09042019-100415/ |
Resumo: | Na psicologia do desenvolvimento tem-se realizado pesquisas que buscam investigar os processos desenvolvimentais em suas dimensões cognitivas, sociais e biológicas em todo o ciclo da vida. Nesse contexto o presente trabalho buscou evidenciar o papel da afetividade como dimensão fundamental no processo desenvolvimental do sujeito, através da investigação das implicações entre a formação de vínculos intersubjetivos na primeira infância e o desenvolvimento da afetividade humana à partir do legado da obra de Merleau-Ponty. À vista disso, a presente investigação baseou-se nos estudos de Merleau-Ponty sobre a psicologia do desenvolvimento infantil, nomeadamente o diálogo que o filósofo estabeleceu em seus trabalhos com Henri Wallon e com a perspectiva psicanalítica. Também foi a proposta deste trabalho, prolongar esse diálogo com produções mais recentes nessas áreas citadas. Neste sentido, encontramos na Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty e nos trabalhos sobre a emersão da consciência em Rochat (2002) descrições sobre a experiência afetiva do recém-nato em que esta é representada por um o Si corporal sustentado por funções anônimas e por uma experiência de generalidade. O egocentrismo infantil, sobretudo nas considerações de Bimbenet (2002), é entendido nesse contexto como uma experiência de abertura radical da criança ao mundo, fundada em uma relação de Ineinander, ou seja, de inerência e de mutua penetração de corpos entendida como uma experiência de indistinção baseada em uma intercoporeidade. Essa circunstância manifestaria-se sobretudo, nas considerações apresentadas por Meltzoff e Gallager (1996), Wallon (1959) e Bimbenet (2011) no âmbito das imitações neonatais em que estas são apresentadas em seu caráter não funcionalista e de identificação em profundidade com o outro, expressando-se como a manifestação privilegiada de um descentramento originário. Nesse sentido chegou-se a proposição de que tais fenômenos seriam sustentados por uma mimesis, uma vez que esta expressaria uma relação de ser dentro de uma perspectiva ontológica em que a alteridade tem destaque. O conceito de prematuração é apresentado por Merleau-Ponty (1949-52/2010), Bimbenet (2002) e Lacan (1984) nesse contexto como a expressão de uma relação de um exterior constitutivo do interior em que a ênfase recai nas relações da criança com o adulto, nomeadamente com a mãe. A mimesis se expressaria nesse contexto em um investimento afetivo, que seria deflagrado através de um processo identificatório com o representante materno, que passaria a expressar uma condição narcísica e da formação de uma imagem corporal pela criança e a decorrente assunção desta enquanto sujeito portador de uma vida oficial |
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O legado de Merleau-Ponty para o estudo das implicações entre a formação de vínculos intersubjetivos na primeira infância e o desenvolvimento da afetividade humanaMerleau-Ponty\'s legacy for the study of the implications between the formation of intersubjective bonds in early childhood and the development of human affectivityAfetividadeAffectivityDesenvolvimentoDevelopmentMaurice Merleau-PontyMaurice Merleau-PontyNa psicologia do desenvolvimento tem-se realizado pesquisas que buscam investigar os processos desenvolvimentais em suas dimensões cognitivas, sociais e biológicas em todo o ciclo da vida. Nesse contexto o presente trabalho buscou evidenciar o papel da afetividade como dimensão fundamental no processo desenvolvimental do sujeito, através da investigação das implicações entre a formação de vínculos intersubjetivos na primeira infância e o desenvolvimento da afetividade humana à partir do legado da obra de Merleau-Ponty. À vista disso, a presente investigação baseou-se nos estudos de Merleau-Ponty sobre a psicologia do desenvolvimento infantil, nomeadamente o diálogo que o filósofo estabeleceu em seus trabalhos com Henri Wallon e com a perspectiva psicanalítica. Também foi a proposta deste trabalho, prolongar esse diálogo com produções mais recentes nessas áreas citadas. Neste sentido, encontramos na Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty e nos trabalhos sobre a emersão da consciência em Rochat (2002) descrições sobre a experiência afetiva do recém-nato em que esta é representada por um o Si corporal sustentado por funções anônimas e por uma experiência de generalidade. O egocentrismo infantil, sobretudo nas considerações de Bimbenet (2002), é entendido nesse contexto como uma experiência de abertura radical da criança ao mundo, fundada em uma relação de Ineinander, ou seja, de inerência e de mutua penetração de corpos entendida como uma experiência de indistinção baseada em uma intercoporeidade. Essa circunstância manifestaria-se sobretudo, nas considerações apresentadas por Meltzoff e Gallager (1996), Wallon (1959) e Bimbenet (2011) no âmbito das imitações neonatais em que estas são apresentadas em seu caráter não funcionalista e de identificação em profundidade com o outro, expressando-se como a manifestação privilegiada de um descentramento originário. Nesse sentido chegou-se a proposição de que tais fenômenos seriam sustentados por uma mimesis, uma vez que esta expressaria uma relação de ser dentro de uma perspectiva ontológica em que a alteridade tem destaque. O conceito de prematuração é apresentado por Merleau-Ponty (1949-52/2010), Bimbenet (2002) e Lacan (1984) nesse contexto como a expressão de uma relação de um exterior constitutivo do interior em que a ênfase recai nas relações da criança com o adulto, nomeadamente com a mãe. A mimesis se expressaria nesse contexto em um investimento afetivo, que seria deflagrado através de um processo identificatório com o representante materno, que passaria a expressar uma condição narcísica e da formação de uma imagem corporal pela criança e a decorrente assunção desta enquanto sujeito portador de uma vida oficialIn developmental psychology research has been carried out to investigate developmental processes in their cognitive, social and biological dimensions throughout the life cycle. In this context, the present work sought to highlight the role of affectivity as a fundamental dimension in the developmental process of the subject, through the investigation of the implications between the formation of intersubjective bonds in early childhood and the development of human affectivity from the legacy of Merleau-Ponty\'s work . Thus, the present investigation was based on Merleau-Ponty\'s studies on the psychology of child development, namely the dialogue that the philosopher established in his works with Henri Wallon and with the psychoanalytic perspective. It was also the proposal of this work, to prolong this dialogue with more recent productions in these areas. In this sense, we find in the Phenomenology of the Perception of Merleau-Ponty and in the works on the emersion of consciousness in Rochat (2002) descriptions about the affective experience of the newborn in which it\'s represented by a bodily \"Self\" sustained by anonymous functions and by an experience of generality. The child egocentrism, especially in the considerations of Bimbenet (2002), is understood in this context as an experience of radical opening of the child to the world, founded on an Ineinander relation, that is, of inherency and mutual penetration of bodies, understood as an experience of indistinction based on an intercoporeity. This circumstance would be manifested mainly by Meltzoff and Gallager (1996), Wallon (1959) and Bimbenet (2011) considerations in the context of neonatal imitations in which they are presented in their non-functionalist character and in-depth identification to the other, expressing itself as the privileged manifestation of an original decentering. In this sense, it has been proposed that such phenomena would be supported by a \"mimesis\", since it would express a relation of being within an ontological perspective in which the otherness stands out. The concept of prematureness is presented by Merleau-Ponty (1949-52 / 2010), Bimbenet (2002) and Lacan (1984) in this context as the expression of a relation of an exterior which is constitutive of the interior and in which the emphasis falls on the relations of the child with the adult, especially with the mother. The \"mimesis\" would be expressed in this context as an affective investment, which would be triggered by an identification process with the maternal representative, which would begin to express a narcissistic condition and the formation of a corporal image by the child and the consequent assumption of this child as a subject who sustains an official lifeBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFurlan, ReinaldoViana, Paulo Vinicius Bachette Alves2019-02-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-09042019-100415/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-06-07T17:53:41Zoai:teses.usp.br:tde-09042019-100415Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-06-07T17:53:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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