As luzes do cronotopo da avaliação: dissertações de vestibular e retração da autoria
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-08042019-115919/ |
Resumo: | Esta pesquisa investiga nas 122 dissertações de vestibular que compõem o corpus, produzidas por alunos de ensino médio de um colégio da Grande São Paulo os traços espaçotemporais que lhes são constitutivos. Tomando como base o conceito bakhtiniano de cronotopo que, sem se confundir com a noção de contexto, designa a indissociabilidade entre espaço e tempo nos textos e na vida concreta (BAKHTIN, 1998) , estuda-se a intrincada relação entre os sujeitos, os ambientes escolares e a sua história. Essa relação pressupõe uma concepção de linguagem em que os sujeitos (falantes ou escreventes) lidam com a língua sempre a partir da relação que têm com o outro, o que inclui a relação também com um dado cronotopo. Dessa preocupação mais geral, deriva o cumprimento de três objetivos específicos: foi definido como constitutivo dessas redações o que se passou a chamar de cronotopo da avaliação; foi verificada a conformação da dissertação de vestibular como gênero do discurso, na relação constitutiva com esse cronotopo; e foram consideradas as implicações do mesmo cronotopo para o ensino e a aprendizagem da escrita, especialmente quanto à retração da autoria. Na análise, foram selecionadas marcas linguísticas representativas do processo de produção das redações: dentre outras, formas de encantamento do leitor-avaliador o supradestinatário (BAKHTIN, 2015); a ausência de evidencialidade, dissimulada por um uso específico da modalidade (HALLIDAY, 2014); generalizações; e marcadores de esquiva da responsabilidade enunciativa. Como resultado, constatou-se que se coadunam três perspectivas: a de um modelo de educação forjado pela modernidade, de tradição racionalista em que predomina o conteudismo (ORLANDI, 2015) ; a do letramento autônomo (criticado por STREET, 2015) e a de um legado da educação privada, cujo caráter propedêutico no ensino de escrita aparece intimamente ligado a interesses mercadológicos. Toma-se, pois, como um dos resultados desta pesquisa, a proposição da noção de cronotopo da avaliação, formulada como o compósito dessas três perspectivas. Os resultados obtidos indicam que, nesse cronotopo, a produção de texto e o ensino da escrita padecem de prejuízos e distorções, a mais importante, talvez, sendo a de, ao conceber o ensino por meio de gêneros do discurso, enfatizar a produção do aluno via modelos fixos (CORRÊA, 2013), abrindo espaço e legitimando a prática de retração da autoria. |
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As luzes do cronotopo da avaliação: dissertações de vestibular e retração da autoriaEnlightenment of the evaluations chronotope: entrance exams dissertations and authorship discouragementAuthorshipAutoriaChronotopeCollege entrance exams dissertationsCronotopoCronotopo da avaliaçãoDialogismDialogismoDissertação de vestibularEvaluation chronotopeIndications of authorshipIndícios de autoriaEsta pesquisa investiga nas 122 dissertações de vestibular que compõem o corpus, produzidas por alunos de ensino médio de um colégio da Grande São Paulo os traços espaçotemporais que lhes são constitutivos. Tomando como base o conceito bakhtiniano de cronotopo que, sem se confundir com a noção de contexto, designa a indissociabilidade entre espaço e tempo nos textos e na vida concreta (BAKHTIN, 1998) , estuda-se a intrincada relação entre os sujeitos, os ambientes escolares e a sua história. Essa relação pressupõe uma concepção de linguagem em que os sujeitos (falantes ou escreventes) lidam com a língua sempre a partir da relação que têm com o outro, o que inclui a relação também com um dado cronotopo. Dessa preocupação mais geral, deriva o cumprimento de três objetivos específicos: foi definido como constitutivo dessas redações o que se passou a chamar de cronotopo da avaliação; foi verificada a conformação da dissertação de vestibular como gênero do discurso, na relação constitutiva com esse cronotopo; e foram consideradas as implicações do mesmo cronotopo para o ensino e a aprendizagem da escrita, especialmente quanto à retração da autoria. Na análise, foram selecionadas marcas linguísticas representativas do processo de produção das redações: dentre outras, formas de encantamento do leitor-avaliador o supradestinatário (BAKHTIN, 2015); a ausência de evidencialidade, dissimulada por um uso específico da modalidade (HALLIDAY, 2014); generalizações; e marcadores de esquiva da responsabilidade enunciativa. Como resultado, constatou-se que se coadunam três perspectivas: a de um modelo de educação forjado pela modernidade, de tradição racionalista em que predomina o conteudismo (ORLANDI, 2015) ; a do letramento autônomo (criticado por STREET, 2015) e a de um legado da educação privada, cujo caráter propedêutico no ensino de escrita aparece intimamente ligado a interesses mercadológicos. Toma-se, pois, como um dos resultados desta pesquisa, a proposição da noção de cronotopo da avaliação, formulada como o compósito dessas três perspectivas. Os resultados obtidos indicam que, nesse cronotopo, a produção de texto e o ensino da escrita padecem de prejuízos e distorções, a mais importante, talvez, sendo a de, ao conceber o ensino por meio de gêneros do discurso, enfatizar a produção do aluno via modelos fixos (CORRÊA, 2013), abrindo espaço e legitimando a prática de retração da autoria.This research investigates in 122 texts that simulate college entrance exams dissertations, written by pre-college students from a school in São Paulo the space-time features that constitute them. Taking the chronotope, a bakhtinian concept, as a starting point which is not the same as context and describes the inseparability between space and time in the texts and in the concrete life (BAKHTIN, 1998) , we study the intricate relation between subjects, school environment and its history. This relation assumes a language conception according to which subjects (talkers or writers) deal with language considering otherness, what also includes the link with the chronotope. From this more general concern, there are three specific goals: it was defined as constitutive of these texts what is called the evaluation chronotope; it was verified the constitution of college entrance exams dissertations as a genre of discourse, in the relation with this chronotope; at last, we considered the implications of this chronotope for teaching and learning of writing, especially in regards of authorship disencouragement. In the analysis, we selected linguistic traits that represent the text production: enchantment forms of the reader-evaluator the superadressee (BAKHTIN, 2015); the absence of evidence, suppressed by a specific modality use (HALLIDAY, 2014); generalizations; and markers of avoidance of enunciation responsibility. As results, we could observe that there are three convergent perspectives: an education model brought by modernity, that relates to rationality tradition in which we see what ORLANDI (2015) calls conteudismo (focus in the content) ; the autonomous literacy model (criticized by STREET, 2015) and the private education legacy, that focus in the preparation of students for the university and is strictly linked to marketing interests. These three perspectives, in intersection, configure the evaluation chronotope. The results indicate that, at this chronotope, the text production and writing teaching has distortions: the most important of these are the teaching through fixed models (CORRÊA, 2013), practice that is responsible for authorship disencouragement.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCorrea, Manoel Luiz GoncalvesAlvarez, Bruno Loureiro Prado2018-12-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-08042019-115919/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-10T00:06:19Zoai:teses.usp.br:tde-08042019-115919Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-10T00:06:19Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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