Influências de pistas químicas e fatores microclimáticos na escolha e utilização da planta Psychotria suterella (Rubiacea) pelo opilião Jussara sp. (Arachnida, Opiliones)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-19012016-092614/ |
Resumo: | A interação envolvendo artrópodes e plantas é uma das mais antigas e importantes interações ecológicas da natureza. As estratégias adotadas pelos artrópodes para reconhecer a sua planta hospedeira são bastante variáveis e pistas químicas desempenham um papel importante nessa relação. Opiliões (Arachnida, Opiliones) são altamente dependentes de quimiorrecepção para encontrar recursos e são particularmente dependentes de umidade. O opilião Jussara sp. possui uma clara preferencia por repousar em Psychotria suterella (Rubiacea), uma planta com uma arquitetura foliar complexa com folhas sobrepostas. Nada se sabe sobre como o opilião chega a ela ou quais as vantagens que ela proporciona ao opilião. Neste trabalho verificamos quais pistas são utilizadas pelo opilião para encontrar P. suterella e ainda quais os possíveis benefícios para o opilião nessa interação. Para verificação de como o opilião encontra a planta, partimos de duas hipóteses não excludentes: 1 - pistas de co-específicos são utilizadas; 2 - pistas químicas provenientes da planta são utilizadas. Para a primeira hipótese, montamos um experimento em campo com um grupo de plantas de P. suterella contendo químicos de Jussara sp. e um grupo sem químicos de Jussara sp. no caule principal e comparamos como os tratamentos afetaram o número de opiliões nas plantas de cada grupo. Para a hipótese da utilização de químicos da planta, realizamos dois experimentos visando verificar a preferência do opilião pelos voláteis de P. suterella. No primeiro utilizamos extratos de químicos voláteis de P. suterella e de mais dois controles em uma arena triangular com os 3 estímulos oferecidos simultâneamente. No segundo experimento utilizamos a própria planta P. suterella, pareada com uma planta controle ou um controle branco em um olfatômetro em Y. Para verificar os benefícios da associação também partimos de duas hipóteses não exludentes relacionadas a possíveis diferenças microclimáticas geradas por P. suterella em relação às demais plantas do local: 1- as folhas de P. suterella oferecem maior umidade do que outras plantas; 2 - as folhas de P. suterella fornecem um microambiente mais sombreado do que o de outras plantas. Para primeira hipótese, quantificamos o fluxo de transpiração foliar de P. suterella e mais 3 espécies de plantas do habitat do opilião. Já para segunda hipótese, quantificamos o bloqueio à passagem de luz através das folhas em P. suterella e das mesmas 3 espécies do teste anterior. Não obtivemos evidências claras de que os opiliões Jussara sp. utilizem químicos de co-específicos para selecionar P. suterella. Pistas químicas olfativas não parecem ser utilizadas de forma isolada para atrair Jussara sp., mas nossos resultados sugerem que talvez em combinação com outras plantas o odor possa ser utilizado. Em relação aos benefícios fornecidos por P. suterella, nós não encontramos evidências de que a transpiração foliar seja importante na interação. Contudo, o maior bloqueio de passagem de luz através da folha em comparação às demais espécies aliado a arquitetura foliar de P. suterella pode gerar microclimas benéficos para os opiliões que geralmente são altamente sensíveis a umidade |
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Influências de pistas químicas e fatores microclimáticos na escolha e utilização da planta Psychotria suterella (Rubiacea) pelo opilião Jussara sp. (Arachnida, Opiliones)Influence of chemical cues and microclimatic factors in the choice and use of the plant Psychotria suterella (Rubiacea) by the havestman Jussara sp. (Arachnida, Opiliones)Escolha de habitatFlairHabitat choiceOlfatoSclerosomatidaeSclerosomatidaeA interação envolvendo artrópodes e plantas é uma das mais antigas e importantes interações ecológicas da natureza. As estratégias adotadas pelos artrópodes para reconhecer a sua planta hospedeira são bastante variáveis e pistas químicas desempenham um papel importante nessa relação. Opiliões (Arachnida, Opiliones) são altamente dependentes de quimiorrecepção para encontrar recursos e são particularmente dependentes de umidade. O opilião Jussara sp. possui uma clara preferencia por repousar em Psychotria suterella (Rubiacea), uma planta com uma arquitetura foliar complexa com folhas sobrepostas. Nada se sabe sobre como o opilião chega a ela ou quais as vantagens que ela proporciona ao opilião. Neste trabalho verificamos quais pistas são utilizadas pelo opilião para encontrar P. suterella e ainda quais os possíveis benefícios para o opilião nessa interação. Para verificação de como o opilião encontra a planta, partimos de duas hipóteses não excludentes: 1 - pistas de co-específicos são utilizadas; 2 - pistas químicas provenientes da planta são utilizadas. Para a primeira hipótese, montamos um experimento em campo com um grupo de plantas de P. suterella contendo químicos de Jussara sp. e um grupo sem químicos de Jussara sp. no caule principal e comparamos como os tratamentos afetaram o número de opiliões nas plantas de cada grupo. Para a hipótese da utilização de químicos da planta, realizamos dois experimentos visando verificar a preferência do opilião pelos voláteis de P. suterella. No primeiro utilizamos extratos de químicos voláteis de P. suterella e de mais dois controles em uma arena triangular com os 3 estímulos oferecidos simultâneamente. No segundo experimento utilizamos a própria planta P. suterella, pareada com uma planta controle ou um controle branco em um olfatômetro em Y. Para verificar os benefícios da associação também partimos de duas hipóteses não exludentes relacionadas a possíveis diferenças microclimáticas geradas por P. suterella em relação às demais plantas do local: 1- as folhas de P. suterella oferecem maior umidade do que outras plantas; 2 - as folhas de P. suterella fornecem um microambiente mais sombreado do que o de outras plantas. Para primeira hipótese, quantificamos o fluxo de transpiração foliar de P. suterella e mais 3 espécies de plantas do habitat do opilião. Já para segunda hipótese, quantificamos o bloqueio à passagem de luz através das folhas em P. suterella e das mesmas 3 espécies do teste anterior. Não obtivemos evidências claras de que os opiliões Jussara sp. utilizem químicos de co-específicos para selecionar P. suterella. Pistas químicas olfativas não parecem ser utilizadas de forma isolada para atrair Jussara sp., mas nossos resultados sugerem que talvez em combinação com outras plantas o odor possa ser utilizado. Em relação aos benefícios fornecidos por P. suterella, nós não encontramos evidências de que a transpiração foliar seja importante na interação. Contudo, o maior bloqueio de passagem de luz através da folha em comparação às demais espécies aliado a arquitetura foliar de P. suterella pode gerar microclimas benéficos para os opiliões que geralmente são altamente sensíveis a umidadeInteractions between arthropods and plants are among the oldest and important ecological interactions in nature. Strategies adopted by arthropods to recognize its host plant are very variable and volatiles often mediate the encounter between both parts. Harvestmen (Arachnida, Opiliones) are arachnids highly dependent on chemicals to find resources and particularly dependent on high humidity. The harvestman Jussara sp. clearly prefers to rest on Psychotria suterella (Rubiacea), a plant with a complex architecture with overlapping leaves. We know nothing about how the harvestmen find the plant or the advantages that such plant offers to the harvestmen. In this paper we investigate the cues used to find P. suterella by these harvestmen and how the harvestman benefits from this interaction. To test how the harvestman finds the plant, we raised two non-excludent hypotheses: 1 - conspecific chemicals are used; 2 - plant chemicals are used. For the first hypothesis, we conducted a field experiment with a group of P. suterella with chemicals of Jussara sp. and another without chemicals of of Jussara sp. on the main stem and compared how that affected the number of harvestmen on them. To test the importance of plant chemicals, we conducted two experiments to test the use of volatiles of P. suterella. We first used volatile extracts of P. suterella and two other plants in a triangular arena with the three stimuli offered simultaneously. In the second experiment, we used actual individuals of P. suterella paired with either a control plant of a white control in a Y maze. To investigate how Jussara sp. benefits by choosing P. suterella, we raised two non-excludent hypotheses related to microclimatic conditions potentially offered by P. suterella in comparison to other plants of the area: 1 - The leaves of P. suterella offer higher humidity than those of other plants; 2 - The leaves of P. suterella provide a better shadow that that of other plants. For the first hypothesis, we quantified the transpiration rate of the leaves of four local species including P. suterella. For the second hypothesis, we quantified how much light passes through the leaves of these four species. We did not find clear evidences that Jussara sp. uses conspecific chemicals to select P. suterella. Plant volatiles do not seem to be used at least isolated to attract Jussara sp., but our results suggest that maybe in combination with other plants such volatiles may be used. As for the benefits provided by P. suterella, we did not find evidence that the transpiration rate is important. However, the leaves of P. suterella do provide better shadows in comparison with the other plants, which in combination with the complex architecture with overlapping leaves may provide better microclimatic conditions to these very humidity sensitive animalsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWillemart, Rodrigo HirataPagoti, Guilherme Ferreira2015-09-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-19012016-092614/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:06:18Zoai:teses.usp.br:tde-19012016-092614Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:06:18Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A interação envolvendo artrópodes e plantas é uma das mais antigas e importantes interações ecológicas da natureza. As estratégias adotadas pelos artrópodes para reconhecer a sua planta hospedeira são bastante variáveis e pistas químicas desempenham um papel importante nessa relação. Opiliões (Arachnida, Opiliones) são altamente dependentes de quimiorrecepção para encontrar recursos e são particularmente dependentes de umidade. O opilião Jussara sp. possui uma clara preferencia por repousar em Psychotria suterella (Rubiacea), uma planta com uma arquitetura foliar complexa com folhas sobrepostas. Nada se sabe sobre como o opilião chega a ela ou quais as vantagens que ela proporciona ao opilião. Neste trabalho verificamos quais pistas são utilizadas pelo opilião para encontrar P. suterella e ainda quais os possíveis benefícios para o opilião nessa interação. Para verificação de como o opilião encontra a planta, partimos de duas hipóteses não excludentes: 1 - pistas de co-específicos são utilizadas; 2 - pistas químicas provenientes da planta são utilizadas. Para a primeira hipótese, montamos um experimento em campo com um grupo de plantas de P. suterella contendo químicos de Jussara sp. e um grupo sem químicos de Jussara sp. no caule principal e comparamos como os tratamentos afetaram o número de opiliões nas plantas de cada grupo. Para a hipótese da utilização de químicos da planta, realizamos dois experimentos visando verificar a preferência do opilião pelos voláteis de P. suterella. No primeiro utilizamos extratos de químicos voláteis de P. suterella e de mais dois controles em uma arena triangular com os 3 estímulos oferecidos simultâneamente. No segundo experimento utilizamos a própria planta P. suterella, pareada com uma planta controle ou um controle branco em um olfatômetro em Y. Para verificar os benefícios da associação também partimos de duas hipóteses não exludentes relacionadas a possíveis diferenças microclimáticas geradas por P. suterella em relação às demais plantas do local: 1- as folhas de P. suterella oferecem maior umidade do que outras plantas; 2 - as folhas de P. suterella fornecem um microambiente mais sombreado do que o de outras plantas. Para primeira hipótese, quantificamos o fluxo de transpiração foliar de P. suterella e mais 3 espécies de plantas do habitat do opilião. Já para segunda hipótese, quantificamos o bloqueio à passagem de luz através das folhas em P. suterella e das mesmas 3 espécies do teste anterior. Não obtivemos evidências claras de que os opiliões Jussara sp. utilizem químicos de co-específicos para selecionar P. suterella. Pistas químicas olfativas não parecem ser utilizadas de forma isolada para atrair Jussara sp., mas nossos resultados sugerem que talvez em combinação com outras plantas o odor possa ser utilizado. Em relação aos benefícios fornecidos por P. suterella, nós não encontramos evidências de que a transpiração foliar seja importante na interação. Contudo, o maior bloqueio de passagem de luz através da folha em comparação às demais espécies aliado a arquitetura foliar de P. suterella pode gerar microclimas benéficos para os opiliões que geralmente são altamente sensíveis a umidade |
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