Estudos citológicos na família Orchidaceae
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1957 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20231122-092847/ |
Resumo: | 1) De um estudo rápido da literatura, concluímos que as variações numéricas dos cromossomas têm papel importante na filogenia dos vegetais. Poucos estudos foram feitos a este respeito na zona tropical. As orquídeas sendo tipicamente tropicais e possuindo também ramificações na zona temperada, prestam-se não só para os estudos das variações nos trópicos, como também para uma análise das relações destas variações com aquelas encontradas na região temperada. 2) Uma revisão rápida da literatura mostrou que existem famílias de vegetais como Araceae onde a variação de números de cromossomas é extrema assim como existem famílias, onde não há variação (Fagaceae, Asclepiadaceae). A maior parte dos vegetais está entre estes dois extremos. Foram explicados os processos que dão origem a variação do número de cromossomas, do tipo euploide e aneuploide. 3) Alterações introduzidas no método comum de preparação de lâminas, com carmim acético, permitiram a determinação dos números de cromossomas de 60 espécies de orquídeas, os quais foram reunidos àqueles já encontrados na literatura. 4) Constam da Tabela 1 (pg. 5) todas as espécies de orquídeas, com os seus números de cromossomas conhecidos. 5) A apresentação das contagens que efetuamos, em 60 espécies, foi feita, acompanhada de uma caracterização rápida dos gêneros e sub-gêneros, assim como da distribuição geográfica das espécies. 6) A análise da variação numérica dos cromossomas nas orquídeas, não deve ser feita só no nível da Família, sendo necessário, considerar-se agrupamentos taxonômicos inferiores. Por isso, para maior clareza, foi feita uma rápida revisão da taxonomia das orquídeas. 7) Utilizou-se para avaliação da variação na família e agrupamentos inferiores, polígonos de variação. A família é bastante variável nesse sentido. Há indicação de variação euploidia e aneuploidia. O número haploide mais frequente é o n = 20. 8) Cada sub-família mostra um polígono característico o que está de acordo com o estabelecido por Brieger (1957) de que a evolução destes agrupamentos é separada, de maneira a formarem os ramos mestres de uma árvore genealógica. 9) Algumas tribus que já são conhecidas bastante para admitir em uma análise da variação numérica dos cromossomas. Em todas elas notou-se grande variação. 10) Nos níveis aos gêneros, aqueles que apresentam um número suficiente do ponto de vista citológico, parecem mostrar menos variação dos números de cromossomas. 11) A impressão geral é que a aneuploidia é a forma principal de variação. No entanto, a maior frequência de mínimos nos números impares (11, 13, 15, 17, 19, 21, 23, 25 e 27) parece indicar que num estágio filogenético anterior, os números básicos estiveram em níveis inferiores. (5, 6, 7, 8, 9 e 10). 12) A tribu Laelieae, destaca-se das demais por possuir certa uniformidade dos números de cromossomas. As variações que apresenta são devidas aos sub-gêneros Amphiglottidae do gênero Epidendrum e Flavae do gênero Laelia Lindl. No sub-gênero Amphiglottidae, aparece o número haploide n = 28, só encontrado até hoje, na sub-família Vandoideae. Aparecem ainda os números n = 12 e 20. No sub-gênero Flavae, aparecem números tetraploides n = 40, e irregulares meióticos que não possuem ainda explicações seguras. Além da variação cromossômica, estes dois grupos apresentam uma série de características não muito comuns nas outras orquídeas e tendências de uma evolução explosiva. 13) Os números de cromossomas conhecidos para as orquídeas, são tanto de espécies da zona tropical como da temperada. Comparamos as frequências das espécies, nos diversos números haploides, nas duas zonas, por intermédio de um teste quí-quadrado, e observamos que há uma vantagem da zona temperada com relação aos números baixos, enquanto há uma vantagem da zona tropical quanto aos números elevados, não havendo diferenças numa classe intermediária. Como a vantagem da zona tropical é dada principalmente por uma alta frequência de espécies com números n = 28, e este número pode ter uma explicação poliploide (2 x 14 ou 4 x 7) os resultados obtidos parecem ir contra a teoria defendida por Tischler e sua escola. No entanto, na zona temperada, o que há é uma tendência de formação de séries poliploides, enquanto que nos trópicos há uma maior adaptabilidade a números altos, com forte eliminação daqueles no nível diploide ou com grau baixo de poliploidia, Esta explicação é reforçada por uma maior porcentagem de poliploidia na zona temperada, quando consideramos os níveis atuais. No entanto estas conclusões devem ser aceitas com certas ressalvas, pois as diferenças podem ser resultado de diferenças entre sub-famílias. |
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Foram explicados os processos que dão origem a variação do número de cromossomas, do tipo euploide e aneuploide. 3) Alterações introduzidas no método comum de preparação de lâminas, com carmim acético, permitiram a determinação dos números de cromossomas de 60 espécies de orquídeas, os quais foram reunidos àqueles já encontrados na literatura. 4) Constam da Tabela 1 (pg. 5) todas as espécies de orquídeas, com os seus números de cromossomas conhecidos. 5) A apresentação das contagens que efetuamos, em 60 espécies, foi feita, acompanhada de uma caracterização rápida dos gêneros e sub-gêneros, assim como da distribuição geográfica das espécies. 6) A análise da variação numérica dos cromossomas nas orquídeas, não deve ser feita só no nível da Família, sendo necessário, considerar-se agrupamentos taxonômicos inferiores. Por isso, para maior clareza, foi feita uma rápida revisão da taxonomia das orquídeas. 7) Utilizou-se para avaliação da variação na família e agrupamentos inferiores, polígonos de variação. A família é bastante variável nesse sentido. Há indicação de variação euploidia e aneuploidia. O número haploide mais frequente é o n = 20. 8) Cada sub-família mostra um polígono característico o que está de acordo com o estabelecido por Brieger (1957) de que a evolução destes agrupamentos é separada, de maneira a formarem os ramos mestres de uma árvore genealógica. 9) Algumas tribus que já são conhecidas bastante para admitir em uma análise da variação numérica dos cromossomas. Em todas elas notou-se grande variação. 10) Nos níveis aos gêneros, aqueles que apresentam um número suficiente do ponto de vista citológico, parecem mostrar menos variação dos números de cromossomas. 11) A impressão geral é que a aneuploidia é a forma principal de variação. No entanto, a maior frequência de mínimos nos números impares (11, 13, 15, 17, 19, 21, 23, 25 e 27) parece indicar que num estágio filogenético anterior, os números básicos estiveram em níveis inferiores. (5, 6, 7, 8, 9 e 10). 12) A tribu Laelieae, destaca-se das demais por possuir certa uniformidade dos números de cromossomas. As variações que apresenta são devidas aos sub-gêneros Amphiglottidae do gênero Epidendrum e Flavae do gênero Laelia Lindl. No sub-gênero Amphiglottidae, aparece o número haploide n = 28, só encontrado até hoje, na sub-família Vandoideae. Aparecem ainda os números n = 12 e 20. No sub-gênero Flavae, aparecem números tetraploides n = 40, e irregulares meióticos que não possuem ainda explicações seguras. 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