O risco para a igreja Sao Francisco de Assis na cidade de São João del Rei: estudo sobre as representações da arquitetura em Minas Gerais no final do século XVIII

• Autor(a) principal: Gutierrez, Rodrigo Luiz Minot
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-06042023-180604/
• topic: Architectural design; Arquitetura religiosa; Desenho de arquitetura; Drawing; Projeto de arquitetura; Religious architecture

Este trabalho aborda a fábrica da arquitetura em Minas Gerais no final do século XVIII, tendo interesse específico na atividade projetual, elegendo como objeto de estudo central um desenho presente no acervo do Museu da Inconfidência, na cidade de Ouro Preto MG no qual podemos identificar a representação da fachada de uma igreja com tema devocional à São Francisco de Assis. Ao redor desse desenho mobilizam-se e articulam-se aproximações com uma série de outros objetos, identificados como parte integrante de um mesmo contexto histórico e territorial, e que representam os esforços coletivos de transformação material do mundo a partir de preceitos culturais específicos daquela sociedade. Quanto à abordagem do contexto histórico e cultural, esta se dá, em partes, no reconhecimento da temática presente no desenho: a representação de um elemento importante (a fachada) de um edifício religioso com indicação devocional a um santo cristão. Quando observamos os demais objetos identificados durante essa pesquisa, é possível reconhecer que vários deles também fazem parte do processo de fabricação de edifícios religiosos. Dentre outros interesses e atividades, aquelas pessoas dedicaram esforços coletivos bastante significativos para marcar a paisagem com símbolos de sua devoção. O objeto de estudo em foco é divulgado desde a década de 1940 por historiadores e pesquisadores. Antes de chegar ao Museu da Inconfidência, o desenho foi encontrado fortuitamente no acervo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, por volta de 1940. Lucio Costa se encarregou de fazer a atribuição de autoria do risco ao mestre Aleijadinho em trabalho publicado por volta de 1951, pelo SPHAN. Não foram encontrados outros trabalhos que se dedicaram exclusivamente ao objeto. O estudo do desenho da fachada franciscana, e o confrontamento com os livros de registro da irmandade, permitiram revisar essa atribuição, refutando a possibilidade de uma afirmação positiva de autoria, mas que valida a existência de um par coeso de desenhos que faz parte do mesmo risco e que devem figurar sempre em conjunto. Para isso essa pesquisa contou com o apoio de recursos digitais de documentação e manipulação de dados geométricos e espaciais, como o escaneamento tridimensional e a fotometria para o estudo da igreja edificada. A adoção de uma metodologia de análise embasada no uso de imagens, reforça a importância de procedimentos típicos da atuação dos arquitetos, como a criação de diagramas analíticos e sintéticos em um processo de meta análise, que não se constitui como um fim, mas como uma apresentação sistematizada do pensamento em curso. Esta pesquisa ratifica a prática de construção coletiva em uma trama social complexa e hierarquizada, que determinou os rumos e aspectos característicos do objeto de estudo e consequentemente da edificação resultante.