O léxico de David Foster Wallace: enunciação e isotaxia em Infinite Jest

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fatel, Henrique Reis
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-05112024-110650/
Resumo: De acordo com Fiorin (2018) a peculiaridade de alguns textos reside especificamente em seu plano de expressão: \"quando o plano da expressão não apenas veicula um conteúdo [...], mas recria-o [...], novos sentidos são agregados pela expressão ao conteúdo\" (2018, p.45). Com Infinite Jest (1996), David Foster Wallace criou um objeto textual em que a forma estética do romance é ficcionalizada em temas e figuras. Wallace teceu um diagnóstico da mentalidade coletiva da virada do milênio nos EUA e do estado da arte estadunidense e, em grande medida, sobre a contemporaneidade mediada por BigTechs norte-americanas, ao mesmo tempo que criou um expressivo inventário de neologismos sintagmáticos, por derivação prefixal, sufixal e justaposição. Por isso, propomos uma análise interpretativa do romance a partir de seu plano de expressão. Análise esta instrumentalizada pelo conceito de \"isotaxia\", definido pelo Groupe ? em sua Retórica da Poesia como \"isotopias de expressão\" caracterizadas pela repetição \"das mesmas estruturas sintáticas (profundas ou de superfície) ao longo do enunciado\" (1992 [1977], p.35). Partindo desse conceito, mapeamos, pelo quadro teórico semiótico (GREIMAS, 1973; GREIMAS & COURTÉS, 1979), os mais expressivos neologismos sintagmáticos cunhados por David Foster Wallace no romance Infinite Jest (1996), a fim de verificar como se dá a construção de sentido desses sintagmas em relação ao conjunto da obra, investigando a dimensão enunciativa do texto (BERTRAND, 2003) e concatenando a descrição das operações e posições enunciativas, mais especificamente, as focalizações e o ponto de vista, como definidos pela semiótica literária (BERTRAND, op.cit.). Por fim, propomos uma sucinta elucubração dos planos narrativo e profundo da obra para chegar às identidades investidas nos actantes e por conseguinte aos atores e às identidades recalcadas no texto para que ele constitua uma obra relevante ao leitor (FONTANILLE, 2007). Delimitamos assim os sistemas de valores incutidos nos processos de significação que compõem o percurso gerativo de sentido do romance.
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Wallace teceu um diagnóstico da mentalidade coletiva da virada do milênio nos EUA e do estado da arte estadunidense e, em grande medida, sobre a contemporaneidade mediada por BigTechs norte-americanas, ao mesmo tempo que criou um expressivo inventário de neologismos sintagmáticos, por derivação prefixal, sufixal e justaposição. Por isso, propomos uma análise interpretativa do romance a partir de seu plano de expressão. Análise esta instrumentalizada pelo conceito de \"isotaxia\", definido pelo Groupe ? em sua Retórica da Poesia como \"isotopias de expressão\" caracterizadas pela repetição \"das mesmas estruturas sintáticas (profundas ou de superfície) ao longo do enunciado\" (1992 [1977], p.35). Partindo desse conceito, mapeamos, pelo quadro teórico semiótico (GREIMAS, 1973; GREIMAS & COURTÉS, 1979), os mais expressivos neologismos sintagmáticos cunhados por David Foster Wallace no romance Infinite Jest (1996), a fim de verificar como se dá a construção de sentido desses sintagmas em relação ao conjunto da obra, investigando a dimensão enunciativa do texto (BERTRAND, 2003) e concatenando a descrição das operações e posições enunciativas, mais especificamente, as focalizações e o ponto de vista, como definidos pela semiótica literária (BERTRAND, op.cit.). Por fim, propomos uma sucinta elucubração dos planos narrativo e profundo da obra para chegar às identidades investidas nos actantes e por conseguinte aos atores e às identidades recalcadas no texto para que ele constitua uma obra relevante ao leitor (FONTANILLE, 2007). Delimitamos assim os sistemas de valores incutidos nos processos de significação que compõem o percurso gerativo de sentido do romance.According to Fiorin (2018) the intricacies of some texts specifically lie within their expression levels \"when this level not only conveys but also recreates it\" (2018, p.45) With Infinite Jest, David Foster Wallace assembled a text in which the aesthetic form of the contemporary novel is not only structure but also themes and characters. Wallace diagnosed and described the collective late-millennium US mentality and the state of US art. He also foreshadowed the contemporary reality mediated by US Big Techs, to a large degree. At the same time, DFW introduced an expressive amount of compound neologisms, created through processes of derivation (of prefixes and suffixes) and juxtaposition. Because of such intricacies in Infinite Jest, we propose an interpretative analysis of the novel beginning with its expression level. This is done based on the concept of isotaxies as defined by Groupe ? as isotopies of expression characterized by the repetition of the same syntaxic structures (of deeper and surface levels) throughout a sentence. Based on this concept and using the semiotic theoretical framework (GREIMAS, 1973; GREIMAS & COURTÉS, 1979), we mapped the most expressive syntagmatic neologisms coined by David Foster Wallace in the novel Infinite Jest (1996), to verify how these compounds construct meaning concerning the work as a whole. Our investigation delves into the enunciative dimension of the text (BERTRAND, 2003) and concatenating the description of enunciative operations and positions, more specifically, focalizations and the point of view, as defined by literary semiotics (BERTRAND, op. cit.) Finally, we propose a brief elucidation of the narrative and deep levels of the novel to uncover the identities invested in the actors and, consequently, the actors and identities repressed in the text thus rendering it a relevant work for the reader (FONTANILLE, 2007). We have thus delineated the value systems instilled in the processes of signification that make up the novel\'s generative trajectory of meaningBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTaille, Elizabeth Harkot de LaFatel, Henrique Reis2024-06-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-05112024-110650/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-11-05T13:26:02Zoai:teses.usp.br:tde-05112024-110650Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-11-05T13:26:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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