As cadeias de produção agrárias e a colonialidade: uma análise da regulação da escravidão na produção de café em Brasil e Colômbia a partir dos projetos de modernização no campo entre 1850 e 2020

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Agapito, Leonardo Simões
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/84/84131/tde-27012023-202148/
Resumo: A América Latina independente herdou as estruturas coloniais e seus institutos fundamentais, entre eles a escravidão e a servidão por dívidas. Os movimentos abolicionistas também foram liderados por países centrais, de modo que se construiu ao longo do século XIX e XX um consenso internacional sobre a dignidade humana e inadequação do trabalho cativo. A partir da década de 1970, diversos relatos sobre o ressurgimento da escravidão nas regiões de fronteira agrícola são publicados até que o mesmo fenômeno é observado também nos países centrais e grandes centros urbanos na década de 1990. Utilizando da revisão bibliográfica e da análise documental, a tese parte da crítica marxista para então se apropriar da crítica da colonialidade do poder, lançando mão do estudo comparado da produção do café em Brasil e Colômbia a partir do problema: qual o papel da escravidão dentro das cadeias globais de produção? Dessa forma, toma-se por objetivo central da tese compreender, a partir das instituições coloniais, os projetos de modernização desde a relação entre o domínio da terra e o domínio do trabalho. Para isso, tomou-se como recorte temporal o período de 1850 (dos projetos de desamortização das terras) aos anos 2020 (e o amadurecimento do projeto neoliberal). A análise se propõe a: a) verificar a dinâmica entre centro e periferia na condução da regulação do trabalho, da terra e da produção (inclusive a exploração dos recursos naturais); b) demonstrar a colonização enquanto projetos simultâneos de assimilação e expropriação; c) apresentar os fatores determinantes para o incremento da autonomia territorial frente os mecanismos de subordinação. A tese identifica ao longo do século XX o movimento de expansão e subtração dos deveres estatais de regulação, fiscalização e controle, que passam a ser exercidos por transnacionais por meio do controle das cadeias de produção. Por sua vez, diversos projetos de resistência no campo seguem vivos, seja propondo reformas ao projeto monopolista, seja propondo novas formas de vida. A tese se encerra com a proposta de desenvolvimento de uma justiça de transição territorial como forma de promover a democratização das estruturas de poder.
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A partir da década de 1970, diversos relatos sobre o ressurgimento da escravidão nas regiões de fronteira agrícola são publicados até que o mesmo fenômeno é observado também nos países centrais e grandes centros urbanos na década de 1990. Utilizando da revisão bibliográfica e da análise documental, a tese parte da crítica marxista para então se apropriar da crítica da colonialidade do poder, lançando mão do estudo comparado da produção do café em Brasil e Colômbia a partir do problema: qual o papel da escravidão dentro das cadeias globais de produção? Dessa forma, toma-se por objetivo central da tese compreender, a partir das instituições coloniais, os projetos de modernização desde a relação entre o domínio da terra e o domínio do trabalho. Para isso, tomou-se como recorte temporal o período de 1850 (dos projetos de desamortização das terras) aos anos 2020 (e o amadurecimento do projeto neoliberal). A análise se propõe a: a) verificar a dinâmica entre centro e periferia na condução da regulação do trabalho, da terra e da produção (inclusive a exploração dos recursos naturais); b) demonstrar a colonização enquanto projetos simultâneos de assimilação e expropriação; c) apresentar os fatores determinantes para o incremento da autonomia territorial frente os mecanismos de subordinação. A tese identifica ao longo do século XX o movimento de expansão e subtração dos deveres estatais de regulação, fiscalização e controle, que passam a ser exercidos por transnacionais por meio do controle das cadeias de produção. Por sua vez, diversos projetos de resistência no campo seguem vivos, seja propondo reformas ao projeto monopolista, seja propondo novas formas de vida. A tese se encerra com a proposta de desenvolvimento de uma justiça de transição territorial como forma de promover a democratização das estruturas de poder.The post-Independence countries in Latin America inherited colonial structures and their fundamental institutions, including slavery and debt bondage. Abolitionist movements were also led by global center countries, which built thought the XIX and XX centuries an international consensus about human dignity and the inadequacy of captive labor. From the 1970s onwards, many reports were published about the resurgence of slavery in agricultural frontier regions until the same phenomenon was also observed in central countries and large urban centers in the 1990s. By the bibliographical review and documental analysis, this thesis starts since a Marxist perspective to a colonialism critic, to compare the coffee production chain in Brazil and Colombia based on the problem: what is the role of slavery within global production chains? Thus, the central objective of the thesis is to understand the modernization projects, considering the colonial institutions and the relationship between the domain of land and the domain of work. Therefore, the thesis will investigate the period of 1850 (when the land privatization project started) to 2020 (when the neoliberal project gets mature). The analysis proposes to: a) verify the dynamics between center and periphery in the conduction of the regulation of work, land and production (including the exploitation of natural resources); b) demonstrate colonization as simultaneous projects of assimilation and expropriation; c) present the determining factors for the increase of territorial autonomy in the face of subordination mechanisms. The thesis identifies that, thought the XX century, the public duties of regulation, enforce and control is progressively exercised by transnational corporations by their supply chain management mechanisms. Although, many projects of peasants\' resistance still alive, offering proposes of reform of the monopolist project, or offering new standards of life. By the end, the thesis presents a proposal of territorial justice transition, to promote the democratization of public structures.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPDiniz, Eduardo SaadSuzuki, Julio CesarAgapito, Leonardo Simões2022-12-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/84/84131/tde-27012023-202148/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-01-27T22:25:20Zoai:teses.usp.br:tde-27012023-202148Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-01-27T22:25:20Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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