Modernidades em confronto: as literaturas modernistas brasileiras e portuguesa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Ana Lucia de Freitas
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-19022010-154219/
Resumo: Esta tese busca investigar as razões pelas quais foi necessário romper o diálogo, ou ao menos silenciar sobre ele, entre os escritores do Modernismo brasileiro e do Modernismo português. Envolvidos que estavam em uma problemática comum, a da renovação das linguagens artísticas, tanto modernistas brasileiros quanto portugueses encontraram um patamar comum no qual estabelecer seu enfrentamento mais direto: aquele que pudesse fazer ruir os parâmetros acadêmicos da arte nacional em prol de uma linguagem renovada cujos efeitos excederiam largamente o plano da literatura. Tanto em Portugal quanto no Brasil, desenvolveu-se um verdadeiro projeto que costurava uma renovação da linguagem artística com a modernização da própria nação, articulando, portanto, o movimento modernista com uma proposição de Modernidade. Daí que a noção de Modernidade que se pôde fazer brotar a partir de ambos os movimentos possui, na contramão do que se deu com o Modernismo centroeuropeu, uma marcada fisionomia nacionalista. Esse atributo comum é mobilizado na esteira da perspectiva de múltiplas Modernidades que podem ser formuladas dentro de cada um desses projetos modernistas e a partir das especificidades sociais de que cada um deles dispunha. A despeito dessa problemática de fundo comum, que mobilizou a ambos, as soluções textuais encontradas são bastante diversas: no caso brasileiro, tratou-se, na afirmação de uma autonomia nacional, de rasurar parte componente de seu passado e constituir um cânone literário que se estrutura sobre uma perspectiva auto-referida, como se a cultura brasileira não tivesse se originado de nada que não dela própria, numa perspectiva autóctone que é tão mais eficaz quanto mais velado é esse seu atributo; no caso português, tratou-se de abdicar de um dos mais fundamentais eixos do Modernismo, o da negação do passado, nele fincando a imagem a partir da qual foi possível fazer ressurgir um Portugal modernizado. É precisamente na saída encontrada por cada um desses movimentos para se compassar com as vanguardas modernistas centro-européias que reside a incompatibilidade que os levou a impedir um debate intelectual profícuo: como parte do passado negado pelo Modernismo brasileiro, Portugal é tomado por atrasado e posto de lado, a despeito da antecedência do seu movimento modernista; como figura não conivente com o mito do heroísmo desbravador do português que deu ao mundo moderno o traçado que ele tem hoje, o Brasil é interlocutor de somenos importância. É na discussão dos meandros dessas aproximações e distanciamentos que se estrutura esta tese.
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Tanto em Portugal quanto no Brasil, desenvolveu-se um verdadeiro projeto que costurava uma renovação da linguagem artística com a modernização da própria nação, articulando, portanto, o movimento modernista com uma proposição de Modernidade. Daí que a noção de Modernidade que se pôde fazer brotar a partir de ambos os movimentos possui, na contramão do que se deu com o Modernismo centroeuropeu, uma marcada fisionomia nacionalista. Esse atributo comum é mobilizado na esteira da perspectiva de múltiplas Modernidades que podem ser formuladas dentro de cada um desses projetos modernistas e a partir das especificidades sociais de que cada um deles dispunha. A despeito dessa problemática de fundo comum, que mobilizou a ambos, as soluções textuais encontradas são bastante diversas: no caso brasileiro, tratou-se, na afirmação de uma autonomia nacional, de rasurar parte componente de seu passado e constituir um cânone literário que se estrutura sobre uma perspectiva auto-referida, como se a cultura brasileira não tivesse se originado de nada que não dela própria, numa perspectiva autóctone que é tão mais eficaz quanto mais velado é esse seu atributo; no caso português, tratou-se de abdicar de um dos mais fundamentais eixos do Modernismo, o da negação do passado, nele fincando a imagem a partir da qual foi possível fazer ressurgir um Portugal modernizado. É precisamente na saída encontrada por cada um desses movimentos para se compassar com as vanguardas modernistas centro-européias que reside a incompatibilidade que os levou a impedir um debate intelectual profícuo: como parte do passado negado pelo Modernismo brasileiro, Portugal é tomado por atrasado e posto de lado, a despeito da antecedência do seu movimento modernista; como figura não conivente com o mito do heroísmo desbravador do português que deu ao mundo moderno o traçado que ele tem hoje, o Brasil é interlocutor de somenos importância. É na discussão dos meandros dessas aproximações e distanciamentos que se estrutura esta tese.This thesis investigates the reasons of the dialogue interruption or at least the silence between Brazilian and Portuguese modernist authors. Engaged to a common problematic, the renovation of artistic languages, both Brazilian and Portuguese authors were situated in a shared level to establish a more direct confrontation towards a renewed language that had effects which exceeded the limits of literature. The project developed in Brazil and in Portugal combined the renovation of the artistic language and the modernization of each nation, thus articulating the modernist movement to a modernity proposition. Consequently, the idea of modernity that could emerge of both modernist movements presents a nationalist aspect that is absent in the modernism developed in central Europe. Considering the social specificities in which each one of these movements were inserted, the nationalist aspect is mobilized in the perspective of the multiple Modernities that could be formulated by each one of these modernist projects. Despite the shared problematic that has concerned both movements, the textual solutions found by each one of them were different. The Brazilian case was based on the affirmation of the national autonomy by erasing its past and constituting a structured autonomous literary canon, as if the Brazilian culture had been originated in itself in an autochthonous perspective. In the Portuguese case, authors abdicated the denial of the past as one of the most fundamental aspects of Modernism. It was through past that the image of a modernized Portugal arose. Hence, the incompatibility that prevented the establishment of a proficuous intellectual debate among those authors was originated precisely from these different solutions managed by each one of the movements to compass themselves to other central European vanguards: as part of the past denied by Brazilian modernism, Portugal is considered obsolete and left aside, despite the anteriority of its modernist movement; as a figure that disregards the myth of the Portuguese heroism in exploring and tracing the modern world map, Brazil becomes a less important interlocutor. Thus, this thesis discusses the proximity and distancing of these two movements.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPArruda, Maria Arminda do NascimentoTeixeira, Ana Lucia de Freitas2009-06-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-19022010-154219/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:01Zoai:teses.usp.br:tde-19022010-154219Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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