História natural de Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1901 (Apidae, Centridini)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-04102017-081304/ |
Resumo: | Na presente tese estudei a biologia de Centris (Paracentris) burgdorfi, uma abelha solitária de ampla distribuição no Brasil. O único local de nidificação conhecido até o momento fica em uma área de dunas, no nordeste do Brasil, à 25 km da cidade de Natal. Neste local as fêmeas nidificam exclusivamente em paleodunas à cerca de 1 km do mar. Estudei o sistema de acasalamento da espécie, onde pude constatar que a alta competição por fêmeas próxima ao ninho faz com que o macho tenha que retirar a fêmea do local para conseguir o contato genital. Nenhuma fêmea foi vista acasalando mais de uma vez e, logo após a cópula a fêmea dá início à construção do ninho. O ninho é constituído de um túnel raso com acesso às células de cria, construídas uma ao lado da outra. Avaliei o número de viagens que a fêmea faz para a coleta de óleo e pólen e o tempo despendido em cada ação dentro do ninho (deposição de pólen, óleo, ovoposição e operculação). Durante o período de construção das células as fêmeas não dormem dentro do ninho, e sim, em ramos de Krameria tomentosa, a planta utilizada como fonte de óleo no local. Buscando ampliar nosso conhecimento sobre a espécie, procurei outras populações no Brasil para que pudesse avaliar o nicho trófico. Utilizei o pólen encontrado no corpo das fêmeas para inferir sobre a dieta parcial de adultos e imaturos. Além da área de dunas, no Nordeste, encontramos C. burgdorfi no cerrado em Cavalcante, Goiás e em áreas de campo de altitude, em Ponta Grossa, Paraná. Através da análise polínica, constatei a importância de plantas do gênero Chamaecrista como fonte de pólen, sendo este um dos poucos gêneros compartilhados entre os três locais. Krameria grandiflora foi a fonte de óleo em Cavalcante e em Natal, e Angelonia integérrima, foi a fonte de óleo no Paraná. Isso revela a amplitude de nicho trófico em C. burgdorfi não apenas em relação às espécies de plantas utilizadas na dieta mas, também, quanto ao tipo de elaióforo que a fêmea consegue acessar (epitelial e tricromático). Esta plasticidade possibilita a ampla distribuição da espécie em diferentes fitofisionomias. Analisei nutricionalmente a dieta na provisão da cria de C. burgdorfi do nordeste do Brasil e de células de cria de Centris (Paracentris) pallida, coletadas no sudoeste dos Estados Unidos. Centris pallida é uma espécie de Centridini que perdeu o comportamento da coleta de óleo. Centris burgdorfi possui uma dieta mais rica em lipídeos e proteínas, sendo a dieta de C. pallida mais rica em carboidratos. A dieta mais protéica de C. burgdorfi se deve à presença de Chamaecrista já que plantas que anteras poricidas contem mais proteínas em comparação às não-poricidas, como é o caso das fontes de pólen de C. pallida (Parkinsonia e Olneya) |
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História natural de Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1901 (Apidae, Centridini)Natural history of Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1901 (Apidae, Centridini)Abelhas coletoras de óleoEcologia de nidificaçãoEcologia nutricionalMating systemNesting ecologyNicho tróficoNutritional ecologyOil-collecting beesSistema de acasalamentoTrophic nicheNa presente tese estudei a biologia de Centris (Paracentris) burgdorfi, uma abelha solitária de ampla distribuição no Brasil. O único local de nidificação conhecido até o momento fica em uma área de dunas, no nordeste do Brasil, à 25 km da cidade de Natal. Neste local as fêmeas nidificam exclusivamente em paleodunas à cerca de 1 km do mar. Estudei o sistema de acasalamento da espécie, onde pude constatar que a alta competição por fêmeas próxima ao ninho faz com que o macho tenha que retirar a fêmea do local para conseguir o contato genital. Nenhuma fêmea foi vista acasalando mais de uma vez e, logo após a cópula a fêmea dá início à construção do ninho. O ninho é constituído de um túnel raso com acesso às células de cria, construídas uma ao lado da outra. Avaliei o número de viagens que a fêmea faz para a coleta de óleo e pólen e o tempo despendido em cada ação dentro do ninho (deposição de pólen, óleo, ovoposição e operculação). Durante o período de construção das células as fêmeas não dormem dentro do ninho, e sim, em ramos de Krameria tomentosa, a planta utilizada como fonte de óleo no local. Buscando ampliar nosso conhecimento sobre a espécie, procurei outras populações no Brasil para que pudesse avaliar o nicho trófico. Utilizei o pólen encontrado no corpo das fêmeas para inferir sobre a dieta parcial de adultos e imaturos. Além da área de dunas, no Nordeste, encontramos C. burgdorfi no cerrado em Cavalcante, Goiás e em áreas de campo de altitude, em Ponta Grossa, Paraná. Através da análise polínica, constatei a importância de plantas do gênero Chamaecrista como fonte de pólen, sendo este um dos poucos gêneros compartilhados entre os três locais. Krameria grandiflora foi a fonte de óleo em Cavalcante e em Natal, e Angelonia integérrima, foi a fonte de óleo no Paraná. Isso revela a amplitude de nicho trófico em C. burgdorfi não apenas em relação às espécies de plantas utilizadas na dieta mas, também, quanto ao tipo de elaióforo que a fêmea consegue acessar (epitelial e tricromático). Esta plasticidade possibilita a ampla distribuição da espécie em diferentes fitofisionomias. Analisei nutricionalmente a dieta na provisão da cria de C. burgdorfi do nordeste do Brasil e de células de cria de Centris (Paracentris) pallida, coletadas no sudoeste dos Estados Unidos. Centris pallida é uma espécie de Centridini que perdeu o comportamento da coleta de óleo. Centris burgdorfi possui uma dieta mais rica em lipídeos e proteínas, sendo a dieta de C. pallida mais rica em carboidratos. A dieta mais protéica de C. burgdorfi se deve à presença de Chamaecrista já que plantas que anteras poricidas contem mais proteínas em comparação às não-poricidas, como é o caso das fontes de pólen de C. pallida (Parkinsonia e Olneya)In the present thesis, I studied the biology of Centris (Paracentris) burgdorfi, a solitary bee of wide distribution in Brazil. The only nesting site known is in a dune area in northeastern Brazil, 25 km from the city of Natal. In this place, the females nest exclusively in petrified dunes about 1 km from the sea. I studied the mating system of the species, where I could verify that the high competition by females near the nest forces the male to carry the female to another place to mate. No female was seen mating more than once and, soon after copulation, the female begins to construct the nest. The nest consists of a shallow tunnel with access to the brood cells. I evaluated the number of trips that the female made to the collection of oil and pollen and the time spent in each action within the nest (depositions of pollen, oil, oviposition and operculation). During the period of construction of the cells the females do not sleep inside the nest, but in branches of Krameria tomentosa, the plant used as source of oil. In order to increase our knowledge about the species, I searched for other populations in Brazil so that I could evaluate the trophic niche. I used pollen found in the body of females to infer about the partial diet of adults and immature. In addition to the dune area in the Northeast, I found C. burgdorfi in the tropical Savanna (Cerrado) in Cavalcante, state of Goiás and in high altitude field areas, in Ponta Grossa, state of Paraná. Through pollen analysis, I verified the importance of plants of the genus Chamaecrista as a source of pollen, being this one of the few genera shared among the three sites. Krameria grandiflora was the source of oil in Cavalcante and in the Natal, and Angelonia integerrima, was the source of oil in the Ponta Grossa. This reveals the trophic niche amplitude in C. burgdorfi not only in relation to the species of plants used in the diet, but also to the type of elaiophore that the female can access (epithelial and trichromatic). This plasticity makes possible the wide distribution of the species in different phytophysiognomies. Nutritionally I analyzed the diet in the provision of C. burgdorfi offspring from northeastern Brazil and from the breeding cells of Centris (Paracentris) pallida collected in the southwestern United States. Centris pallida is a species of Centridini that has lost the behavior of the oil-collection. Centris burgdorfi has a diet richer in lipids and proteins, and the diet of C. pallida is richer in carbohydrates. The most proteinic diet of C. burgdorfi is due to the presence of Chamaecrista, since plants with poricidal anthers contain more proteins compared to non-poricidal ones, such as C. pallida (Parkinsonia and Olneya) pollen sourcesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos, Isabel Alves dosSilva, Cláudia Inês daSabino, William de Oliveira2017-07-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-04102017-081304/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-10-04T06:00:42Zoai:teses.usp.br:tde-04102017-081304Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-10-04T06:00:42Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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