Efeito do canabigerol em modelo de discinesia tardia induzida por haloperidol

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Rafaela Aparecida Ponciano da Silva de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-08052023-110247/
Resumo: A introdução dos antipsicóticos na década de 1950 permitiu o tratamento de sintomas da esquizofrenia, como os delírios e as alucinações. No entanto, a cronicidade do tratamento com os chamados antipsicóticos típicos induz efeitos motores como a discinesia tardia, caracterizada por movimentos orofaciais involuntários e estereotipados de grande impacto funcional e social. A discinesia tardia é alvo de diversos estudos pela sua potencial irreversibilidade e seu caráter incômodo ao paciente. Uma das hipóteses para explicar a fisiopatologia deste efeito baseia-se na hipersensibilização dos receptores dopaminérgicos do tipo D2 frente ao seu constante bloqueio por antipsicóticos típicos, como o haloperidol. Haveria também o aumento de processos inflamatórios e de estresse oxidativo. Ainda, sabe-se que o tratamento repetido com haloperidol aumenta a expressão da proteína FosB no estriado dorso-lateral de roedores, o que estaria relacionado com a indução dos movimentos orais involuntários. Estudos do nosso grupo apontam que canabinoides apresentam um perfil de antipsicótico atípico, ou seja, tem efeito terapêutico sobre os sintomas clássicos da esquizofrenia sem levar ao aumento da expressão de FosB no estriado dorso-lateral e à aparição de sintomas motores. Além disso, o canabidiol atenua os movimentos orais involuntários induzidos pelo tratamento crônico com o haloperidol. O canabigerol, outro fitocanabinoide, ainda não foi testado no modelo de discinesia tardia. No entanto, compartilha interações com o canabidiol que lhe conferem efeito antioxidante e anti-inflamatório, o que sugere que este composto também tenha potencial antidiscinético. A partir destas premissas, este estudo teve como objetivos (i) delinear curvas temporais e de dose-resposta do haloperidol e a partir disso estabelecer um modelo de discinesia tardia; (ii) investigar o efeito antidiscinético do canabigerol no modelo pré-clínico estabelecido e, uma vez confirmado este efeito, (iii) investigar se estaria associado à sua ação anti-inflamatória e (iv) caracterizar a expressão de FosB no estriado dos animais frente ao tratamento com canabigerol e relacionar este perfil de expressão com seu efeito no modelo. Os resultados mostraram que o canabigerol não possui efeito discinético per se e nas doses de 3 e 10mg/kg atenuou os movimentos orais involuntários nos camundongos sem alterar sua atividade motora. Este efeito não é relacionado à diminuição da expressão de FosB no estriado dorso-lateral induzida pelo haloperidol, e também não foram observadas alterações na morfologia e densidade da microglia. Estudos posteriores são necessários para melhor investigação deste efeito, no entanto este trabalho apresenta contribuições para melhor entendimento do canabigerol, com possíveis implicações clínicas.
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Haveria também o aumento de processos inflamatórios e de estresse oxidativo. Ainda, sabe-se que o tratamento repetido com haloperidol aumenta a expressão da proteína FosB no estriado dorso-lateral de roedores, o que estaria relacionado com a indução dos movimentos orais involuntários. Estudos do nosso grupo apontam que canabinoides apresentam um perfil de antipsicótico atípico, ou seja, tem efeito terapêutico sobre os sintomas clássicos da esquizofrenia sem levar ao aumento da expressão de FosB no estriado dorso-lateral e à aparição de sintomas motores. Além disso, o canabidiol atenua os movimentos orais involuntários induzidos pelo tratamento crônico com o haloperidol. O canabigerol, outro fitocanabinoide, ainda não foi testado no modelo de discinesia tardia. No entanto, compartilha interações com o canabidiol que lhe conferem efeito antioxidante e anti-inflamatório, o que sugere que este composto também tenha potencial antidiscinético. A partir destas premissas, este estudo teve como objetivos (i) delinear curvas temporais e de dose-resposta do haloperidol e a partir disso estabelecer um modelo de discinesia tardia; (ii) investigar o efeito antidiscinético do canabigerol no modelo pré-clínico estabelecido e, uma vez confirmado este efeito, (iii) investigar se estaria associado à sua ação anti-inflamatória e (iv) caracterizar a expressão de FosB no estriado dos animais frente ao tratamento com canabigerol e relacionar este perfil de expressão com seu efeito no modelo. Os resultados mostraram que o canabigerol não possui efeito discinético per se e nas doses de 3 e 10mg/kg atenuou os movimentos orais involuntários nos camundongos sem alterar sua atividade motora. Este efeito não é relacionado à diminuição da expressão de FosB no estriado dorso-lateral induzida pelo haloperidol, e também não foram observadas alterações na morfologia e densidade da microglia. Estudos posteriores são necessários para melhor investigação deste efeito, no entanto este trabalho apresenta contribuições para melhor entendimento do canabigerol, com possíveis implicações clínicas.The introduction of antipsychotics in the 1950s allowed the treatment of symptoms of schizophrenia, such as delusions and hallucinations. However, the chronicity of treatment with the typical antipsychotics induces motor effects such as tardive dyskinesia, characterized by involuntary and stereotyped orofacial movements of great functional and social impact. Tardive dyskinesia is a target of several studies due to its potential irreversibility and its uncomfortable nature for the patient. One of the hypotheses to explain the pathophysiology of this effect is based on the hypersensitivity of D2-type dopaminergic receptors to their constant blockade by typical antipsychotics, such as haloperidol. There would also be an increase in inflammatory processes and oxidative stress. Furthermore, it is known that repeated treatment with haloperidol increases the expression of the FosB protein in the dorsolateral striatum of rodents, which would be related to the induction of involuntary oral movements.Studies by our group point out that cannabinoids have an atypical antipsychotic profile, that is, they have a therapeutic effect on the classic symptoms of schizophrenia without leading to increased FosB expression in the dorsolateral striatum and the appearance of motor symptoms. Furthermore, cannabidiol attenuated the haloperidol-induced involuntary oral movements. Cannabigerol, another phytocannabinoid, has not yet been tested in the tardive dyskinesia model. However, it shares with cannabidiol a profile of interactions that gives it an antioxidant and anti-inflammatory effect, which suggests that this compound also has an antidyskinetic potential. Based on these premises, this study aimed to (i) delineate temporal and dose-response curves for haloperidol and, based on this, establish a model of tardive dyskinesia; (ii) investigate the antidyskinetic effect of cannabigerol in this preclinical model and, once this effect is confirmed, (iii) investigate whether it would be associated with its anti-inflammatory action and (iv) characterize the expression of FosB in the striatum of animals after the treatment with cannabigerol and relate this expression profile with its effect on the model. The results showed that cannabigerol has no dyskinetic effect per se and at doses of 3 and 10mg/kg it attenuated involuntary oral movements in mice without altering their motor activity. No reversal effect of cannabigerol was observed in the model. The attenuation effect is not related to the decrease in haloperidol-induced FosB expression in the dorsolateral striatum, and no alterations in microglia morphology and density were observed either. Further studies are needed to better investigate this effect, however this work presents contributions for a better understanding of cannabigerol, with possible clinical applications.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGuimaraes, Elaine Aparecida Del Bel BelluzMoraes, Rafaela Aparecida Ponciano da Silva de2023-03-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-08052023-110247/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-05-30T20:20:44Zoai:teses.usp.br:tde-08052023-110247Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-05-30T20:20:44Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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