O agente comunitário de saúde e o antropólogo: notas etnográficas sobre o SUS e enredos de uma pandemia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maia, Otávio Fabrício Lemos Corrêa
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21082024-112758/
Resumo: A tese se forma na etnografia do Sistema Único de Saúde (SUS), realizada no contexto da pandemia de Covid-19, no município de Juiz de Fora, Minas Gerais. No trabalho de campo, entre 2020 e 2023, foram feitas entrevistas com gestores, técnicos, sanitaristas, profissionais de saúde e usuários. Um número expressivo de entrevistas ocorreu à distância, com o auxílio de um aplicativo, sendo que o contexto da pandemia exigiu adequações metodológicas durante a coleta de dados. O processo analítico abrange quatro circuitos argumentativos. No primeiro momento, a partir da experiência como agente comunitário de saúde, vivenciada no bairro Parque das Torres, entre 2003 e 2009, lanço mão de um duplo posicionamento e uma dupla temporalidade, ora falando como pesquisador, ora recorrendo a memórias do trabalho de agente comunitário de saúde. No segundo momento, com a etnografia da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, considerada a parte burocrática do SUS, busco conhecer as maneiras locais de elaboração do SUS. A terceira parte da tese enfatiza a base cultural do comportamento burocrático, onde analiso a relação entre o técnico e o político, e volto-me para a plasticidade de que são feitos os termos, os múltiplos registros de significados, de forma a compreender os manuseios da coisa pública. Na parte final da tese, a discussão se fundamenta em três definições: o SUS falado, o SUS idealizado e o SUS de imagem. Tenho interesse na compreensão da diversificação das formas, como as relações e as pessoas aparecem nos múltiplos SUS. Em sua conclusão, a etnografia do Sistema Único de Saúde permite compreender quão estáveis são os estereótipos atribuídos ao SUS. A pesquisa contribui, ainda, com a discussão relativa à área de tensão entre o SUS legislado e o SUS vivido, rendendo, assim, elementos analíticos a linhas discursivas cujo foco é a relação entre a imagética do SUS e as práticas do fazer cotidiano no serviço de Atenção Primária à Saúde. Apresento, também, as possibilidades inventivas que organizam os processos de significação e de manuseio da coisa pública, bem como os improvisos e as rasuras que trazem sentido à elaboração dos múltiplos SUS.
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No primeiro momento, a partir da experiência como agente comunitário de saúde, vivenciada no bairro Parque das Torres, entre 2003 e 2009, lanço mão de um duplo posicionamento e uma dupla temporalidade, ora falando como pesquisador, ora recorrendo a memórias do trabalho de agente comunitário de saúde. No segundo momento, com a etnografia da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, considerada a parte burocrática do SUS, busco conhecer as maneiras locais de elaboração do SUS. A terceira parte da tese enfatiza a base cultural do comportamento burocrático, onde analiso a relação entre o técnico e o político, e volto-me para a plasticidade de que são feitos os termos, os múltiplos registros de significados, de forma a compreender os manuseios da coisa pública. Na parte final da tese, a discussão se fundamenta em três definições: o SUS falado, o SUS idealizado e o SUS de imagem. Tenho interesse na compreensão da diversificação das formas, como as relações e as pessoas aparecem nos múltiplos SUS. Em sua conclusão, a etnografia do Sistema Único de Saúde permite compreender quão estáveis são os estereótipos atribuídos ao SUS. A pesquisa contribui, ainda, com a discussão relativa à área de tensão entre o SUS legislado e o SUS vivido, rendendo, assim, elementos analíticos a linhas discursivas cujo foco é a relação entre a imagética do SUS e as práticas do fazer cotidiano no serviço de Atenção Primária à Saúde. Apresento, também, as possibilidades inventivas que organizam os processos de significação e de manuseio da coisa pública, bem como os improvisos e as rasuras que trazem sentido à elaboração dos múltiplos SUS.The thesis is based on the ethnography of the Unified Health System (SUS, as in Portuguese), carried out in the context of the COVID-19 pandemic in Juiz de Fora, Minas Gerais. In fieldwork, between 2020 and 2023, interviews were carried out with managers, technicians, public health professionals, health professionals, and users. A significant number of interviews took place remotely, with the help of an application, and the context of the pandemic required methodological adjustments during data collection. The analytical process covers four argumentative circuits. At first, based on my experience as a community health agent, experienced in the Parque das Torres neighborhood, between 2003 and 2009, I used a double positioning and a double temporality, sometimes speaking as a researcher, sometimes using memories of the time I worked as a community health agent. In the second moment, with the ethnography of the Health Department of Juiz de Fora, considered the bureaucratic part of SUS, I seek to understand the local ways of preparing the SUS. The third part of the thesis emphasizes the cultural basis of bureaucratic behavior, where I analyze the relationship between the technical and the political and I turn to the plasticity of which terms are made, the multiple registers of meanings, in order to understand the manipulations of public affairs. In the final part of the thesis, the discussion is based on three definitions: spoken SUS, idealized SUS, and image SUS. I am interested in understanding the diversification of forms and how relationships and people appear in multiple SUS. In conclusion, the ethnography of the Unified Health System allows us to realize how stable the stereotypes attributed to the SUS are. The research also contributes to the discussion related to the area of tension between the legislated SUS and the lived SUS, thus yielding analytical elements to discursive lines whose focus is the relationship between the imagery of the SUS and the practices of everyday life in the service of Primary Health Care. I also present innovative possibilities that organize the processes of meaning and handling of public matters, as well as the improvisations and erasures that bring elucidation to the elaboration of the multiple SUS.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMarques, Ana Claudia Duarte RochaMaia, Otávio Fabrício Lemos Corrêa2024-03-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-21082024-112758/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-21T22:52:03Zoai:teses.usp.br:tde-21082024-112758Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-21T22:52:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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