Disfunção tireoidiana na linha de base e incidência de depressão após o seguimento de quatro anos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Varella, Ana Carolina de Moraes Fontes
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-07022022-180750/
Resumo: As disfunções tireoidianas têm sido associadas com a depressão por muitos anos, porém os mecanismos envolvidos nessa associação não estão definidos e os resultados dos estudos ainda são conflitantes. A maioria dos estudos foram realizados na Europa e nos Estados Unidos, com um aumento recente na Ásia, e não é certo se os resultados seriam replicados na população brasileira. Assim, o ELSA-Brasil apresenta a oportunidade de se estudar a associação entre as disfunções tireoidianas e a depressão na população brasileira e de forma prospectiva. Métodos: Os níveis de TSH, T4-livre e anticorpos anti-TPO foram avaliados na linha de base e o diagnóstico de depressão foi feito através do instrumento Clinical Interview Schedule - Revised (CIS-R) na linha de base e no seguimento de quatro anos. Foram avaliados os seguintes modelos através da regressão de Poisson (intervalo de confiança 95%, IC95%): (1) associação entre disfunções tireoidianas clínicas e subclínicas e depressão incidente; (2) associação entre anticorpos anti-TPO e depressão incidente; (3) associação entre anticorpos anti-TPO somente com hipotireoidismo clínico/subclínico e depressão incidente; (4) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (5) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; (6) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (7) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; e (8) níveis de TSH I/L e depressão incidente, como análise de sensibilidade. As análises foram estratificadas por sexo quando apropriado e o modelo multivariado foi composto por idade, sexo, raça, educação, índice de massa corpórea (IMC), fumo, consumo de álcool, uso de antidepressivos/benzodiazepínicos e comorbidades. Resultados: Este estudo encontrou uma associação inversa entre o hipotireoidismo clínico e a depressão incidente (RR=0,54; 95% CI 0,35-0,84), porém não houve associação com o hipotireoidismo subclínico, nem com hipertireoidismo clínico e subclínico. Também não houve associação entre elevados níveis séricos de anticorpos anti-TPO e depressão incidente, tanto de forma geral quanto aliado somente ao hipotireoidismo clínico e/ou subclínico. Com relação aos níveis de TSH dentre aqueles com disfunção subclínica e eutireoideos, baixos níveis foram associados com maior risco de depressão, dentre todos os participantes (RR=1,36; 95% CI 1,02-1,81), e para mulheres (RR=1,64; 95% CI 1,15-2,33). Mesmo dentre a faixa normal para todos (RR=1,46; 95% CI 1,08-1,99) e para mulheres (RR=1,63; 95% CI 1,12-2,38). Altos níveis de TSH foram associados com menor risco de depressão, também dentre todos (RR=0,71; 95% CI 0,53-0,96), e para mulheres (RR=0,67; 95% CI 0,47-0,95). Não houve associação entre níveis de TSH Conclusão: O hipotireoidismo clínico foi associado com menor risco de depressão. O risco de depressão incidente parece estar associado a baixos níveis de TSH naqueles com disfunção subclínica, mesmo dentre a faixa da normalidade. Resultado que se mostrou expressivo dentre as mulheres. Níveis elevados de TSH foram associados com menor risco de depressão, também evidente dentre as mulheres. Nenhuma associação entre níveis de TSH e depressão incidente foi encontrada dentre os homens.
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Assim, o ELSA-Brasil apresenta a oportunidade de se estudar a associação entre as disfunções tireoidianas e a depressão na população brasileira e de forma prospectiva. Métodos: Os níveis de TSH, T4-livre e anticorpos anti-TPO foram avaliados na linha de base e o diagnóstico de depressão foi feito através do instrumento Clinical Interview Schedule - Revised (CIS-R) na linha de base e no seguimento de quatro anos. Foram avaliados os seguintes modelos através da regressão de Poisson (intervalo de confiança 95%, IC95%): (1) associação entre disfunções tireoidianas clínicas e subclínicas e depressão incidente; (2) associação entre anticorpos anti-TPO e depressão incidente; (3) associação entre anticorpos anti-TPO somente com hipotireoidismo clínico/subclínico e depressão incidente; (4) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (5) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; (6) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (7) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; e (8) níveis de TSH I/L e depressão incidente, como análise de sensibilidade. As análises foram estratificadas por sexo quando apropriado e o modelo multivariado foi composto por idade, sexo, raça, educação, índice de massa corpórea (IMC), fumo, consumo de álcool, uso de antidepressivos/benzodiazepínicos e comorbidades. Resultados: Este estudo encontrou uma associação inversa entre o hipotireoidismo clínico e a depressão incidente (RR=0,54; 95% CI 0,35-0,84), porém não houve associação com o hipotireoidismo subclínico, nem com hipertireoidismo clínico e subclínico. Também não houve associação entre elevados níveis séricos de anticorpos anti-TPO e depressão incidente, tanto de forma geral quanto aliado somente ao hipotireoidismo clínico e/ou subclínico. Com relação aos níveis de TSH dentre aqueles com disfunção subclínica e eutireoideos, baixos níveis foram associados com maior risco de depressão, dentre todos os participantes (RR=1,36; 95% CI 1,02-1,81), e para mulheres (RR=1,64; 95% CI 1,15-2,33). Mesmo dentre a faixa normal para todos (RR=1,46; 95% CI 1,08-1,99) e para mulheres (RR=1,63; 95% CI 1,12-2,38). Altos níveis de TSH foram associados com menor risco de depressão, também dentre todos (RR=0,71; 95% CI 0,53-0,96), e para mulheres (RR=0,67; 95% CI 0,47-0,95). Não houve associação entre níveis de TSH Conclusão: O hipotireoidismo clínico foi associado com menor risco de depressão. O risco de depressão incidente parece estar associado a baixos níveis de TSH naqueles com disfunção subclínica, mesmo dentre a faixa da normalidade. Resultado que se mostrou expressivo dentre as mulheres. Níveis elevados de TSH foram associados com menor risco de depressão, também evidente dentre as mulheres. Nenhuma associação entre níveis de TSH e depressão incidente foi encontrada dentre os homens.Thyroid disorders have been associated with depression over many years, but the mechanisms involved in this association are difficult to define and previous published data are still conflicting. The majority of studies were performed in Europe and the United States, with a recent increase in Asia, and it is unknown if their results would replicate in the Brazilian population. Therefore, ELSA-Brasil presents the opportunity to study the association between thyroid dysfunction and depression in the Brazilian population and prospectively. Methods: TSH, free-thyroxine (FT4) and anti-TPO antibodies levels were evaluated at baseline. Depression diagnoses were performed using the Clinical Interview Schedule - Revised (CIS-R) at baseline and after the 4-year-follow-up. The following analysis were performed using Poisson regression models (95% confidence interval, CI95%): (1) association between thyroid dysfunction (overt and subclinical) and incident depression; (2) association between anti-TPO antibodies and incident depression; (3) association between anti-TPO antibodies together with only overt/subclinical hypothyroidism and incident depression; (4) TSH levels (3º quintile as reference) and incident depression among those with subclinical thyroid dysfunction and euthyroid individuals; (5) TSH levels (3º quintile as reference) and incident depression among euthyroid individuals; (6) TSH levels (1º quintile as reference) and incident depression among those with subclinical thyroid dysfunction and euthyroid individuals; (7) TSH levels (1º quintile as reference) and incident depression among euthyroid individuals; (8) TSH levels as a sensibility analysis. The analyses were stratified by sex when appropriate, and the multivariable model was adjusted for age, sex, race, education, body mass index (BMI), smoking, alcohol consumption, use of antidepressants/benzodiazepines and comorbidities. Results: This study showed an inverse association between overt hypothyroidism and incident depression (RR=0.54; 95% CI 0.35-0.84), but no association was found for subclinical hypothyroidism, overt and subclinical hyperthyroidism. Also, there was no association between presence of anti-TPO antibodies and incident depression (even when analyzing it together with overt and/or subclinical hypothyroidism only). Regarding TSH levels, among those with subclinical thyroid dysfunction and euthyroid individuals, low TSH levels were associated with an increased risk of depression, for all participants (RR=1.36; 95% CI 1.02-1.81) and for women (RR=1.64; 95% CI 1.15-2.33). Even within the normal range, for all (RR=1.46; 95% CI 1.08-1.99) and for women (RR=1.63; 95% CI 1.12-2.38). High TSH levels were associated with a lower risk of depression, also for all participants (RR=0.71; 95% CI 0.53-0.96) and for women (RR=0.67; 95% CI 0.47-0.95). The sensibility Conclusion: Overt hypothyroidism was associated with a lower risk of depression after 4 years of follow-up. The higher risk seems to be associated with low TSH levels among those with subclinical thyroid dysfunction and euthyorid individuals, even within the normal range. Specially among women. High TSH levels were associated with lower risk of depression, also for women. No association between TSH levels and incident depression was found among menBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLotufo, Paulo AndradeVarella, Ana Carolina de Moraes Fontes2020-08-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-07022022-180750/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-02-07T20:17:04Zoai:teses.usp.br:tde-07022022-180750Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-02-07T20:17:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description As disfunções tireoidianas têm sido associadas com a depressão por muitos anos, porém os mecanismos envolvidos nessa associação não estão definidos e os resultados dos estudos ainda são conflitantes. A maioria dos estudos foram realizados na Europa e nos Estados Unidos, com um aumento recente na Ásia, e não é certo se os resultados seriam replicados na população brasileira. Assim, o ELSA-Brasil apresenta a oportunidade de se estudar a associação entre as disfunções tireoidianas e a depressão na população brasileira e de forma prospectiva. Métodos: Os níveis de TSH, T4-livre e anticorpos anti-TPO foram avaliados na linha de base e o diagnóstico de depressão foi feito através do instrumento Clinical Interview Schedule - Revised (CIS-R) na linha de base e no seguimento de quatro anos. Foram avaliados os seguintes modelos através da regressão de Poisson (intervalo de confiança 95%, IC95%): (1) associação entre disfunções tireoidianas clínicas e subclínicas e depressão incidente; (2) associação entre anticorpos anti-TPO e depressão incidente; (3) associação entre anticorpos anti-TPO somente com hipotireoidismo clínico/subclínico e depressão incidente; (4) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (5) níveis de TSH (referência 3o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; (6) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre aqueles com disfunção tireoidiana subclínica e eutireoideos; (7) níveis de TSH (referência 1o quintil) e depressão incidente dentre eutireoideos; e (8) níveis de TSH I/L e depressão incidente, como análise de sensibilidade. As análises foram estratificadas por sexo quando apropriado e o modelo multivariado foi composto por idade, sexo, raça, educação, índice de massa corpórea (IMC), fumo, consumo de álcool, uso de antidepressivos/benzodiazepínicos e comorbidades. Resultados: Este estudo encontrou uma associação inversa entre o hipotireoidismo clínico e a depressão incidente (RR=0,54; 95% CI 0,35-0,84), porém não houve associação com o hipotireoidismo subclínico, nem com hipertireoidismo clínico e subclínico. Também não houve associação entre elevados níveis séricos de anticorpos anti-TPO e depressão incidente, tanto de forma geral quanto aliado somente ao hipotireoidismo clínico e/ou subclínico. Com relação aos níveis de TSH dentre aqueles com disfunção subclínica e eutireoideos, baixos níveis foram associados com maior risco de depressão, dentre todos os participantes (RR=1,36; 95% CI 1,02-1,81), e para mulheres (RR=1,64; 95% CI 1,15-2,33). Mesmo dentre a faixa normal para todos (RR=1,46; 95% CI 1,08-1,99) e para mulheres (RR=1,63; 95% CI 1,12-2,38). Altos níveis de TSH foram associados com menor risco de depressão, também dentre todos (RR=0,71; 95% CI 0,53-0,96), e para mulheres (RR=0,67; 95% CI 0,47-0,95). Não houve associação entre níveis de TSH Conclusão: O hipotireoidismo clínico foi associado com menor risco de depressão. O risco de depressão incidente parece estar associado a baixos níveis de TSH naqueles com disfunção subclínica, mesmo dentre a faixa da normalidade. Resultado que se mostrou expressivo dentre as mulheres. Níveis elevados de TSH foram associados com menor risco de depressão, também evidente dentre as mulheres. Nenhuma associação entre níveis de TSH e depressão incidente foi encontrada dentre os homens.
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