Relação entre ética e política no pensamento de Emmanuel Levinas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Passos, Helder Machado
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-21022013-142033/
Resumo: O objetivo geral da presente tese é demonstrar que existe no pensamento do filósofo Emmanuel Levinas uma relação entre ética e política sem a qual não seria possível pensar o sentido do humano em suas dimensões individual e social. Nele encontramos indicações claras sobre suas preocupações políticas ao ponto de podermos afirmar que suas análises filosóficas têm início a partir do fenômeno da guerra, fato eminentemente político. Para compreender o fenômeno da guerra, Levinas se dirige à filosofia onde constata que a mesma foi, quase sempre, uma ontologia, um discurso sobre o Ser, que se caracteriza pelo fechamento e totalidade do pensamento, impedindo qualquer possibilidade da alteridade surgir e se manter como tal. Nessa tarefa descobre o frente a frente do Eu e do Outro como momento inicial do sentido do humano em que o Eu é questionado pelo seu direito ser. Surge aí a ética como filosofia primeira caracterizada pela responsabilidade assimétrica do Eu pelo Outro. Mas, a ética é relação de único a único e a realidade comporta situações para além do frente a frente. Assim, para se chegar ao sentido do humano, torna-se necessário pensar a multiplicidade que é sugerida pela presença do Terceiro e que permite a Levinas tecer considerações sobre a política e suas relações mútuas com a ética, utilizando-se principalmente de dois sentidos da noção de justiça. Para esse propósito, abordaremos três momentos de sua produção intelectual. O primeiro se refere à estada de Levinas na Lituânia e na França onde nosso autor fora influenciado pelas questões políticas que se impunham pelo fenômeno da guerra e por suas incursões no pensamento filosófico na tentativa de compreender os fundamentos de tal fenômeno. O segundo momento é caracterizado por sua crítica à ontologia como pensamento dominante na filosofia e que, para Levinas, corrobora com o estado de guerra, assim como pelo estabelecimento da ética como filosofia primeira a partir da relação original entre o Eu e o Outro. O terceiro momento traz a temática da relação entre ética e política, permitindo a compreensão de que ela se dá a partir de mútuas impugnações. A ética surge e mantém-se pelas suas preocupações com a política, mas, por outro lado, a política interrompe a ética expandindo o princípio da responsabilidade, presente na relação Eu-Outro, à multiplicidade dos existentes e suas relações. A política surge imprimindo uma tensão à ética e sendo tensionada por ela.
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Nessa tarefa descobre o frente a frente do Eu e do Outro como momento inicial do sentido do humano em que o Eu é questionado pelo seu direito ser. Surge aí a ética como filosofia primeira caracterizada pela responsabilidade assimétrica do Eu pelo Outro. Mas, a ética é relação de único a único e a realidade comporta situações para além do frente a frente. Assim, para se chegar ao sentido do humano, torna-se necessário pensar a multiplicidade que é sugerida pela presença do Terceiro e que permite a Levinas tecer considerações sobre a política e suas relações mútuas com a ética, utilizando-se principalmente de dois sentidos da noção de justiça. Para esse propósito, abordaremos três momentos de sua produção intelectual. O primeiro se refere à estada de Levinas na Lituânia e na França onde nosso autor fora influenciado pelas questões políticas que se impunham pelo fenômeno da guerra e por suas incursões no pensamento filosófico na tentativa de compreender os fundamentos de tal fenômeno. O segundo momento é caracterizado por sua crítica à ontologia como pensamento dominante na filosofia e que, para Levinas, corrobora com o estado de guerra, assim como pelo estabelecimento da ética como filosofia primeira a partir da relação original entre o Eu e o Outro. O terceiro momento traz a temática da relação entre ética e política, permitindo a compreensão de que ela se dá a partir de mútuas impugnações. A ética surge e mantém-se pelas suas preocupações com a política, mas, por outro lado, a política interrompe a ética expandindo o princípio da responsabilidade, presente na relação Eu-Outro, à multiplicidade dos existentes e suas relações. A política surge imprimindo uma tensão à ética e sendo tensionada por ela.The general objective, in this thesis, is to demonstrate that there is a relation between ethics and politics in the thought of Emmanuel Levinas without which would not be possible to think the human meaning in its individual and social dimension. In his thought we find evident indications about his politics concerns so that we can affirm that his philosophical analysis begin from the phenomenon of war. To comprehend the phenomenon of war, Levinas discusses the philosophy and states that it have been almost always an ontology, a discourse on the Being, which is characterized by closure and completeness of thought, preventing any possibility to the otherness emerge and to remain as such. In this task he discovers the face to face of the Self and the Other as an early stage of human meaning in that the Self is asked about its right to Be. There arises ethics as prime philosophy, characterized by asymmetric responsibility between the Self and the Other. But ethics is the relation between unique and unique and the reality has situations beyond the face to face. So, to get to the human meaning, it is necessary to consider the multiplicity that is suggested by the presence of the Third and that allows Levinas to make considerations about the politics and its mutual relations to ethics, using mainly two senses of the concept of justice. For this purpose, we will discuss three moments of his intellectual production. The first refers to Levinass stay in Lithuania and France where our author was influenced by political issues that were imposed by the phenomenon of war and by his incursions in philosophical thought in trying to understand the reasons for such a phenomenon. The second stage is characterized by its criticism to ontology as dominant thought in philosophy and that, for Levinas, corroborates the state of war, as well as the establishment of ethics as first philosophy of the original relation between the Self and the Other. The third stage brings the theme of the relation between ethics and politics, allowing the comprehension that it comes from mutual impugnment. The ethics emerges and remains by its concerns with the politics; but on the other hand, the politics interrupts the ethics, expanding the principle of responsibility, which stands in the relation Self-Other, and the multiplicity of existing relations. The politics emerges and imposes a tension to ethics and is tensioned by it.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBarros, Alberto Ribeiro Gonçalves dePassos, Helder Machado2012-12-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-21022013-142033/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-21022013-142033Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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