Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lombardi, Jose Claudinei
Data de Publicação: 1985
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-204003/
Resumo: Esta dissertação é um estudo das condições históricas de inserção dos índios Xavante no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que conduziu às seguintes conclusões: Tratar as sociedades indígenas de forma autônoma constitui uma distorção da realidade, pois os indígenas se inserem no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil O caso dos Xavante evidencia que a expansão da colonização fez com que os índios formassem uma configuração social defendente dos interesses dos colonizadores. A supremacia destes às imprimiu às relações entre índios e brancos um caráter essencialmente colonial, sendo regida pela oposição etnia colonizadora/ etnia colonizada, que norteou a submissão dos Xavantes aos interesses coloniais e, depois, nacionais. Estes processos representaram a subordinação das populações indígenas aos interesses do capital. Isto não significou, porém, a destruição da identidade social dos indígenas, que permaneceram considerando-se e sendo considerados como Índios., A inserção dos Xavante na estrutura global capitalista se deu quer enquanto grupo social pertencente ao segmento mais inferior da estrutura de classes, quer enquanto categoria social diferenciada, embora dependente. Mesmo sofrendo o violento processo de expropriação de seus meios de produção e o extermínio de parcelas de sua população, os Xavante continuaram a produzir e reproduzir as condições para continuar a ser Xavante, mantendo sua identidade tribal. Esse processo exigiu que os Xavante continuamente construíssem e reconstruíssem sua identidade tribal, o que implicou a síntese dos vários elementos contraditórios que compõem o mundo tribal e o capitalista, elaborada pela reinterpretação das situações históricas que os envolviam. O capital tende a impor às demais relações de produção sua categoria e importância, o que não elimina suas contradições, sendo que é nesse espaço que se realizam as condições de subordinação/resistência das relações de produção não capitalistas à forma de dominação do capital. A resistência indígena não se caracteriza, assim, por sua aparência, mas pela conservação de uma estrutura econômica não capitalista, que se opõe à penetração do capital. Isto não indica a constituição de um ou mais modos de produção sob a dominância do capital, mas uma luta específica dessa categoria social, que procura manter a sua existência como Índio.
id USP_5b4981666dc4c3f8976853bac208313f
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-20220207-204003
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIXnot availablePOLÍTICA INDIGENISTAXAVANTEEsta dissertação é um estudo das condições históricas de inserção dos índios Xavante no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que conduziu às seguintes conclusões: Tratar as sociedades indígenas de forma autônoma constitui uma distorção da realidade, pois os indígenas se inserem no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil O caso dos Xavante evidencia que a expansão da colonização fez com que os índios formassem uma configuração social defendente dos interesses dos colonizadores. A supremacia destes às imprimiu às relações entre índios e brancos um caráter essencialmente colonial, sendo regida pela oposição etnia colonizadora/ etnia colonizada, que norteou a submissão dos Xavantes aos interesses coloniais e, depois, nacionais. Estes processos representaram a subordinação das populações indígenas aos interesses do capital. Isto não significou, porém, a destruição da identidade social dos indígenas, que permaneceram considerando-se e sendo considerados como Índios., A inserção dos Xavante na estrutura global capitalista se deu quer enquanto grupo social pertencente ao segmento mais inferior da estrutura de classes, quer enquanto categoria social diferenciada, embora dependente. Mesmo sofrendo o violento processo de expropriação de seus meios de produção e o extermínio de parcelas de sua população, os Xavante continuaram a produzir e reproduzir as condições para continuar a ser Xavante, mantendo sua identidade tribal. Esse processo exigiu que os Xavante continuamente construíssem e reconstruíssem sua identidade tribal, o que implicou a síntese dos vários elementos contraditórios que compõem o mundo tribal e o capitalista, elaborada pela reinterpretação das situações históricas que os envolviam. O capital tende a impor às demais relações de produção sua categoria e importância, o que não elimina suas contradições, sendo que é nesse espaço que se realizam as condições de subordinação/resistência das relações de produção não capitalistas à forma de dominação do capital. A resistência indígena não se caracteriza, assim, por sua aparência, mas pela conservação de uma estrutura econômica não capitalista, que se opõe à penetração do capital. Isto não indica a constituição de um ou mais modos de produção sob a dominância do capital, mas uma luta específica dessa categoria social, que procura manter a sua existência como Índio.not availableBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPQueda, OriowaldoLombardi, Jose Claudinei1985-08-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-204003/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-02-08T19:52:45Zoai:teses.usp.br:tde-20220207-204003Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-02-08T19:52:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
not available
title Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
spellingShingle Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
Lombardi, Jose Claudinei
POLÍTICA INDIGENISTA
XAVANTE
title_short Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
title_full Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
title_fullStr Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
title_full_unstemmed Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
title_sort Xavante e a política indigenista no brasil nos séculos XVIII e XIX
author Lombardi, Jose Claudinei
author_facet Lombardi, Jose Claudinei
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Queda, Oriowaldo
dc.contributor.author.fl_str_mv Lombardi, Jose Claudinei
dc.subject.por.fl_str_mv POLÍTICA INDIGENISTA
XAVANTE
topic POLÍTICA INDIGENISTA
XAVANTE
description Esta dissertação é um estudo das condições históricas de inserção dos índios Xavante no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que conduziu às seguintes conclusões: Tratar as sociedades indígenas de forma autônoma constitui uma distorção da realidade, pois os indígenas se inserem no processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil O caso dos Xavante evidencia que a expansão da colonização fez com que os índios formassem uma configuração social defendente dos interesses dos colonizadores. A supremacia destes às imprimiu às relações entre índios e brancos um caráter essencialmente colonial, sendo regida pela oposição etnia colonizadora/ etnia colonizada, que norteou a submissão dos Xavantes aos interesses coloniais e, depois, nacionais. Estes processos representaram a subordinação das populações indígenas aos interesses do capital. Isto não significou, porém, a destruição da identidade social dos indígenas, que permaneceram considerando-se e sendo considerados como Índios., A inserção dos Xavante na estrutura global capitalista se deu quer enquanto grupo social pertencente ao segmento mais inferior da estrutura de classes, quer enquanto categoria social diferenciada, embora dependente. Mesmo sofrendo o violento processo de expropriação de seus meios de produção e o extermínio de parcelas de sua população, os Xavante continuaram a produzir e reproduzir as condições para continuar a ser Xavante, mantendo sua identidade tribal. Esse processo exigiu que os Xavante continuamente construíssem e reconstruíssem sua identidade tribal, o que implicou a síntese dos vários elementos contraditórios que compõem o mundo tribal e o capitalista, elaborada pela reinterpretação das situações históricas que os envolviam. O capital tende a impor às demais relações de produção sua categoria e importância, o que não elimina suas contradições, sendo que é nesse espaço que se realizam as condições de subordinação/resistência das relações de produção não capitalistas à forma de dominação do capital. A resistência indígena não se caracteriza, assim, por sua aparência, mas pela conservação de uma estrutura econômica não capitalista, que se opõe à penetração do capital. Isto não indica a constituição de um ou mais modos de produção sob a dominância do capital, mas uma luta específica dessa categoria social, que procura manter a sua existência como Índio.
publishDate 1985
dc.date.none.fl_str_mv 1985-08-23
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-204003/
url https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20220207-204003/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1815257212804661248