A experiência de conviver com HIV/Aids na velhice

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wilson Aparecido Silva
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.47.2009.tde-16122009-102915
Resumo: Embora a velhice seja uma realidade biológica, os significados que lhe são atribuídos são construções sociais e históricas e se constitui em categoria de análise complexa e heterogênea. O aumento de casos de HIV/Aids entre pessoas acima de 60 anos e adultos tem sido reportado por pesquisadores e tido ampla repercussão na mídia, pois os dados mostram o aumento de casos proporcionais de HIV/Aids entre idosos e adultos comparado as outras faixas de idade. Entre as razões para esse aumento figuram a maior oferta de fármacos contra disfunção erétil, o baixo uso de preservativos nessa geração e o atraso no diagnóstico. A velhice é cercada por uma série de preconceitos e estereótipos (ageism) em razão da idade ou geração e o HIV/Aids nessa fase da vida gera perplexidade, pois rompe com o estereótipo da velhice como uma fase marcada pela assexualidade, recolhimento e passividade. O objetivo deste trabalho foi o de apresentar experiências de pessoas acima de 60 anos convivendo com HIV/Aids em uma cidade histórica de Minas Gerais, colocando em cena dois aspectos pouco estudados, que iluminam duas dinâmicas importantes da epidemia: a interiorização e o aumento dos casos em pessoas nessa faixa etária. A pesquisa foi realizada principalmente a partir de entrevistas com mulheres e homens, acima de 60 anos que eram acompanhados no Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/aids (CTA) e com diagnóstico sorológico positivo para o HIV/aids. Participaram da pesquisa três mulheres e um homem, com idades variando entre 60 e 76 anos, com pouca escolaridade, renda e com um tempo de diagnóstico variando de 5 a 9 anos. As entrevistas foram gravadas e transcritas e os conteúdos foram submetidos à análise de conteúdo. A análise dos resultados mostra diferentes estratégias adotadas para o enfrentamento da questão do viver com HIV/Aids, sendo a principal delas a tática do silêncio, do segredo e da ocultação da condição de pessoa convivendo com HIV/Aids, como forma de evitar ainda mais as situações de estigma e discriminação que ocorrem de maneira mais evidente nas relações familiares e na vida cotidiana por meio de diversos constrangimentos. Um aspecto específico do conviver com HIV/Aids nessa fase da vida é o agravamento da diminuição gradual da rede de relações sociais freqüente entre os idosos. Este trabalho mostra que as dimensões sociais de vulnerabilidade, especialmente a pobreza, as desigualdades de gênero, o estigma e a discriminação marcam a experiência de conviver com HIV/Aids na velhice. A superação de tais dimensões constitui-se em processo histórico de transformações amplas nas estruturas sociais, políticas e econômicas, nas relações sociais de gênero e na desconstrução de preconceitos e estigmas.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis A experiência de conviver com HIV/Aids na velhice The experience of living with HIV/AIDS in old age 2009-04-07Vera Silvia Facciolla PaivaRozilda das Neves AlvesMaria Julia KovacsGeraldo Jose de PaivaAluisio Augusto Cotrim SeguradoWilson Aparecido SilvaUniversidade de São PauloPsicologia SocialUSPBR Acquired immune deficiency syndrome Discriminação Discrimination Estigma HIV/Aids Old age Stigma Velhice Vulnerabilidade Vulnerability Embora a velhice seja uma realidade biológica, os significados que lhe são atribuídos são construções sociais e históricas e se constitui em categoria de análise complexa e heterogênea. O aumento de casos de HIV/Aids entre pessoas acima de 60 anos e adultos tem sido reportado por pesquisadores e tido ampla repercussão na mídia, pois os dados mostram o aumento de casos proporcionais de HIV/Aids entre idosos e adultos comparado as outras faixas de idade. Entre as razões para esse aumento figuram a maior oferta de fármacos contra disfunção erétil, o baixo uso de preservativos nessa geração e o atraso no diagnóstico. A velhice é cercada por uma série de preconceitos e estereótipos (ageism) em razão da idade ou geração e o HIV/Aids nessa fase da vida gera perplexidade, pois rompe com o estereótipo da velhice como uma fase marcada pela assexualidade, recolhimento e passividade. O objetivo deste trabalho foi o de apresentar experiências de pessoas acima de 60 anos convivendo com HIV/Aids em uma cidade histórica de Minas Gerais, colocando em cena dois aspectos pouco estudados, que iluminam duas dinâmicas importantes da epidemia: a interiorização e o aumento dos casos em pessoas nessa faixa etária. A pesquisa foi realizada principalmente a partir de entrevistas com mulheres e homens, acima de 60 anos que eram acompanhados no Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/aids (CTA) e com diagnóstico sorológico positivo para o HIV/aids. Participaram da pesquisa três mulheres e um homem, com idades variando entre 60 e 76 anos, com pouca escolaridade, renda e com um tempo de diagnóstico variando de 5 a 9 anos. As entrevistas foram gravadas e transcritas e os conteúdos foram submetidos à análise de conteúdo. A análise dos resultados mostra diferentes estratégias adotadas para o enfrentamento da questão do viver com HIV/Aids, sendo a principal delas a tática do silêncio, do segredo e da ocultação da condição de pessoa convivendo com HIV/Aids, como forma de evitar ainda mais as situações de estigma e discriminação que ocorrem de maneira mais evidente nas relações familiares e na vida cotidiana por meio de diversos constrangimentos. Um aspecto específico do conviver com HIV/Aids nessa fase da vida é o agravamento da diminuição gradual da rede de relações sociais freqüente entre os idosos. Este trabalho mostra que as dimensões sociais de vulnerabilidade, especialmente a pobreza, as desigualdades de gênero, o estigma e a discriminação marcam a experiência de conviver com HIV/Aids na velhice. A superação de tais dimensões constitui-se em processo histórico de transformações amplas nas estruturas sociais, políticas e econômicas, nas relações sociais de gênero e na desconstrução de preconceitos e estigmas. Although old age is a biological reality, the meanings ascribed to it are social and historical constructions and constitute a complex and heterogeneous analysis category. Increase in HIV/AIDS cases among people over 60 years old and adults has been reported by researchers, gaining wide repercussion in media, since data show a proportional increase in HIV/AIDS cases among elders and adults compared to other age brackets. Amongst the reasons for such increase are: a greater supply of medicines for erectile dysfunction, low use of condoms in such generation, and delayed diagnosis. Old age is surrounded by a number of prejudices and stereotypes (ageism) because of age or generation and HIV/AIDS in such period of life causes perplexity, since it breaks with the stereotype of old age as a period characterized by asexuality, withdrawal, and passiveness. The purpose of this project was to present experiences of people over 60 years old who live with HIV/AIDS in a historical city in Minas Gerais, drawing the attention to two aspects that have little investigation, lighting up two important dynamics of epidemic: internalization and increase in cases of people in such age bracket. The research has been carried out mainly from interviews with women and men over 60 years old who were followed up at DST/AIDS Testing and Counseling Center (CTA) and had HIV/AIDS-positive serological diagnosis. Three women and one man aged between 60 and 76 years old, with little education, income, and diagnosis time varying from 5 to 9 years have participated in the research. The interviews have been recorded and transcribed, and the contents have been submitted to analysis. The analysis of the results shows different strategies used for confrontation of the matter of living with HIV/AIDS, and the main one is the tactic of silence, secrecy and concealment of the condition of persons living with HIV/AIDS as a way to avoid even more stigma and discrimination situations that occur more evidently in family relationships and daily life through several constraints. A specific aspect of living with HIV/AIDS in such period of life is the aggravation of social relationships network fading, often among elders. This project demonstrates that the social dimensions of vulnerability, especially poverty, gender inequalities, stigma and discrimination define the experience of living with HIV/AIDS in old age. Overcoming these dimensions is a historical process of wide transformations in social, political, and economic structures, in gender social relationships, and in the deconstruction of prejudices and stigmas. https://doi.org/10.11606/T.47.2009.tde-16122009-102915info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:09:24Zoai:teses.usp.br:tde-16122009-102915Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:46:31.614011Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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