O internacionalismo operário entre o local e o global: as redes sindicais de trabalhadores químicos e metalúrgicos no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Framil Filho, Ricardo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-13022017-114200/
Resumo: Nos últimos anos, tem sido crescente a publicação de trabalhos preocupados com as respostas dos trabalhadores à globalização. Em especial, a proposição de que estaria em desenvolvimento um \"novo internacionalismo operário\" motivou debate. O alcance deste processo ainda é incerto, mas sindicalistas alojados em organizações sindicais internacionais levaram a cabo iniciativas na tentativa de responder aos desafios da globalização, o que tem gerado experiências inovadoras. Esta pesquisa explora as características das redes sindicais em empresas transnacionais em atuação no Brasil nos setores químico e metalúrgico, exemplo de ação sindical que tem sido considerado parte dessa tendência. Essas redes articulam trabalhadores e sindicatos que atuam em relação a uma mesma empresa transnacional em diversas partes do mundo e são hoje bem conhecidas entre os sindicalistas engajados nesse tipo de atividade. Este trabalho introduz a questão do novo internacionalismo operário, apresenta a origem das redes no mundo e no Brasil e, por fim, analisa a ação de 15 redes sindicais. O que torna essas redes relevantes é o fato de que elas oferecem um exemplo concreto de como é possível articular o \"global\" e o \"local\" através de uma ação sindical multiescalar: ao ligar em um movimento global sindicatos até então separados entre si, elas criam a possibilidade de enfrentar a empresa em escalas para além do local, seja nacionalmente ou internacionalmente. Por outro lado, a pesquisa revela que o engajamento dos sindicatos locais implica um processo de acomodação em que os seus interesses imediatos, vinculados ao trabalho sindical cotidiano, precisam ser atendidos para que as redes sejam viáveis na prática. Além disso, o fato de que as redes são construídas a partir da estrutura sindical já constituída impõe limites às suas possibilidades de ação. A estratégia das redes, assim, é marcada por preocupações pragmáticas e busca emular as relações de trabalho encontradas em algumas transnacionais: aquelas que admitem uma relação mais democrática com os sindicatos sob o paradigma do \"diálogo social\". Para subsidiar a análise, a pesquisa mapeou as redes sindicais em atuação no país e, após análise documental preliminar, realizou uma série de entrevistas semiestruturadas com dirigentes sindicais brasileiros e estrangeiros. Um primeiro conjunto de entrevistas serviu para identificar as posições dos formuladores da política geral de redes sindicais, representantes de um \"sindicalismo global\". Posteriormente, a pesquisa se voltou para o trabalho mais cotidiano das redes. Foram entrevistados coordenadores e participantes de 15 redes sindicais em atuação no país, em geral sindicalistas em contato próximo com o chão de fábrica. Cada uma dessas redes se organiza em relação a uma empresa específica, e estão representadas empresas brasileiras, europeias e norte-americanas.
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Esta pesquisa explora as características das redes sindicais em empresas transnacionais em atuação no Brasil nos setores químico e metalúrgico, exemplo de ação sindical que tem sido considerado parte dessa tendência. Essas redes articulam trabalhadores e sindicatos que atuam em relação a uma mesma empresa transnacional em diversas partes do mundo e são hoje bem conhecidas entre os sindicalistas engajados nesse tipo de atividade. Este trabalho introduz a questão do novo internacionalismo operário, apresenta a origem das redes no mundo e no Brasil e, por fim, analisa a ação de 15 redes sindicais. O que torna essas redes relevantes é o fato de que elas oferecem um exemplo concreto de como é possível articular o \"global\" e o \"local\" através de uma ação sindical multiescalar: ao ligar em um movimento global sindicatos até então separados entre si, elas criam a possibilidade de enfrentar a empresa em escalas para além do local, seja nacionalmente ou internacionalmente. Por outro lado, a pesquisa revela que o engajamento dos sindicatos locais implica um processo de acomodação em que os seus interesses imediatos, vinculados ao trabalho sindical cotidiano, precisam ser atendidos para que as redes sejam viáveis na prática. Além disso, o fato de que as redes são construídas a partir da estrutura sindical já constituída impõe limites às suas possibilidades de ação. A estratégia das redes, assim, é marcada por preocupações pragmáticas e busca emular as relações de trabalho encontradas em algumas transnacionais: aquelas que admitem uma relação mais democrática com os sindicatos sob o paradigma do \"diálogo social\". Para subsidiar a análise, a pesquisa mapeou as redes sindicais em atuação no país e, após análise documental preliminar, realizou uma série de entrevistas semiestruturadas com dirigentes sindicais brasileiros e estrangeiros. Um primeiro conjunto de entrevistas serviu para identificar as posições dos formuladores da política geral de redes sindicais, representantes de um \"sindicalismo global\". Posteriormente, a pesquisa se voltou para o trabalho mais cotidiano das redes. Foram entrevistados coordenadores e participantes de 15 redes sindicais em atuação no país, em geral sindicalistas em contato próximo com o chão de fábrica. Cada uma dessas redes se organiza em relação a uma empresa específica, e estão representadas empresas brasileiras, europeias e norte-americanas.The last few years have seen growing interest in labor responses to globalization. In particular, the proposition that a new labour internationalism is being developed has sparked debate. The scope of this process is still uncertain, but trade unionists engaged in international activities have undertaken initiatives in an attempt to meet the challenges of globalization. That has created innovative experiences. This thesis investigates the characteristics of trade union networks in transnational companies operating in Brazil in the chemical and metal industries, an example of union action that is usually considered part of this trend. A trade union network unites workers and trade unions in a joint effort to confront a transnational company in various parts of the world. Today, they are well known among trade unionists working in transnational companies. This paper introduces the question of new labor internationalism, presents the origins of these networks in the world and in Brazil, and finally, analyzes the activities of 15 trade union networks operating in the country. What makes these networks relevant is the fact that they offer an example of how to articulate the global and the local through multiscalar union action: as they unite trade unions through multiple localities, they create the possibility of facing the company on scales beyond the local, either nationally or internationally. On the other hand, the research reveals that the participation of local unions implies an accommodation process where their immediate interests, linked to everyday union work, must be met so that the networks are feasible in practice. Moreover, the fact that networks are built from the union structure that is already established imposes limits to their possibilities. The strategy of the networks is thus marked by pragmatic concerns and seeks to emulate the industrial relations found in some transnational companies: those who admit a more democratic relationship with the unions under the paradigm of social dialogue. In order to fundament the analysis, the research identified the trade union networks operating in Brazil and, after a preliminary document analysis, conducted a series of semi-structured interviews with Brazilian and foreign union leaders. A first set of interviews served to identify the opinions of the makers of the general policy of trade union networks, part of a global unionism. Subsequently, the research turned to the more routine work of the networks. Coordinators and participants from 15 trade union networks were interviewed, generally trade unionists from local unions in close contact with the shop floor. Each of these networks is organized in relation to a specific company and there are Brazilian, European and American companies represented.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSilva, Leonardo Gomes Mello eFramil Filho, Ricardo2016-10-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-13022017-114200/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-17T16:34:08Zoai:teses.usp.br:tde-13022017-114200Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-17T16:34:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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