O espaço como matriz epistemológica na comunicação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Masella Lopes, Paulo Roberto
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27152/tde-05072009-211932/
Resumo: Esta dissertação sustenta a hipótese de que o espaço possa servir como matriz epistemológica à comunicação a partir de duas frentes de análise: A primeira parte do impacto causado pelas tecnologias da comunicação na constituição do espaço que, ao romperem com o modelo anterior da modernidade, teriam aberto uma crise no seu sentido. Crise essa que parte da crença de que a virtualidade do espaço encontra-se exclusivamente nos meios técnicos e não fundamentalmente no pensamento ou nas formas de subjetividade que dele decorrem. A outra motivação parte da premissa de que a própria epistemologia, já em sua origem grega, possui uma matriz espacial ao promover a cisão do mundo pela separação entre discurso (logos) e natureza (physis). Espacializado, o pensamento é capaz de demarcar as fronteiras entre as coisas , fazendo da natureza um amontoado de objetos cognoscíveis . Permite-se assim, conceber uma interioridade da consciência e presenciar uma objetificação do mundo que é progressivamente acentuada pelo poder da técnica em criar um discurso autônomo que não se refere mais ao seu criador senão a si próprio. Por outro lado, esse procedimento, que faz da consciência o lugar de intelecção do mundo, leva a um esquecimento do corpo como interface cognitiva com o mundo, deixando de ser coisa espacializante para ser, tal como quaisquer objetos, coisa espacializada. Quanto à comunicação, pressupomos dois planos para sua compreensão: como meio técnico e como acontecimento . Como meios técnicos de comunicação entendemos todas as formas de comunicação que se valem de um aparato técnico para se realizarem. Todavia, esta definição, por mais convencional que seja e justamente por isto , não nos exime das dificuldades que decorrem de arbitrar sobre o que seja um aparato técnico ou mesmo a própria comunicação. No que diz respeito à técnica, pode-se sempre argumentar que a escrita ou mesmo a linguagem configurem-se como técnicas, deslocando e atenuando o impacto que os meios técnicos de comunicação possam ter na contemporaneidade. Portanto, buscamos, além das estruturas da linguagem, uma especificidade para os meios técnicos de comunicação que justifiquem uma mudança na ordem política, social e, muito provavelmente, epistemológica. Acreditamos que essa especificidade dos meios técnicos de comunicação possa ser encontrada em sua capacidade de operar um recorte espaço-temporal na natureza. Quanto ao espaço, pensamos que esse recorte possa ser dado pela visibilidade, pela proximidade e pela continuidade que os meios técnicos possibilitam manipular na ordem natural da percepção dos eventos. Mediante uma ordem técnica, os eventos passam agora a ser passíveis de (re) produção não mais segundo a presença do corpo como mediador, mas de um aparelho técnico como interface. Embora cada meio técnico possua sua especificidade, toda a comunicação realizada através desses meios parece obedecer a essa nova ordem. Se os meios técnicos possuem essa especificidade, sugerimos que a comunicação como acontecimento também esteja submetida a esta matriz espacial na medida em que para realizar-se dependa da subjetividade, da criação de um espaço comum de acolhimento e pertencimento.
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Espacializado, o pensamento é capaz de demarcar as fronteiras entre as coisas , fazendo da natureza um amontoado de objetos cognoscíveis . Permite-se assim, conceber uma interioridade da consciência e presenciar uma objetificação do mundo que é progressivamente acentuada pelo poder da técnica em criar um discurso autônomo que não se refere mais ao seu criador senão a si próprio. Por outro lado, esse procedimento, que faz da consciência o lugar de intelecção do mundo, leva a um esquecimento do corpo como interface cognitiva com o mundo, deixando de ser coisa espacializante para ser, tal como quaisquer objetos, coisa espacializada. Quanto à comunicação, pressupomos dois planos para sua compreensão: como meio técnico e como acontecimento . Como meios técnicos de comunicação entendemos todas as formas de comunicação que se valem de um aparato técnico para se realizarem. Todavia, esta definição, por mais convencional que seja e justamente por isto , não nos exime das dificuldades que decorrem de arbitrar sobre o que seja um aparato técnico ou mesmo a própria comunicação. No que diz respeito à técnica, pode-se sempre argumentar que a escrita ou mesmo a linguagem configurem-se como técnicas, deslocando e atenuando o impacto que os meios técnicos de comunicação possam ter na contemporaneidade. Portanto, buscamos, além das estruturas da linguagem, uma especificidade para os meios técnicos de comunicação que justifiquem uma mudança na ordem política, social e, muito provavelmente, epistemológica. Acreditamos que essa especificidade dos meios técnicos de comunicação possa ser encontrada em sua capacidade de operar um recorte espaço-temporal na natureza. Quanto ao espaço, pensamos que esse recorte possa ser dado pela visibilidade, pela proximidade e pela continuidade que os meios técnicos possibilitam manipular na ordem natural da percepção dos eventos. Mediante uma ordem técnica, os eventos passam agora a ser passíveis de (re) produção não mais segundo a presença do corpo como mediador, mas de um aparelho técnico como interface. Embora cada meio técnico possua sua especificidade, toda a comunicação realizada através desses meios parece obedecer a essa nova ordem. Se os meios técnicos possuem essa especificidade, sugerimos que a comunicação como acontecimento também esteja submetida a esta matriz espacial na medida em que para realizar-se dependa da subjetividade, da criação de um espaço comum de acolhimento e pertencimento.This dissertation sustains the hypothesis that space operates as an epistemological matrix in communication processes considering two points of view: the first comes from the impact caused by communication technologies in the organization of space which, by breaking with the previous model of modernity, might have opened a crisis in its meaning. Crisis that is based on the belief that space virtuality finds itself exclusively in the technical means, and not fundamentally in the thought or in the forms of subjectivity that derive from it. The second point of view addresses the premise that epistemology itself, already in its Greek origin, possess a spatial matrix since it splits the world into rational speech (logos) and nature (physis). Spacing the thought makes possible to demarcate the borders between things, transforming nature into a mass of cognizable objects. Consequently, it makes possible to conceive the consciousness as interiority as much as an objectification of the world, which is intensified by the power of technique in creating an autonomous speech that no longer refers to its creator but to itself. On the other hand, that procedure leads to a forgetfulness of the body as a cognitive interface with the world becoming a spatialized thing instead of spatializing thing. Concerning communication, we presume two levels to achieve its understanding: as technical means and as an event . As technical means, we understand all the forms of communication that make use of a technical apparatus to take place. However, this definition, although conventional, does not exempt us from the difficulties of defining whatever a technical apparatus is or even what communication is. It is always possible to argue that language is a technique, displacing the impact that technical means of communication may have nowadays. Therefore, we seek, beyond the structures of language, specificity for technical means of communication that justify a change in the social, political and epistemological order. We believe that specificity can be found in the capacity of technical means to operate a space-time framework of nature. Regarding space, we think that this framework idea can be given by the visibility, proximity and continuity that technical means manipulate in the natural order of the events perception. By means of a technical order, events become possible through a technical device as the main interface with the world instead of the presence of the body as a mediator. Although each technical medium holds its specificity, communication carried out through those means looks to obey to that new order. If technical means hold that specificity, we suggest that communication as an event is also submitted to this spatial matrix since it depends on subjectivity to take place. Thus, it depends on the construction of a common space in a sense of belonging and shelter.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMarcondes Filho, Ciro Juvenal RodriguesMasella Lopes, Paulo Roberto2007-04-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27152/tde-05072009-211932/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:59Zoai:teses.usp.br:tde-05072009-211932Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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