Ablação estereotáctica de hamartomas hipotalâmicos para o tratamento de crises epilépticas

• Autor(a) principal: Miguel Ernesto San Martin Sepulveda
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.5.2021.tde-23072021-105940

Introdução: Os hamartomas hipotalâmicos constituem-se em raras malformações congênitas de natureza não-neoplásica, frequentemente associados com epilepsia refratária e puberdade precoce central, além de alterações cognitivas e psiquiátricas. A ablação por radiofrequência dos hamartomas hipotalâmicos foi estudada e proposta nos últimos anos como uma opção terapêutica segura e efetiva com relação ao controle das crises gelásticas com resultados encorajadores. A aplicação da radiofrequência pode ser realizada tanto como procedimento único quanto em procedimentos estagiados possivelmente melhorando a efetividade e a segurança do procedimento. Objetivo: O objetivo do presente estudo é investigar o efeito clínico da lesão por radiofrequência estagiada guiada por estereotaxia em pacientes com diagnostico de hamartoma hipotalâmico. Casuística e Método: Estudo retrospectivo que incluiu sequencialmente dados de pacientes com diagnóstico de hamartoma hipotalâmico que foram submetidos à ablação por radiofrequência. A avaliação e o seguimento clínico dos pacientes foram realizadas através da análise dos dados acerca do controle das crises epilépticas relacionadas (escala de Engel e escala da ILAE) e alterações endocrinológicas. Adicionalmente, foram realizados estudos de análise morfológica dos hamartomas hipotalâmicos utilizando reconstruções em 3D baseadas em imagens de RNM. Resultados: Foram incluídos sete pacientes com diagnostico de hamartoma e que foram submetidos à ablação por radiofrequência. Os pacientes foram submetidos a uma média de três procedimentos cirúrgicos, sendo que o volume médio de lesão foi de 0,42 cm3. A análise estatística demonstrou que após a cirurgia houve uma redução significativa do número crises gelásticas (F(2,65)=130,1; p=0,0000). A cirurgia também reduziu significativamente o número de crises não gelásticas (F(2,65)=130,0; p=0,0000) entre 6 e 54 meses de seguimento (F(2,65)=158,6; p=0,0000). Com relação à escala da Impressão Clínica Global quatro pacientes (57,14%) obtiveram o valor 1 (grande melhora), dois pacientes (28,57%) o valor 3 (melhora mínima) e um paciente (14,28%) o valor 4 (sem melhora). Conclusões: Desse modo, os resultados demonstram que a ablação estereotáctica por radiofrequência pode ser considerada instrumento terapêutico importante para melhor controle das crises epilépticas gelásticas e não gelásticas e consequente melhora global dos pacientes.