Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aline Lima Santos
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.8.2010.tde-10012011-121646
Resumo: No fim do século XX, a emigração tornou-se um fenômeno importante nas dinâmicas da população do Brasil. O fluxo de brasileiros para Portugal surge nesse momento como algo novo e dá conteúdos originais a uma antiga relação. A inversão do fluxo tradicional constitui um novo padrão, com sentido contrário ao que se estabeleceu desde o período colonial até meados do século. Essa inversão insere-se em um contexto mais amplo de reordenamento das migrações internacionais após 1945, o qual, por sua vez, relaciona-se às profundas transformações sociais, políticas, econômicas e espaciais que o mundo passava a conhecer. A partir de então a Europa concentra grande número de imigrantes - provenientes do próprio continente e de outras partes - o que reflete seu papel na divisão internacional do trabalho e sua influência geopolítica. Esse contingente populacional estrangeiro faz desacelerar a queda do crescimento populacional nos países europeus e satisfaz as necessidades de seus mercados de trabalho, inserindo-se em setores nos quais há pouca oferta de mão de obra ou naqueles trabalhos nos quais os autóctones recusam-se a realizar. Os brasileiros em Portugal seguem essa tendência. Porém, os imigrantes colocam aos principais países receptores o problema do número e do acesso à cidadania, esta última ainda fortemente vinculada ao Estado territorial, que no atual período da globalização redefine-se em virtude do aparecimento de novos atores no sistema internacional. Assim, são constrangidas a autonomia e soberania dos países quanto às políticas de migração a serem adotadas de modo a atender seus interesses. As migrações internacionais contemporâneas estabelecem, portanto, novos conteúdos nas relações entre território, Estado e população. Nesse contexto, Portugal subordina suas políticas de imigração às da Europa, mas, ao mesmo tempo, privilegia imigrantes do Brasil e das ex-colônias africanas, com os quais também procura fortalecer vínculos econômicos e políticos. O Brasil, por sua vez, solicitado por seus emigrantes, passa a articular políticas que visam atendê-los em suas necessidades. Estado de origem e Estado receptor, portanto, compartilham uma população híbrida, luso-brasileira, que os obriga a se relacionar e torna-se componente de suas estratégias de inserção no mundo.
id USP_477e8626ec744375e824ddf1035f22f1
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-10012011-121646
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI Change of wind: the migration from Brazil to Portugal in the late twentieth and early twenty-first century 2010-12-14Rosa Ester RossiniAndre Roberto MartinMaria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha-TrindadeAline Lima SantosUniversidade de São PauloGeografia (Geografia Humana)USPBR Contemporary international migration Estado Migrações internacionais contemporâneas População Population State Território Territory No fim do século XX, a emigração tornou-se um fenômeno importante nas dinâmicas da população do Brasil. O fluxo de brasileiros para Portugal surge nesse momento como algo novo e dá conteúdos originais a uma antiga relação. A inversão do fluxo tradicional constitui um novo padrão, com sentido contrário ao que se estabeleceu desde o período colonial até meados do século. Essa inversão insere-se em um contexto mais amplo de reordenamento das migrações internacionais após 1945, o qual, por sua vez, relaciona-se às profundas transformações sociais, políticas, econômicas e espaciais que o mundo passava a conhecer. A partir de então a Europa concentra grande número de imigrantes - provenientes do próprio continente e de outras partes - o que reflete seu papel na divisão internacional do trabalho e sua influência geopolítica. Esse contingente populacional estrangeiro faz desacelerar a queda do crescimento populacional nos países europeus e satisfaz as necessidades de seus mercados de trabalho, inserindo-se em setores nos quais há pouca oferta de mão de obra ou naqueles trabalhos nos quais os autóctones recusam-se a realizar. Os brasileiros em Portugal seguem essa tendência. Porém, os imigrantes colocam aos principais países receptores o problema do número e do acesso à cidadania, esta última ainda fortemente vinculada ao Estado territorial, que no atual período da globalização redefine-se em virtude do aparecimento de novos atores no sistema internacional. Assim, são constrangidas a autonomia e soberania dos países quanto às políticas de migração a serem adotadas de modo a atender seus interesses. As migrações internacionais contemporâneas estabelecem, portanto, novos conteúdos nas relações entre território, Estado e população. Nesse contexto, Portugal subordina suas políticas de imigração às da Europa, mas, ao mesmo tempo, privilegia imigrantes do Brasil e das ex-colônias africanas, com os quais também procura fortalecer vínculos econômicos e políticos. O Brasil, por sua vez, solicitado por seus emigrantes, passa a articular políticas que visam atendê-los em suas necessidades. Estado de origem e Estado receptor, portanto, compartilham uma população híbrida, luso-brasileira, que os obriga a se relacionar e torna-se componente de suas estratégias de inserção no mundo. At the end of the twentieth century, the emigration has become a significant phenomenon in the brazilian population dynamics. The flow of brazilian population to Portugal emerges, at this moment, as something new, supplying with primary information an ancient relation. The inversion of the traditional flow constitutes itself a new pattern, but in opposite direction from the original movement established since the colonial period until de middle of last century. This inversion falls in a wider context of relocation of international migration after 1945, which relates itself within deeply social, political, economic and spatial changes throughout the world. Thenceforward, Europe concentrated a massive number of migrants coming from within its own borders which reflects its role in the international division of labor and its geopolitical influence. This foreign migrant quota has decelerated the decline of the populational growth in European countries, and meets the needs of the labor market, infiltrating themselves in places with decreased supply of labor, or in sections of labor that local people refuses to accept. The Brazilians living in Portugal tend to follow that pattern. However, the immigrants raise to the mainly receptors countries the matter of number and access to citizenship, this latter still strongly attached to the territorial state, which immersed in the globalization period, redefines itself due to the emerging of new actors in the international system. Therefore, the autonomy and sovereignty of these countries are constrained, especially over the migration politics to be held in a sense of serving their own interests. The international contemporary migration established, accordingly, a new content in the relations between territory, State and population. Thus, Portugal immigration politics undergoes the very ones of Europe, but, at the same time, privileges Brazilian immigrants and the African ex-colonies, with which still seeks invigorate political and economic links. Brazil, requested by its emigrants, starts to sew up politics capable of meets their needs. Home state and receiver state, therefore, share a hybrid population, luso-brazilian, that obligates one and another to relate and become a very component of its own strategies in entering the world. https://doi.org/10.11606/D.8.2010.tde-10012011-121646info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:34:51Zoai:teses.usp.br:tde-10012011-121646Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:24:53.494392Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Change of wind: the migration from Brazil to Portugal in the late twentieth and early twenty-first century
title Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
spellingShingle Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
Aline Lima Santos
title_short Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
title_full Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
title_fullStr Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
title_full_unstemmed Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
title_sort Mudança de vento: a migração do Brasil para Portugal no fim do século XX e início do século XXI
author Aline Lima Santos
author_facet Aline Lima Santos
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Rosa Ester Rossini
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Andre Roberto Martin
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Maria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha-Trindade
dc.contributor.author.fl_str_mv Aline Lima Santos
contributor_str_mv Rosa Ester Rossini
Andre Roberto Martin
Maria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha-Trindade
description No fim do século XX, a emigração tornou-se um fenômeno importante nas dinâmicas da população do Brasil. O fluxo de brasileiros para Portugal surge nesse momento como algo novo e dá conteúdos originais a uma antiga relação. A inversão do fluxo tradicional constitui um novo padrão, com sentido contrário ao que se estabeleceu desde o período colonial até meados do século. Essa inversão insere-se em um contexto mais amplo de reordenamento das migrações internacionais após 1945, o qual, por sua vez, relaciona-se às profundas transformações sociais, políticas, econômicas e espaciais que o mundo passava a conhecer. A partir de então a Europa concentra grande número de imigrantes - provenientes do próprio continente e de outras partes - o que reflete seu papel na divisão internacional do trabalho e sua influência geopolítica. Esse contingente populacional estrangeiro faz desacelerar a queda do crescimento populacional nos países europeus e satisfaz as necessidades de seus mercados de trabalho, inserindo-se em setores nos quais há pouca oferta de mão de obra ou naqueles trabalhos nos quais os autóctones recusam-se a realizar. Os brasileiros em Portugal seguem essa tendência. Porém, os imigrantes colocam aos principais países receptores o problema do número e do acesso à cidadania, esta última ainda fortemente vinculada ao Estado territorial, que no atual período da globalização redefine-se em virtude do aparecimento de novos atores no sistema internacional. Assim, são constrangidas a autonomia e soberania dos países quanto às políticas de migração a serem adotadas de modo a atender seus interesses. As migrações internacionais contemporâneas estabelecem, portanto, novos conteúdos nas relações entre território, Estado e população. Nesse contexto, Portugal subordina suas políticas de imigração às da Europa, mas, ao mesmo tempo, privilegia imigrantes do Brasil e das ex-colônias africanas, com os quais também procura fortalecer vínculos econômicos e políticos. O Brasil, por sua vez, solicitado por seus emigrantes, passa a articular políticas que visam atendê-los em suas necessidades. Estado de origem e Estado receptor, portanto, compartilham uma população híbrida, luso-brasileira, que os obriga a se relacionar e torna-se componente de suas estratégias de inserção no mundo.
publishDate 2010
dc.date.issued.fl_str_mv 2010-12-14
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/D.8.2010.tde-10012011-121646
url https://doi.org/10.11606/D.8.2010.tde-10012011-121646
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Geografia (Geografia Humana)
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1794502611265650688