Aquisição das vogais tônicas e pretônicas do Português Brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bohn, Graziela Pigatto
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-10122015-154746/
Resumo: Esta tese trata da aquisição do sistema vocálico em posição tônica e pretônica do português brasileiro fazendo uso de dados longitudinais de 3 crianças gravadas semanalmente de 1;0 à 3;5 (ano;mês) provenientes do Banco de dados A aquisição do ritmo em Português Brasileiro Processos de Ancoragem (SANTOS, 2005). O arcabouço teórico assumido é a Teoria da Hierarquia Contrastiva de Traços HCT - (2003; 2009), que prevê que os segmentos da língua sejam lexicalmente representados através de uma hierarquia de traços dependente de processos fonológicos e específica de cada língua. E, uma vez que a hierarquia de traços não é inata, ela deve ser construída pela criança com base no input. Trata-se de um trabalho inovador, pois, além de usar a HCT para explicar a trajetória de aquisição das vogais do PB, aborda questões que ainda estão em aberto na teoria, tal como o papel do input na aquisição fonológica, a variabilidade na aquisição e a reestruturação de hierarquias. Nossos dados mostram que, de fato, as crianças trilham caminhos diferentes para adquirir o sistema vocálico do PB. Enquanto duas delas, L. e Am., iniciam suas hierarquias por ponto de articulação, a terceira A. inicia por altura. Em relação a essas diferenças, discutimos uma proposta de hierarquia contrastiva para o PB que se inicia por altura vocálica (Lee, 2008), e verificamos que essa proposta não dá conta do processo de elisão do dialeto de São Paulo, ao qual as crianças desse estudo estão expostas. Por esse motivo, (i) elaboramos uma proposta de hierarquia contrastiva para esse dialeto a qual se inicia por ponto e (ii) propomos que se os contrastes iniciais infantis impedem que, posteriormente, a gramática infantil dê conta dos processos da língua, a criança reestrutura sua hierarquia assim que possível. A organização da hierarquia e os traços utilizados foram estabelecidos de acordo com a ordem de aquisição dos segmentos (aquisição estabelecida de acordo com a metodologia de Ingram 1981, 1989) e as substituições ocorridas na fala infantil. Em relação à reestruturação, conseguimos evidenciar um momento em que há reestruturação nas hierarquias observando as substituições. Em relação à aquisição da pauta pretônica, partimos da hipótese de que segmentos que sofrem processos fonológicos seriam adquiridos mais tardiamente (cf. MIRANDA, 2013), e, por esse motivo, ambos /e/ e /o/ pretônicas apresentariam diferenças de aquisição em relação às suas contrapartes tônicas. Os resultados mostraram, entretanto, que apenas a vogal pretônica /e/ é adquirida mais tardiamente, o que traz mais evidências aos estudos que defendem que apenas essa vogal é alvo do processo de harmonia vocálica no PB. Dessa forma, ao discutir a aquisição do sistema vocálico em Português Brasileiro a partir da Hierarquia Contrastiva de Traços, conseguimos tratar da influência do input na aquisição vocálica, da variabilidade entre os aprendizes e da reestruturação de hierarquias, o que não é possível a partir de outros arcabouços teóricos.
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spelling Aquisição das vogais tônicas e pretônicas do Português BrasileiroThe acquisition of the tonic and the pretonic vowels in Brazilian PortugueseAquisição vocálicaContrastive hierarchyHierarquia contrastivaPhonological processesProcessos fonológicosVowel acquisitionEsta tese trata da aquisição do sistema vocálico em posição tônica e pretônica do português brasileiro fazendo uso de dados longitudinais de 3 crianças gravadas semanalmente de 1;0 à 3;5 (ano;mês) provenientes do Banco de dados A aquisição do ritmo em Português Brasileiro Processos de Ancoragem (SANTOS, 2005). O arcabouço teórico assumido é a Teoria da Hierarquia Contrastiva de Traços HCT - (2003; 2009), que prevê que os segmentos da língua sejam lexicalmente representados através de uma hierarquia de traços dependente de processos fonológicos e específica de cada língua. E, uma vez que a hierarquia de traços não é inata, ela deve ser construída pela criança com base no input. Trata-se de um trabalho inovador, pois, além de usar a HCT para explicar a trajetória de aquisição das vogais do PB, aborda questões que ainda estão em aberto na teoria, tal como o papel do input na aquisição fonológica, a variabilidade na aquisição e a reestruturação de hierarquias. Nossos dados mostram que, de fato, as crianças trilham caminhos diferentes para adquirir o sistema vocálico do PB. Enquanto duas delas, L. e Am., iniciam suas hierarquias por ponto de articulação, a terceira A. inicia por altura. Em relação a essas diferenças, discutimos uma proposta de hierarquia contrastiva para o PB que se inicia por altura vocálica (Lee, 2008), e verificamos que essa proposta não dá conta do processo de elisão do dialeto de São Paulo, ao qual as crianças desse estudo estão expostas. Por esse motivo, (i) elaboramos uma proposta de hierarquia contrastiva para esse dialeto a qual se inicia por ponto e (ii) propomos que se os contrastes iniciais infantis impedem que, posteriormente, a gramática infantil dê conta dos processos da língua, a criança reestrutura sua hierarquia assim que possível. A organização da hierarquia e os traços utilizados foram estabelecidos de acordo com a ordem de aquisição dos segmentos (aquisição estabelecida de acordo com a metodologia de Ingram 1981, 1989) e as substituições ocorridas na fala infantil. Em relação à reestruturação, conseguimos evidenciar um momento em que há reestruturação nas hierarquias observando as substituições. Em relação à aquisição da pauta pretônica, partimos da hipótese de que segmentos que sofrem processos fonológicos seriam adquiridos mais tardiamente (cf. MIRANDA, 2013), e, por esse motivo, ambos /e/ e /o/ pretônicas apresentariam diferenças de aquisição em relação às suas contrapartes tônicas. Os resultados mostraram, entretanto, que apenas a vogal pretônica /e/ é adquirida mais tardiamente, o que traz mais evidências aos estudos que defendem que apenas essa vogal é alvo do processo de harmonia vocálica no PB. Dessa forma, ao discutir a aquisição do sistema vocálico em Português Brasileiro a partir da Hierarquia Contrastiva de Traços, conseguimos tratar da influência do input na aquisição vocálica, da variabilidade entre os aprendizes e da reestruturação de hierarquias, o que não é possível a partir de outros arcabouços teóricos.This thesis deals with the acquisition of the vowel system in tonic and pretonic positions in Brazilian Portuguese, using longitudinal data from three children recorded every week from 1;0 to 3;5 (year; month) from the database Aquisição de Ritmo em Português Brasileiro Processos de Ancoragem (SANTOS, 2005). The theoretical framework assumed is Contrastive Hierarchy Theory - CHT - (DRESHER, 2003; 2009), which proposes that the segments of language are lexically represented by a feature hierarchy dependent on the language and its phonological processes. As the feature hierarchy is not innate, it must be constructed by the child based on input. This is an innovative study because in addition to using CHT to explain the acquisition trajectory for BP vowels, it addresses issues that have not yet been addressed in the theory, such as the role of input in phonological acquisition, variability in acquisition, and the restructuring of hierarchies. Our data show that, in fact, the children take different paths in acquiring the vowel system in BP. While two of them, L. and Am, begin their hierarchies with the place of articulation, the third, A. begins with height. In regard to these differences, we discuss a proposal for a contrastive hierarchy for BP that begins with vowel height (Lee, 2008), and we find that this proposal does not account for the external sandhi process in the São Paulo dialect to which the children in this study are exposed. For this reason, (i) we have put forward a contrastive hierarchy proposal for the dialect which begins with place of articulation and (ii) we have proposed that if children\'s initial contrasts subsequently prevent child grammar handling the language\'s processes, the child restructures its hierarchy as soon as possible. The organization of the hierarchy and features used were established according to the order of acquisition of the segments (acquisition established in accordance with the Ingram\'s methodology 1981, 1989) and the substitutions which occurred in child language. Regarding restructuring, we have identified a moment when there is restructuring in the hierarchies observing substitutions. Regarding the acquisition of pretonic position, we started from the hypothesis that the segments that undergo phonological processes would be acquired later (cf. MIRANDA, 2013) and, for this reason, both pretonic /e/ and /o/ would present differences in acquisition in relation to their tonic counterparts. The results showed, however, that only the pretonic vowel /e/ is acquired later, which provides more evidence for studies that argue that only this vowel is the target of the vowel harmony process in BP. Thus, when discussing the acquisition of the vowel system in Brazilian Portuguese based on Contrastive Hierarchy Theory, we can address the influence of input on vowel acquisition, the variability among learners, and the restructuring of hierarchies, which is not possible using other theoretical frameworks.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos, Raquel SantanaBohn, Graziela Pigatto 2015-08-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-10122015-154746/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-10122015-154746Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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