Produção fictícia da natureza: o fetichismo do carbono

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Talita Amaral Sanches
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10032020-170937/
Resumo: Busca-se nesse trabalho, a análise crítica da economia política de cunho ambiental possível de ser apreendida a partir dos fundamentos econômicos da precificação de carbono, relacionando-os à necessidade de mobilização do mercado financeiro. Para tanto, são analisados importantes conceitos econômicos para a constituição da economia do clima, fundamentada nos pressupostos de um sistema climático em colapso e institucionalizada pelos acordos adotados pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). A análise crítica dos instrumentos adotados pela Conferência das Partes da CQNUMC revela as necessidades do estabelecimento de mais uma forma de mobilização do capital financeiro. Nesse sentido, busca-se a apreensão do modo pelo qual continuamente contemplam-se essas necessidades, de modo a viabilizar o surgimento e consolidação de uma economia política desenvolvimentista e naturalizante. Nesse processo, que versa também sobre a necessidade do desenvolvimento das forças produtivas, busca-se forjar uma economia de baixo carbono por meio da mobilização do mercado financeiro mobilizado de forma distinta pelo Protocolo de Quioto e pelo Acordo de Paris. Busca-se também a reflexão sobre os conceitos da economia política adotados pela economia do clima, tais quais a internalização dos custos do carbono e a equalização do custo marginal de abatimento de emissões de carbono equivalente por diferentes capitais individuais, visando a custo-efetividade da precificação de carbono. Esses conceitos revelam, portanto, o processo de naturalização das forças produtivas e da concorrência por meio da precificação do carbono. A partir da análise crítica do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris, em que o primeiro versa sobre a comercialização de reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE), busca-se apreender a razão do declínio das negociações de reduções de emissões no âmbito do Protocolo de Quioto, bem como a mudança estrutural preconizada pelo Acordo de Paris. Para compreendermos o movimento que engendrou esses acordos se faz necessária a análise crítica da lógica posta pelo capital a partir das necessidades do movimento de seu desenvolvimento que aprofunda e agudiza suas contradições, bem como a análise do estabelecimento das formas de consciência fetichistas que naturalizam essas mesmas contradições. Assim, a partir da análise fundamentada na teoria crítica do valor, a chamada economia do clima pode ser compreendida como aprofundamento crítico do capital sob a sombra legitimadora da economia política tanto como ciência, quanto como forma social naturalizada e naturalizante. E ainda sob essa sombra, universaliza-se a consciência religiosa e o sentimento de culpa que operam de acordo com o medo da morte social mobilizando a redenção pelo mercado via neutralização do carbono, como expressão do fetiche do carbono. É nesse sentido que devém necessária a crítica à economia política como possibilidade de crítica à economia do clima e de suas formas sociais, que se impõem como necessidade crítica da reprodução do capital.
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Nesse sentido, busca-se a apreensão do modo pelo qual continuamente contemplam-se essas necessidades, de modo a viabilizar o surgimento e consolidação de uma economia política desenvolvimentista e naturalizante. Nesse processo, que versa também sobre a necessidade do desenvolvimento das forças produtivas, busca-se forjar uma economia de baixo carbono por meio da mobilização do mercado financeiro mobilizado de forma distinta pelo Protocolo de Quioto e pelo Acordo de Paris. Busca-se também a reflexão sobre os conceitos da economia política adotados pela economia do clima, tais quais a internalização dos custos do carbono e a equalização do custo marginal de abatimento de emissões de carbono equivalente por diferentes capitais individuais, visando a custo-efetividade da precificação de carbono. Esses conceitos revelam, portanto, o processo de naturalização das forças produtivas e da concorrência por meio da precificação do carbono. A partir da análise crítica do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris, em que o primeiro versa sobre a comercialização de reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE), busca-se apreender a razão do declínio das negociações de reduções de emissões no âmbito do Protocolo de Quioto, bem como a mudança estrutural preconizada pelo Acordo de Paris. Para compreendermos o movimento que engendrou esses acordos se faz necessária a análise crítica da lógica posta pelo capital a partir das necessidades do movimento de seu desenvolvimento que aprofunda e agudiza suas contradições, bem como a análise do estabelecimento das formas de consciência fetichistas que naturalizam essas mesmas contradições. Assim, a partir da análise fundamentada na teoria crítica do valor, a chamada economia do clima pode ser compreendida como aprofundamento crítico do capital sob a sombra legitimadora da economia política tanto como ciência, quanto como forma social naturalizada e naturalizante. E ainda sob essa sombra, universaliza-se a consciência religiosa e o sentimento de culpa que operam de acordo com o medo da morte social mobilizando a redenção pelo mercado via neutralização do carbono, como expressão do fetiche do carbono. É nesse sentido que devém necessária a crítica à economia política como possibilidade de crítica à economia do clima e de suas formas sociais, que se impõem como necessidade crítica da reprodução do capital.In this paper the environmental political economy critical analysiss is searched, which can be perceived as from the economic fundamentals of carbon pricing, relating them to the need to mobilize the financial market. Therefore, important economic concepts to the conformation of the climate economy are analyzed, justified by the assumptions of a collapsed climate system and institutionalized through the agreements adopted by the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC).The critical analysis of the instruments adopted by the Conference of the Parties to the United Nations Framework Convention on Climate Change reveals the need to the establishment of a way to the financial capital mobilization. In this sense, we seek to apprehend the way these needs are continually contemplated, enabling the emergence and consolidation of a developmentalist and naturalizing political economy. In this process, which also deals with the need for the development of the productive forces, it seeks to forge a low-carbon economy through the mobilization of the financial market - mobilized differently by the Kyoto Protocol and the Paris Agreement. It also seeks the reflection about the concepts of political economy adopted by the climate economy, such as the internalization of carbon social costs and the equalization of the marginal cost of abatement of carbon equivalent emissions by different individual capitals, aiming at the cost-effectiveness of carbon pricing. These concepts reveal, therefore, the naturalization process of the productive forces and the competition by means of the carbon pricing. As from the critical analysis of the Kyoto Protocol and the Paris Agreement, which the first deals with the commercialization of greenhouse gas (GHG) emission reductions, the aim is to understand the reason for the decline in emissions reductions negotiations under the Kyoto Protocol, as well as the structural change professed by the Paris Agreement. To understand the movement that engendered these agreements, the critical analysis of the capitals logic is required as from the needs of the movement of its development that deepens and intensifies its contradictions, as well as the analysis the establishment of fetishistic forms of consciousness that naturalize these same contradictions. Thus, as from the analysis based on the critical theory of value, the so-called climate economy can be understood as a critical deepening of the capital under the legitimizing shadow of political economy both as a science and as a naturalized and naturalizing social form. Under this shadow, the religious consciousness and the guilt, universalized, operates according to the fear of social death that mobilizes a redemption through the market by carbon neutralization, as an expression of the carbon fetishism. Its a redemption that mobilizes the carbon fetish. It is in this sense that a critique of political economy is necessary as a possibility of criticism of the climate economy and its social forms, which impose themselves as a critical necessity for the reproduction of the capital.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlfredo, AnselmoFerreira, Talita Amaral Sanches2019-12-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-10032020-170937/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-03-10T23:14:02Zoai:teses.usp.br:tde-10032020-170937Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-03-10T23:14:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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