Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-13082021-075634/ |
Resumo: | O tecido adiposo é tipicamente um tecido versátil e heterogêneo tanto do ponto de vista estrutural quanto funcional, o seu papel fisiológico pode variar de acordo com a quantidade de lipídios armazenados e sua localização. O aumento do tecido adiposo da medula óssea (TAMO) ocorre em condições catabólicas associadas com a perda de massa óssea, tais como a anorexia nervosa e a terapia com glicocorticoide. Diferentemente, a obesidade está relacionada com massa óssea preservada ou aumentada, mas aparentemente não influencia o TAMO. O objetivo do trabalho foi avaliar a relação entre o tecido adiposo da região abdominal, o teor de lipídio intra-hepático (LIH) e do TAMO com a densidade mineral óssea (DMO) e a ocorrência de fratura no Diabetes Melito do tipo 1 (DM1) em insulinoterapia convencional ou submetido ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). O estudo é composto de três grupos pareados por idade, gênero, estatura e peso: Controle (13H/11M; 29±6 anos; 67,4±14, Kg; 1,68±0,08 m; 23,8±3,7 Kg/m2), DM1 (13H/10M; 32±13 anos; 72,3±10,6 Kg; 1,69±0,08 m; 25,3±3,4 Kg/m2,17±11 anos de duração do diabetes) e DM1-TCTH (5H/4M; 25±6 anos; 66,9±11 Kg; 1,72±0,11 m; 22,5±2,2 Kg/m2; 6 meses a 10 anos após TCTH). Foram realizadas dosagens bioquímicas, hormonais e dos marcadores ósseos e adipocinas. A DMO foi avaliada pela densitometria óssea em diversos sítios. O TAMO da vertebra L3 [gordura/ (gordura+água) %] foi avaliada por meio do método de espectroscopia (1-H) pela ressonância magnética. O tecido adiposo subcutâneo (TAS), o tecido adiposo visceral (TAV) e o LIH foram avaliados também por ressonância magnética. O controle glicêmico foi pior no grupo DM1 (HbA1c: Controle=5,3±0,3%; DM1=9,6±2,2%; DM1-TCTH=6,4±0,5%; p<0,0001) mesmo com uso de maior quantidade de insulina exógena (DM1: 0,80±0,2 UI/Kg de peso; DM1-TCTH: 0,27±0,3 UI/Kg de peso; p<0,0001). A maioria dos diabéticos em insulinoterapia convencional apresentou sobrepeso (57%), sendo que cerca de 1/3 tinha percentual de gordura corporal elevado. A DMO dos sítios ósseos avaliados foi semelhante entre os grupos (por ex., L1-L4: Controle=0,995±0,138 g/cm2; DM1=0,977±0,132 g/cm2; DM1-TCTH=0,971±0,115 g/cm2; p>0,05). A prevalência de indivíduos com massa óssea alterada (Z-score> -2,0 ou T-score> -1,0) foi de 12,5% (n=3) no grupo Controle, 26% (n=6) no grupo com DM1 em insulinoterapia convencional e 11% (n=1) no grupo DM1-TCTH. O TAS foi maior no diabético em tratamento convencional, mas o TAV, o LIH e o TAMO da vertebra L3 não diferiram entre os grupos (TAMO: Controle= 34,4±11,7 %; DM1= 34,2±8,5%; DM1-TCHT= 40,3±8,5%; p>0,05). Além disso, a fração saturada e insaturada do TAMO não foi diferente nos grupos de diabéticos tipo 1 (p>0,05). O TAS apresentou uma associação positiva com a DMO do colo do fêmur (+0,0000055 g/cm2; p=0,02). Por sua vez, o teor de LIH mostrou ter uma relação inversa com a DMO do quadril total e da coluna (-0,012 g/cm2; p=0,03), além de fatores como a idade e a glicemia que também apresentaram impacto negativo sobre tecido ósseo. Houve correlação entre o TAV e o LIH (r=0,40), porém não houve associação entre o LIH e o TAMO (+0,226%, p>0,05). O colesterol (+0,09%; p=0,002) se mostrou como um preditor importante do TAMO da vertebra L3. Ainda, a idade (+0,252%; p=0,0006) apresentou uma associação importante com a fração saturada do TAMO e o fato de ser do gênero masculino (-1,379%, p<0,0001) foi um preditor negativo da fração insaturada do TAMO. Além disso, o TAMO não apresentou associação significativa com a DMO da coluna lombar (-0,002 g/cm2; p=0,16). Assim, verificou-se que independentemente do tipo de tratamento clínico recebido, os indivíduos com DM1 apresentaram massa óssea preservada e não houve alteração do TAMO, o que pode estar relacionado com o estado nutricional destes indivíduos. Os diabéticos tipo 1 em insulinoterapia convencional apresentaram maior acúmulo de TAS comparado com os diabéticos tipo 1 submetidos ao TCTH o que pode ter relação com a presença de hiperinsulinemia periférica mais intensa. Por outro lado, não se observou aumento no TAV ou no teor de LIH entre os grupos estudados. O aumento do TAS mostrou ter uma relação positiva com a DMO enquanto que o TAV não apresentou nenhuma associação com a massa óssea. O TAMO não teve um impacto prejudicial para o tecido ósseo. Encontrou-se que o colesterol se mostrou como preditor mais importante para do aumento do TAMO e de sua fração saturada do que o controle glicêmico. Há necessidade de continuidade das investigações sobre o papel do estado nutricional neste contexto para melhor compreensão da inter-relação entre depósitos de tecido adiposo e massa óssea no DM1. |
id |
USP_1006a28ea5ac9f424a805a654023071d |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:teses.usp.br:tde-13082021-075634 |
network_acronym_str |
USP |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository_id_str |
2721 |
spelling |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1Relationship between body adiposity, marrow adipose tissue and bone mass in human type 1 Diabetes MellitusBone mineral densityDensidade mineral ósseaDiabete melito do tipo 1Marrow adipose tissueSubcutaneous adipose tissueTecido adiposo da medula ósseaTecido adiposo subcutâneoTecido adiposo visceralType 1 Diabetes MellitusVisceral adipose tissueO tecido adiposo é tipicamente um tecido versátil e heterogêneo tanto do ponto de vista estrutural quanto funcional, o seu papel fisiológico pode variar de acordo com a quantidade de lipídios armazenados e sua localização. O aumento do tecido adiposo da medula óssea (TAMO) ocorre em condições catabólicas associadas com a perda de massa óssea, tais como a anorexia nervosa e a terapia com glicocorticoide. Diferentemente, a obesidade está relacionada com massa óssea preservada ou aumentada, mas aparentemente não influencia o TAMO. O objetivo do trabalho foi avaliar a relação entre o tecido adiposo da região abdominal, o teor de lipídio intra-hepático (LIH) e do TAMO com a densidade mineral óssea (DMO) e a ocorrência de fratura no Diabetes Melito do tipo 1 (DM1) em insulinoterapia convencional ou submetido ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). O estudo é composto de três grupos pareados por idade, gênero, estatura e peso: Controle (13H/11M; 29±6 anos; 67,4±14, Kg; 1,68±0,08 m; 23,8±3,7 Kg/m2), DM1 (13H/10M; 32±13 anos; 72,3±10,6 Kg; 1,69±0,08 m; 25,3±3,4 Kg/m2,17±11 anos de duração do diabetes) e DM1-TCTH (5H/4M; 25±6 anos; 66,9±11 Kg; 1,72±0,11 m; 22,5±2,2 Kg/m2; 6 meses a 10 anos após TCTH). Foram realizadas dosagens bioquímicas, hormonais e dos marcadores ósseos e adipocinas. A DMO foi avaliada pela densitometria óssea em diversos sítios. O TAMO da vertebra L3 [gordura/ (gordura+água) %] foi avaliada por meio do método de espectroscopia (1-H) pela ressonância magnética. O tecido adiposo subcutâneo (TAS), o tecido adiposo visceral (TAV) e o LIH foram avaliados também por ressonância magnética. O controle glicêmico foi pior no grupo DM1 (HbA1c: Controle=5,3±0,3%; DM1=9,6±2,2%; DM1-TCTH=6,4±0,5%; p<0,0001) mesmo com uso de maior quantidade de insulina exógena (DM1: 0,80±0,2 UI/Kg de peso; DM1-TCTH: 0,27±0,3 UI/Kg de peso; p<0,0001). A maioria dos diabéticos em insulinoterapia convencional apresentou sobrepeso (57%), sendo que cerca de 1/3 tinha percentual de gordura corporal elevado. A DMO dos sítios ósseos avaliados foi semelhante entre os grupos (por ex., L1-L4: Controle=0,995±0,138 g/cm2; DM1=0,977±0,132 g/cm2; DM1-TCTH=0,971±0,115 g/cm2; p>0,05). A prevalência de indivíduos com massa óssea alterada (Z-score> -2,0 ou T-score> -1,0) foi de 12,5% (n=3) no grupo Controle, 26% (n=6) no grupo com DM1 em insulinoterapia convencional e 11% (n=1) no grupo DM1-TCTH. O TAS foi maior no diabético em tratamento convencional, mas o TAV, o LIH e o TAMO da vertebra L3 não diferiram entre os grupos (TAMO: Controle= 34,4±11,7 %; DM1= 34,2±8,5%; DM1-TCHT= 40,3±8,5%; p>0,05). Além disso, a fração saturada e insaturada do TAMO não foi diferente nos grupos de diabéticos tipo 1 (p>0,05). O TAS apresentou uma associação positiva com a DMO do colo do fêmur (+0,0000055 g/cm2; p=0,02). Por sua vez, o teor de LIH mostrou ter uma relação inversa com a DMO do quadril total e da coluna (-0,012 g/cm2; p=0,03), além de fatores como a idade e a glicemia que também apresentaram impacto negativo sobre tecido ósseo. Houve correlação entre o TAV e o LIH (r=0,40), porém não houve associação entre o LIH e o TAMO (+0,226%, p>0,05). O colesterol (+0,09%; p=0,002) se mostrou como um preditor importante do TAMO da vertebra L3. Ainda, a idade (+0,252%; p=0,0006) apresentou uma associação importante com a fração saturada do TAMO e o fato de ser do gênero masculino (-1,379%, p<0,0001) foi um preditor negativo da fração insaturada do TAMO. Além disso, o TAMO não apresentou associação significativa com a DMO da coluna lombar (-0,002 g/cm2; p=0,16). Assim, verificou-se que independentemente do tipo de tratamento clínico recebido, os indivíduos com DM1 apresentaram massa óssea preservada e não houve alteração do TAMO, o que pode estar relacionado com o estado nutricional destes indivíduos. Os diabéticos tipo 1 em insulinoterapia convencional apresentaram maior acúmulo de TAS comparado com os diabéticos tipo 1 submetidos ao TCTH o que pode ter relação com a presença de hiperinsulinemia periférica mais intensa. Por outro lado, não se observou aumento no TAV ou no teor de LIH entre os grupos estudados. O aumento do TAS mostrou ter uma relação positiva com a DMO enquanto que o TAV não apresentou nenhuma associação com a massa óssea. O TAMO não teve um impacto prejudicial para o tecido ósseo. Encontrou-se que o colesterol se mostrou como preditor mais importante para do aumento do TAMO e de sua fração saturada do que o controle glicêmico. Há necessidade de continuidade das investigações sobre o papel do estado nutricional neste contexto para melhor compreensão da inter-relação entre depósitos de tecido adiposo e massa óssea no DM1.Adipose tissue can impact differently depending on its localization and amount of stored fat. Marrow adipose tissue (MAT) expansion occurs in catabolic conditions associated with bone loss, such as anorexia nervosa and glucocorticoid therapy. Conversely, obesity is related to high or normal BMD and no change in MAT. Our aim was to evaluate the relationship of lipids depots with bone mass and MAT in conventionally treated T1D and T1D subjects submitted to hematopoietic stem cell transplantation (HSCT). The study comprised 3 groups matched by age, gender, height and weight: Control (13M/11F; 29±6 years; 67.4±14.4 Kg; 1.68±0.08 m; 23.8±3.7 Kg/m2), T1D (13M/10F; 32±13 years; 72.3±10.6 Kg; 1.69±0.08 m; 25.3±3.4 Kg/m2,17±11 years of diabetes duration) e T1D-HSCT (5M/4F; 25±6 years; 66.9±11 Kg; 1.72±0.11 m; 22.5±2.2 Kg/m2; 6 months to 10 years after HSCT). Blood samples were collected to evaluate glycemic control. BMD were assessed by DXA. 1-H magnetic resonance spectroscopy (1,5T) was used to evaluate MAT [fat/(fat+water) %] in L3 vertebrae. Subcutaneous adipose tissue (SAT), visceral adipose tissue (VAT), and intrahepatic lipids (IHL) were also evaluated by MRI. Only T1D exhibited poor metabolic control (HbA1c: Control=5.3±0.3%; T1D=9.6±2.2%; T1D-HSCT=6.4±0.5%; p<0,0001). Most T1D patients were overweighed (57%) and 1/3 of them had higher % body fat. BMD was similar between groups (e.g. L1-L4: Control=0.995±0.138 g/cm2; T1D=0.977±0.132 g/cm2; T1D-HSCT=0.971±0.115 g/cm2; p>0.05). Low bone mass (Z-score> -2,0 or T-score> -1,0) prevalence among individuals was 12,5% (n=3) in the Control group, 26% (n=6) in the T1D conventionally treated group and 11% (n=1) in the T1D-HSCT group. SAT was higher in T1D whereas there was no difference in VAT, IHL and MAT (Control: 34.4±11.7 %; T1D: 34.2±8.5%; T1D-HSCT: 40.3±8.5%; p>0.05). Also, there no difference in MAT lipid composition between groups (p>0.05). SAT had a positive association with femoral neck BMD (+0.0000055 g/cm2; p=0.02). Also, IHL had an inverse relationship with total hip and lumbar spine BMD (-0,012 g/cm2; p=0,03). Other factors such as age and glycemic control also had a negative impact on bone mass. There was a positive correlation between VAT and IHL (r=0,40) whereas no association between IHL and MAT was found (+0.226%, p>0.05). Cholesterol (+0,09%; p=0,0006) was an important preditor of MAT in L3. Yet, age (+0,252%; p=0,0006) had a significant association with saturated fraction of MAT and male gender (-1,379%, p<0,0001) was a negative factor for the unsaturated fraction of MAT. Moreover, MAT did not have any association with lumbar spine BMD (-0,002 g/cm2; p=0,16). Therefore, T1D bone mass was preserved and there were no changes in MAT content, independently of clinical treatment. This could be related to the nutritional status of T1D subjects. SAT accumulation was higher in T1D conventionally treated subjects compared to T1D-HSCT individuals probably due to more intense peripheral hyperinsulinemia. On the other hand, there was no increase in VAT and IHL between groups. The increase in SAT associated with higher BMD whereas it was not observed any relationship between VAT and bone mass. MAT did not have a deleterious impact on bone mass. However, cholesterol was a better predictor of MAT and its saturation compared to glycemic control. Further studies are required to better understand nutritional role and bone-fat interactions in T1D condition.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPaula, Francisco Jose Albuquerque deCarvalho, Adriana Lelis2017-02-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-13082021-075634/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-08-13T18:08:02Zoai:teses.usp.br:tde-13082021-075634Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-08-13T18:08:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 Relationship between body adiposity, marrow adipose tissue and bone mass in human type 1 Diabetes Mellitus |
title |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
spellingShingle |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 Carvalho, Adriana Lelis Bone mineral density Densidade mineral óssea Diabete melito do tipo 1 Marrow adipose tissue Subcutaneous adipose tissue Tecido adiposo da medula óssea Tecido adiposo subcutâneo Tecido adiposo visceral Type 1 Diabetes Mellitus Visceral adipose tissue |
title_short |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
title_full |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
title_fullStr |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
title_full_unstemmed |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
title_sort |
Relação entre os tecidos ósseo e adiposo no Diabetes Melito do tipo 1 |
author |
Carvalho, Adriana Lelis |
author_facet |
Carvalho, Adriana Lelis |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Paula, Francisco Jose Albuquerque de |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Carvalho, Adriana Lelis |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Bone mineral density Densidade mineral óssea Diabete melito do tipo 1 Marrow adipose tissue Subcutaneous adipose tissue Tecido adiposo da medula óssea Tecido adiposo subcutâneo Tecido adiposo visceral Type 1 Diabetes Mellitus Visceral adipose tissue |
topic |
Bone mineral density Densidade mineral óssea Diabete melito do tipo 1 Marrow adipose tissue Subcutaneous adipose tissue Tecido adiposo da medula óssea Tecido adiposo subcutâneo Tecido adiposo visceral Type 1 Diabetes Mellitus Visceral adipose tissue |
description |
O tecido adiposo é tipicamente um tecido versátil e heterogêneo tanto do ponto de vista estrutural quanto funcional, o seu papel fisiológico pode variar de acordo com a quantidade de lipídios armazenados e sua localização. O aumento do tecido adiposo da medula óssea (TAMO) ocorre em condições catabólicas associadas com a perda de massa óssea, tais como a anorexia nervosa e a terapia com glicocorticoide. Diferentemente, a obesidade está relacionada com massa óssea preservada ou aumentada, mas aparentemente não influencia o TAMO. O objetivo do trabalho foi avaliar a relação entre o tecido adiposo da região abdominal, o teor de lipídio intra-hepático (LIH) e do TAMO com a densidade mineral óssea (DMO) e a ocorrência de fratura no Diabetes Melito do tipo 1 (DM1) em insulinoterapia convencional ou submetido ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). O estudo é composto de três grupos pareados por idade, gênero, estatura e peso: Controle (13H/11M; 29±6 anos; 67,4±14, Kg; 1,68±0,08 m; 23,8±3,7 Kg/m2), DM1 (13H/10M; 32±13 anos; 72,3±10,6 Kg; 1,69±0,08 m; 25,3±3,4 Kg/m2,17±11 anos de duração do diabetes) e DM1-TCTH (5H/4M; 25±6 anos; 66,9±11 Kg; 1,72±0,11 m; 22,5±2,2 Kg/m2; 6 meses a 10 anos após TCTH). Foram realizadas dosagens bioquímicas, hormonais e dos marcadores ósseos e adipocinas. A DMO foi avaliada pela densitometria óssea em diversos sítios. O TAMO da vertebra L3 [gordura/ (gordura+água) %] foi avaliada por meio do método de espectroscopia (1-H) pela ressonância magnética. O tecido adiposo subcutâneo (TAS), o tecido adiposo visceral (TAV) e o LIH foram avaliados também por ressonância magnética. O controle glicêmico foi pior no grupo DM1 (HbA1c: Controle=5,3±0,3%; DM1=9,6±2,2%; DM1-TCTH=6,4±0,5%; p<0,0001) mesmo com uso de maior quantidade de insulina exógena (DM1: 0,80±0,2 UI/Kg de peso; DM1-TCTH: 0,27±0,3 UI/Kg de peso; p<0,0001). A maioria dos diabéticos em insulinoterapia convencional apresentou sobrepeso (57%), sendo que cerca de 1/3 tinha percentual de gordura corporal elevado. A DMO dos sítios ósseos avaliados foi semelhante entre os grupos (por ex., L1-L4: Controle=0,995±0,138 g/cm2; DM1=0,977±0,132 g/cm2; DM1-TCTH=0,971±0,115 g/cm2; p>0,05). A prevalência de indivíduos com massa óssea alterada (Z-score> -2,0 ou T-score> -1,0) foi de 12,5% (n=3) no grupo Controle, 26% (n=6) no grupo com DM1 em insulinoterapia convencional e 11% (n=1) no grupo DM1-TCTH. O TAS foi maior no diabético em tratamento convencional, mas o TAV, o LIH e o TAMO da vertebra L3 não diferiram entre os grupos (TAMO: Controle= 34,4±11,7 %; DM1= 34,2±8,5%; DM1-TCHT= 40,3±8,5%; p>0,05). Além disso, a fração saturada e insaturada do TAMO não foi diferente nos grupos de diabéticos tipo 1 (p>0,05). O TAS apresentou uma associação positiva com a DMO do colo do fêmur (+0,0000055 g/cm2; p=0,02). Por sua vez, o teor de LIH mostrou ter uma relação inversa com a DMO do quadril total e da coluna (-0,012 g/cm2; p=0,03), além de fatores como a idade e a glicemia que também apresentaram impacto negativo sobre tecido ósseo. Houve correlação entre o TAV e o LIH (r=0,40), porém não houve associação entre o LIH e o TAMO (+0,226%, p>0,05). O colesterol (+0,09%; p=0,002) se mostrou como um preditor importante do TAMO da vertebra L3. Ainda, a idade (+0,252%; p=0,0006) apresentou uma associação importante com a fração saturada do TAMO e o fato de ser do gênero masculino (-1,379%, p<0,0001) foi um preditor negativo da fração insaturada do TAMO. Além disso, o TAMO não apresentou associação significativa com a DMO da coluna lombar (-0,002 g/cm2; p=0,16). Assim, verificou-se que independentemente do tipo de tratamento clínico recebido, os indivíduos com DM1 apresentaram massa óssea preservada e não houve alteração do TAMO, o que pode estar relacionado com o estado nutricional destes indivíduos. Os diabéticos tipo 1 em insulinoterapia convencional apresentaram maior acúmulo de TAS comparado com os diabéticos tipo 1 submetidos ao TCTH o que pode ter relação com a presença de hiperinsulinemia periférica mais intensa. Por outro lado, não se observou aumento no TAV ou no teor de LIH entre os grupos estudados. O aumento do TAS mostrou ter uma relação positiva com a DMO enquanto que o TAV não apresentou nenhuma associação com a massa óssea. O TAMO não teve um impacto prejudicial para o tecido ósseo. Encontrou-se que o colesterol se mostrou como preditor mais importante para do aumento do TAMO e de sua fração saturada do que o controle glicêmico. Há necessidade de continuidade das investigações sobre o papel do estado nutricional neste contexto para melhor compreensão da inter-relação entre depósitos de tecido adiposo e massa óssea no DM1. |
publishDate |
2017 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2017-02-14 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-13082021-075634/ |
url |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-13082021-075634/ |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
|
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.coverage.none.fl_str_mv |
|
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br |
_version_ |
1815256942470234112 |