Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Canto, Flavio Ricardo Vassoler do
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-23112010-121337/
Resumo: A dissertação em questão procura analisar O sonho de um homem ridículo (1877), de Fiódor Dostoiévski, fundamentalmente a partir de uma aproximação crítica em relação à teoria polifônica erigida por Mikhail Bakhtin, em Problemas da Poética de Dostoiévski. O teórico russo buscou desvelar a poética dostoievskiana não por meio de uma síntese parcial em função do discurso ideológico do escritor ou de uma de suas personagens expediente tradicional da crítica partidária, segundo Boris Schnaiderman e Paulo Bezerra , mas através do modo pelo qual o diálogo deixaria de ser contingente para assumir um papel estrutural essencial. A identidade das personagens não se estabeleceria em si e por si mesma, uma vez que o eu, desde a sua expressão primordial, já apareceria formado, enformado e deformado pela inflexão do outro. A alteridade e a altercação, vozes imiscíveis e eqüipolentes a alicerçarem a polifonia. Bakhtin, porém, não pôde demonstrar o modo pelo qual se daria a apreensão da obra de Dostoiévski como uma totalidade polifônica integral. Haveria um norte em função do qual as vozes relacionais e contraditórias seriam estruturadas? Seria possível apreender a poética dostoievskiana por meio do arcabouço tradicional, monológico e sistêmico? O aporte da teoria crítica de Marx, Lukács, Horkheimer, Adorno e Benjamin passou a trilhar as galerias labirínticas do subsolo dostoievskiano de modo a reconstituir a crítica de Bakhtin à abordagem dialética. A polifonia, a partir de então, transforma-se em um momento dialético para a constituição da poética de Dostoiévski. Totalidade alquebrada, polifonia amordaçada, dialética sem síntese, dialética no labirinto, dialética do labirinto. Labirinto da dialética: dialogo com alguns autores da eslavística norte-americana destacadamente, Joseph Frank, Michael Holquist e Gerald Sabo e com o homem ridículo, o narrador equívoco e inequívoco da estória fantástica que, segundo Bakhtin, é quase uma enciclopédia dos principais temas da obra do escritor russo. Assim, o presente trabalho procura erigir um novo modelo que tensione as cordas vocais da polifonia integral de modo a reconstituir suas aporias e trilhar um caminho outro que restitua a contradição como categoria essencial para a apreensão da obra de Dostoiévski.
id USP_25ca3f2867f4705de19aec01c3eb35ad
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-23112010-121337
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor DostoiévskiDialectic of labyrinth: Feodor Dostoevskys gagged polyphonyContradiçãoContradictionDialecticDialéticaDostoevskyDostoiévskiEscatologiaEschatologyIroniaIronyPolifoniaPolyphonyA dissertação em questão procura analisar O sonho de um homem ridículo (1877), de Fiódor Dostoiévski, fundamentalmente a partir de uma aproximação crítica em relação à teoria polifônica erigida por Mikhail Bakhtin, em Problemas da Poética de Dostoiévski. O teórico russo buscou desvelar a poética dostoievskiana não por meio de uma síntese parcial em função do discurso ideológico do escritor ou de uma de suas personagens expediente tradicional da crítica partidária, segundo Boris Schnaiderman e Paulo Bezerra , mas através do modo pelo qual o diálogo deixaria de ser contingente para assumir um papel estrutural essencial. A identidade das personagens não se estabeleceria em si e por si mesma, uma vez que o eu, desde a sua expressão primordial, já apareceria formado, enformado e deformado pela inflexão do outro. A alteridade e a altercação, vozes imiscíveis e eqüipolentes a alicerçarem a polifonia. Bakhtin, porém, não pôde demonstrar o modo pelo qual se daria a apreensão da obra de Dostoiévski como uma totalidade polifônica integral. Haveria um norte em função do qual as vozes relacionais e contraditórias seriam estruturadas? Seria possível apreender a poética dostoievskiana por meio do arcabouço tradicional, monológico e sistêmico? O aporte da teoria crítica de Marx, Lukács, Horkheimer, Adorno e Benjamin passou a trilhar as galerias labirínticas do subsolo dostoievskiano de modo a reconstituir a crítica de Bakhtin à abordagem dialética. A polifonia, a partir de então, transforma-se em um momento dialético para a constituição da poética de Dostoiévski. Totalidade alquebrada, polifonia amordaçada, dialética sem síntese, dialética no labirinto, dialética do labirinto. Labirinto da dialética: dialogo com alguns autores da eslavística norte-americana destacadamente, Joseph Frank, Michael Holquist e Gerald Sabo e com o homem ridículo, o narrador equívoco e inequívoco da estória fantástica que, segundo Bakhtin, é quase uma enciclopédia dos principais temas da obra do escritor russo. Assim, o presente trabalho procura erigir um novo modelo que tensione as cordas vocais da polifonia integral de modo a reconstituir suas aporias e trilhar um caminho outro que restitua a contradição como categoria essencial para a apreensão da obra de Dostoiévski.This dissertation seeks to analyze Feodor Dostoevskys The Dream of a Ridiculous Man (1877) fundamentally by a critical approach in relation to Mikhail Bakhtins polyphonic theory in Problems of Dostoevskys Poetics. The Russian theorist searched to unveil Dostoevskys poetics not by a partial synthesis in terms of the ideological speech of the writer or one of his characters traditional expedient of partisan critic, according to Boris Schnaiderman and Paulo Bezerra , but through the way by which dialog would leave its contingent form to assume an essential structural role. Characters identity would not be erected in itself and by itself, once the I, from his primordial expression, would arise shaped, formed and deformed by the inflection of the other. Alterity and altercation, immiscible and equipollent voices grounding polyphony. However, Bakhtin could not demonstrate the way by which it would be possible to apprehend Dostoevskys work as an integral polyphonic totality. Would there be a north toward which the relational and contradictory voices would be structured? Would it be possible to apprehend Dostoevskys poetics by the traditional, monologic and systemic background? The contribution from the critical theory by Marx, Lukacs, Horkheimer, Adorno and Benjamin trod the labyrinthic galleries of Dostoevskys underground allowing the reconstitution of Bakhtins critic to dialectical approach. From this point on polyphony becomes a dialectical moment to constitute Dostoevskys poetics. Prostrated totality, gagged polyphony, dialectic without a synthesis, dialectic in the labyrinth, dialectic of labyrinth. Labyrinth of dialectic: I dialog with some authors of North American slavistics specially Joseph Frank, Michael Holquist and Gerald Sabo and with the Ridiculous Man, the equivocal and unequivocal narrator of the fantastic story which, according to Bakhtin, is almost an encyclopedia of the Russian authors work. Therefore the present work seeks to erect a new model which tenses the vocal cords of integral polyphony in order to reconstitute its apories and tread another way which restitutes contradiction as an essential category for the apprehension of Dostoevskys work.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPontieri, Regina LuciaCanto, Flavio Ricardo Vassoler do2010-10-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-23112010-121337/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:12Zoai:teses.usp.br:tde-23112010-121337Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:12Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
Dialectic of labyrinth: Feodor Dostoevskys gagged polyphony
title Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
spellingShingle Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
Canto, Flavio Ricardo Vassoler do
Contradição
Contradiction
Dialectic
Dialética
Dostoevsky
Dostoiévski
Escatologia
Eschatology
Ironia
Irony
Polifonia
Polyphony
title_short Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
title_full Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
title_fullStr Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
title_full_unstemmed Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
title_sort Dialética do labirinto: a polifonia amordaçada de Fiódor Dostoiévski
author Canto, Flavio Ricardo Vassoler do
author_facet Canto, Flavio Ricardo Vassoler do
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Pontieri, Regina Lucia
dc.contributor.author.fl_str_mv Canto, Flavio Ricardo Vassoler do
dc.subject.por.fl_str_mv Contradição
Contradiction
Dialectic
Dialética
Dostoevsky
Dostoiévski
Escatologia
Eschatology
Ironia
Irony
Polifonia
Polyphony
topic Contradição
Contradiction
Dialectic
Dialética
Dostoevsky
Dostoiévski
Escatologia
Eschatology
Ironia
Irony
Polifonia
Polyphony
description A dissertação em questão procura analisar O sonho de um homem ridículo (1877), de Fiódor Dostoiévski, fundamentalmente a partir de uma aproximação crítica em relação à teoria polifônica erigida por Mikhail Bakhtin, em Problemas da Poética de Dostoiévski. O teórico russo buscou desvelar a poética dostoievskiana não por meio de uma síntese parcial em função do discurso ideológico do escritor ou de uma de suas personagens expediente tradicional da crítica partidária, segundo Boris Schnaiderman e Paulo Bezerra , mas através do modo pelo qual o diálogo deixaria de ser contingente para assumir um papel estrutural essencial. A identidade das personagens não se estabeleceria em si e por si mesma, uma vez que o eu, desde a sua expressão primordial, já apareceria formado, enformado e deformado pela inflexão do outro. A alteridade e a altercação, vozes imiscíveis e eqüipolentes a alicerçarem a polifonia. Bakhtin, porém, não pôde demonstrar o modo pelo qual se daria a apreensão da obra de Dostoiévski como uma totalidade polifônica integral. Haveria um norte em função do qual as vozes relacionais e contraditórias seriam estruturadas? Seria possível apreender a poética dostoievskiana por meio do arcabouço tradicional, monológico e sistêmico? O aporte da teoria crítica de Marx, Lukács, Horkheimer, Adorno e Benjamin passou a trilhar as galerias labirínticas do subsolo dostoievskiano de modo a reconstituir a crítica de Bakhtin à abordagem dialética. A polifonia, a partir de então, transforma-se em um momento dialético para a constituição da poética de Dostoiévski. Totalidade alquebrada, polifonia amordaçada, dialética sem síntese, dialética no labirinto, dialética do labirinto. Labirinto da dialética: dialogo com alguns autores da eslavística norte-americana destacadamente, Joseph Frank, Michael Holquist e Gerald Sabo e com o homem ridículo, o narrador equívoco e inequívoco da estória fantástica que, segundo Bakhtin, é quase uma enciclopédia dos principais temas da obra do escritor russo. Assim, o presente trabalho procura erigir um novo modelo que tensione as cordas vocais da polifonia integral de modo a reconstituir suas aporias e trilhar um caminho outro que restitua a contradição como categoria essencial para a apreensão da obra de Dostoiévski.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-10-20
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-23112010-121337/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-23112010-121337/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1815256564888502272