Qualidade da água, deposição de sedimentos e sensoriamento remoto: um estudo de caso nos reservatórios do sub-médio São Francisco

• Autor(a) principal: Reis, Rosangela Sampaio
• Data de Publicação: 2002
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-05012016-104358/
• topic: Limnologia; Limnology; Qualidade de água; Remote sensing; Reservatórios; Reservoirs; Rio São Francisco; São Francisco river; Sedimentação; Sedimentation; Sensoriamento remoto; Water quality

No modelo energético adotado pelo Brasil a água foi considerada a principal fonte de geração de energia e a primeira intervenção direta do governo federal na produção de eletricidade aconteceu em 1945, quando foi criada a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), com a tarefa principal de construir e operar a Usina de Paulo Afonso I- inaugurada em 1955, cuja potência instalada representava quase o dobro da capacidade total de geração na região. Após este período, diversos reservatórios foram construídos no país e, dentre estes, sete foram implantados no rio São Francisco, abrangendo os estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Em geral, a construção de reservatórios causa diversas alterações na bacia hidrográfica, uma vez que as atividades desenvolvidas antes, durante e após a construção das barragens determinam modificações sociais, econômicas e ambientais. Além disso, conforme o uso do reservatório, sua operação influencia a reciclagem e acúmulo de nutrientes, o crescimento do fitoplâncton, o desenvolvimento de macrófitas aquáticas, o depósito de materiais em suspensão e o seu estado trófico, entre outros efeitos a curto, médio e longo prazo. Para avaliar a situação atual dos reservatórios em cascata do sub-médio São Francisco (Itaparica, Moxotó, Complexo Paulo Afonso I-II-III e Paulo Afonso IV), coletas foram efetuadas em 23 estações de amostragem, entre 1999 e 2000, procurando-se determinar o aporte e sedimentação de material em suspensão, as variações na qualidade da água e o reconhecimento das áreas de maior impacto para os sistemas. Para tanto, amostras de água (variáveis físicas, químicas e biológicas), material sedimentável (utilizando-se câmaras de sedimentação), imagens de satélite, dados climatológicos e de funcionamento dos reservatórios (vazão e tempo de residência) foram obtidos, procurando-se realizar uma análise espacial (longitudinal e vertical) e temporal ) (ciclo anual). Os resultados obtidos demonstram uma influência sazonal(efeitos diretos e indiretos da precipitação) nas variáveis ambientais analisadas, com maior aporte e deposição de materiais em suspensão na porção superior do reservatório de Itaparica e a formação de um gradiente longitudinal no sentido rio-barragem, com posterior decréscimo nos demais sistemas, o que também foi verificado para as concentrações de material em suspensão. As diferenças entre os valores das variáveis físicas e químicas obtidas em alguns tributários caracterizam o uso diferenciado nas margens dos reservatórios (áreas de caatinga degradada, irrigação e adensamento populacional, por exemplo), destacando-se dentro do sistema, a porção superior do rio Moxotó. Contudo, a partir das variáveis analisadas, verifica-se que os ambientes ainda estão preservados, apresentando características oligotróficas no período seco e oligo-mesotróficas no período de chuvas. A inclusão de dados espectrais permitiu a obtenção de um modelo de distribuição do material em suspensão nos reservatórios, durante o período de chuvas, onde altas correlações foram verificadas com a banda 3 e 4 do satélite Landsat 5(r = 0,84 e r = 0,88, respectivamente), abrindo uma perspectiva de estudos para que monitoramento desta variável possa ser feito a partir da aquisição de outras imagens de satélite, principalmente, em virtude do lançamento de novas plataformas, com melhores resoluções espaciais e espectrais.