A bananeira que sangra: desobediência epistêmica, pedagogias e poéticas insurgentes nas aparições do Nego Fugido

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Monilson dos Santos
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27155/tde-27042022-114111/
Resumo: O tambor é o coração do Nego Fugido e pulsa no ritmo da voz metálica do GÃ (agogô) para evocar a aparição, o corpo entre-lugar, os fantasmas e o devir. Pisando em solos sagrados, no ritmo do Rum, e escutando as palavras evocadas pelas cantigas do Nego Fugido, sigo as pegadas dos orikis subterrâneos para encontrar a desobediência epistêmica e a poética insurgente da aparição. O regente dessa polifonia de vozes é Enúegbarijó, a boca coletiva que sopra os ventos que invadem as tardes de domingo do mês de julho para acordar a bananeira que sangra e desenhar, no chacoalhar das folhas secas no solo do Recôncavo, corpos entre-mundos. Se oriki (saudar a cabeça) é capaz de mobilizar e manipular energias da natureza, de evocar nkisis-orixás-voduns e fazer renascer do orúm figuras encantadas e acordar os ancestrais que moram nas bananeiras, nos perguntamos, do mesmo modo, ele teria a força para evocar figuras cênicas, capazes de transitar entre mundos? A palavra salivada da boca coletiva e no contexto da oralidade dos orikis, é analisada como carga especial e força vital (àse) capaz de evocar deuses, tecer histórias, produzir imagens, aspectos importantes da construção da musicalidade, teatralidade e transcorporalidade das figuras e da encenação do Nego Fugido. Ao priorizar ouvir os ventos soprados na tradição oral de Acupe e nas cantigas do Nego Fugido, busquei identificar os mecanismos que operam na aparição, analisar as formas operantes de sua encenação, reconhecendo os elementos que irrompem como aspectos poéticos, pedagógicos e narrativos.
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