A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Maria Cristina Longo Cardoso
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08012013-162854/
Resumo: Este trabalho tem por objetivo provar que há mais espaço para elaboração de regras morais no utilitarismo de Mill quando comparado ao utilitarismo de Bentham. Para que esta tese seja provada é necessário comprovar que a concepção de natureza humana do indivíduo teórico de Mill é mais complexa do que a concepção de natureza humana de Bentham, pois é a ciência da natureza humana que constitui o fundamento das prescrições da moralidade. Esta tese provará que a natureza humana do indivíduo teórico de Bentham resume-se a uma natureza humana dotada, principalmente, de uma razão capaz de formular cálculos complexos entre prazer e dor (que inclui a intensidade, proximidade, longinquidade, etc) para decidir sobre a melhor ação (aquela que aponta para o prazer, no cômputo geral do balanço). Em outras palavras, um apelo ao primeiro princípio, ao princípio de utilidade é efetuado a cada ação, questionando as regras do costume e reduzindo o espaço da moral a apenas ao princípio de utilidade. Para Mill, ao contrário, a natureza humana é mais complexa. Ela é composta, de leis da mente ou leis psicológicas, da tese hedonista (que significa que os indivíduos buscam prazer e evitam a dor, assim como para Bentham) e subteses da tese hedonista, como o fato de que os indivíduos, por natureza, agem por hábito, possuem faculdades elevadas das quais derivam prazeres de qualidade superior e possuem a capacidade de se transformar ao longo do tempo. Essas características da natureza humana do indivíduo teórico de Mill permitem converter um princípio de utilidade mais complexo que prescreve que é correto buscar o prazer e fugir da dor como característica central, mas que ressalta que mais elementos precisam ser aventados para que se compreenda a busca do prazer ou a busca da felicidade. É precisamente quando a formulação do princípio de utilidade de Mill abre espaço para que mais elementos precisem ser expostos para que se entenda a busca do prazer ou a maximização da felicidade, que surge a possibilidade de elaboração de regras morais, preceitos ou princípios secundários que permitem que o agente guie-se no mundo prático. Em outras palavras, a natureza mais complexa do indivíduo teórico de Mill admite a elaboração de um princípio de utilidade mais complexo que dá margem à elaboração de uma moralidade também mais complexa, com mais regras morais (ainda que inicialmente embasadas em um cálculo de prazer) relativamente à moral de Bentham.
id USP_182d859ff0c89d671467f02ecf3332dd
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-08012013-162854
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de BenthamThe ampliation of morality place on John Stuart Mill\'s utilitarianism: a comparison with Bentham\'s utilitarian moralityBenthamBenthamEthicsÉticaJohn Stuart MillJohn Stuart MillMoralMoralityRacionalidadeRationalityUtilitarianismUtilitarismoEste trabalho tem por objetivo provar que há mais espaço para elaboração de regras morais no utilitarismo de Mill quando comparado ao utilitarismo de Bentham. Para que esta tese seja provada é necessário comprovar que a concepção de natureza humana do indivíduo teórico de Mill é mais complexa do que a concepção de natureza humana de Bentham, pois é a ciência da natureza humana que constitui o fundamento das prescrições da moralidade. Esta tese provará que a natureza humana do indivíduo teórico de Bentham resume-se a uma natureza humana dotada, principalmente, de uma razão capaz de formular cálculos complexos entre prazer e dor (que inclui a intensidade, proximidade, longinquidade, etc) para decidir sobre a melhor ação (aquela que aponta para o prazer, no cômputo geral do balanço). Em outras palavras, um apelo ao primeiro princípio, ao princípio de utilidade é efetuado a cada ação, questionando as regras do costume e reduzindo o espaço da moral a apenas ao princípio de utilidade. Para Mill, ao contrário, a natureza humana é mais complexa. Ela é composta, de leis da mente ou leis psicológicas, da tese hedonista (que significa que os indivíduos buscam prazer e evitam a dor, assim como para Bentham) e subteses da tese hedonista, como o fato de que os indivíduos, por natureza, agem por hábito, possuem faculdades elevadas das quais derivam prazeres de qualidade superior e possuem a capacidade de se transformar ao longo do tempo. Essas características da natureza humana do indivíduo teórico de Mill permitem converter um princípio de utilidade mais complexo que prescreve que é correto buscar o prazer e fugir da dor como característica central, mas que ressalta que mais elementos precisam ser aventados para que se compreenda a busca do prazer ou a busca da felicidade. É precisamente quando a formulação do princípio de utilidade de Mill abre espaço para que mais elementos precisem ser expostos para que se entenda a busca do prazer ou a maximização da felicidade, que surge a possibilidade de elaboração de regras morais, preceitos ou princípios secundários que permitem que o agente guie-se no mundo prático. Em outras palavras, a natureza mais complexa do indivíduo teórico de Mill admite a elaboração de um princípio de utilidade mais complexo que dá margem à elaboração de uma moralidade também mais complexa, com mais regras morais (ainda que inicialmente embasadas em um cálculo de prazer) relativamente à moral de Bentham.This work aims to prove that there is more place for the elaboration of moral rules in Mills utilitarianism when compared to Benthams utilitarianism. To prove this thesis it is necessary that Mills conception of human nature be more complex than Benthams conception of human nature, given the fact that it is science of human nature which holds the foundation of morality. This thesis will prove that human nature of Benthams individuals is resumed to a human nature which main feature is an instrumental reason, able to formulate complex calculations between pleasure and pain (which includes intensity, proximity, duration, etc of the pleasures and pains) to decide about the best action (the one which decides for pleasure, once made the balance). In other words, an appeal to the first principle, to the principle of utility is done in each action, questioning customary rules and reducing morality to the principle of utility. For Mill, on the contrary, human nature is more complex. It consists of laws of mind or psychological laws, of hedonistic thesis (which means that individuals look for pleasure and avoid pain in the same sense as Benthams individuals) and sub-thesis of hedonistic thesis, such as the fact that individuals act by habit, they have elevated faculties which derive pleasures of higher qualities and they hold the capacity of transforming themselves through time. Those human nature features of Mills individuals permits to formulate a more complex principle of utility which determines that it is right to look for pleasure and right to avoid pain as the main feature, but many more elements need to be sustained in order to achieve a better understanding of happiness. It is precisely when the formulation of Mills principle of utility opens room for more elements to explain the search of pleasure and the avoidance of pain or the maximization of happiness, that the possibility of formulation of moral rules becomes plausible. Secondary principles are necessary in Mills system to be formulated, so the agent can guide himself in the practical world without an appeal to the first principle in each action. In other words, Mills more complex individuals nature permits the elaboration of a more complex principle of utility which opens place for the elaboration of a more complex morality with more moral rules (even if, initially, those moral rules are grounded on a calculation between pleasure and pain) when compared to Benthams morality.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPChiappin, Jose Raimundo NovaesDias, Maria Cristina Longo Cardoso2011-08-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08012013-162854/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-08012013-162854Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
The ampliation of morality place on John Stuart Mill\'s utilitarianism: a comparison with Bentham\'s utilitarian morality
title A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
spellingShingle A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
Dias, Maria Cristina Longo Cardoso
Bentham
Bentham
Ethics
Ética
John Stuart Mill
John Stuart Mill
Moral
Morality
Racionalidade
Rationality
Utilitarianism
Utilitarismo
title_short A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
title_full A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
title_fullStr A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
title_full_unstemmed A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
title_sort A ampliação do espaço da moral no utilitarismo de John Stuart Mill: uma comparação com a moral do utilitarismo de Bentham
author Dias, Maria Cristina Longo Cardoso
author_facet Dias, Maria Cristina Longo Cardoso
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Chiappin, Jose Raimundo Novaes
dc.contributor.author.fl_str_mv Dias, Maria Cristina Longo Cardoso
dc.subject.por.fl_str_mv Bentham
Bentham
Ethics
Ética
John Stuart Mill
John Stuart Mill
Moral
Morality
Racionalidade
Rationality
Utilitarianism
Utilitarismo
topic Bentham
Bentham
Ethics
Ética
John Stuart Mill
John Stuart Mill
Moral
Morality
Racionalidade
Rationality
Utilitarianism
Utilitarismo
description Este trabalho tem por objetivo provar que há mais espaço para elaboração de regras morais no utilitarismo de Mill quando comparado ao utilitarismo de Bentham. Para que esta tese seja provada é necessário comprovar que a concepção de natureza humana do indivíduo teórico de Mill é mais complexa do que a concepção de natureza humana de Bentham, pois é a ciência da natureza humana que constitui o fundamento das prescrições da moralidade. Esta tese provará que a natureza humana do indivíduo teórico de Bentham resume-se a uma natureza humana dotada, principalmente, de uma razão capaz de formular cálculos complexos entre prazer e dor (que inclui a intensidade, proximidade, longinquidade, etc) para decidir sobre a melhor ação (aquela que aponta para o prazer, no cômputo geral do balanço). Em outras palavras, um apelo ao primeiro princípio, ao princípio de utilidade é efetuado a cada ação, questionando as regras do costume e reduzindo o espaço da moral a apenas ao princípio de utilidade. Para Mill, ao contrário, a natureza humana é mais complexa. Ela é composta, de leis da mente ou leis psicológicas, da tese hedonista (que significa que os indivíduos buscam prazer e evitam a dor, assim como para Bentham) e subteses da tese hedonista, como o fato de que os indivíduos, por natureza, agem por hábito, possuem faculdades elevadas das quais derivam prazeres de qualidade superior e possuem a capacidade de se transformar ao longo do tempo. Essas características da natureza humana do indivíduo teórico de Mill permitem converter um princípio de utilidade mais complexo que prescreve que é correto buscar o prazer e fugir da dor como característica central, mas que ressalta que mais elementos precisam ser aventados para que se compreenda a busca do prazer ou a busca da felicidade. É precisamente quando a formulação do princípio de utilidade de Mill abre espaço para que mais elementos precisem ser expostos para que se entenda a busca do prazer ou a maximização da felicidade, que surge a possibilidade de elaboração de regras morais, preceitos ou princípios secundários que permitem que o agente guie-se no mundo prático. Em outras palavras, a natureza mais complexa do indivíduo teórico de Mill admite a elaboração de um princípio de utilidade mais complexo que dá margem à elaboração de uma moralidade também mais complexa, com mais regras morais (ainda que inicialmente embasadas em um cálculo de prazer) relativamente à moral de Bentham.
publishDate 2011
dc.date.none.fl_str_mv 2011-08-18
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08012013-162854/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08012013-162854/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1815256551681687552