Mucosite oral em pacientes pediátricos submetidos a transplante de células hematopoiéticas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Castro, Fabíola Germano de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23154/tde-30072020-085516/
Resumo: A mucosite oral (MO) constitui uma das principais morbidades nos períodos imediatos após o transplante de células hematopoiéticas (TCH). Em pacientes pediátricos, a MO é pouco descrita na literatura, não havendo protocolos específicos para prevenção e tratamento dessas lesões. O objetivo deste estudo foi caracterizar a MO em pacientes pediátricos antes e durante os períodos recentes após o TCH, bem como verificar quais fatores relacionados ao paciente e ao transplante podem estar associados ao tempo de duração e à gravidade dessas lesões. Foi também analisado o impacto da MO nas alterações de massa corpórea, na prescrição de opióides e nutrição artificial, bem como na sobrevida global. Para tanto, foram selecionados 115 prontuários de pacientes com idade igual ou menor que 18 anos, que foram submetidos a TCH, coletando-se informações sobre o paciente, o transplante e a toxicidade no trato gastrointestinal, desde o período de condicionamento até 10 dias após a pega da medula. Os pacientes foram divididos nas faixas etárias de 0 a 2, 3 a 6, 7 a 12, e 13 a 18 anos. Observou-se que houve maior frequência de pacientes com indicação de TCH devido a imunodeficiências primárias (34.78%), seguido de pacientes portadores de neoplasias hematológicas (24.34%) e anemias (18.26%). Houve alta frequência de pacientes na faixa etária de 0 a 2 anos (n=35 pacientes) e de 7 a 12 anos (n=38). Esses pacientes foram submetidos principalmente a transplante alogênico (87.83%) e condicionamento contendo bussulfano (57.40%). Observou-se maior frequência de MO graus 3 e 4 nos pacientes na faixa etária de 7 a 12 anos em comparação às demais faixas etárias (26.32%, p=0.019). Maior tempo de duração de dor para deglutir também foi observado nessa faixa etária e na de 13 a 18 anos (p=0.024). Em geral, em todas as idades, a MO não ficou restrita ao período de neutropenia, manifestando-se antes ou estendendo-se além desse período. A prescrição de nutrição artificial (71.30%) e de opióides (84.16%) foi alta na amostra como um todo. Os pacientes com 0 a 2 anos de idade necessitaram de nutrição artificial por mais tempo (p=0.002). A profilaxia para doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) com metotrexato foi fator de risco significativo para MO. Tanto a MO grau³2 (OR=12.6, p=0.017) quanto a duração de dor para deglutir ³3 dias (OR=6.5, p<0.001) impactaram significativamente na prescrição de opióides. A dor para deglutir também impactou na prescrição de nutrição artificial (OR=2.7, p=0.018), mas a MO não. Nenhum fator relacionado à mucosite no trato digestivo teve associação significativa com perda ou ganho de massa corpórea, nem com sobrevida global. Concluiu-se que os pacientes pediátricos que foram submetidos a TCH exibiram perfis de MO distintos segundo a faixa etária, com variações no período de manifestação, na gravidade e na duração dessas lesões. Protocolos específicos de cuidados orais para essas faixas etárias devem ser instituídos, focados principalmente no controle da MO no tocante a analgesia.
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Foi também analisado o impacto da MO nas alterações de massa corpórea, na prescrição de opióides e nutrição artificial, bem como na sobrevida global. Para tanto, foram selecionados 115 prontuários de pacientes com idade igual ou menor que 18 anos, que foram submetidos a TCH, coletando-se informações sobre o paciente, o transplante e a toxicidade no trato gastrointestinal, desde o período de condicionamento até 10 dias após a pega da medula. Os pacientes foram divididos nas faixas etárias de 0 a 2, 3 a 6, 7 a 12, e 13 a 18 anos. Observou-se que houve maior frequência de pacientes com indicação de TCH devido a imunodeficiências primárias (34.78%), seguido de pacientes portadores de neoplasias hematológicas (24.34%) e anemias (18.26%). Houve alta frequência de pacientes na faixa etária de 0 a 2 anos (n=35 pacientes) e de 7 a 12 anos (n=38). Esses pacientes foram submetidos principalmente a transplante alogênico (87.83%) e condicionamento contendo bussulfano (57.40%). Observou-se maior frequência de MO graus 3 e 4 nos pacientes na faixa etária de 7 a 12 anos em comparação às demais faixas etárias (26.32%, p=0.019). Maior tempo de duração de dor para deglutir também foi observado nessa faixa etária e na de 13 a 18 anos (p=0.024). Em geral, em todas as idades, a MO não ficou restrita ao período de neutropenia, manifestando-se antes ou estendendo-se além desse período. A prescrição de nutrição artificial (71.30%) e de opióides (84.16%) foi alta na amostra como um todo. Os pacientes com 0 a 2 anos de idade necessitaram de nutrição artificial por mais tempo (p=0.002). A profilaxia para doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) com metotrexato foi fator de risco significativo para MO. Tanto a MO grau³2 (OR=12.6, p=0.017) quanto a duração de dor para deglutir ³3 dias (OR=6.5, p<0.001) impactaram significativamente na prescrição de opióides. A dor para deglutir também impactou na prescrição de nutrição artificial (OR=2.7, p=0.018), mas a MO não. Nenhum fator relacionado à mucosite no trato digestivo teve associação significativa com perda ou ganho de massa corpórea, nem com sobrevida global. Concluiu-se que os pacientes pediátricos que foram submetidos a TCH exibiram perfis de MO distintos segundo a faixa etária, com variações no período de manifestação, na gravidade e na duração dessas lesões. Protocolos específicos de cuidados orais para essas faixas etárias devem ser instituídos, focados principalmente no controle da MO no tocante a analgesia.Oral mucositis (OM) is one of the main morbidities in immediate periods after hematopoietic cell transplantation (HCT). In pediatric patients, OM is poorly described in the literature and there are no specific protocols for prevention and treatment of these lesions. The aim of this study was to characterize OM in pediatric patients before and during the periods after HCT, and also verify which patient and transplant-related factors may be associated with the duration and severity of these lesions. It was also analyzed the impact of OM on body mass changes, opioid prescription and artificial nutrition, as well as overall survival. For this, 115 medical records were selected from patients up to 18 years old, who underwent HCT, collecting information about the patient, transplantation and toxicity in gastrointestinal tract, from the conditioning period up to 10 days after the neutrophil engraftment. Patients were divided into age groups from 0 to 2, 3 to 6, 7 to 12, and 13 to 18 years old. There was a higher frequency of patients indicated to HCT due to primary immunodeficiencies (34.78%), followed by patients with hematologic malignancies (24.34%) and anemia (18.26%). There was a high frequency of patients from 0 to 2 years old (n=35 patients) and 7 to 12 years old (n=38). These patients were mainly submitted to allogeneic transplantation (87.93%) and conditioning containing bussulfan (57.40%). A higher frequency of OM grades 3 and 4 was observed in patients from 7 to 12 years old compared to other age groups (26.32%, p = 0.019). Longer duration of swallowing pain was also observed in this age group and in 13 to 18 years old group (p = 0.024). In general, at all ages, OM was not restricted to the neutropenia period, manifesting before or extending beyond that period. The prescription of artificial nutrition (71.30%) and opioids (84.16%) was high in all the sample. Patients from 0 to 2 years old needed artificial nutrition for longer period (p = 0.002). Prophylaxis for graft versus host disease (GVHD) with methotrexate was a significant risk factor for OM. Both OM grade 2 (OR = 12.6, p = 0.017) and duration of swallowing pain ³ 3 days (OR=6.5, p<0.001) significantly impacted opioid prescription. Swallowing pain also impacted the prescription of artificial nutrition (OR = 2.7, p = 0.018), but OM did not. None factors related to mucositis in the digestive tract was significantly associated with loss or gain of body mass, nor with overall survival. It was concluded that pediatric patients who underwent HCT exhibited different OM profiles according to age group, with variations in the period of manifestation severity and duration of these lesions. Specific oral care protocols for these age groups should be instituted, focusing mainly on the control of OM regarding to analgesia.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCorrêa, LucianaCastro, Fabíola Germano de2019-10-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23154/tde-30072020-085516/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-09-14T09:17:02Zoai:teses.usp.br:tde-30072020-085516Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-09-14T09:17:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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