Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Biase, Laura De
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-21062010-080227/
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi refletir sobre a dimensão feminina na campesinidade e a importância de sua valorização para a incorporação dos aspectos sócio-culturais na prática agroecológica. A agroecologia pode ser definida como um campo de estudos de caráter multidisciplinar, que tem como objetivo articular o saber-fazer científico ao saber-fazer das comunidades rurais, como forma de potencializar práticas sustentáveis de agricultura. Como movimento de oposição ao processo de modernização da agricultura, busca recuperar as condições socioambientais perturbadas por este e viabilizar a construção de uma realidade sustentável. Contudo, tem-se constatado atualmente que a prática agroecológica brasileira tem sido realizada de maneira restrita, limitando-se principalmente a aspectos técnicos, insuficiente à realização da transformação pretendida teoricamente. Neste trabalho analisou-se, portanto, as possibilidades da campesinidade, e particularmente a valorização da sua dimensão feminina, contribuir para efetivar o projeto agroecológico de construção da sustentabilidade. Para tanto, realizou-se: (1) um estudo sobre as diferentes concepções teóricas da agroecologia e suas possibilidades de articulação para construção de uma proposta de agroecologia plena; (2) uma análise teórica sobre o campesinato e as características da campesinidade, de uma perspectiva de gênero, como fundamentação para a pesquisa de campo; (3) análises empíricas sobre campesinidade, relações de gênero na unidade familiar de produção e prática agroecológica, em duas realidades distintas: a região do Vale do Ribeira/SP e o município de Joanópolis/SP; e finalmente, (4) uma reflexão sobre as potencialidades de contribuição da dimensão feminina e da campesinidade para a construção da agroecologia plena. A pesquisa de campo foi realizada através de observação participante e realização de entrevistas abertas, buscando diversas formas de reduzir a distância existente entre pesquisadores e pesquisados. Como conclusão, constatou-se que (1) o processo de modernização da agricultura causou efeitos perturbadores à campesinidade e às relações de gênero, mas que, ainda assim, (2) é possível encontrar elementos de campesinidade nas realidades transformadas por esse processo. No entanto, (3) as iniciativas agroecológicas estudadas não alcançaram as condições necessárias para transcender os efeitos desta modernização sobre a organização sócio-cultural camponesa, especialmente no que se refere à masculinização dos processos familiares de produção. Finalmente, sugeriu-se que, quanto ao procedimento metodológico, a antropologia tem muito a contribuir com a construção de uma agroecologia plena.
id USP_43518d52530b9e8cbf9648e7d6a5c508
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-21062010-080227
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produçãoAgroecology, rural communities and feminine epaces inside family production unitsAgricultura sustentavelAgricultural ecology - Socio aspects - Cultural aspectsCampesinatoEcologia agricola -aspectos sociais - aspectos culturaisGender relationsMulheresRelações de generosRural CommunitiesSustainable AgricultureWomenO objetivo desta pesquisa foi refletir sobre a dimensão feminina na campesinidade e a importância de sua valorização para a incorporação dos aspectos sócio-culturais na prática agroecológica. A agroecologia pode ser definida como um campo de estudos de caráter multidisciplinar, que tem como objetivo articular o saber-fazer científico ao saber-fazer das comunidades rurais, como forma de potencializar práticas sustentáveis de agricultura. Como movimento de oposição ao processo de modernização da agricultura, busca recuperar as condições socioambientais perturbadas por este e viabilizar a construção de uma realidade sustentável. Contudo, tem-se constatado atualmente que a prática agroecológica brasileira tem sido realizada de maneira restrita, limitando-se principalmente a aspectos técnicos, insuficiente à realização da transformação pretendida teoricamente. Neste trabalho analisou-se, portanto, as possibilidades da campesinidade, e particularmente a valorização da sua dimensão feminina, contribuir para efetivar o projeto agroecológico de construção da sustentabilidade. Para tanto, realizou-se: (1) um estudo sobre as diferentes concepções teóricas da agroecologia e suas possibilidades de articulação para construção de uma proposta de agroecologia plena; (2) uma análise teórica sobre o campesinato e as características da campesinidade, de uma perspectiva de gênero, como fundamentação para a pesquisa de campo; (3) análises empíricas sobre campesinidade, relações de gênero na unidade familiar de produção e prática agroecológica, em duas realidades distintas: a região do Vale do Ribeira/SP e o município de Joanópolis/SP; e finalmente, (4) uma reflexão sobre as potencialidades de contribuição da dimensão feminina e da campesinidade para a construção da agroecologia plena. A pesquisa de campo foi realizada através de observação participante e realização de entrevistas abertas, buscando diversas formas de reduzir a distância existente entre pesquisadores e pesquisados. Como conclusão, constatou-se que (1) o processo de modernização da agricultura causou efeitos perturbadores à campesinidade e às relações de gênero, mas que, ainda assim, (2) é possível encontrar elementos de campesinidade nas realidades transformadas por esse processo. No entanto, (3) as iniciativas agroecológicas estudadas não alcançaram as condições necessárias para transcender os efeitos desta modernização sobre a organização sócio-cultural camponesa, especialmente no que se refere à masculinização dos processos familiares de produção. Finalmente, sugeriu-se que, quanto ao procedimento metodológico, a antropologia tem muito a contribuir com a construção de uma agroecologia plena.The aim of this research was to reflect about the feminine dimension inside rural communities and the importance of feminine valorization looking to incorporate socio cultural aspects in agroecological practice. Agroecology can be defined as a multidisciplinary field of study that aims to articulate the scientific know-how with the rural communities know-how, as a way to strengthen sustainable practices in agriculture. As an opposition movement against the agricultural modernization process, it seeks to recover socio environmental conditions disturbed by it and facilitate the construction of a sustainable reality. However, it has been confirmed that agroecolgy has been practiced in a restricted way, limiting it to technical aspects that are not enough to reach the aimed theoretical transformation. Therefore, the contribution of rural communities, especially regarding feminine valorization was analyzed looking to see its contributions to the execution of an agroecological project for the construction of sustainability. Looking to achieve the objectives of this research, the following analysis were made: (1) a study about the different theoretical conceptions about agroecolgy and its articulation possibilities to construct a full agroecological proposal; (2) a theoretical analysis about rural communities and its characteristics from a gender perspective, as the basis for the field study; (3) empirical analysis about rural communities, gender relations inside the family production unit and agroecological practice in two different realities: Vale do Ribeira region SP, Brazil and Joanópolis municipality SP, Brazil; finally, (4) a reflection about the potentialities of feminine dimension contribution and of rural communities for the construction of a full agroecolgy. Field research was carried out by means of participant observation and open interviews, looking to reduce the distance between the researcher and the researched in several ways. To conclude it can be stated that (1) the agriculture modernization process caused disturbing effects to rural communities and to gender relations, but, even so (2) it is possible to find rural elements in the realities modified by this process. However, (3) the analyzed agroecological initiatives did not achieve the necessary conditions to transcend the effects of this modernization inside the rural socio cultural organization, especially regarding the masculinization of family production processes. Finally, it is suggested that anthropology can make a great contribution to the construction of a full agroecolgy, regarding the methodological procedure.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGaravello, Maria Elisa de Paula EduardoBiase, Laura De2010-05-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-21062010-080227/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:07Zoai:teses.usp.br:tde-21062010-080227Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:07Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
Agroecology, rural communities and feminine epaces inside family production units
title Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
spellingShingle Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
Biase, Laura De
Agricultura sustentavel
Agricultural ecology - Socio aspects - Cultural aspects
Campesinato
Ecologia agricola -aspectos sociais - aspectos culturais
Gender relations
Mulheres
Relações de generos
Rural Communities
Sustainable Agriculture
Women
title_short Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
title_full Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
title_fullStr Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
title_full_unstemmed Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
title_sort Agroecologia, campesinidade e os espaços femininos na unidade familiar de produção
author Biase, Laura De
author_facet Biase, Laura De
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Garavello, Maria Elisa de Paula Eduardo
dc.contributor.author.fl_str_mv Biase, Laura De
dc.subject.por.fl_str_mv Agricultura sustentavel
Agricultural ecology - Socio aspects - Cultural aspects
Campesinato
Ecologia agricola -aspectos sociais - aspectos culturais
Gender relations
Mulheres
Relações de generos
Rural Communities
Sustainable Agriculture
Women
topic Agricultura sustentavel
Agricultural ecology - Socio aspects - Cultural aspects
Campesinato
Ecologia agricola -aspectos sociais - aspectos culturais
Gender relations
Mulheres
Relações de generos
Rural Communities
Sustainable Agriculture
Women
description O objetivo desta pesquisa foi refletir sobre a dimensão feminina na campesinidade e a importância de sua valorização para a incorporação dos aspectos sócio-culturais na prática agroecológica. A agroecologia pode ser definida como um campo de estudos de caráter multidisciplinar, que tem como objetivo articular o saber-fazer científico ao saber-fazer das comunidades rurais, como forma de potencializar práticas sustentáveis de agricultura. Como movimento de oposição ao processo de modernização da agricultura, busca recuperar as condições socioambientais perturbadas por este e viabilizar a construção de uma realidade sustentável. Contudo, tem-se constatado atualmente que a prática agroecológica brasileira tem sido realizada de maneira restrita, limitando-se principalmente a aspectos técnicos, insuficiente à realização da transformação pretendida teoricamente. Neste trabalho analisou-se, portanto, as possibilidades da campesinidade, e particularmente a valorização da sua dimensão feminina, contribuir para efetivar o projeto agroecológico de construção da sustentabilidade. Para tanto, realizou-se: (1) um estudo sobre as diferentes concepções teóricas da agroecologia e suas possibilidades de articulação para construção de uma proposta de agroecologia plena; (2) uma análise teórica sobre o campesinato e as características da campesinidade, de uma perspectiva de gênero, como fundamentação para a pesquisa de campo; (3) análises empíricas sobre campesinidade, relações de gênero na unidade familiar de produção e prática agroecológica, em duas realidades distintas: a região do Vale do Ribeira/SP e o município de Joanópolis/SP; e finalmente, (4) uma reflexão sobre as potencialidades de contribuição da dimensão feminina e da campesinidade para a construção da agroecologia plena. A pesquisa de campo foi realizada através de observação participante e realização de entrevistas abertas, buscando diversas formas de reduzir a distância existente entre pesquisadores e pesquisados. Como conclusão, constatou-se que (1) o processo de modernização da agricultura causou efeitos perturbadores à campesinidade e às relações de gênero, mas que, ainda assim, (2) é possível encontrar elementos de campesinidade nas realidades transformadas por esse processo. No entanto, (3) as iniciativas agroecológicas estudadas não alcançaram as condições necessárias para transcender os efeitos desta modernização sobre a organização sócio-cultural camponesa, especialmente no que se refere à masculinização dos processos familiares de produção. Finalmente, sugeriu-se que, quanto ao procedimento metodológico, a antropologia tem muito a contribuir com a construção de uma agroecologia plena.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-05-13
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-21062010-080227/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-21062010-080227/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809090958551154688