Manifestações bucais da AIDS e o perfil de mutações e de resistência do HIV em pacientes experimentando falha terapêutica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23141/tde-28032014-200817/ |
Resumo: | As manifestações bucais da AIDS têm sido relacionadas a diversas características clínicas da infecção pelo HIV como decréscimo de células T CD4+, aumento de carga viral e falha terapêutica, entre outras. Os avanços recentes da medicina mostram que a falha terapêutica, nesses pacientes, está diretamente vinculada a mutações na transcriptase reversa (TR) e na protease (PR). O objetivo deste estudo foi descrever, em pacientes HIV+ apresentando falha terapêutica, o perfil de mutações do vírus e o perfil de resistência a antirretrovirais, e correlacioná-los as manifestações bucais da imunodeficiência. Foram acessados prontuários, laudos de genotipagem e informações de bancos de dados digitais de pacientes com AIDS, que se submeteram a genotipagem no Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS (CRT-DST/AIDS), entre 2003 e 2010. Os dados foram transferidos para o Epiinfo, onde foi construído um banco de dados informatizado para posterior análise estatística. O evento lesões orais foi escolhido como variável dependente. Calculou-se o odds ratio para cada variável independente, utilizando intervalo de confiança de 95%. Foram cruzados dados sobre mutações encontradas no vírus e resistência às medicações com a presença e tipo de manifestações bucais. O teste de Bartlett foi utilizado para testar a normalidade dos dados. Para variáveis sem distribuição normal foram aplicados os testes de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis. Para comparação entre frequências e proporções, foi utilizado o Teste de Exato de Fisher ou o Qui quadrado. O nível de significância foi estabelecido como 0,05 ou 5%. A análise de características sociocomportamentais e clínico laboratoriais permitiu verificar que a presença de lesões orais pode ser relacionada estatisticamente a baixas taxas de CD4 (p<0,05), faixa de carga viral (p=0,048) e ao uso prévio de mais de cinco esquemas antirretrovirais diferentes (p=0,021). Verificou-se maior prevalência de lesões virais (75%) e bacterianas (66,7%) do que de lesões fúngicas (37,3%) apenas em pacientes que apresentavam resistência a inibidores de protease (IP) (p=0,02). Foram encontradas 146 mutações diferentes nos pacientes que apresentavam lesões orais, dentre essas, quatro (101E, 20T, 188L, 93L) apresentaram correlação negativa com a presença de lesões orais (respectivamente, p=0,01, p=0,01, p=0,03, p=0,03) e oito (215Y, 118I, 20R, 44D, 71I, 82I E 84V) apresentaram correlação positiva (respectivamente p=0,04, p=0,05, p=0,03, p=0,01, p=0,01, p=0,04, p=0,0004). Subsequentemente, as mutações que apresentaram correlação positiva com a presença de lesões orais foram avaliadas para verificar se sua presença estaria realmente associada a resistência aos ARVs (aos quais seriam supostamente resistentes). Foram excluídas dessa avaliação as mutações 71I e 82I, por apresentarem uma quantidade extremamente pequena de ocorrências. Todas as mutações apresentaram correlação estatística positiva para a resistência aos respectivos antirretrovirais (p<0,05). Em pacientes HIV+, que apresentavam falha terapêutica e manifestações bucais, foram identificadas as mutações 84V e 20R na PR e as mutações 215Y, 44D e 118I na TR e a presença dessas mutações foi associada a resistência a inibidores de protease e inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos, respectivamente. |
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Manifestações bucais da AIDS e o perfil de mutações e de resistência do HIV em pacientes experimentando falha terapêuticaOral manifestations of AIDS and the profile of HIV mutations and resistance in patients undergoing treatment failureAIDSAIDSGenotipagemGenotypingHAARTHAARTHIVHIVHIV mutationsManifestações bucaisMutações do HIVOral manifestationsAs manifestações bucais da AIDS têm sido relacionadas a diversas características clínicas da infecção pelo HIV como decréscimo de células T CD4+, aumento de carga viral e falha terapêutica, entre outras. Os avanços recentes da medicina mostram que a falha terapêutica, nesses pacientes, está diretamente vinculada a mutações na transcriptase reversa (TR) e na protease (PR). O objetivo deste estudo foi descrever, em pacientes HIV+ apresentando falha terapêutica, o perfil de mutações do vírus e o perfil de resistência a antirretrovirais, e correlacioná-los as manifestações bucais da imunodeficiência. Foram acessados prontuários, laudos de genotipagem e informações de bancos de dados digitais de pacientes com AIDS, que se submeteram a genotipagem no Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS (CRT-DST/AIDS), entre 2003 e 2010. Os dados foram transferidos para o Epiinfo, onde foi construído um banco de dados informatizado para posterior análise estatística. O evento lesões orais foi escolhido como variável dependente. Calculou-se o odds ratio para cada variável independente, utilizando intervalo de confiança de 95%. Foram cruzados dados sobre mutações encontradas no vírus e resistência às medicações com a presença e tipo de manifestações bucais. O teste de Bartlett foi utilizado para testar a normalidade dos dados. Para variáveis sem distribuição normal foram aplicados os testes de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis. Para comparação entre frequências e proporções, foi utilizado o Teste de Exato de Fisher ou o Qui quadrado. O nível de significância foi estabelecido como 0,05 ou 5%. A análise de características sociocomportamentais e clínico laboratoriais permitiu verificar que a presença de lesões orais pode ser relacionada estatisticamente a baixas taxas de CD4 (p<0,05), faixa de carga viral (p=0,048) e ao uso prévio de mais de cinco esquemas antirretrovirais diferentes (p=0,021). Verificou-se maior prevalência de lesões virais (75%) e bacterianas (66,7%) do que de lesões fúngicas (37,3%) apenas em pacientes que apresentavam resistência a inibidores de protease (IP) (p=0,02). Foram encontradas 146 mutações diferentes nos pacientes que apresentavam lesões orais, dentre essas, quatro (101E, 20T, 188L, 93L) apresentaram correlação negativa com a presença de lesões orais (respectivamente, p=0,01, p=0,01, p=0,03, p=0,03) e oito (215Y, 118I, 20R, 44D, 71I, 82I E 84V) apresentaram correlação positiva (respectivamente p=0,04, p=0,05, p=0,03, p=0,01, p=0,01, p=0,04, p=0,0004). Subsequentemente, as mutações que apresentaram correlação positiva com a presença de lesões orais foram avaliadas para verificar se sua presença estaria realmente associada a resistência aos ARVs (aos quais seriam supostamente resistentes). Foram excluídas dessa avaliação as mutações 71I e 82I, por apresentarem uma quantidade extremamente pequena de ocorrências. Todas as mutações apresentaram correlação estatística positiva para a resistência aos respectivos antirretrovirais (p<0,05). Em pacientes HIV+, que apresentavam falha terapêutica e manifestações bucais, foram identificadas as mutações 84V e 20R na PR e as mutações 215Y, 44D e 118I na TR e a presença dessas mutações foi associada a resistência a inibidores de protease e inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos, respectivamente.Oral manifestation of AIDS have been associated with several clinical characteristics of HIV infection such as reduction in T CD4+ cells, increase in viral load and treatment failure, among others. Recent advances have shown that treatment failure in these patients is directly linked to mutations in reverse transcriptases (RT) and in proteases (PR). The objective of the present study was to describe the profile of virus mutations and of resistance to antiretroviral drugs in HIV+ patients in treatment failure, and to correlate mutations to the oral manifestations of the immunodeficiency. Patient charts, genotyping results and information from digital databases of AIDS patients, who underwent genotyping at the Sexually Transmissible Diseases and AIDS Training and Reference Center (CRT-DST/AIDS) between 2003 and 2010, were accessed. Data were transferred to the Epiinfo program, in which a computerized database was built for statistical analysis. The event oral lesions was chosen as a dependent variable. Odds ratio for each independent variable was calculated, using a 95% confidence interval. Data found on virus mutations and drug resistance was analyzed to check for correlation with presence and type of oral manifestations. The Bartlett test was used to test normality of data. Mann-Whitney or Kruskal-Wallis tests were used for variables without a normal distribution. The Fisher Exact or Chi-square Tests were used to compare frequencies and proportions. A 0.05 or 5% significance level was established. The analysis of socio-behavioral and clinical-laboratorial characteristics allowed concluding that the presence of oral lesions may be related to statistically low CD4 rates (p<0.05), viral load range (p=0.048) and previous use of more than five different antiretroviral regimens (p=0.021). A higher prevalence of viral (75%) and bacterial (66.7%) lesions in relation to fungal lesions (37.3%) was observed only in patients who were resistant to protease inhibitors (PI) (p=0.02). We found 146 different mutations in patients with oral lesions, among which, four (101E, 20T, 188L, 93L) with a negative correlation with the presence of oral lesions (p=0.01, p=0.01, p=0.03, p=0.03, respectively) and eight (215Y, 118I, 20R, 44D, 71I, 82I E 84V) with a positive correlation (p=0.04, p=0.05, p=0.03, p=0.01, p=0.01, p=0.04, p=0.0004, respectively). Subsequently, mutations with a positive correlation with the presence of oral lesions were assessed to check if their presence would really be associated with resistance to ARVs (to which they supposedly would be resistant to). Mutations 71I and 82I were excluded from this assessment because they had an extremely low frequency. All mutations had a statistically positive correlation for resistance to their respective antiretroviral drugs (p<0.05). Mutations 84V and 20R were identified in PR, and mutations 215Y, 44D and 118I in TR of HIV+ in patients undergoing treatment failure and presenting oral manifestations. Moreover, the presence of these mutations was associated with resistance to protease inhibitors and to nucleoside reverse transcriptase inhibitors, respectively.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOrtega, Karem LopezCosta, Catalina Riera2013-12-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23141/tde-28032014-200817/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T13:16:04Zoai:teses.usp.br:tde-28032014-200817Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T13:16:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As manifestações bucais da AIDS têm sido relacionadas a diversas características clínicas da infecção pelo HIV como decréscimo de células T CD4+, aumento de carga viral e falha terapêutica, entre outras. Os avanços recentes da medicina mostram que a falha terapêutica, nesses pacientes, está diretamente vinculada a mutações na transcriptase reversa (TR) e na protease (PR). O objetivo deste estudo foi descrever, em pacientes HIV+ apresentando falha terapêutica, o perfil de mutações do vírus e o perfil de resistência a antirretrovirais, e correlacioná-los as manifestações bucais da imunodeficiência. Foram acessados prontuários, laudos de genotipagem e informações de bancos de dados digitais de pacientes com AIDS, que se submeteram a genotipagem no Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS (CRT-DST/AIDS), entre 2003 e 2010. Os dados foram transferidos para o Epiinfo, onde foi construído um banco de dados informatizado para posterior análise estatística. O evento lesões orais foi escolhido como variável dependente. Calculou-se o odds ratio para cada variável independente, utilizando intervalo de confiança de 95%. Foram cruzados dados sobre mutações encontradas no vírus e resistência às medicações com a presença e tipo de manifestações bucais. O teste de Bartlett foi utilizado para testar a normalidade dos dados. Para variáveis sem distribuição normal foram aplicados os testes de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis. Para comparação entre frequências e proporções, foi utilizado o Teste de Exato de Fisher ou o Qui quadrado. O nível de significância foi estabelecido como 0,05 ou 5%. A análise de características sociocomportamentais e clínico laboratoriais permitiu verificar que a presença de lesões orais pode ser relacionada estatisticamente a baixas taxas de CD4 (p<0,05), faixa de carga viral (p=0,048) e ao uso prévio de mais de cinco esquemas antirretrovirais diferentes (p=0,021). Verificou-se maior prevalência de lesões virais (75%) e bacterianas (66,7%) do que de lesões fúngicas (37,3%) apenas em pacientes que apresentavam resistência a inibidores de protease (IP) (p=0,02). Foram encontradas 146 mutações diferentes nos pacientes que apresentavam lesões orais, dentre essas, quatro (101E, 20T, 188L, 93L) apresentaram correlação negativa com a presença de lesões orais (respectivamente, p=0,01, p=0,01, p=0,03, p=0,03) e oito (215Y, 118I, 20R, 44D, 71I, 82I E 84V) apresentaram correlação positiva (respectivamente p=0,04, p=0,05, p=0,03, p=0,01, p=0,01, p=0,04, p=0,0004). Subsequentemente, as mutações que apresentaram correlação positiva com a presença de lesões orais foram avaliadas para verificar se sua presença estaria realmente associada a resistência aos ARVs (aos quais seriam supostamente resistentes). Foram excluídas dessa avaliação as mutações 71I e 82I, por apresentarem uma quantidade extremamente pequena de ocorrências. Todas as mutações apresentaram correlação estatística positiva para a resistência aos respectivos antirretrovirais (p<0,05). Em pacientes HIV+, que apresentavam falha terapêutica e manifestações bucais, foram identificadas as mutações 84V e 20R na PR e as mutações 215Y, 44D e 118I na TR e a presença dessas mutações foi associada a resistência a inibidores de protease e inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos, respectivamente. |
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