A ferida na alma : os doentes de AIDS sob o ponto de vista psicanalítico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cedaro, José Juliano
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-01062006-182253/
Resumo: Este trabalho, fundamentando-se no referencial psicanalítico, estuda o fenômeno HIV/aids a partir do discurso de quatro pessoas vivendo com aids, entrevistados individualmente ao longo de três anos. O referencial psicanalítico funcionou como ferramenta teórico-metodológica para a condução das entrevistas, assim como para a leitura do material produzido nos encontros com os sujeitos da pesquisa. Foram fundamentais as concepções da Teoria dos Campos e de clínica extensa do psicanalista brasileiro Fabio Herrmann, as quais possibilitam o emprego do método psicanalítico num território fora do setting clássico, incluindo a pesquisa acadêmica. Este trabalho partiu do pressuposto de que as patologias, sobretudo as crônicas e incuráveis, provocam uma ferida narcísica em suas vítimas. No caso da aids, isso seria exacerbado pela vulnerabilidade que a doença provoca, pelos efeitos adversos dos remédios e pelos estigmas sociais que lhe estão associados. O objetivo da pesquisa foi verificar quais são as estratégias psíquicas que os doentes utilizam para enfrentar essa situação e para tentar reparar essa ferida. Constatou-se que essas pessoas se sentem arremessadas dentro de um campo do “angustiante" [das Ängstlichen] quando se percebem submersos por essa moléstia. A reação do eu para lidar com esse angustiante lhe provocaria uma cisão (Ichspaultung), fazendo com que a realidade aterrorizadora possa coexistir psiquicamente com o desejo de reparar a ferida narcísica e com um luto indelével por si mesmo. Dessa forma, a aids é incorporada à dinâmica psíquica do doente nos termos daquilo que Freud denominou de das Unheimliche. O eu, graças a seu poder de síntese, mesmo combalido por uma força externa impiedosa, pode ser capaz de confrontá-la e se manter integrado, apesar das perdas irreparáveis.
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