Aplicabilidade de tarefas de memória autobiográfica na investigação dos efeitos do envelhecimento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Regina, Ana Carolina Brocanello
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-24062014-124736/
Resumo: INTRODUÇÃO: A memória autobiográfica é um tipo de memória episódica, que abrange os aspectos perceptuais, afetivos e espaço-temporais de um evento. Tais aspectos são organizados em representações que compõem uma história pessoal, sendo portanto fundamentais para a formação da identidade. Esse tipo de lembrança é uma construção transitória e dinâmica gerada a partir de uma base de conhecimento subjacente e esta base é armazenada em diferentes níveis de especificidade de detalhes. Por possuir grande conteúdo episódico, que é dependente das regiões frontais e temporomediais, áreas cerebrais conhecidas por sofrerem alterações significativas com o avanço da idade, é um sistema de memória que parece apresentar declínio com o avanço da idade. O presente estudo procurou investigar a relação entre a memória autobiográfica e o envelhecimento em 57 voluntários saudáveis, que foram divididos em dois grupos: adultos jovens (18 a 50 anos) e adultos mais velhos (51 a 75 anos). METODOLOGIA: A investigação utilizou uma entrevista de memória autobiográfica constituída de 5 eventos públicos marcantes (flashbulb memories), 4 estímulos de valência (positiva e negativa) e 1 evento importante ocorrido no último ano. As entrevistas foram avaliadas e pontuadas de acordo com sistema de categorização dos detalhes relatados em episódicos e semânticos. Também foi usada uma bateria de testes neuropsicológicos composta por 7 testes agrupados em 5 domínios cognitivos destinados a avaliar respectivamente: velocidade de processamento da informação, memória verbal, memória visual, funções executivas e funcionamento intelectual, para examinar possível déficits nesses domínios e suas correlações com o desempenho na entrevista autobiográfica. O nível de significância foi de p < 0.05. RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos na avaliação de memória autobiográfica, com sujeitos lembrando-se de quantidades semelhantes de detalhes episódicos. Tanto eventos de valência positiva como negativa foram lembrados com a mesma qualidade. Houve uma tendência a um pior desempenho de pessoas mais velhas para relatar lembranças pessoais recentes (que ocorreram no último ano). O grupo mais velho teve pior desempenho em atividades de velocidade de processamento, flexibilidade mental, controle inibitório, memória episódica verbal e memória visual. Foi observada uma correlação positiva entre o desempenho em tarefa padronizada de memória verbal episódica e a quantidade de detalhes episódicos na entrevista de memória autobiográfica. Houve uma relação inversa entre a quantidade de eventos episódicos relatados e a velocidade de processamento de informações apenas no grupo de adultos jovens. Não foram observadas correlações entre os demais domínios cognitivos e os resultados na atividade de memória autobiográfica. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos sugerem que as memórias autobiográficas são mais resistentes aos efeitos do tempo. Eventos que têm importante significado pessoal e grande conteúdo emocional aparentam ficar bem preservados na memória
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Por possuir grande conteúdo episódico, que é dependente das regiões frontais e temporomediais, áreas cerebrais conhecidas por sofrerem alterações significativas com o avanço da idade, é um sistema de memória que parece apresentar declínio com o avanço da idade. O presente estudo procurou investigar a relação entre a memória autobiográfica e o envelhecimento em 57 voluntários saudáveis, que foram divididos em dois grupos: adultos jovens (18 a 50 anos) e adultos mais velhos (51 a 75 anos). METODOLOGIA: A investigação utilizou uma entrevista de memória autobiográfica constituída de 5 eventos públicos marcantes (flashbulb memories), 4 estímulos de valência (positiva e negativa) e 1 evento importante ocorrido no último ano. As entrevistas foram avaliadas e pontuadas de acordo com sistema de categorização dos detalhes relatados em episódicos e semânticos. Também foi usada uma bateria de testes neuropsicológicos composta por 7 testes agrupados em 5 domínios cognitivos destinados a avaliar respectivamente: velocidade de processamento da informação, memória verbal, memória visual, funções executivas e funcionamento intelectual, para examinar possível déficits nesses domínios e suas correlações com o desempenho na entrevista autobiográfica. O nível de significância foi de p < 0.05. RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos na avaliação de memória autobiográfica, com sujeitos lembrando-se de quantidades semelhantes de detalhes episódicos. Tanto eventos de valência positiva como negativa foram lembrados com a mesma qualidade. Houve uma tendência a um pior desempenho de pessoas mais velhas para relatar lembranças pessoais recentes (que ocorreram no último ano). O grupo mais velho teve pior desempenho em atividades de velocidade de processamento, flexibilidade mental, controle inibitório, memória episódica verbal e memória visual. Foi observada uma correlação positiva entre o desempenho em tarefa padronizada de memória verbal episódica e a quantidade de detalhes episódicos na entrevista de memória autobiográfica. Houve uma relação inversa entre a quantidade de eventos episódicos relatados e a velocidade de processamento de informações apenas no grupo de adultos jovens. Não foram observadas correlações entre os demais domínios cognitivos e os resultados na atividade de memória autobiográfica. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos sugerem que as memórias autobiográficas são mais resistentes aos efeitos do tempo. Eventos que têm importante significado pessoal e grande conteúdo emocional aparentam ficar bem preservados na memóriaINTRODUCTION: The autobiographical memory is a kind of episodic memory that covers an event\'s aspects of perception, affection, space and time. These are organized in representations that make up a personal history. Therefore, they are paramount to the creation of identity. This type of memory is a transitory and dynamic construction, generated from a foundation of subjacent knowledge stored in details that are specific on different levels. Because it has a vast episodic content, that is dependent of the frontal and temporal medial regions (areas of the brain known for suffering meaningful changes with the aging process), it is a memory system that apparently shows decline with the aging process. This study sought to investigate the relationship between autobiographical memory and aging in 57 healthy subjects that were divided into two groups: young adults (18 to 50 years old) and seniors (51 to 75 years old). METHOD: The investigation used an autobiographical memory interview made up of 5 memorable public events (flashbulb memories), 4 valence stimuli (positive and negative) and 1 important event that happened in the last year. The interviews were evaluated and scored according to the sorting system of details determined either as episodic or semantic. A battery of neuropsychological tests was also used, it was constituted of 7 tests grouped in 5 cognitive domains destined to evaluate, respectively: processing speed, verbal memory, visual memory, executive functions and intellectual performance, to examine possible deficits in these domains and its correlation to the performance in the autobiographical interview. The level of significance was of p < 0.05. RESULTS: There were no meaningful differences between groups in the evaluation of autobiographical memory. Subjects remembered similar amounts of episodic details. Events of both negative and positive valence were recalled with the same quality. In seniors, a tendency towards a worse performance was found when they were asked to tell recent personal memories (that happened last year). The results demonstrate age-related difficulties in activities of speed processing, mental flexibility, inhibitory control, episodic verbal memory and visual memory. A positive correlation was found between the performance in a standardized episodic verbal memory task and the amount of episodic details in the autobiographical memory interview. There was a reverse relation between the amount of episodic events told and the speed of processing information only in the young adults group. No correlations were found between the other cognitive domains and the results in the autobiographical memory activity. CONCLUSION: The obtained results suggest that autobiographical memories are more resistant to the effects of time. Events that have important personal meaning and great emotional content seem to be well preserved in memoryBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBusatto Filho, GeraldoRegina, Ana Carolina Brocanello2014-05-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-24062014-124736/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:49Zoai:teses.usp.br:tde-24062014-124736Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description INTRODUÇÃO: A memória autobiográfica é um tipo de memória episódica, que abrange os aspectos perceptuais, afetivos e espaço-temporais de um evento. Tais aspectos são organizados em representações que compõem uma história pessoal, sendo portanto fundamentais para a formação da identidade. Esse tipo de lembrança é uma construção transitória e dinâmica gerada a partir de uma base de conhecimento subjacente e esta base é armazenada em diferentes níveis de especificidade de detalhes. Por possuir grande conteúdo episódico, que é dependente das regiões frontais e temporomediais, áreas cerebrais conhecidas por sofrerem alterações significativas com o avanço da idade, é um sistema de memória que parece apresentar declínio com o avanço da idade. O presente estudo procurou investigar a relação entre a memória autobiográfica e o envelhecimento em 57 voluntários saudáveis, que foram divididos em dois grupos: adultos jovens (18 a 50 anos) e adultos mais velhos (51 a 75 anos). METODOLOGIA: A investigação utilizou uma entrevista de memória autobiográfica constituída de 5 eventos públicos marcantes (flashbulb memories), 4 estímulos de valência (positiva e negativa) e 1 evento importante ocorrido no último ano. As entrevistas foram avaliadas e pontuadas de acordo com sistema de categorização dos detalhes relatados em episódicos e semânticos. Também foi usada uma bateria de testes neuropsicológicos composta por 7 testes agrupados em 5 domínios cognitivos destinados a avaliar respectivamente: velocidade de processamento da informação, memória verbal, memória visual, funções executivas e funcionamento intelectual, para examinar possível déficits nesses domínios e suas correlações com o desempenho na entrevista autobiográfica. O nível de significância foi de p < 0.05. RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos na avaliação de memória autobiográfica, com sujeitos lembrando-se de quantidades semelhantes de detalhes episódicos. Tanto eventos de valência positiva como negativa foram lembrados com a mesma qualidade. Houve uma tendência a um pior desempenho de pessoas mais velhas para relatar lembranças pessoais recentes (que ocorreram no último ano). O grupo mais velho teve pior desempenho em atividades de velocidade de processamento, flexibilidade mental, controle inibitório, memória episódica verbal e memória visual. Foi observada uma correlação positiva entre o desempenho em tarefa padronizada de memória verbal episódica e a quantidade de detalhes episódicos na entrevista de memória autobiográfica. Houve uma relação inversa entre a quantidade de eventos episódicos relatados e a velocidade de processamento de informações apenas no grupo de adultos jovens. Não foram observadas correlações entre os demais domínios cognitivos e os resultados na atividade de memória autobiográfica. CONCLUSÃO: Os resultados obtidos sugerem que as memórias autobiográficas são mais resistentes aos efeitos do tempo. Eventos que têm importante significado pessoal e grande conteúdo emocional aparentam ficar bem preservados na memória
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