Brasileiros, por que não? trajetória e identidade dos migrantes internacionais no esporte olímpico do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, William Douglas de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-13052021-131157/
Resumo: Todo atleta que participa dos Jogos Olímpicos é vinculado a um Comitê Olímpico Nacional. Apesar de algumas conexões, os critérios que definem a nacionalidade esportiva de um competidor não são, necessariamente, os mesmos da nacionalidade estatal. No Brasil, a primazia é pela adoção do critério jus soli, no qual são considerados brasileiros natos todos os nascidos no território nacional. Todavia, a legislação permite em vários casos a concessão de nacionalidade brasileira pelo jus sanguinis, levando em conta a ancestralidade. Há, ainda, a possibilidade de naturalizações. Desde 1920, quando enviou uma delegação pela primeira vez para os Jogos Olímpicos de Verão, até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o Brasil teve 52 atletas nascidos em outros territórios representando o país nas disputas. Este trabalho tem como objetivo apresentar a trajetória destes esportistas e compreender a construção da identificação e da identidade destes atletas. Para tanto, utiliza-se como método as Narrativas Biográficas, desenvolvido pela pesquisadora Katia Rubio e adotado em pesquisas do Grupo de Estudos Olímpicos da Universidade de São Paulo (GEO-USP), pelo qual os textos são construídos com base nas falas dos entrevistados sobre suas vidas. Para a compreensão dos conceitos de identidade, nos apoiamos em teóricos como Stuart Hall e Zygmunt Bauman. Há uma releitura de como o assunto das trocas de nacionalidade esportiva e dos migrantes internacionais no esporte são abordados em outros países, com base em literatura internacional. A partir das falas dos atletas e das discussões teóricas realizadas, foi possível constatar que a trajetória esportiva, em muitos casos, está intimamente ligada à construção identitária dos sujeitos - e que tal construção é individual, sendo fruto de uma série de aspectos. Ao descrever tais trajetórias, é possível notar que a migração de esportistas não é um fenômeno isolado e que está vinculada a outros elementos sociais. Diversos migrantes tiveram um papel importante na introdução, fomento e desenvolvimento de modalidades e entidades esportivas dentro do país, e a participação olímpica de alguns deles reflete tal relevância. Elementos históricos, como as duas grandes guerras mundiais e a Guerra Fria, foram determinantes em alguns processos migratórios. Há casos em que atletas com mais de uma nacionalidade optam pela brasileira por fatores ancestrais e outros nos quais tal escolha representou uma cisão com os antepassados. Apesar do aumento do número de atletas que trocaram de nacionalidade nos últimos anos, é possível constatar que os motivadores para tal procedimento vão além de elementos econômicos e financeiros. Em um mundo onde as fronteiras se tornaram cada vez mais fluídas para pessoas altamente qualificadas, a migração de atletas é uma consequência natural, assim como ocorre com outros profissionais ligados ao esporte, tais como treinadores e agentes esportivos. O foco maior nos atletas deve-se ao caráter de representantes nacionais que eles assumem ao participar de uma competição como os Jogos Olímpicos
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Desde 1920, quando enviou uma delegação pela primeira vez para os Jogos Olímpicos de Verão, até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o Brasil teve 52 atletas nascidos em outros territórios representando o país nas disputas. Este trabalho tem como objetivo apresentar a trajetória destes esportistas e compreender a construção da identificação e da identidade destes atletas. Para tanto, utiliza-se como método as Narrativas Biográficas, desenvolvido pela pesquisadora Katia Rubio e adotado em pesquisas do Grupo de Estudos Olímpicos da Universidade de São Paulo (GEO-USP), pelo qual os textos são construídos com base nas falas dos entrevistados sobre suas vidas. Para a compreensão dos conceitos de identidade, nos apoiamos em teóricos como Stuart Hall e Zygmunt Bauman. Há uma releitura de como o assunto das trocas de nacionalidade esportiva e dos migrantes internacionais no esporte são abordados em outros países, com base em literatura internacional. A partir das falas dos atletas e das discussões teóricas realizadas, foi possível constatar que a trajetória esportiva, em muitos casos, está intimamente ligada à construção identitária dos sujeitos - e que tal construção é individual, sendo fruto de uma série de aspectos. Ao descrever tais trajetórias, é possível notar que a migração de esportistas não é um fenômeno isolado e que está vinculada a outros elementos sociais. Diversos migrantes tiveram um papel importante na introdução, fomento e desenvolvimento de modalidades e entidades esportivas dentro do país, e a participação olímpica de alguns deles reflete tal relevância. Elementos históricos, como as duas grandes guerras mundiais e a Guerra Fria, foram determinantes em alguns processos migratórios. Há casos em que atletas com mais de uma nacionalidade optam pela brasileira por fatores ancestrais e outros nos quais tal escolha representou uma cisão com os antepassados. Apesar do aumento do número de atletas que trocaram de nacionalidade nos últimos anos, é possível constatar que os motivadores para tal procedimento vão além de elementos econômicos e financeiros. Em um mundo onde as fronteiras se tornaram cada vez mais fluídas para pessoas altamente qualificadas, a migração de atletas é uma consequência natural, assim como ocorre com outros profissionais ligados ao esporte, tais como treinadores e agentes esportivos. O foco maior nos atletas deve-se ao caráter de representantes nacionais que eles assumem ao participar de uma competição como os Jogos OlímpicosEvery athlete who participates in the Olympic Games is associated with a National Olympic Committee. Despite some connections, the criteria that define a competitor\'s sports nationality are not necessarily the same as state nationality. In Brazil, the primacy is the adoption of the jus soli criterion, in which all born in the national territory are considered native Brazilians. However, the legislation allows in several cases the granting of Brazilian nationality by jus sanguinis, taking into account ancestry. There is also the possibility of naturalization. Since 1920, when it sent a delegation for the first time to compete in the Summer Olympic Games, until the Rio Olympics in 2016, Brazil had 52 athletes born in other territories representing the country in the disputes. This work pursues to present the trajectory of these athletes and understand the construction of their identification and identity. For this purpose, the Biographical Narratives method, developed by the researcher Katia Rubio and adopted in research by the Olympic Studies Group of the University of São Paulo (GEOUSP), is used, by which the texts are constructed based on the interviewees\' statements about their lives. To understand the concepts of identity, we rely on theorists like Stuart Hall and Zygmunt Bauman. There is a go over of how the subject of sports nationality exchanges and international migrants in sport are addressed in other countries, based on international literature. From the speeches of the athletes and the theoretical discussions carried out, it was possible to verify that the sport\'s trajectory, in many cases, is closely linked to the identity construction of the subjects - and that such development is individual, being the result of a series of aspects. When describing such trajectories, it is also possible to note that the migration of athletes is not an isolated phenomenon and that it is related to other social elements. Several migrants played a crucial role in the introduction, promotion and development of sports and entities within the country, and the Olympic participation of some of them reflects this relevance. Historical elements, such as the two world wars and the Cold War, were decisive in some migratory processes. There are cases in which athletes with more than one nationality opt for the Brazilian one for familial factors and others in which such choice represented a split with the ancestors. Despite the increase in the number of athletes who changed nationality in recent years, it is possible to see that the motivators for such a procedure go beyond economic and financial elements. In a world where borders have become increasingly fluid for highly qualified people, the migration of athletes is a natural consequence, as is the case with other professionals linked to the sport, such as coaches and sports agents. The greater focus on athletes is due to the character of national representatives that they assume when participating in a competition such as the Olympic GamesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRubio, KatiaAlmeida, William Douglas de2020-09-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-13052021-131157/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-05-14T16:38:02Zoai:teses.usp.br:tde-13052021-131157Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-05-14T16:38:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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