Aspectos mineralógicos, geológicos e econômicos de diamantes e carbonados da Chapada Diamantina, Bahia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrade, Cláudio Meira de
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-11092015-092638/
Resumo: O diamante foi descoberto em 1842 nas margens do rio Mucugê, afluente das cabeceiras do rio Paraguaçu, na Serra do Sincorá localizada na Chapada Diamantina, região situada no centro-leste do estado da Bahia. O desenvolvimento dos garimpos deu origem à diversas vilas que por sua vez evoluíram para as cidade de Lençóis, Andaraí, Palmeiras, Mucugê, Morro do Chapéu, Igatu, Xique-Xique, Piranhas, entre outras, cujo desenvolvimento acompanhou de perto o comércio do diamante. Além do diamante, a região ganhou fama devido à ocorrência de diamantes policristalinos entre os quais os mais frequentes vem sendo o carbonado e o tipo ballas. Ambos são constituídos por microcristais de diamante; no carbonado eles formam agregados aleatórios de cores escuras e textura porosa enquanto que na variedade ballas, os microcristais formam agregados esféricos, translúcidos e de cores variando do incolor ao preto. Enquanto a densidade do diamante é constante em torno de 3,51 a do carbonado é variável dentro da faixa entre 3,0 a 3,45. Os garimpos da Chapada Diamantina seguem o padrão de outras áreas brasileiras no qual o garimpeiro trabalha isolado usando peneiras e batéias. As tentativas de mecanização dos garimpos tiveram existência efêmera. Do ponto de vista geológico, o diamante e o carbonado estão associados a metaconglomerados da Formação Tombador, do Grupo Chapada Diamantina, Super Grupo Espinhaço do Proterozóico Médio. A Formação Tombador é constituída por um pacote de sedimentos entre os quais se destacam arenitos eólicos e fluvieólicos e conglomerados formados por leques aluviais que foram metamorfisados durante os eventos orogenéticos do Proterozóico Médio. O diamante e o carbonado são lavrados a partir de sedimentos quaternários constituídos essencialmente de areias e cascalhos provenientes da erosão das rochas da Formação Tombador. Os minerais pesados que acompanham o diamante e o carbonado na região são representados pela magnetita, elmenita, hematita, turmalina, rutilo, zircão, hornblenda, epídoto, cianita, andaluzita, granada almandina, coríndon, crisoberilo, estaurolita e ouro. Estas fases são provenientes de rochas metamórficas do embasamento estando ausentes os indicadores típicos de rochas kimberlíticas. O diamante da região é representado por cristais de hábito predominantemente rombododecaédrico, seguidos de cristais irregulares, fragmentos de clivagem, agregados cristalinos, além de cristais cúbicos, octaédricos e de combinações entre essas formas simples. Com relação à cor macroscópica predominam os cristais incolores seguidos dos castanhos, cinzas, amarelos, pretos e os de cores raras como rosa, azul e vermelho. O padrão granulométrico indica que o diamante possui uma granulometria de fina a média sendo raros os cristais acima de 5 ct. O carbonado é a principal variedade policristalina da região ocorrendo na forma de agregados granulares de textura porosa, de coloração escura entre as quais se destacam o cinza, o castanho e o preto. Ao contrário do diamante, o carbonado ocorre desde cristais de dimensões milimétricas até exemplares de dezenas, centenas e até alguns milhares de quilates. O Carbonado do Sérgio de 3.167 ct encontrado na região de Lençóis em 1905, continua sendo o maior diamante conhecido pelo homem até hoje. A produção de carbonado alcançou o apogeu no final do século passado, mas começou a declinar na primeira metade desse século com o desenvolvimento das minas de diamante industrial da África, e posteriormente com a competição do diamante sintético a partir do final dos anos 60. Nos últimos anos a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina inviabilizou o garimpo na região. Com relação à origem do diamante, faltam trabalhos sistemáticos de prospecção na área. Os dados obtidos nesse trabalho revelaram a ausência dos indicadores tradicionais de kimberlitos representados pela granada piropo, ilmenita magnesiana, cromioespinélio, cromiodiopsídio e zircão. A falta desses minerais indica que as fontes primárias são antigas podendo ter sido cortadas pela erosão ou estarem cobertas por sedimentos da plataforma. Com relação ao carbonado, algumas observações feitas no decorrer desse trabalho sugerem que a origem desse tipo de diamante está relacionada com a formação do próprio diamante monocristalino. A associação íntima entre esses dois tipos de diamante confirmada em vários locais do Brasil e do exterior, bem como osintercrescimentos cristalinos diamante-carbonado, sugerem uma origem kimberlítica para as variedades policristalinas
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Ambos são constituídos por microcristais de diamante; no carbonado eles formam agregados aleatórios de cores escuras e textura porosa enquanto que na variedade ballas, os microcristais formam agregados esféricos, translúcidos e de cores variando do incolor ao preto. Enquanto a densidade do diamante é constante em torno de 3,51 a do carbonado é variável dentro da faixa entre 3,0 a 3,45. Os garimpos da Chapada Diamantina seguem o padrão de outras áreas brasileiras no qual o garimpeiro trabalha isolado usando peneiras e batéias. As tentativas de mecanização dos garimpos tiveram existência efêmera. Do ponto de vista geológico, o diamante e o carbonado estão associados a metaconglomerados da Formação Tombador, do Grupo Chapada Diamantina, Super Grupo Espinhaço do Proterozóico Médio. A Formação Tombador é constituída por um pacote de sedimentos entre os quais se destacam arenitos eólicos e fluvieólicos e conglomerados formados por leques aluviais que foram metamorfisados durante os eventos orogenéticos do Proterozóico Médio. O diamante e o carbonado são lavrados a partir de sedimentos quaternários constituídos essencialmente de areias e cascalhos provenientes da erosão das rochas da Formação Tombador. Os minerais pesados que acompanham o diamante e o carbonado na região são representados pela magnetita, elmenita, hematita, turmalina, rutilo, zircão, hornblenda, epídoto, cianita, andaluzita, granada almandina, coríndon, crisoberilo, estaurolita e ouro. Estas fases são provenientes de rochas metamórficas do embasamento estando ausentes os indicadores típicos de rochas kimberlíticas. O diamante da região é representado por cristais de hábito predominantemente rombododecaédrico, seguidos de cristais irregulares, fragmentos de clivagem, agregados cristalinos, além de cristais cúbicos, octaédricos e de combinações entre essas formas simples. Com relação à cor macroscópica predominam os cristais incolores seguidos dos castanhos, cinzas, amarelos, pretos e os de cores raras como rosa, azul e vermelho. O padrão granulométrico indica que o diamante possui uma granulometria de fina a média sendo raros os cristais acima de 5 ct. O carbonado é a principal variedade policristalina da região ocorrendo na forma de agregados granulares de textura porosa, de coloração escura entre as quais se destacam o cinza, o castanho e o preto. Ao contrário do diamante, o carbonado ocorre desde cristais de dimensões milimétricas até exemplares de dezenas, centenas e até alguns milhares de quilates. O Carbonado do Sérgio de 3.167 ct encontrado na região de Lençóis em 1905, continua sendo o maior diamante conhecido pelo homem até hoje. A produção de carbonado alcançou o apogeu no final do século passado, mas começou a declinar na primeira metade desse século com o desenvolvimento das minas de diamante industrial da África, e posteriormente com a competição do diamante sintético a partir do final dos anos 60. Nos últimos anos a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina inviabilizou o garimpo na região. Com relação à origem do diamante, faltam trabalhos sistemáticos de prospecção na área. Os dados obtidos nesse trabalho revelaram a ausência dos indicadores tradicionais de kimberlitos representados pela granada piropo, ilmenita magnesiana, cromioespinélio, cromiodiopsídio e zircão. A falta desses minerais indica que as fontes primárias são antigas podendo ter sido cortadas pela erosão ou estarem cobertas por sedimentos da plataforma. Com relação ao carbonado, algumas observações feitas no decorrer desse trabalho sugerem que a origem desse tipo de diamante está relacionada com a formação do próprio diamante monocristalino. A associação íntima entre esses dois tipos de diamante confirmada em vários locais do Brasil e do exterior, bem como osintercrescimentos cristalinos diamante-carbonado, sugerem uma origem kimberlítica para as variedades policristalinasDiamond was discovered in the Chapada Diamantina area in 1842 on the banks of the Mucugê river, located in the central-eastern region of the Bahia State. The development of the diggings originated several villages which on its turn originated the towns of Lençóis, Andaraí, Palmeiras, Mucugê, Morro do Chapéu, Igatu, Xique-Xique, Piranhas. However, the trademark of the region became the discovery of carbonado and ballas, two polycrystalline varieties of diamond. Both are constituted of microcrystals of diamond. Carbonado is made up of alleatory tiny micrometric crystalline constituting aggregates with ceramic-like texture. Carbonado varies in size as well as in colour being usually dark, gray or brown. Ballas, on the other hand, displays an espherical habit being made up of cristallites with an radial arrangement. As carbonado, ballas are usually dark, gray or brown in colour. Diamond has an almost constant density of 3,51 while in carbonado it is variable betweenh 3,0 and 3,45. Roughly the diggings of Chapada Diamantina are similar to the others throughout Brazil where the garimpeiro works alone using only sieve and pan. Several tentatives in other to mechanize the washings failed in the area. Concerning the geology, diamond and carbonado are associated with metaconglomerates of the Tombador Formation of the Chapada Diamantina Group, part of the middle Proterozoic Espinhaço Supergroup. The Tombador Formation is made up of eolian and fluvio-eolic metassediments constituting alluvial fans that were metamorphosed during the middle Proterozoic orogenesis. Diamond and carbonado have been prospected from quaternary sediments made up of sands and gravels as a result of the erosion of the Tombador Formation rocks. The heavy minerals associated with diamond and carbonado in the region is comprised of magnetite, ilmenite, hematite, tourmaline, rutile, zircon, hornblende, epidote, kyanite, andalusite, almandine garnet, corindon, crysoberil, staurolite and gold. The former minerals are all typical metamorphic phases being derived from the crystalline basement rocks. Kimberlite indicators such as pyrope garnet, Mg-ilmenite, Cr-spinel , Cr-diopside and zircon are absent in the area. The study of representative parcels of diamond recovered in the region showed that the majority of diamonds have a rhombododecahedral crystalline habit. The remaining crystallographical types include irregular crystals, fragments, crystalline aggregates, macles, cubic and octahedral crystals as well as combinations among the late forms. Regarding the macroscopic colour most of the crystals are colourless although yellow, brown, gray and black are common too. Fancy colours such as pink, blue and red have been observed in the area. As to the size diamonds range around some millimeters; crystals bigger than 5 ct are rare. Carbonado is the main polycrystalline variety in the region occurring as porousgranular aggregates with a ceramic-type texture. The colour is usually dark ranging from gray to brown and black. Concerning the size carbonado range from milimetric up to centimetric samples. The Sérgio Carbonado found near the town of Lençóis in 1905 and weighing 3.167 ct is still the biggest diamond ever found. The amount of carbonado produced reached its peak around 1880 declining in the beginning of this century. The use of synthetic diamond after the 60\'s followed by the stablishment of the National Park of Chapada Diamantina ended the washing of gravels in the area. The origin of diamond is still a controversial subject due to the lack of systematic surveys in the area. The absence of kimberlite indicators such as pyrope garnet, Mg-ilmenite, Cr-spinel, Cr-diopside and zircon as well suggests that the primary source rocks may have been eroded or are covered now by sediments of the platform. As to the carbonado some observations made during this work suggest that the origin of the polycrystalline varieties is related to the formation of the monocrystalline diamond itself. The intimate association between diamond and carbonado confirmed in several localites in Brazil and elsewhere as well as the crystalline intergrowth between diamond and carbonado confirmed in several localities in Brazil and elsewhere as well as the crystalline intergrowth between diamond and carbonado suggests a kimberlitic origin for the polycrystalline varieties.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSvizzero, Darcy PedroAndrade, Cláudio Meira de1999-08-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-11092015-092638/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-11092015-092638Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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