Contribuições do suporte de pares para o recovery em saúde mental: grupo de ouvidores de vozes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-24112022-121828/ |
Resumo: | Grupos de ouvidores de vozes têm se tornado muito comuns em diversos países, inclusive no Brasil. Os grupos se estruturam enquanto prática de suporte de pares no sentido em que, uma pessoa com experiência vivida de audição de vozes e que atingiu mudança na própria condição oferece suporte para outras pessoas que estão passando pela mesma experiência. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar as contribuições da prática de um grupo de ouvidores de vozes em um serviço comunitário de saúde mental brasileiro. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa com pessoas com experiências de audição de vozes e que participam de um grupo de ouvidores de vozes de um município do interior de São Paulo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 98206518.9.0000.5407) e todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Foram áudio-gravados dez encontros do grupo de ouvidores de vozes que acontece dentro de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-III). Os encontros foram transcritos e conduzida a Análise Temática do corpus de pesquisa. Os resultados obtidos neste trabalho foram organizados em três diferentes manuscritos. O Manuscrito I teve objetivo de analisar o suporte de pares realizado no grupo. Os resultados identificaram quatro intervenções realizadas pelo suporte de pares, sendo estas, a) o grupo construindo um espaço acolhedor em que as visões das pessoas são respeitadas e o sofrimento é acolhido; b) os participantes adotam uma postura de curiosidade a respeito das experiências e buscam entende-las melhor; c) é estabelecido vínculos de cuidado entre as pessoas que buscam ampliar suas redes de apoio; e finalmente, d) ao compartilhar histórias de sucesso para lidar com as vozes as pessoas instilam esperança de mudança sobre a própria condição. O Manuscrito II teve objetivo de descrever as estratégias de manejo das vozes utilizadas pelos participantes do grupo. Os resultados apresentam uma serie de estratégias organizadas em: a) estratégias utilizadas para evitar experiências angustiantes; b) estratégias de manejo das vozes; c) estratégias de busca de apoio social; d) estratégias de pertencimento na comunidade; e, e) estratégias relacionadas à espiritualidade e religiosidade. O Manuscrito III teve objetivo de compreender como o grupo identifica e articula redes de suporte social entre pessoas com a experiência de audição de vozes. Os resultados apontam que os participantes reconheciam a família e o grupo como redes de suporte social importantes em momentos desafiadores experiências. Reconhecem a necessidade de ampliar redes e contar com um número maior de pessoas em situações difíceis. Para isso, articulam outras redes de suporte identificando pessoas disponíveis para oferecer apoio e realizando convites para as pessoas participarem do grupo, pois acreditam que a presença dessas pessoas ajudaria na compreensão da experiência de audição de vozes. Os resultados deste trabalho sugerem que a prática de grupos de ouvidores de vozes nos serviços de saúde mental comunitários abre a possibilidade de protagonismo entre as pessoas com experiência vivida de sofrimento mental e que pode ser porta de entrada para os entendimentos de recovery em saúde mental no contexto brasileiro. |
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Contribuições do suporte de pares para o recovery em saúde mental: grupo de ouvidores de vozesContributions of peer support for mental health recovery: hearing voices groupGrupos de ouvidores de vozesHearing voices groupsMental healthMental health community servicesPeer supportRecoveryRecovery em saúde mentalSaúde mentalServiços comunitários de saúde mentalSuporte de paresGrupos de ouvidores de vozes têm se tornado muito comuns em diversos países, inclusive no Brasil. Os grupos se estruturam enquanto prática de suporte de pares no sentido em que, uma pessoa com experiência vivida de audição de vozes e que atingiu mudança na própria condição oferece suporte para outras pessoas que estão passando pela mesma experiência. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar as contribuições da prática de um grupo de ouvidores de vozes em um serviço comunitário de saúde mental brasileiro. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa com pessoas com experiências de audição de vozes e que participam de um grupo de ouvidores de vozes de um município do interior de São Paulo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 98206518.9.0000.5407) e todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Foram áudio-gravados dez encontros do grupo de ouvidores de vozes que acontece dentro de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-III). Os encontros foram transcritos e conduzida a Análise Temática do corpus de pesquisa. Os resultados obtidos neste trabalho foram organizados em três diferentes manuscritos. O Manuscrito I teve objetivo de analisar o suporte de pares realizado no grupo. Os resultados identificaram quatro intervenções realizadas pelo suporte de pares, sendo estas, a) o grupo construindo um espaço acolhedor em que as visões das pessoas são respeitadas e o sofrimento é acolhido; b) os participantes adotam uma postura de curiosidade a respeito das experiências e buscam entende-las melhor; c) é estabelecido vínculos de cuidado entre as pessoas que buscam ampliar suas redes de apoio; e finalmente, d) ao compartilhar histórias de sucesso para lidar com as vozes as pessoas instilam esperança de mudança sobre a própria condição. O Manuscrito II teve objetivo de descrever as estratégias de manejo das vozes utilizadas pelos participantes do grupo. Os resultados apresentam uma serie de estratégias organizadas em: a) estratégias utilizadas para evitar experiências angustiantes; b) estratégias de manejo das vozes; c) estratégias de busca de apoio social; d) estratégias de pertencimento na comunidade; e, e) estratégias relacionadas à espiritualidade e religiosidade. O Manuscrito III teve objetivo de compreender como o grupo identifica e articula redes de suporte social entre pessoas com a experiência de audição de vozes. Os resultados apontam que os participantes reconheciam a família e o grupo como redes de suporte social importantes em momentos desafiadores experiências. Reconhecem a necessidade de ampliar redes e contar com um número maior de pessoas em situações difíceis. Para isso, articulam outras redes de suporte identificando pessoas disponíveis para oferecer apoio e realizando convites para as pessoas participarem do grupo, pois acreditam que a presença dessas pessoas ajudaria na compreensão da experiência de audição de vozes. Os resultados deste trabalho sugerem que a prática de grupos de ouvidores de vozes nos serviços de saúde mental comunitários abre a possibilidade de protagonismo entre as pessoas com experiência vivida de sofrimento mental e que pode ser porta de entrada para os entendimentos de recovery em saúde mental no contexto brasileiro.Hearing voices groups have become very common in several countries, including Brazil. The groups are structured as a peer support practice in the sense that, a person with a lived experience of hearing voices and who has reached a change in their own condition, offers support to other people who are going through the same experience. Thus, the present work aims to analyse the contributions to the practice of a hearing voices group in a Brazilian mental health community service. For this, a qualitative research was carried out with people with voice hearing experiences and who participated in a group of voice listeners from a municipality in the interior of São Paulo. The project was approved by the Research Ethics Committee (CAAE: 98206518.9.0000.5407) and all the participants signed a free and informed consent term. Audio-recorded forum of the meetings of the group of voice listeners that takes place within a Center for Psychosocial Care (CAPS-III). We found foram transcribed and led to the Thematic Analysis of the research corpus. The results obtained in this work foram organized in three different manuscripts. The Manuscript I have the objective of analyzing or peer support performed in a group. The results identified four interventions carried out with the support of peers, these being, a) or a group building a sheltered space where the views of the people are respected and the suffering is sheltered; b) the participants adopt a posture of curiosity regarding the experiences and seek to understand them better; c) it has established bonds of care between people who seek to expand their support networks; and finally, d) to share stories of success to deal with the voices of people instilled hope of change on their own condition. The Manuscript II has the objective of uncovering the strategies for managing the voices used by the group\'s participants. The results present a series of strategies organized in: a) strategies used to avoid distressing experiences; b) voice management strategies; c) strategies to seek social support; d) strategies of community belonging; e, e) strategies related to spirituality and religiosity. The Manuscript III has the objective of understanding how the group identifies and articulates social support networks among people with the experience of hearing voices. The results suggest that the participants recognize the family and or group as important social support networks in challenging moments of experience. We recognize the need to expand networks and have a larger number of people in difficult situations. For this, we articulate other support networks identifying people available to offer support and holding invitations for the people who will participate in the group, to prove that the presence of these people would help in understanding the experience of hearing voices. The results of this work suggest that the practice of a hearing voices group in community mental health services opens up the possibility of protagonism among people with a lived experience of mental suffering and that it can be a gateway to understandings of recovery in mental health in the Brazilian context.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWebster, Clarissa Mendonça CorradiRufato, Lívia Sicaroni2022-10-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-24112022-121828/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-31T13:00:03Zoai:teses.usp.br:tde-24112022-121828Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-31T13:00:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Grupos de ouvidores de vozes têm se tornado muito comuns em diversos países, inclusive no Brasil. Os grupos se estruturam enquanto prática de suporte de pares no sentido em que, uma pessoa com experiência vivida de audição de vozes e que atingiu mudança na própria condição oferece suporte para outras pessoas que estão passando pela mesma experiência. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar as contribuições da prática de um grupo de ouvidores de vozes em um serviço comunitário de saúde mental brasileiro. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa com pessoas com experiências de audição de vozes e que participam de um grupo de ouvidores de vozes de um município do interior de São Paulo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 98206518.9.0000.5407) e todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Foram áudio-gravados dez encontros do grupo de ouvidores de vozes que acontece dentro de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-III). Os encontros foram transcritos e conduzida a Análise Temática do corpus de pesquisa. Os resultados obtidos neste trabalho foram organizados em três diferentes manuscritos. O Manuscrito I teve objetivo de analisar o suporte de pares realizado no grupo. Os resultados identificaram quatro intervenções realizadas pelo suporte de pares, sendo estas, a) o grupo construindo um espaço acolhedor em que as visões das pessoas são respeitadas e o sofrimento é acolhido; b) os participantes adotam uma postura de curiosidade a respeito das experiências e buscam entende-las melhor; c) é estabelecido vínculos de cuidado entre as pessoas que buscam ampliar suas redes de apoio; e finalmente, d) ao compartilhar histórias de sucesso para lidar com as vozes as pessoas instilam esperança de mudança sobre a própria condição. O Manuscrito II teve objetivo de descrever as estratégias de manejo das vozes utilizadas pelos participantes do grupo. Os resultados apresentam uma serie de estratégias organizadas em: a) estratégias utilizadas para evitar experiências angustiantes; b) estratégias de manejo das vozes; c) estratégias de busca de apoio social; d) estratégias de pertencimento na comunidade; e, e) estratégias relacionadas à espiritualidade e religiosidade. O Manuscrito III teve objetivo de compreender como o grupo identifica e articula redes de suporte social entre pessoas com a experiência de audição de vozes. Os resultados apontam que os participantes reconheciam a família e o grupo como redes de suporte social importantes em momentos desafiadores experiências. Reconhecem a necessidade de ampliar redes e contar com um número maior de pessoas em situações difíceis. Para isso, articulam outras redes de suporte identificando pessoas disponíveis para oferecer apoio e realizando convites para as pessoas participarem do grupo, pois acreditam que a presença dessas pessoas ajudaria na compreensão da experiência de audição de vozes. Os resultados deste trabalho sugerem que a prática de grupos de ouvidores de vozes nos serviços de saúde mental comunitários abre a possibilidade de protagonismo entre as pessoas com experiência vivida de sofrimento mental e que pode ser porta de entrada para os entendimentos de recovery em saúde mental no contexto brasileiro. |
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