Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araujo, Layanne Cabral da Cunha
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-27052019-120121/
Resumo: O balanço energético corporal é mantido através de alterações na ingestão de calorias e no gasto energético. O prolongado balanço energético positivo, em que a ingestão excede o gasto, promove obesidade. A obesidade resulta do aumento de triacilglicerois no tecido adiposo, que também passa a apresentar inflamação de baixo grau crônica. O resultado disso envolve a redução da capacidade de tamponamento dos ácidos graxos livres circulantes e subsequente deposição de gordura em territórios ectópicos como musculatura esquelética e fígado, além de aumentar o risco de desenvolver o diabetes Mellitus tipo 2. Assim, a obesidade é um fator de risco importante para doenças metabólicas e suas comorbidades, dentre elas a doença gordurosa hepática não alcoólica. Uma proposta terapêutica para intervir na obesidade e/ou nas comorbidades associadas é o uso de substancias com ação anti-inflamatória. Considerando a possibilidade de novo uso para alguns produtos liberados para uso e com potencial tóxico já avaliado, foi escolhido avaliar o efeito do fitoterápico Uncaria tomentosa. Para isso, foram utilizados dois modelos de camundongos: (1) obesidade induzida por dieta hiperlipídica (DH), camundongos machos c57bl/6, alimentado com DH por 10 semanas, e (2) camundongo geneticamente obeso, ob/ob. A dose e tempo de tratamento escolhidos basearam-se no resultado da tolerância à insulina determinada inicialmente. Os animais receberam via oral o extrato da UT na dose de 50 mg/kg, uma vez ao dia, por 5 dias consecutivos. Seguindo-se ao tratamento, os animais foram submetidos a testes de tolerância a glicose e insulina, análise do coeficiente respiratório e depois a eutanásia, para retirada do fígado e sangue. O tecido hepático foi submetido a técnicas histológicas para verificar a morfologia e quantificação das gotículas de gordura, extração das proteínas celulares e RNAm para realização de western blot típico e reação em cadeia da polimerase (PCR), respectivamente. Também foi utilizada imunohistoquímica com anticorpo anti-F4/80 para comprovar infiltrado inflamatório. O tratamento com UT reduziu a glicemia de jejum cerca de 15 e 20% nos modelos DH e ob/ob, respectivamente, e a insulimenia para 54% no grupo DH, enquanto no grupo ob/ob houve um aumento de 2 vezes na insulinemia com o uso da UT. Houve uma redução de 22% no índice de massa corpórea (IMC) acompanhada de maior gasto energético com o tratamento no modelo DH. A esteatose hepática foi reduzida em aproximadamente 30% e a presença de infiltrados inflamatórios em 70% em ambos os modelos. Além disso, o grau de fosforilação do IRS1 no resíduo serina foi reduzido em 25% nos camundongos alimentados com DH após tratamento com UT, acompanhando a maior sensibilidade à insulina desses animais em relação aos obesos não tratados. Diante desses resultados, concluímos que o extrato bruto da Uncaria tomentosa melhora a homeostase da glicose e reverte a esteatohepatite incipiente a estatose benigna. O tratamento com Uncaria tomentosa pode ser uma estratégia terapêutica potencial no combate a alterações metabólicas associadas à obesidade como a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) de início imediato.
id USP_45839a31dec78c8675df5f9cc6349b03
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-27052019-120121
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.Uncaria tomentosa improves insulin sensitivity and hepatic inflammation in obese mice models.Uncaria tomentosa; obesidade; resistência à insulina; esteatose hepática; inflamação;Uncaria tomentosa; obesity; insulin resistance; hepatic steatosis; inflammation;O balanço energético corporal é mantido através de alterações na ingestão de calorias e no gasto energético. O prolongado balanço energético positivo, em que a ingestão excede o gasto, promove obesidade. A obesidade resulta do aumento de triacilglicerois no tecido adiposo, que também passa a apresentar inflamação de baixo grau crônica. O resultado disso envolve a redução da capacidade de tamponamento dos ácidos graxos livres circulantes e subsequente deposição de gordura em territórios ectópicos como musculatura esquelética e fígado, além de aumentar o risco de desenvolver o diabetes Mellitus tipo 2. Assim, a obesidade é um fator de risco importante para doenças metabólicas e suas comorbidades, dentre elas a doença gordurosa hepática não alcoólica. Uma proposta terapêutica para intervir na obesidade e/ou nas comorbidades associadas é o uso de substancias com ação anti-inflamatória. Considerando a possibilidade de novo uso para alguns produtos liberados para uso e com potencial tóxico já avaliado, foi escolhido avaliar o efeito do fitoterápico Uncaria tomentosa. Para isso, foram utilizados dois modelos de camundongos: (1) obesidade induzida por dieta hiperlipídica (DH), camundongos machos c57bl/6, alimentado com DH por 10 semanas, e (2) camundongo geneticamente obeso, ob/ob. A dose e tempo de tratamento escolhidos basearam-se no resultado da tolerância à insulina determinada inicialmente. Os animais receberam via oral o extrato da UT na dose de 50 mg/kg, uma vez ao dia, por 5 dias consecutivos. Seguindo-se ao tratamento, os animais foram submetidos a testes de tolerância a glicose e insulina, análise do coeficiente respiratório e depois a eutanásia, para retirada do fígado e sangue. O tecido hepático foi submetido a técnicas histológicas para verificar a morfologia e quantificação das gotículas de gordura, extração das proteínas celulares e RNAm para realização de western blot típico e reação em cadeia da polimerase (PCR), respectivamente. Também foi utilizada imunohistoquímica com anticorpo anti-F4/80 para comprovar infiltrado inflamatório. O tratamento com UT reduziu a glicemia de jejum cerca de 15 e 20% nos modelos DH e ob/ob, respectivamente, e a insulimenia para 54% no grupo DH, enquanto no grupo ob/ob houve um aumento de 2 vezes na insulinemia com o uso da UT. Houve uma redução de 22% no índice de massa corpórea (IMC) acompanhada de maior gasto energético com o tratamento no modelo DH. A esteatose hepática foi reduzida em aproximadamente 30% e a presença de infiltrados inflamatórios em 70% em ambos os modelos. Além disso, o grau de fosforilação do IRS1 no resíduo serina foi reduzido em 25% nos camundongos alimentados com DH após tratamento com UT, acompanhando a maior sensibilidade à insulina desses animais em relação aos obesos não tratados. Diante desses resultados, concluímos que o extrato bruto da Uncaria tomentosa melhora a homeostase da glicose e reverte a esteatohepatite incipiente a estatose benigna. O tratamento com Uncaria tomentosa pode ser uma estratégia terapêutica potencial no combate a alterações metabólicas associadas à obesidade como a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) de início imediato.The body\'s energy balance is maintained through changes in calorie intake and energy expenditure. The prolonged positive energy balance, in which the intake exceeds the expense, promotes obesity. Obesity results from the increase of triacylglycerols in adipose tissue, which also starts to present chronic low-grade inflammation. The result of this involves the reduction of the buffering capacity of circulating free fatty acids and subsequent fat deposition in ectopic territories such as skeletal muscle and liver, as well as increasing the risk of developing type 2 diabetes mellitus. Thus, obesity is an important risk factor for metabolic diseases and their comorbidities, among them non-alcoholic fatty liver disease. A therapeutic proposal to intervene in obesity and/or associated comorbidities is the use of substances with anti-inflammatory action. Considering the possibility of new use for some products released for use and with toxic potential already evaluated, it was chosen to evaluate the effect of the herbal remedy Uncaria tomentosa (UT), popularly known as cat\'s claw. Two models of mice were used: (1) higt fat diet induced obesity (HFD), male mice c57bl / 6, fed HFD for 12 weeks, and (2) genetically obese mice, ob/ob. The dose and time of treatment chosen were based on the initially determined insulin tolerance result. The animals received orally the UT extract at the dose of 50 mg/kg once daily for 5 consecutive days. Following the treatment, the animals were submitted to glucose and insulin tolerance tests, analysis of the respiratory coefficient and then euthanasia, for removal of the liver and blood. Liver tissue was submitted to histological techniques to verify the morphology and quantification of fat droplets, extraction of cellular proteins and mRNA for typical western blot and polymerase chain reaction (PCR), respectively. Immunohistochemistry with anti-F4 / 80 antibody was also used to prove inflammatory infiltrate. Treatment with UT reduced fasting glucose by 15 and 20% in the HFD and ob/ob models respectively, and the insukinemia to 54% in the HFD group, whereas in the ob/ob group there was a 2-fold increase in insulinemia with the use of UT. There was a 22% reduction in body mass index (BMI) accompanied by greater energy expenditure with HFD treatment. Hepatic steatosis was reduced by approximately 30% and the presence of inflammatory infiltrates by 70% in both models. In addition, the degree of IRS1 phosphorylation at the serine residue was reduced by 25% in the mice fed HFD after treatment with UT, following the higher insulin sensitivity of these animals compared to the untreated obese. In view of these results, we conclude that the crude extract of Uncaria tomentosa improves glucose homeostasis and reverts incipient steatohepatitis to benign steatosis. Treatment with Uncaria tomentosa can be a potential therapeutic strategy in the action against obesity-related metabolic alterations such as non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD).Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, Carla Roberta de OliveiraAraujo, Layanne Cabral da Cunha2019-02-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-27052019-120121/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-05-26T15:59:12Zoai:teses.usp.br:tde-27052019-120121Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-05-26T15:59:12Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
Uncaria tomentosa improves insulin sensitivity and hepatic inflammation in obese mice models.
title Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
spellingShingle Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
Araujo, Layanne Cabral da Cunha
Uncaria tomentosa; obesidade; resistência à insulina; esteatose hepática; inflamação;
Uncaria tomentosa; obesity; insulin resistance; hepatic steatosis; inflammation;
title_short Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
title_full Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
title_fullStr Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
title_full_unstemmed Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
title_sort Uncaria tomentosa melhora sensibilidade à insulina e inflamação hepática em modelos de camundongos obesos.
author Araujo, Layanne Cabral da Cunha
author_facet Araujo, Layanne Cabral da Cunha
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Carvalho, Carla Roberta de Oliveira
dc.contributor.author.fl_str_mv Araujo, Layanne Cabral da Cunha
dc.subject.por.fl_str_mv Uncaria tomentosa; obesidade; resistência à insulina; esteatose hepática; inflamação;
Uncaria tomentosa; obesity; insulin resistance; hepatic steatosis; inflammation;
topic Uncaria tomentosa; obesidade; resistência à insulina; esteatose hepática; inflamação;
Uncaria tomentosa; obesity; insulin resistance; hepatic steatosis; inflammation;
description O balanço energético corporal é mantido através de alterações na ingestão de calorias e no gasto energético. O prolongado balanço energético positivo, em que a ingestão excede o gasto, promove obesidade. A obesidade resulta do aumento de triacilglicerois no tecido adiposo, que também passa a apresentar inflamação de baixo grau crônica. O resultado disso envolve a redução da capacidade de tamponamento dos ácidos graxos livres circulantes e subsequente deposição de gordura em territórios ectópicos como musculatura esquelética e fígado, além de aumentar o risco de desenvolver o diabetes Mellitus tipo 2. Assim, a obesidade é um fator de risco importante para doenças metabólicas e suas comorbidades, dentre elas a doença gordurosa hepática não alcoólica. Uma proposta terapêutica para intervir na obesidade e/ou nas comorbidades associadas é o uso de substancias com ação anti-inflamatória. Considerando a possibilidade de novo uso para alguns produtos liberados para uso e com potencial tóxico já avaliado, foi escolhido avaliar o efeito do fitoterápico Uncaria tomentosa. Para isso, foram utilizados dois modelos de camundongos: (1) obesidade induzida por dieta hiperlipídica (DH), camundongos machos c57bl/6, alimentado com DH por 10 semanas, e (2) camundongo geneticamente obeso, ob/ob. A dose e tempo de tratamento escolhidos basearam-se no resultado da tolerância à insulina determinada inicialmente. Os animais receberam via oral o extrato da UT na dose de 50 mg/kg, uma vez ao dia, por 5 dias consecutivos. Seguindo-se ao tratamento, os animais foram submetidos a testes de tolerância a glicose e insulina, análise do coeficiente respiratório e depois a eutanásia, para retirada do fígado e sangue. O tecido hepático foi submetido a técnicas histológicas para verificar a morfologia e quantificação das gotículas de gordura, extração das proteínas celulares e RNAm para realização de western blot típico e reação em cadeia da polimerase (PCR), respectivamente. Também foi utilizada imunohistoquímica com anticorpo anti-F4/80 para comprovar infiltrado inflamatório. O tratamento com UT reduziu a glicemia de jejum cerca de 15 e 20% nos modelos DH e ob/ob, respectivamente, e a insulimenia para 54% no grupo DH, enquanto no grupo ob/ob houve um aumento de 2 vezes na insulinemia com o uso da UT. Houve uma redução de 22% no índice de massa corpórea (IMC) acompanhada de maior gasto energético com o tratamento no modelo DH. A esteatose hepática foi reduzida em aproximadamente 30% e a presença de infiltrados inflamatórios em 70% em ambos os modelos. Além disso, o grau de fosforilação do IRS1 no resíduo serina foi reduzido em 25% nos camundongos alimentados com DH após tratamento com UT, acompanhando a maior sensibilidade à insulina desses animais em relação aos obesos não tratados. Diante desses resultados, concluímos que o extrato bruto da Uncaria tomentosa melhora a homeostase da glicose e reverte a esteatohepatite incipiente a estatose benigna. O tratamento com Uncaria tomentosa pode ser uma estratégia terapêutica potencial no combate a alterações metabólicas associadas à obesidade como a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) de início imediato.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-02-22
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-27052019-120121/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-27052019-120121/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1815257410366865408