Preditores de recuperação em pacientes com choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio tratados com oxigenação por membrana extracorpórea
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-07012022-133039/ |
Resumo: | Introdução: O choque cardiogênico (CC) é a manifestação clínica da insuficiência circulatória causada por doença cardiovascular e é o principal responsável pela morte de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). O suporte circulatório mecânico é parte essencial do manejo do CC sendo comumente usado para fornecer débito sanguíneo adequado aos pacientes com instabilidade hemodinâmica grave. A oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial (ECMO VA) pode ser uma estratégia útil para ganhar tempo até a recuperação da função cardíaca. No entanto, em um número expressivo de pacientes, a função cardiovascular não será reestabelecida, e os pacientes morrerão ou necessitarão de dispositivo de longo prazo ou transplante cardíaco. O objetivo deste estudo foi investigar fatores clínicos e relacionados à ECMO associados à recuperação cardíaca em pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio e desenvolver um escore para prever o sucesso do desmame da ECMO. Métodos: Este é um estudo retrospectivo realizado no Hospital Pitiè-Salpetriêre em Paris, França. Foram revisados e analisados todos os prontuários médicos consecutivos de pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio (IAM) entre junho de 2006 e junho de 2017. Resultados: Duzentos e setenta e oito pacientes foram submetidos à ECMO após choque cardiogênico de etiologia isquêmica, e destes, 32% estavam vivos sem qualquer suporte circulatório mecânico nem transplante no 60º dia. Na análise multivariada, os pacientes que apresentaram recuperação da função cardiaca foram submetidos a revascularização completa mais frequentemente (HR 0,551 IC95% [0,351 - 0,862], p=0,009), apresentavam menor escore SAPS II na admissão (HR 1,024 IC95% [1,010 - 1,039], p 0,001), menor pontuação de Charlson (HR 1,148 CI95% [1,009 - 1,306], p 0,036), maior VTI (HR 0,887 IC95% [0,828 - 0,949], p < 0,001) e maior fração de ejeção (HR 0,767 IC95% [0,471 - 0,96], p 0,041) 48 horas antes do desfecho primário. Para o desfecho secundário, a população foi dividida aleatoriamente em dois grupos. A primeira amostra (grupo A) com 137 pacientes e a segunda amostra (grupo B) com 100 pacientes. No grupo A, foram identificados os preditores de recuperação definidos como ficar fora de ECMO por mais de 48 horas e foi construído um escore de desmame. Em seguida, aplicou-se essa pontuação no grupo B para validação. O sucesso do desmame foi previsto pela pressão de pulso (OR 0,911 IC95% [0,866 - 0,957], p < 0,001) e VTI (OR 0,641 IC95% [0,641 - 0,823], p < 0,001). O modelo de regressão logística foi aplicado e foi encontrada uma área sob a curva de 0,961. Conclusões: Em uma série de 278 pacientes com choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio que necessitaram de suporte com oxigenação por membrana extracorpórea, os fatores preditores de recuperação miocárdica foram: revascularização completa, menor pontuação nos escores de SAPS II e de Charlson à admissão, e maiores valores de VTI e de fração de ejeção 48 horas antes da retirada do dispositivo. A detecção desses fatores auxiliará os clínicos na tomada de decisão para o desmame da ECMO no choque cardiogênico |
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Preditores de recuperação em pacientes com choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio tratados com oxigenação por membrana extracorpóreaPredictors of recovery in patients with cardiogenic shock complicating acute myocardial infarction treated with extracorporeal membrane oxygenationCardiogenic shock, Myocardial infarctionChoque cardiogênicoDesmameExtracorporeal membrane oxygenationInfarto do miocárdioOxigenação por membrana extracorpóreaWeaningIntrodução: O choque cardiogênico (CC) é a manifestação clínica da insuficiência circulatória causada por doença cardiovascular e é o principal responsável pela morte de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). O suporte circulatório mecânico é parte essencial do manejo do CC sendo comumente usado para fornecer débito sanguíneo adequado aos pacientes com instabilidade hemodinâmica grave. A oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial (ECMO VA) pode ser uma estratégia útil para ganhar tempo até a recuperação da função cardíaca. No entanto, em um número expressivo de pacientes, a função cardiovascular não será reestabelecida, e os pacientes morrerão ou necessitarão de dispositivo de longo prazo ou transplante cardíaco. O objetivo deste estudo foi investigar fatores clínicos e relacionados à ECMO associados à recuperação cardíaca em pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio e desenvolver um escore para prever o sucesso do desmame da ECMO. Métodos: Este é um estudo retrospectivo realizado no Hospital Pitiè-Salpetriêre em Paris, França. Foram revisados e analisados todos os prontuários médicos consecutivos de pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio (IAM) entre junho de 2006 e junho de 2017. Resultados: Duzentos e setenta e oito pacientes foram submetidos à ECMO após choque cardiogênico de etiologia isquêmica, e destes, 32% estavam vivos sem qualquer suporte circulatório mecânico nem transplante no 60º dia. Na análise multivariada, os pacientes que apresentaram recuperação da função cardiaca foram submetidos a revascularização completa mais frequentemente (HR 0,551 IC95% [0,351 - 0,862], p=0,009), apresentavam menor escore SAPS II na admissão (HR 1,024 IC95% [1,010 - 1,039], p 0,001), menor pontuação de Charlson (HR 1,148 CI95% [1,009 - 1,306], p 0,036), maior VTI (HR 0,887 IC95% [0,828 - 0,949], p < 0,001) e maior fração de ejeção (HR 0,767 IC95% [0,471 - 0,96], p 0,041) 48 horas antes do desfecho primário. Para o desfecho secundário, a população foi dividida aleatoriamente em dois grupos. A primeira amostra (grupo A) com 137 pacientes e a segunda amostra (grupo B) com 100 pacientes. No grupo A, foram identificados os preditores de recuperação definidos como ficar fora de ECMO por mais de 48 horas e foi construído um escore de desmame. Em seguida, aplicou-se essa pontuação no grupo B para validação. O sucesso do desmame foi previsto pela pressão de pulso (OR 0,911 IC95% [0,866 - 0,957], p < 0,001) e VTI (OR 0,641 IC95% [0,641 - 0,823], p < 0,001). O modelo de regressão logística foi aplicado e foi encontrada uma área sob a curva de 0,961. Conclusões: Em uma série de 278 pacientes com choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio que necessitaram de suporte com oxigenação por membrana extracorpórea, os fatores preditores de recuperação miocárdica foram: revascularização completa, menor pontuação nos escores de SAPS II e de Charlson à admissão, e maiores valores de VTI e de fração de ejeção 48 horas antes da retirada do dispositivo. A detecção desses fatores auxiliará os clínicos na tomada de decisão para o desmame da ECMO no choque cardiogênicoCardiogenic shock (CS) is the clinical manifestation of circulatory failure caused by a cardiovascular disease and is the mainly responsible for death of patients with acute coronary syndrome (ACS). Mechanical circulatory support is an essential part of the management of CS and is commonly used to provide adequate cardiac output in the condition of severe hemodynamic instability. Veno-arterial extracorporeal membrane oxygenation (VA-ECMO) can be a life saving strategy while cardiac function recover. However, in an expressive number of patients, the cardiovascular function will not recover, and patients will die or further require long-term device or heart transplantation. The aim of this study was investigate clinical and ECMO related factors associated with cardiac recovery in patients supported by VAECMO due to cardiogenic shock complicating acute myocardial infarction and built a score to predict ECMO weaning successful. This is a retrospective study performed at the Pitiè-Salpetriêre Hospital in Paris, France. We reviewed and analyzed all consecutive medical records of patients supported by VA-ECMO for cardiogenic shock after acute myocardial infarction between June 2006 and June 2017. Two hundred and seventy eight patients underwent ECMO after cardiogenic shock complicating acute myocardial infarction (AMI), 32% of the patients were alive without any mechanical circulatory support neither transplantation at day 60. In the multivariate analysis, patients in the group weaned of ECMO have complete revascularization more frequently (HR 0.551 CI 0.351 0.862 p 0.009), lower SAPS II score at admission (HR 1.024 CI 1.010 1.039 p 0.001), lower Charlson score (HR 1.148 95%CI [1.009 1.306], p=0.036), higher VTI (HR 0.887 CI 0.828 0.949 p < 0.001) and higher ejection fraction (HR 0,767 95%CI [0.471 0.966], p=0.041) 48 hours before primary outcome. For second outcome we randomly divided the population in two groups. The first sample (group A) with 137 patients and the second sample (group B) with 100 patients. In the group A we identified the predictors of recovery defined as staying out of ECMO for more than 48 hours and produced a score of weaning. Then we applied this score on group B for validation. Successful weaning was predicted by pulse pressure (OR 0.911 95%CI [0.866 - 0.957], p < 0.001) and VTI (OR 0.641 95%CI [0.641 - 0.823], P < 0.001). We applied the logistic regression model and found an area under curve (AUC) of 0.961. Conclusions: in a series of 278 patients with cardiogenic shock after acute myocardial infarction who needed ECMO, predictive factors of myocardial recovery were: lower SAPS II and Charlson score at admission, and higher values of VTI and ejection fraction 48 hours before weaning. The detection of these factors might help physicians in the decision of ECMO weaningBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHajjar, Ludhmila AbrahãoFernandes, Felipe Lourenço2021-10-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-07012022-133039/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-01-18T13:31:02Zoai:teses.usp.br:tde-07012022-133039Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-01-18T13:31:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução: O choque cardiogênico (CC) é a manifestação clínica da insuficiência circulatória causada por doença cardiovascular e é o principal responsável pela morte de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). O suporte circulatório mecânico é parte essencial do manejo do CC sendo comumente usado para fornecer débito sanguíneo adequado aos pacientes com instabilidade hemodinâmica grave. A oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial (ECMO VA) pode ser uma estratégia útil para ganhar tempo até a recuperação da função cardíaca. No entanto, em um número expressivo de pacientes, a função cardiovascular não será reestabelecida, e os pacientes morrerão ou necessitarão de dispositivo de longo prazo ou transplante cardíaco. O objetivo deste estudo foi investigar fatores clínicos e relacionados à ECMO associados à recuperação cardíaca em pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio e desenvolver um escore para prever o sucesso do desmame da ECMO. Métodos: Este é um estudo retrospectivo realizado no Hospital Pitiè-Salpetriêre em Paris, França. Foram revisados e analisados todos os prontuários médicos consecutivos de pacientes com suporte de ECMO VA por choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio (IAM) entre junho de 2006 e junho de 2017. Resultados: Duzentos e setenta e oito pacientes foram submetidos à ECMO após choque cardiogênico de etiologia isquêmica, e destes, 32% estavam vivos sem qualquer suporte circulatório mecânico nem transplante no 60º dia. Na análise multivariada, os pacientes que apresentaram recuperação da função cardiaca foram submetidos a revascularização completa mais frequentemente (HR 0,551 IC95% [0,351 - 0,862], p=0,009), apresentavam menor escore SAPS II na admissão (HR 1,024 IC95% [1,010 - 1,039], p 0,001), menor pontuação de Charlson (HR 1,148 CI95% [1,009 - 1,306], p 0,036), maior VTI (HR 0,887 IC95% [0,828 - 0,949], p < 0,001) e maior fração de ejeção (HR 0,767 IC95% [0,471 - 0,96], p 0,041) 48 horas antes do desfecho primário. Para o desfecho secundário, a população foi dividida aleatoriamente em dois grupos. A primeira amostra (grupo A) com 137 pacientes e a segunda amostra (grupo B) com 100 pacientes. No grupo A, foram identificados os preditores de recuperação definidos como ficar fora de ECMO por mais de 48 horas e foi construído um escore de desmame. Em seguida, aplicou-se essa pontuação no grupo B para validação. O sucesso do desmame foi previsto pela pressão de pulso (OR 0,911 IC95% [0,866 - 0,957], p < 0,001) e VTI (OR 0,641 IC95% [0,641 - 0,823], p < 0,001). O modelo de regressão logística foi aplicado e foi encontrada uma área sob a curva de 0,961. Conclusões: Em uma série de 278 pacientes com choque cardiogênico após infarto agudo do miocárdio que necessitaram de suporte com oxigenação por membrana extracorpórea, os fatores preditores de recuperação miocárdica foram: revascularização completa, menor pontuação nos escores de SAPS II e de Charlson à admissão, e maiores valores de VTI e de fração de ejeção 48 horas antes da retirada do dispositivo. A detecção desses fatores auxiliará os clínicos na tomada de decisão para o desmame da ECMO no choque cardiogênico |
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