Análise da comunidade de microalgas encontrada em lago ácido de mina de urânio (Caldas-MG): bioprospecção para avaliação de potencial biotecnológico

• Autor(a) principal: Flôr, Janaina Magalhães
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/87/87131/tde-23102023-093952/
• topic: Acid Mine Drainage; Bioremediation; Biorremediação; Biotechnology; Biotecnologia; Drenagem ácida de mina; Microalgae; Microalgas; Prospecção tecnológica; Technological prospecting

Ambientes antropogênicos extremos, como aqueles encontrados em áreas de mineração, são locais interessantes para estudos de biodiversidade e bioprospecção de organismos capazes de se desenvolverem e sobreviverem em tais ambientes. A primeira mina de extração de minério de urânio a ter sua jazida explorada no Brasil está localizada na região do Planalto de Poços de Caldas (Minas Gerais) e, atualmente, as atividades de mineração não ocorrem mais no local. Ainda assim, ocorre no local um grave problema ambiental: a drenagem ácida de mina em amostras de água. Neste contexto, torna-se necessário garantir a proteção dos seres humanos e do meio ambiente como um todo, dos efeitos das substâncias radioativas em locais sob influência de lançamentos de efluentes radioativos. Uma alternativa para monitorar tais ambientes é através da análise da comunidade de microalgas em amostras de água existentes no local para fornecer informações sobre espécies com potencial biotecnológico em ações de remediação. No presente estudo, foi realizada uma análise e interpretação de dados anteriormente levantados sobre a composição da comunidade de microalgas e também de cianobactérias em amostras de água encontrada na cava da mina de urânio da Unidade de Descomissionamento de Caldas - UDC/INB (ponto CM) e na Represa das Antas (ponto 14), a jusante do lançamento dos efluentes radioativos tratados provenientes da UDC/INB, e realizada a comparação de resultados obtidos nestes locais de amostragem com o objetivo de identificar as espécies presentes e que desempenham papeis importantes na área biotecnológica. Também foi realizada uma busca de patentes, com o intuito de avaliar o panorama de prospecção tecnológica a respeito da aplicação de microalgas em biorremediação, dando uma ideia do cenário das aplicações industriais que já estão em andamento atualmente. Como resultado, esperava-se encontrar uma diversidade de microalgas bem menor em CM do que em P14. Entretanto, os resultados foram bem semelhantes: em ambos os locais de amostragem, foi encontrada uma flora de microalgas e cianobactérias taxonomicamente diversa, sendo representada por 25 táxons no ponto CM e 28 em P14, dominados pelas classes Bacillariophyceae e Chlorophyceae. Além disso, para P14 foi registrado um grande número de representantes da classe Dinophyceae. De todos os organismos registrados no presente estudo, muitos foram comuns para ambos os locais de amostragem, mas alguns táxons foram registrados somente no ponto CM, ponto com baixo pH (3,8) e elevadas concentrações de metais, como Mn, U e Zn. Das microalgas que foram registradas somente em CM, Chlamydomonas sp., Desmodesmus sp. e Botryococcus sp. se destacam com relação à biotecnologia, pois em busca na literatura, foi identificado que estas microalgas são muito usadas em processos biotecnológicos de remediação ambiental, remoção de contaminantes de águas residuais, produção de biocombustíveis, pigmentos, medicamentos, entre outros, assim como Euglena sp., que também foi registrada em P14. Nos últimos 5 anos, tendo como base de consulta apenas a plataforma WIPO, foram registradas 178 patentes utilizando microalgas em processos de remediação, até o momento da pesquisa. Embora seja recente a utilização de microalgas com o objetivo de produzir compostos e/ou produtos de alto valor, já existem empresas consolidadas atualmente no mercado, mostrando ser este um caminho bastante promissor e ambientalmente sustentável.