Na escuridão do arco íris: a vivência das relações afetivo sexuais de jovens gays após o diagnóstico de HIV

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Renato Caio Silva
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-23032015-095719/
Resumo: Introdução - A população de jovens gays apresenta particular vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids. Segundo tendência observada em pesquisas, nos últimos dez anos observouse aumento estatisticamente significativo da taxa de detecção do vírus em homens gays com idades entre 18 e 29 anos. Para aqueles que recebem o diagnóstico de HIV/aids, a nova realidade se encontra envolvida por fatores como a auto aceitação da orientação sexual, estigmas anteriores ao diagnóstico, suporte familiar e social, crenças sobre o vírus e restabelecimento de vínculos e comportamentos. Contudo, são escassos estudos que foquem nas vivências das relações afetivas e sexuais de jovens gays após o diagnóstico. Objetivo - Estabeleceu-se como objetivo geral desta pesquisa compreender as implicações e significados do diagnóstico do HIV nas relações afetivo sexuais de jovens gays. Método - O estudo proposto baseia-se na pesquisa qualitativa, como forma de privilegiar os discursos dos sujeitos como fonte de informação. Foram realizadas entrevistas semi dirigidas com 10 jovens, com idades entre 18 e 24 anos, portadores do HIV e infectados por via sexual, acompanhados no ambulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Os dados foram transcritos, organizados e analisados por meio da análise de conteúdo. Resultados Para muitos jovens, no período anterior ao diagnóstico, o HIV não se mostrava como uma fonte de preocupação, devido à possibilidade de tratamento e diminuição das mortes. O uso de antirretrovirais é influenciado pelo receio de alterações corporais, sendo que a possibilidade da lipodistrofia se mostra como uma causa para o abandono do tratamento. Grupos e redes sociais online são fundamentais na busca de informações sobre o HIV e de pares na mesma situação. O conhecimento da sorologia não motiva o uso de preservativo, principalmente com parceiros sexuais esporádicos. De forma análoga, com estes parceiros, os participantes relatam não se sentirem responsabilizados por eventuais transmissões secundárias do vírus, avaliando como responsabilidade do outro o uso de preservativo. As relações afetivas são marcadas pelo receio da transmissão do vírus e da revelação diagnóstica aos parceiros, de forma que muitos preferem se relacionar com outros jovens vivendo com HIV/aids. Considerações finais - A partir dos resultados foi possível apreender que a vivência das relações afetivas e sexuais desses jovens é atravessada por questões ligadas ao preconceito e à insegurança frente à doença. No âmbito comportamental, nota-se que o conhecimento sobre as formas de prevenção não é eficaz para a mudança de atitudes e práticas sexuais, o que pode ser relacionado ao aumento de novos casos da infecção entre jovens gays nos últimos anos. É possível apontar que as campanhas preventivas pouco dialogam com as realidades dos jovens trazendo à tona a necessidade de repensar o cuidado e as políticas disponíveis para esta população.
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Para aqueles que recebem o diagnóstico de HIV/aids, a nova realidade se encontra envolvida por fatores como a auto aceitação da orientação sexual, estigmas anteriores ao diagnóstico, suporte familiar e social, crenças sobre o vírus e restabelecimento de vínculos e comportamentos. Contudo, são escassos estudos que foquem nas vivências das relações afetivas e sexuais de jovens gays após o diagnóstico. Objetivo - Estabeleceu-se como objetivo geral desta pesquisa compreender as implicações e significados do diagnóstico do HIV nas relações afetivo sexuais de jovens gays. Método - O estudo proposto baseia-se na pesquisa qualitativa, como forma de privilegiar os discursos dos sujeitos como fonte de informação. Foram realizadas entrevistas semi dirigidas com 10 jovens, com idades entre 18 e 24 anos, portadores do HIV e infectados por via sexual, acompanhados no ambulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Os dados foram transcritos, organizados e analisados por meio da análise de conteúdo. Resultados Para muitos jovens, no período anterior ao diagnóstico, o HIV não se mostrava como uma fonte de preocupação, devido à possibilidade de tratamento e diminuição das mortes. O uso de antirretrovirais é influenciado pelo receio de alterações corporais, sendo que a possibilidade da lipodistrofia se mostra como uma causa para o abandono do tratamento. Grupos e redes sociais online são fundamentais na busca de informações sobre o HIV e de pares na mesma situação. O conhecimento da sorologia não motiva o uso de preservativo, principalmente com parceiros sexuais esporádicos. De forma análoga, com estes parceiros, os participantes relatam não se sentirem responsabilizados por eventuais transmissões secundárias do vírus, avaliando como responsabilidade do outro o uso de preservativo. As relações afetivas são marcadas pelo receio da transmissão do vírus e da revelação diagnóstica aos parceiros, de forma que muitos preferem se relacionar com outros jovens vivendo com HIV/aids. Considerações finais - A partir dos resultados foi possível apreender que a vivência das relações afetivas e sexuais desses jovens é atravessada por questões ligadas ao preconceito e à insegurança frente à doença. No âmbito comportamental, nota-se que o conhecimento sobre as formas de prevenção não é eficaz para a mudança de atitudes e práticas sexuais, o que pode ser relacionado ao aumento de novos casos da infecção entre jovens gays nos últimos anos. É possível apontar que as campanhas preventivas pouco dialogam com as realidades dos jovens trazendo à tona a necessidade de repensar o cuidado e as políticas disponíveis para esta população.Introduction - The population of young gay men is in particular vulnerability to HIV/AIDS infection. According to researches over the last decade, there was a statistically significant increase in HIV infection rates in gay men aged between 18 and 29 years. For those who are diagnosed with HIV/AIDS, the new reality is surrounded by factors such as self acceptance of sexual orientation, stigmas before the diagnosis, family and social support, beliefs about the virus and the need of re-establish relationships and behaviors. However, there are few studies that focus on the experiences of emotional and sexual experiences of young gay men after diagnosis. Objectives - It was determined as a general objective of this research to understand the implications and meanings of HIV diagnosis in sexual and affective relationships of gay youth. Method - The proposed study is based on the assumptions of qualitative research which means that the subjects discourse was the source of information. 10 young people living with HIV, aged 18 to 24, and in treatment at the Instituto de Infectologia Emílio Ribas were interviewed. Data were transcribed, organized and analyzed using content analysis. Results - For many young people, in the period before diagnosis, HIV wasn´t a source of concern because of the possibility of treatment and decreased of deaths. The use of antiretroviral drugs is influenced by fear of body changes, and the possibility of lipodystrophy is shown as a cause for non-adherence to highly active antiretroviral therapy. Groups and online social networks are essential to find information about HIV and peer in the same situation. Knowledge of serology does not motivate the use of condoms, especially with casual sexual partners. Similarly, with these partners, participants reported not feeling responsible for any secondary transmissions of the virus, evaluating as the partner responsibility to condom use. Affective relationships are marked by the fear of virus transmission and diagnostic disclosure, making that many prefer to relate to other young people living with HIV / AIDS. Final Considerations - From the results it was possible to comprehend that the experience of emotional and sexual experiences of these young people is crossed by issues of prejudice and insecurity about the disease. In the behavioral level, we note that the knowledge of how to prevent it is not effective in changing attitudes and sexual practices, which may be related to the increase of new cases of infection among young gay men in recent years. It is possible to point out that the preventive campaigns do not dialogue with the realities of young people bringing up the need to rethink the care and policies available for this population.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSchor, NéiaSantos, Renato Caio Silva2015-03-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-23032015-095719/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T13:16:04Zoai:teses.usp.br:tde-23032015-095719Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T13:16:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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