Uma experiência de escuta de familiares vítimas da letalidade policial na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lagatta, Pedro
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-01092017-104250/
Resumo: Este é um estudo qualitativo sobre o sofrimento psíquico de familiares de mortos pela polícia militar em situações conhecidas como resistência seguida de morte, desenvol-vido a partir da uma experiência de escuta de duas famílias, cujos filhos ou irmãos fo-ram mortos no município de São Paulo. A partir de um método de coleta de dados inspi-rado na psicanálise de Sandor Ferenczi e em sua teoria do trauma, para quem o não re-conhecimento da violência e do sujeito em sua singularidade são centrais para a experi-ência traumática, discute-se como a relação entre esses sujeitos e o sistema de justiça criminal é determinante para a compreensão das consequências psíquicas dessas mortes. São componentes dessa relação tanto o tratamento com o qual os operadores do direito conferem a esses familiares (discriminatório, via de regra), bem como as decisões ope-radas por esse sistema, cujo aspecto principal é operar uma série de negações nega-se o homicídio, nega-se a vítima e seu sofrimento que foram aproximadas nesse estudo ao desmentido de Ferenczi. Discute-se como a sujeição criminal, ou criminalização de determinados sujeitos sociais, é a lógica que subjaz tanto as mortes perpetradas pela polícia, como a forma como os familiares dos mortos serão tratados pelo sistema de justiça criminal: são eles mesmos tornados criminais. Esses familiares se veem tão des-protegidos, tão desrespeitados em seus direitos mais fundamentais, quanto aqueles que efetivamente morreram pelas mãos das forças de segurança. Uma abordagem psicológi-ca dessas mortes revela que uma ampla gama de atores para além da polícia desempe-nham um papel fundamental no sofrimento psíquico que tais mortes produzem
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