A relação entre os flavonóides da dieta de gestantes com o excesso de peso e o diabetes mellitus gestacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Balbi, Mariana de Andrade
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-19072018-165406/
Resumo: O excesso de peso materno é um dos principais fatores de risco para o diabetes mellitus gestacional (DMG), o qual está diretamente associado a desfechos deletérios para a saúde do binômio mãe-filho a curto e longo prazo. Flavonóides são compostos bioativos presentes nos alimentos de origem vegetal e estudos sugerem um efeito protetor para as doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes mellitus tipo 2. Desconhecemos a existência de estudos que tenham investigado a relação entre os flavonóides da dieta de gestantes com o excesso de peso e o DMG. O objetivo do presente estudo foi investigar a associação entre os flavonóides da dieta usual de gestantes com as categorias do Índice de Massa Corporal (IMC) segundo a semana gestacional e com o DMG. Trata-se de uma análise secundária dos dados de um estudo transversal conduzido entre 785 gestantes adultas usuárias do Sistema Único de Saúde de Ribeirão Preto entre 2011 e 2012. A coleta de dados ocorreu na ocasião da realização do teste de tolerância oral à glicose e dados de peso (kg), altura (m) e estilo de vida foram obtidos. Os critérios propostos por Atalah e colaboradores (1997) foram empregados para a classificação do IMC segundo a semana gestacional e os critérios da Organização Mundial da Saúde de 2013 foram utilizados para estabelecer o diagnóstico do DMG. Dois inquéritos recordatórios de 24 horas (IR24h) foram obtidos em dias não consecutivos. Para a estimativa dos flavonóides, empregaram-se dados de estudos nacionais complementados pela Tabela Norte Americana da USDA - Database for the Flavonoid Content of Selected Foods. O Multiple Source Method (MSM) foi empregado para estimar a ingestão usual dos flavonóides totais da dieta e suas subclasses. Modelos de regressão logística multinomial e de regressão logística ajustados por fatores de confusão foram empregados para avaliar a relação entre os flavonóides da dieta (em tercil) e suas classes com as categorias do IMC e o DMG, respectivamente. A média (DP) das gestantes avaliadas foi de 28 (6) anos, 139 (17,7%) foram diagnosticadas com DMG, 252 (32,1%) estavam com sobrepeso e 193 (24,6%) com obesidade. A mediana (P25, P75) da estimativa de flavonóides totais da dieta das gestantes foi 50 (31, 75). Observou-se que as gestantes classificadas no terceiro tercil de ingestão de flavonóides totais [OR 0,61 (IC 95% 0,38; 0,96)] e a subclasse antocianidinas [OR 0,62 (IC 95% 0,40; 0,99)] apresentaram menor chance de obesidade quando comparadas às mulheres no primeiro tercil, independente dos fatores de confusão. Entretanto, não houve associação entre a estimativa dos flavonóides da dieta das gestantes com o sobrepeso e com o DMG. Os dados do estudo atual sugerem uma relação inversa entre flavonóides totais e antocianidina e obesidade em gestantes. Estudos futuros são necessários para se confirmar a hipótese do efeito protetor dos flavonóides na obesidade em gestantes. Porém, dado às evidências dos efeitos maléficos dos polifenóis na constrição fetal do canal arterial, estudos de intervenção conduzidos entre gestantes para promoção da ingestão de flavonóides não são recomendados.
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O objetivo do presente estudo foi investigar a associação entre os flavonóides da dieta usual de gestantes com as categorias do Índice de Massa Corporal (IMC) segundo a semana gestacional e com o DMG. Trata-se de uma análise secundária dos dados de um estudo transversal conduzido entre 785 gestantes adultas usuárias do Sistema Único de Saúde de Ribeirão Preto entre 2011 e 2012. A coleta de dados ocorreu na ocasião da realização do teste de tolerância oral à glicose e dados de peso (kg), altura (m) e estilo de vida foram obtidos. Os critérios propostos por Atalah e colaboradores (1997) foram empregados para a classificação do IMC segundo a semana gestacional e os critérios da Organização Mundial da Saúde de 2013 foram utilizados para estabelecer o diagnóstico do DMG. Dois inquéritos recordatórios de 24 horas (IR24h) foram obtidos em dias não consecutivos. Para a estimativa dos flavonóides, empregaram-se dados de estudos nacionais complementados pela Tabela Norte Americana da USDA - Database for the Flavonoid Content of Selected Foods. O Multiple Source Method (MSM) foi empregado para estimar a ingestão usual dos flavonóides totais da dieta e suas subclasses. Modelos de regressão logística multinomial e de regressão logística ajustados por fatores de confusão foram empregados para avaliar a relação entre os flavonóides da dieta (em tercil) e suas classes com as categorias do IMC e o DMG, respectivamente. A média (DP) das gestantes avaliadas foi de 28 (6) anos, 139 (17,7%) foram diagnosticadas com DMG, 252 (32,1%) estavam com sobrepeso e 193 (24,6%) com obesidade. A mediana (P25, P75) da estimativa de flavonóides totais da dieta das gestantes foi 50 (31, 75). Observou-se que as gestantes classificadas no terceiro tercil de ingestão de flavonóides totais [OR 0,61 (IC 95% 0,38; 0,96)] e a subclasse antocianidinas [OR 0,62 (IC 95% 0,40; 0,99)] apresentaram menor chance de obesidade quando comparadas às mulheres no primeiro tercil, independente dos fatores de confusão. Entretanto, não houve associação entre a estimativa dos flavonóides da dieta das gestantes com o sobrepeso e com o DMG. Os dados do estudo atual sugerem uma relação inversa entre flavonóides totais e antocianidina e obesidade em gestantes. Estudos futuros são necessários para se confirmar a hipótese do efeito protetor dos flavonóides na obesidade em gestantes. Porém, dado às evidências dos efeitos maléficos dos polifenóis na constrição fetal do canal arterial, estudos de intervenção conduzidos entre gestantes para promoção da ingestão de flavonóides não são recomendados.Maternal overweight is one of the main risk factors for gestational diabetes mellitus (GDM), which is directly associated with harmful outcomes for the health of the mother and child binomial in the short and long term. Flavonoids are bioactive compounds present in foods of plant origin, and studies suggest a protective effect on the non-communicable chronic diseases such as obesity and type 2 diabetes mellitus. It is unknown the existence of studies that have investigated the relationship between the dietary flavonoids during pregnancy with the overweight and the GDM. The objective of this current study was to investigate the relationship between the usual dietary flavonoids during pregnancy with the Body Mass Index (BMI) according to the gestational age and the GDM. It is about a secondary data analysis of a crosssectional study conducted on 785 adult pregnant women users of the Brazilian Public Unified Health System (SUS) at Ribeirão Preto, between the years of 2011 and 2012. The data collection took place while the oral glucose tolerance test was being undertaken, and information regarding weight (in kilograms), height (in meters), and lifestyle were also obtained. The criteria proposed by Atalah et al. (1997) were applied to classify the BMI according to the gestational age, and the World Health Organization criteria of 2013 were used to determine the GDM diagnosis. Two 24-hour dietary recalls (24hDR) were obtained in nonconsecutive days. To the flavonoids estimate, national studies data were employed and complemented by the USDA\'s North American Table - Database for the Flavonoid Content of Selected Foods. The Multiple Source Method (MSM) was employed to estimate the usual intake of the total dietary flavonoids and their subclasses. Multinomial logistic regression and logistic regression models adjusted by confounding factors were employed to evaluate the relationship between the dietary flavonoids (in tertile) and their classes with the categories of BMI and GDM, respectively. The average (DP) of the pregnant women evaluated was 28 (6) years old, 139 (17,7%) were diagnosed with GDM, 252 (32,1%) were overweight, and 193 (24,6%) were obese. The estimated median (P25, P75) of the total dietary flavonoids during pregnancy was 50 (31, 75). It was found that pregnant women classified in the third tertile of total flavonoid intake [OR 0,61 (CI 95% 0,38; 0,96)] and the anthocyanidins subclass [OR 0,62 (CI 95% 0,40; 0,99)] were less likely to be overweight when compared to women in the first tertile, independent of confounding factors. However, there was no association between the estimate of the dietary flavonoids during pregnancy with the overweight and the GDM. The current study data suggest an inverse association between total flavonoids and anthocyanidin, and obesity during pregnancy. Future studies are necessary to confirm the hypothesis of the flavonoids protective effect on obesity during pregnancy. Nevertheless, due to the evidence of the polyphenols harmful effects on the fetal constriction of the ductus arteriosus, intervention studies conducted on pregnant women to promote flavonoids intake are not recommended.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSartorelli, Daniela SaesBalbi, Mariana de Andrade2018-05-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-19072018-165406/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-22T16:02:03Zoai:teses.usp.br:tde-19072018-165406Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-22T16:02:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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