Sentimento de insegurança: um ensaio metapsicológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cassas, Lucas Palaia
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28062019-103800/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo situar, metapsicologicamente, a experiência afetiva do sentimento de insegurança, que tem surgido como uma demanda clínica por pacientes que se consideram excessivamente inseguros. Esse sentimento estaria relacionado com uma falta de confiança em si mesmo e nas suas capacidades, bem como a uma baixa autoestima, levando a quadros que podem, no limite, chegar a um estado de angústia paralisante. Dessa forma, é relevante examinar o sentimento de insegurança, do ponto de vista metapsicológico, no sentido de angariar subsídios teóricos para o exercício clínico. Dado que o sentimento de insegurança não foi objeto do estudo de Freud, foi feita sua articulação com o sentimento de inferioridade e com o autossentimento (Selbstgfühl), presentes na obra deste autor, mas pouco desenvolvido por ele. Estando no campo das experiências afetivas, foi abordada a dimensão polissêmica do termo afeto na obra de Freud, um ponto de parada essencial no estudo de um sentimento sob a perspectiva deste autor, o que rendeu desdobramentos conceituais referentes aos mecanismos de operação dos afetos, bem como das diferenças funcionais entre afetos distintos. Em seguida, o Eu e o narcisismo foram investigados, na medida em que a experiência afetiva da insegurança diz respeito, necessariamente, ao Eu que não se sente seguro. O narcisismo foi examinado como um complexo afetivo de matiz amoroso, ligado ao Eu, ou seja, seu amor próprio, sendo diferenciado da experiência mais geral do autossentimento, que seria o conjunto de todos os afetos referentes ao Eu, incluindo aqueles de valência negativa, como os sentimentos de insegurança e de inferioridade. Com esses elementos, o sentimento de insegurança pôde ser lido como um afeto produzido pela percepção de estar em perigo e não ter os recursos necessários para enfrentar essa ameaça, sendo levantados três tipos de sentimentos de insegurança: a realista, referente a um perigo vindo do mundo externo; a neurótica, referente a um perigo vindo do mundo interno, em particular da perda de amor do Super-eu; e a insegurança ontológica, referente a um perigo de desintegração do próprio Eu, que seria produzido em casos de maior comprometimento das funções do aparelho psíquico
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Dado que o sentimento de insegurança não foi objeto do estudo de Freud, foi feita sua articulação com o sentimento de inferioridade e com o autossentimento (Selbstgfühl), presentes na obra deste autor, mas pouco desenvolvido por ele. Estando no campo das experiências afetivas, foi abordada a dimensão polissêmica do termo afeto na obra de Freud, um ponto de parada essencial no estudo de um sentimento sob a perspectiva deste autor, o que rendeu desdobramentos conceituais referentes aos mecanismos de operação dos afetos, bem como das diferenças funcionais entre afetos distintos. Em seguida, o Eu e o narcisismo foram investigados, na medida em que a experiência afetiva da insegurança diz respeito, necessariamente, ao Eu que não se sente seguro. O narcisismo foi examinado como um complexo afetivo de matiz amoroso, ligado ao Eu, ou seja, seu amor próprio, sendo diferenciado da experiência mais geral do autossentimento, que seria o conjunto de todos os afetos referentes ao Eu, incluindo aqueles de valência negativa, como os sentimentos de insegurança e de inferioridade. Com esses elementos, o sentimento de insegurança pôde ser lido como um afeto produzido pela percepção de estar em perigo e não ter os recursos necessários para enfrentar essa ameaça, sendo levantados três tipos de sentimentos de insegurança: a realista, referente a um perigo vindo do mundo externo; a neurótica, referente a um perigo vindo do mundo interno, em particular da perda de amor do Super-eu; e a insegurança ontológica, referente a um perigo de desintegração do próprio Eu, que seria produzido em casos de maior comprometimento das funções do aparelho psíquicoThe objective of this study is to situate, metapsychologically, the affective experience of the feeling of insecurity that has emerged as a clinical demand for patients who consider themselves to be excessively insecure. This feeling would be related to a lack of confidence in oneself and their abilities, as well as to a low self-esteem, leading to cadres who may, in the limit, reach a state of paralyzing anxiety. Thus, it is relevant to examine the feeling of insecurity, from the metapsychological point of view, in order to obtain theoretical subsidies for clinical exercise. Since the feeling of insecurity was not the object of Freud\'s study, its articulation was made with the feeling of inferiority and self-feeling (Selbstgfühl), present in the work of this author, but undeveloped by him. Being in the field of affective experiences, the polysemic dimension of the term affection in the work of Freud, an essential stoppage in the study of a feeling from the perspective of this author, was approached, which yielded conceptual unfoldings referring to the mechanisms of the operation of affections, as well as functional differences between different affections. Then the ego and the narcissism were investigated, insofar as the affective experience of insecurity necessarily concerns the ego which does not feel secure. Narcissism was examined as an affective complex of a love hue, connected to the ego, that is, its self-love, being differentiated from the more general experience of self-feeling, which would be the set of all affections regarding the ego, including those of negative valence, such as feelings of insecurity and inferiority. With these elements, the feeling of insecurity could be read as an affection produced by the perception of being in danger and not having the necessary resources to face this threat, being raised three types of feelings of insecurity: the realistic one, referring to a danger coming from external world; the neurotic, referring to a danger coming from the inner world, in particular from the loss of love of the superego; and the ontological insecurity, referring to a danger of disintegration of the ego that would be produced in cases of greater impairment of the functions of the psychic apparatusBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLoffredo, Ana MariaCassas, Lucas Palaia2019-04-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-28062019-103800/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-07-04T17:51:16Zoai:teses.usp.br:tde-28062019-103800Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-07-04T17:51:16Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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