Correlação entre grau de psicopatia, nível de julgamento moral e resposta psicofisiológica em jovens infratores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barros, Daniel Martins de
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-26052011-144316/
Resumo: Introdução: A psicopatia sempre foi associada a comportamentos imorais e frieza emocional, além de risco de reincidência criminal. Embora a frieza dos psicopatas seja bem estabelecida, não há consenso sobre o nível de discernimento moral desses indivíduos, existindo teorias propondo que eles não apresentam desenvolvimento moral adequado enquanto outras propõem que o que lhes falta é querer agir, não saber discernir o certo do errado. Já quando analisamos a relação entre essas três variáveis, psicopatia, imoralidade e frieza, os dados são ainda mais díspares, não existindo consenso sobre a necessidade ou não da presença de emoções para o amadurecimento moral. O estudo de sujeitos infratores encarcerados é interessante nesse contexto, uma vez que permite o controle de variáveis de confusão envolvidas nessa inter-relação, como influências ambientais, vivência criminal, grau de psicopatia, uso de drogas e QI. Em se tratando de jovens infratores, há ainda a vantagem de se estudar uma amostra homogênea quanto à idade. Objetivos: Verificar se existe correlação entre os níveis de maturidade moral e os graus de frieza emocional e de psicopatia, tomando por base uma população de jovens em medida sócio-educativa de internação na Fundação Casa. Adicionalmente, verificar a capacidade de previsão de reincidência da tradução brasileira do PCL-R. Esperou-se correlação inversa significante entre o escore da Psychopathy Checklist Revised (PCL-R) e reatividade autonômica e nível de julgamento moral. Quanto a estas duas últimas variáveis, estabelecemos como hipótese a independência entre ambas. Acreditamos ainda que infratores reincidentes iriam diferir de primários no grau de psicopatia. Métodos: Trinta jovens em medida sócio-educativa foram submetidos a avaliação: a) do grau de psicopatia com a escala PCL-R, separando fator 1 (ligado às relações interpessoais e frieza) e fator 2 (ligado a estilo de vida criminal, comportamentos antissociais); b) do nível de maturidade moral com o Socio-moral Objective Measure (SROM-SF); c) da frieza emocional, refletida na resposta psicofisiológica aferida pela atividade elétrica da pele (AEP) diante de estímulos visuais eliciadores de respostas afetivas provenientes do International Affective Picture System (IAPS). Resultados: Encontrou-se relação direta entre o fator 1 do PCL-R e a latência de resposta autonômica (teste de Spearman, p<0,005), e entre o fator 2 e o maior controle vagal (teste de Spearman, p<0,005). Não houve correlação entre a maturidade moral e o nível de psicopatia (teste de Spearman, p>0,05) ou frieza emocional (teste de Spearman, p>0,05). Os escores no PCL-R diferenciaram as populações de reincidentes e primários (teste t, p=0,0006). Conclusões: Conforme previsto, houve relação significativa entre o grau de psicopatia e a frieza emocional psicofisiologicamente aferida pela AEP. Além disso, a previsão de independência entre AEP e julgamento moral também se confirmou. Diferentemente da hipótese inicial, o grau de psicopatia não apresentou correlação com o nível de julgamento moral. Adicionalmente, verificou-se que a tradução brasileira do PCL-R demonstrou consistência ao prever a reincidência criminal na amostra estudada.
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spelling Correlação entre grau de psicopatia, nível de julgamento moral e resposta psicofisiológica em jovens infratoresCorrelation between psychopathy, moral judgment level and psychophysiological response in juvenile offendersAntisocial personality disorderDelinquência juvenilDesenvolvimento moralJuvenile delinquencyMoral developmentPsicofisiologiaPsicopatiaPsychopathyPsychophysiologyTranstorno da personalidade anti-socialIntrodução: A psicopatia sempre foi associada a comportamentos imorais e frieza emocional, além de risco de reincidência criminal. Embora a frieza dos psicopatas seja bem estabelecida, não há consenso sobre o nível de discernimento moral desses indivíduos, existindo teorias propondo que eles não apresentam desenvolvimento moral adequado enquanto outras propõem que o que lhes falta é querer agir, não saber discernir o certo do errado. Já quando analisamos a relação entre essas três variáveis, psicopatia, imoralidade e frieza, os dados são ainda mais díspares, não existindo consenso sobre a necessidade ou não da presença de emoções para o amadurecimento moral. O estudo de sujeitos infratores encarcerados é interessante nesse contexto, uma vez que permite o controle de variáveis de confusão envolvidas nessa inter-relação, como influências ambientais, vivência criminal, grau de psicopatia, uso de drogas e QI. Em se tratando de jovens infratores, há ainda a vantagem de se estudar uma amostra homogênea quanto à idade. Objetivos: Verificar se existe correlação entre os níveis de maturidade moral e os graus de frieza emocional e de psicopatia, tomando por base uma população de jovens em medida sócio-educativa de internação na Fundação Casa. Adicionalmente, verificar a capacidade de previsão de reincidência da tradução brasileira do PCL-R. Esperou-se correlação inversa significante entre o escore da Psychopathy Checklist Revised (PCL-R) e reatividade autonômica e nível de julgamento moral. Quanto a estas duas últimas variáveis, estabelecemos como hipótese a independência entre ambas. Acreditamos ainda que infratores reincidentes iriam diferir de primários no grau de psicopatia. Métodos: Trinta jovens em medida sócio-educativa foram submetidos a avaliação: a) do grau de psicopatia com a escala PCL-R, separando fator 1 (ligado às relações interpessoais e frieza) e fator 2 (ligado a estilo de vida criminal, comportamentos antissociais); b) do nível de maturidade moral com o Socio-moral Objective Measure (SROM-SF); c) da frieza emocional, refletida na resposta psicofisiológica aferida pela atividade elétrica da pele (AEP) diante de estímulos visuais eliciadores de respostas afetivas provenientes do International Affective Picture System (IAPS). Resultados: Encontrou-se relação direta entre o fator 1 do PCL-R e a latência de resposta autonômica (teste de Spearman, p<0,005), e entre o fator 2 e o maior controle vagal (teste de Spearman, p<0,005). Não houve correlação entre a maturidade moral e o nível de psicopatia (teste de Spearman, p>0,05) ou frieza emocional (teste de Spearman, p>0,05). Os escores no PCL-R diferenciaram as populações de reincidentes e primários (teste t, p=0,0006). Conclusões: Conforme previsto, houve relação significativa entre o grau de psicopatia e a frieza emocional psicofisiologicamente aferida pela AEP. Além disso, a previsão de independência entre AEP e julgamento moral também se confirmou. Diferentemente da hipótese inicial, o grau de psicopatia não apresentou correlação com o nível de julgamento moral. Adicionalmente, verificou-se que a tradução brasileira do PCL-R demonstrou consistência ao prever a reincidência criminal na amostra estudada.Background: Psychopathy has always been associated with immoral behavior and callousness. Although the latter characteristic is well established for psychopaths, there is no consensus regarding the level of moral discernment of these individuals: some theories suggest that they lack appropriate moral development, whilst others, that they lack only the willing to act properly. Regarding the relationship of these three variables - psychopathy, immorality and callousness - data is even less consistent. Thus, it is important to investigate incarcerated offenders, since studies with such population allow one to control for variables that may confound this inter-relationship, such as environmental influences, criminal experience, psychopathy, drug use and IQ. The investigation of juvenile offenders has additional advantages, as they form a homogeneous sample regarding age. Objectives: To verify the correlation between level of moral judgment, callousness and psychopathy in juvenile offenders incarcerated in Fundação Casa. We also wished to verify the risk prediction of the Brazilian version of the Psychopathy Checklist Revised (PCL-R). We expected to find inverse correlations between PCL-R scores and electrodermal activity and moral judgment level. Regarding the last two variables, we expected that they should be independent from each other. Finally, we expected that primary offenders would be different from recidivist ones. Methods: Thirty incarcerated young offenders were evaluated regarding: a) the degree of psychopathy according with scores on the scale PCL-R, split between factor 1 (which reflects interpersonal relationships and coldness) and factor 2 (reflecting criminal lifestyle, antisocial behaviors), b) level of moral judgment level as assessed with the Socio-moral Objective Measure-Short Form (SROM-SF), c) emotional callousness as measured through psychophysiological responses (electrodermal activity EDA) to visual stimuli from the International Affective Pictures System (IAPS). Results: We found a direct relationship between factor 1 of the PCL-R and latency of EDA response (Spearman test, p<0,005), and between factor 2 and greater vagal control (Spearman test, p<0,005). No significant relationship was found between moral maturity and level of psychopathy or callousness (Spearman test, p>0,05). PCL-R scores were able to distinguish primary from recidivist offenders (t test, p=0,0006). Conclusions: As predicted, there was a significant correlation between psychopathy levels and callousness as measured through EDA. Moreover, we also confirmed the prediction that there would be no relationship between EDA and moral judgment. However, different from what we expected, psychopathy level did not show any significant relationship with moral judgment. Additionally, it was found that the Brazilian version of the PCL-R demonstrated consistency in predicting recidivism in the sample studied.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBusatto Filho, GeraldoBarros, Daniel Martins de2011-05-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-26052011-144316/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:29Zoai:teses.usp.br:tde-26052011-144316Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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