Da paisagem como objeto da geografia: repasse teórico e sugestão metodológica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barreiros, André Mateus
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-19022018-121253/
Resumo: O objetivo principal desta pesquisa foi discutir a paisagem como objeto da geografia e, em sequência, sugerir uma metodologia para a investigação da paisagem geográfica. Para tanto, apresentamos uma retrospectiva crítica sobre bibliografia diversa, na qual os temas abordados estão concatenados em uma perspectiva temporal, indo da pré-história ao final do século XX. Começamos pelos povos caçadores-coletores, passamos pela civilização greco-romana e a sociedade europeia dos séculos XVI ao XIX, chegando aos primeiros sistematizadores da geografia moderna, Alexander von Humboldt, Carl Ritter, Friedrich Ratzel e Paul Vidal de La Blache. No próximo momento, discutimos a influência destes autores na produção científica sobre a paisagem e a geografia na Alemanha, França, Rússia/União Soviética e Brasil, buscando rastrear as relações e evoluções deste binômio. Como contribuição original, analisamos o trabalho de Niklas Luhmann, sociólogo alemão, que desenvolveu uma teoria que acreditamos ter potencial para enriquecer a abordagem geográfica sobre os fenômenos sociais no estudo da paisagem, com o intuito de aproximar geografia e sociologia sob o paradigma sistêmico. Concluímos três pontos sobre as relações entre a paisagem e a geografia ao longo do tempo. Primeiro, são as interações entre a natureza e a sociedade, sobre a superfície terrestre, que constituem a base da paisagem como objeto da disciplina em seus anos iniciais, sob a tutela de Humboldt e Ritter. Atualmente, as relações deste binômio abrangem duas vertentes: há, de um lado, uma abordagem naturalista e sistêmica das relações natureza-sociedade; de outro, há investigações humanistas e fenomenológicas sobre as interações sociedade-natureza e sociedade-sociedade. Segundo, a paisagem geográfica, entendida como um sistema concreto, é constituída por matéria, energia e comunicação. Contém ainda uma sobreposição de tempos e possui uma estrutura multiescalar, um funcionamento e uma funcionalidade. Terceiro, a abordagem geográfica tem sua particularidade no trato analítico e sintético das informações, principalmente no campo da síntese. Isso ocorre porque tem início em um levantamento idiográfico e evolui para discussões nomotéticas sobre as leis gerais de organização da superfície. Dessa forma, acreditamos que a geografia deva ser vista como conhecimento aplicado em sua maior parte, objetivando uma melhora na qualidade da vida humana e uso racional dos recursos naturais.
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No próximo momento, discutimos a influência destes autores na produção científica sobre a paisagem e a geografia na Alemanha, França, Rússia/União Soviética e Brasil, buscando rastrear as relações e evoluções deste binômio. Como contribuição original, analisamos o trabalho de Niklas Luhmann, sociólogo alemão, que desenvolveu uma teoria que acreditamos ter potencial para enriquecer a abordagem geográfica sobre os fenômenos sociais no estudo da paisagem, com o intuito de aproximar geografia e sociologia sob o paradigma sistêmico. Concluímos três pontos sobre as relações entre a paisagem e a geografia ao longo do tempo. Primeiro, são as interações entre a natureza e a sociedade, sobre a superfície terrestre, que constituem a base da paisagem como objeto da disciplina em seus anos iniciais, sob a tutela de Humboldt e Ritter. Atualmente, as relações deste binômio abrangem duas vertentes: há, de um lado, uma abordagem naturalista e sistêmica das relações natureza-sociedade; de outro, há investigações humanistas e fenomenológicas sobre as interações sociedade-natureza e sociedade-sociedade. Segundo, a paisagem geográfica, entendida como um sistema concreto, é constituída por matéria, energia e comunicação. Contém ainda uma sobreposição de tempos e possui uma estrutura multiescalar, um funcionamento e uma funcionalidade. Terceiro, a abordagem geográfica tem sua particularidade no trato analítico e sintético das informações, principalmente no campo da síntese. Isso ocorre porque tem início em um levantamento idiográfico e evolui para discussões nomotéticas sobre as leis gerais de organização da superfície. Dessa forma, acreditamos que a geografia deva ser vista como conhecimento aplicado em sua maior parte, objetivando uma melhora na qualidade da vida humana e uso racional dos recursos naturais.The aim of this research was to discuss landscape as the object of geography and, following that, to suggest a methodology for the investigation of the geographic landscape. To do so, we present a critical retrospective of the bibliography, in which we discuss and connect the themes in a temporal perspective, from pre-history through the end of the 20th century. We began with the hunter-gatherer groups of people, passing through the Greek-Roman civilizations and the European societies of the centuries 16th through 19th, arriving at the first systematizers of modern geography: Alexander von Humboldt, Carl Ritter, Friedrich Ratzel and Paul Vidal de La Blache. Next, we discuss the influence of those authors on the scientific production about the landscape and the setting of geography in Germany, France, Russia/Soviet Union and Brazil, seeking to track the relationships and evolutions of this binomial. As an original contribution, we analyzed the work of Niklas Luhmann, a German sociologist who designed a theory that we believe could enrich the geographical approach of the social phenomena within the study of the landscapes, aiming to approximate geography and sociology under the systemic paradigm. In conclusion, we arrived at three aspects of the relationship between landscape and geography throughout time. First, it is the interaction between nature and society that constitute the basis of landscape as the object of geography in its early years, as viewed by Humboldt and Ritter. Currently, the interactions of this binomial comprehend two fronts: on one side, there´s a systemic and naturalistic approach of the nature-society relationships; within the other perspective, we see humanistic and phenomenological investigations on the society-nature and society-society interactions. Second, the geographic landscape, understood as a concrete system, is constituted by matter, energy and communications, containing a superposition of times and a multi-scalar structure, an operation and a functionality. Third, the geographic approach has its particularity in the synthetic-analytical treatment of the information, especially within the realm of synthesis, since it begins with an idiographic data gathering and evolves to nomothetical discussions of general laws of the organization of the surface of the Earth. Considering this, we believe geography should be seen essentially as an applied field of knowledge, aiming the improvement of human life and the rational usage of natural resources.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAbreu, Adilson Avansi deBarreiros, André Mateus2017-09-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-19022018-121253/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-19T20:50:39Zoai:teses.usp.br:tde-19022018-121253Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-19T20:50:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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