Perspectivas de novos financiamentos para as empresas de distribuição de energia elétrica.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tucci, Nelson
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3143/tde-22102024-162540/
Resumo: Nas últimas três décadas muitos países realizaram reformas nos seus respectivos sistemas elétricos em razão, principalmente, do aumento do custo da energia gerada, com impacto sobre o valor da tarifa, e da necessidade de implementar o crescimento da capacidade instalada, em função do aumento da demanda em energia elétrica. O antigo sistema vigente, na maioria dos casos, funcionava conforme a determinação das empresas estatais verticalmente integradas, que detinham o monopólio da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em determinadas regiões de concessão, principalmente na Europa, América Latina e Brasil onde, depois da Segunda Guerra Mundial, era necessário atender a um crescimento rápido, impulsionado por um sistema político centralizado capaz de promover o desenvolvimento econômico. Contudo, depois das crises do petróleo de 1973 e 1979, os preços de uma maneira geral e as taxas de juros subiram abruptamente, perturbando o sistema financeiro internacional. As vantagens de um crédito fácil e barato, que alimentou os investimentos para a indústria elétrica global por muitos anos, repentinamente desapareceram, cedendo lugar a entraves e barreiras para o desenvolvimento econômico. Dessa maneira, a conseqüência foi uma mudança radical na ordem econômica mundial, onde companhias se endividaram e o estado tornou-se incapaz de promover os investimentos em novas usinas para atender ao consumo crescente. No Brasil, seguindo a tendência global, ogoverno iniciou em 1990 um programa de reestruturação, baseado na desverticalização e privatização das antigas empresas estatais, começando pela primeira empresa concessionária de energia elétrica em 1995. Desde então, 19 companhias de distribuição e 4 de geração foram privatizadas, resultando em sistema misto onde a maior parte das companhias de distribuição é de capital privado e a maior parte das companhias de geração permaneceu estatal. ) O sistema de transmissão ficou formado por uma parte regido por companhias estatais antigas e outra parte de companhias novas privadas, todas controladas por um operador independente do sistema chamado ONS. Por sua vez, o sistema regulatório se realiza através da ação da ANEEL, uma agencia federal criada em 1996 com a função de fiscalizar e controlar as companhias elétricas. Devido a um programa de reestruturação inacabado, a capacidade do sistema elétrico não expandiu suficientemente para corresponder ao contínuo crescimento do consumo e, em 2001, aliado a um período hidrológico desfavorável, dado que a maior parte das usinas são de origem hidráulica, o Brasil atravessou um programa de racionamento de eletricidade, forçando os consumidores a reduzir o consumo em pelo menos 20%. O programa deu resultado e o consumo caiu 7,9% em 2001, comparado a 2000. Contudo, as receitas líquidas das companhias de distribuição também desabaram, trazendo problemas para o fluxo de caixa e levando o governo a adotar um programa derecuperação setorial, para compensar as empresas pelas perdas devido ao racionamento. Durante a campanha de eleição presidencial de 2002, uma instabilidade tomou conta da economia devido às incertezas em relação à evolução política, dando lugar às especulações que pressionaram a taxa de câmbio até desvalorizar o Real em 52%, afetando as empresas com dívidas em moeda estrangeira (dólar americano principalmente). O resultado dessas duas crises (2001 e 2002) foi um forte aumento no nível de endividamento das empresas, causando dificuldades novamente no fluxo de caixa e criando barreiras para a realização de investimento. ) O objetivo deste trabalho é avaliar a profundidade das duas crises e seus impactos para as companhias de distribuição, através de um estudo da evolução do endividamento e da margem de lucro de 23 companhias, de forma a poder determinar uma tendência e estimar a capacidade dessas empresas de contribuir para a expansão do sistema elétrico e quanto o sistema financeiro é capaz de apoiar os investimentos necessários.
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O antigo sistema vigente, na maioria dos casos, funcionava conforme a determinação das empresas estatais verticalmente integradas, que detinham o monopólio da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em determinadas regiões de concessão, principalmente na Europa, América Latina e Brasil onde, depois da Segunda Guerra Mundial, era necessário atender a um crescimento rápido, impulsionado por um sistema político centralizado capaz de promover o desenvolvimento econômico. Contudo, depois das crises do petróleo de 1973 e 1979, os preços de uma maneira geral e as taxas de juros subiram abruptamente, perturbando o sistema financeiro internacional. As vantagens de um crédito fácil e barato, que alimentou os investimentos para a indústria elétrica global por muitos anos, repentinamente desapareceram, cedendo lugar a entraves e barreiras para o desenvolvimento econômico. Dessa maneira, a conseqüência foi uma mudança radical na ordem econômica mundial, onde companhias se endividaram e o estado tornou-se incapaz de promover os investimentos em novas usinas para atender ao consumo crescente. No Brasil, seguindo a tendência global, ogoverno iniciou em 1990 um programa de reestruturação, baseado na desverticalização e privatização das antigas empresas estatais, começando pela primeira empresa concessionária de energia elétrica em 1995. Desde então, 19 companhias de distribuição e 4 de geração foram privatizadas, resultando em sistema misto onde a maior parte das companhias de distribuição é de capital privado e a maior parte das companhias de geração permaneceu estatal. ) O sistema de transmissão ficou formado por uma parte regido por companhias estatais antigas e outra parte de companhias novas privadas, todas controladas por um operador independente do sistema chamado ONS. Por sua vez, o sistema regulatório se realiza através da ação da ANEEL, uma agencia federal criada em 1996 com a função de fiscalizar e controlar as companhias elétricas. Devido a um programa de reestruturação inacabado, a capacidade do sistema elétrico não expandiu suficientemente para corresponder ao contínuo crescimento do consumo e, em 2001, aliado a um período hidrológico desfavorável, dado que a maior parte das usinas são de origem hidráulica, o Brasil atravessou um programa de racionamento de eletricidade, forçando os consumidores a reduzir o consumo em pelo menos 20%. O programa deu resultado e o consumo caiu 7,9% em 2001, comparado a 2000. Contudo, as receitas líquidas das companhias de distribuição também desabaram, trazendo problemas para o fluxo de caixa e levando o governo a adotar um programa derecuperação setorial, para compensar as empresas pelas perdas devido ao racionamento. Durante a campanha de eleição presidencial de 2002, uma instabilidade tomou conta da economia devido às incertezas em relação à evolução política, dando lugar às especulações que pressionaram a taxa de câmbio até desvalorizar o Real em 52%, afetando as empresas com dívidas em moeda estrangeira (dólar americano principalmente). O resultado dessas duas crises (2001 e 2002) foi um forte aumento no nível de endividamento das empresas, causando dificuldades novamente no fluxo de caixa e criando barreiras para a realização de investimento. ) O objetivo deste trabalho é avaliar a profundidade das duas crises e seus impactos para as companhias de distribuição, através de um estudo da evolução do endividamento e da margem de lucro de 23 companhias, de forma a poder determinar uma tendência e estimar a capacidade dessas empresas de contribuir para a expansão do sistema elétrico e quanto o sistema financeiro é capaz de apoiar os investimentos necessários.In the last three decades many countries have restructured their electric systems, due to an increasing cost of generated power, with impact on the tariff, and the need to implement the growth of the installed capacity, to serve the electricity demand. The old system, in many ways, has run under the rules of former state-owned, vertically integrated power supply monopolies, especially in Europe and Latin America, where the need of a fast growing, mainly after the Second World War, powered by a centralized political system, was important to promote the economic development. Although, after the 1973 and 1979 oil crises, the prices in general and the interest rates increased sorely, disturbing the international financial system. The advantages of an easy and cheap credit, that has fed the investments for the global power industry for many years, suddenly vanished, turning to barriers for the economic development. Therefore, the consequence was a changing system after the oil crises, with companies in debt and the state incapable to promote investments in power plants, to attend the growing consumption. In Brazil, following a global tendency, the government started in 1990 a restructuring program, dismantling old vertically integrated monopolies and privatizing companies, including the first electric utility in 1995. Then, 19 distribution companies and 4 generating companies were privatized, resulting in a mixed system where most part of the distributioncompanies is private state and most part of the generating companies remains state-owned. The transmission system (main grid) is composed of part old state-owned companies and part new private companies, all controlled by an Independent System Operator agent named ONS. On the other hand, the regulatory system depends on the action of ANEEL, a federal agent created in 1996 with the task to inspect and to control the electrical companies. ) Due to an unfinished restructuring program, the electrical system capacity hasn\'t expanded enough to meet the increasing consumption and, in 2001, added to an unfavorable hydrological effects, for most part of Brazilian power plants is hydro, Brazil faced an electricity rationing program, forcing customers to reduce consumption at least 20%. The program succeeded, and the total consumption dropped 7.9% in 2001, compared with 2000. However, the distribution companies\' incomes have dropped too, creating problems with cash flows and leading the government to start a recovering program, to compensate companies for the losses due to the rationing. During the 2002 presidential election campaign, the market considered a changing in the political system prejudicial for the economy stability, creating speculations that pressured the exchange rate and the national currency, Real, was devaluated up to 52%, affecting the companies with debts in foreign currencies (US Dollar mainly). The result of these two crises (2001 and 2002) is a strongincrease of the companies\' total debt, causing difficulties in the cash flows and barriers for the fulfillment of the investments. The goal of this work is to evaluate how deep was the impact of the two crises for the distribution companies, studding the debt ratio and profits evolution of 23 companies, to establish a tendency and to estimate how much these companies can contribute and the how much is the loan the financial system can lend to them, to promote the electric system expansion.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOliveira, Carlos César Barioni deTucci, Nelson2005-04-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3143/tde-22102024-162540/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-22T18:30:02Zoai:teses.usp.br:tde-22102024-162540Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-22T18:30:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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