Medidas de metabólitos de cortisol em macacos-prego (Gênero Sapajus): análise comparativa entre populações para investigação de fatores estressores
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-03122012-102144/ |
Resumo: | Estudos da fisiologia do estresse são de fundamental importância para a área de endocrinologia comportamental e para projetos visando à promoção do bem estar de animais cativos. Esses estudos, quando feitos com animais de vida-livre, possibilitam investigar quais estímulos ambientais ou sociais são estressores para o táxon estudado. Pouco se sabe a este respeito sobre macacos-prego (gênero Sapajus), um primata neotropical muito comum em zoológicos, criadouros e outras situações de cativeiro. Uma maior compreensão dos agentes estressores neste gênero pode contribuir para o bem estar de sujeitos cativos. Frente a isso, este trabalho objetivou: 1) investigar, a partir da variação dos níveis de glicocorticóides (GCs; hormônios ligados ao estresse), quais eventos ambientais e comportamentais são percebidos por macacos-prego selvagens como estressantes; 2) verificar a possibilidade de definir valores de referência de níveis aceitáveis (nível basal) de metabólitos fecais de glicocorticóides (MFGs a mensuração de GCs a partir de fezes permite avaliar estes hormônios de forma não-invasiva) para o gênero Sapajus; e 3) validar o protocolo experimental de extração e dosagem de hormônios fecais. Em relação aos dois primeiros objetivos, foram tomadas medidas de metabólitos fecais de glicocorticóides, e de dados ambientais e comportamentais de duas populações selvagens, uma do Parque Estadual Carlos Botelho/São Paulo (PECB) e outra da Fazenda Boa Vista/Piauí (FBV). Para a validação do protocolo experimental, foi realizado um desafio de ACTH e dexametasona com macacos-prego cativos. Análises por modelo linear generalizado misto (MLGM) mostraram diferença significativa entre os níveis basais de MFGs das duas populações estudadas, sendo maiores na população da FBV. Para esta população, foi encontrado efeito de oferta de frutos no habitat, de freqüência de encontros com outras espécies animais e de cópulas, sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Para a população do PECB, nenhuma das variáveis estudadas apresentou efeito significativo sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Já as análises individuais mostraram que interações agonísticas entre membros do grupo foram os maiores causadores de picos de MFGs nos sujeitos estudados, seguidos por fêmeas em período proceptivo e cópulas, que causaram picos não só em machos adultos, mas também em machos juvenis e nas próprias fêmeas. Os resultados do desafio de ACTH e de dexametasona validaram o protocolo experimental de extração e dosagem hormonal. Os resultados obtidos estão de acordo com pesquisas anteriores que revelaram diferenças marcantes no sistema social das duas populações, especialmente no que se refere às relações sociais de fêmeas, de acordo com as diferenças ecológicas entre as duas áreas. Além disso, sugerem que não é possível definir valores de referência de nível basal de MFGs para o gênero Sapajus, já que as duas populações diferem significativamente quanto a este aspecto. A partir deste trabalho, que é apenas o começo de uma longa jornada para a compreensão do estresse em macacos-prego selvagens, começa-se a entender quais são os estressores naturais destes animais e como eles impactam os níveis de MFGs |
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Medidas de metabólitos de cortisol em macacos-prego (Gênero Sapajus): análise comparativa entre populações para investigação de fatores estressoresMeasures of cortisol metabolites in capuchin monkeys (Sapajus genus): a comparative analysis between wild populations to investigate stressorsBasal levelBehaviorComportamentoEstresseGlicocorticóideGlucocorticoidsNível basalStressValidaçãoValidationEstudos da fisiologia do estresse são de fundamental importância para a área de endocrinologia comportamental e para projetos visando à promoção do bem estar de animais cativos. Esses estudos, quando feitos com animais de vida-livre, possibilitam investigar quais estímulos ambientais ou sociais são estressores para o táxon estudado. Pouco se sabe a este respeito sobre macacos-prego (gênero Sapajus), um primata neotropical muito comum em zoológicos, criadouros e outras situações de cativeiro. Uma maior compreensão dos agentes estressores neste gênero pode contribuir para o bem estar de sujeitos cativos. Frente a isso, este trabalho objetivou: 1) investigar, a partir da variação dos níveis de glicocorticóides (GCs; hormônios ligados ao estresse), quais eventos ambientais e comportamentais são percebidos por macacos-prego selvagens como estressantes; 2) verificar a possibilidade de definir valores de referência de níveis aceitáveis (nível basal) de metabólitos fecais de glicocorticóides (MFGs a mensuração de GCs a partir de fezes permite avaliar estes hormônios de forma não-invasiva) para o gênero Sapajus; e 3) validar o protocolo experimental de extração e dosagem de hormônios fecais. Em relação aos dois primeiros objetivos, foram tomadas medidas de metabólitos fecais de glicocorticóides, e de dados ambientais e comportamentais de duas populações selvagens, uma do Parque Estadual Carlos Botelho/São Paulo (PECB) e outra da Fazenda Boa Vista/Piauí (FBV). Para a validação do protocolo experimental, foi realizado um desafio de ACTH e dexametasona com macacos-prego cativos. Análises por modelo linear generalizado misto (MLGM) mostraram diferença significativa entre os níveis basais de MFGs das duas populações estudadas, sendo maiores na população da FBV. Para esta população, foi encontrado efeito de oferta de frutos no habitat, de freqüência de encontros com outras espécies animais e de cópulas, sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Para a população do PECB, nenhuma das variáveis estudadas apresentou efeito significativo sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Já as análises individuais mostraram que interações agonísticas entre membros do grupo foram os maiores causadores de picos de MFGs nos sujeitos estudados, seguidos por fêmeas em período proceptivo e cópulas, que causaram picos não só em machos adultos, mas também em machos juvenis e nas próprias fêmeas. Os resultados do desafio de ACTH e de dexametasona validaram o protocolo experimental de extração e dosagem hormonal. Os resultados obtidos estão de acordo com pesquisas anteriores que revelaram diferenças marcantes no sistema social das duas populações, especialmente no que se refere às relações sociais de fêmeas, de acordo com as diferenças ecológicas entre as duas áreas. Além disso, sugerem que não é possível definir valores de referência de nível basal de MFGs para o gênero Sapajus, já que as duas populações diferem significativamente quanto a este aspecto. A partir deste trabalho, que é apenas o começo de uma longa jornada para a compreensão do estresse em macacos-prego selvagens, começa-se a entender quais são os estressores naturais destes animais e como eles impactam os níveis de MFGsStress physiology studies are of fundamental importance for the area of behavioral endocrinology and for projects that aim to promote the wellbeing of captive animals. When the subjects of those researches are wild animals, it is possible to investigate which environmental or social stimuli constitute stressors for this taxon. Little is known in this regard about capuchin monkeys (Sapajus genus), a neotropical primate that are constantly kept in zoos, breeders and others captive environments. A better comprehension of the stressors agents in this genus can contribute for the wellbeing of those captive individuals. Therefore this study aimed: 1) to investigate through the variation of glucocorticoids levels (GCs hormones related to stress), which environmental and behavioral events are perceived by wild capuchin monkeys as stressful; 2) access the possibility of defining basal fecal glucocorticoids metabolites levels (MFGs measuring GCs in feces is a non-invasive form of evaluate those hormones), as reference values, for the Sapajus genus; and 3) validate the experimental protocol of fecal hormones extraction and dosage. For the first two objectives, measures of fecal glucocorticoids metabolites, behavioral and environmental data of two wild populations of capuchin monkeys were taken. One in the Carlos Botelho State Park/São Paulo (PECB) and the other in Boa Vistas Farm/Piauí (FBV). For the experimental protocol validation an ACTH and dexamethasone challenge was executed with captive capuchin monkeys. Generalized Linear Mixed Models (MLGM) analysis showed a significant difference between basal levels of MFGs of the two populations, being the FBV the one with higher values. For that population there was also an effect of fruit availability in the habitat, frequency of encounters with other animals species and copulations in the mensal variation of the MFGs basal levels. There was no significant effect of the studied variables in the mensal basal levels variation of MFGs in the PECB population. The individual analyses showed that agonistic interactions among group members were the major cause of MFGs\' peaks in the studied subjects. Other major factors were females in proceptive period and copulations, that caused peaks not only in adult males, but also in juvenile males and the females themselves. The ACTH and dexamethasone challenge results validated the experimental protocol of hormones extraction and dosage. The obtained results are in agreement with previous researches that reveled marked differences in the social system of the two populations, specially in females social relationships that varied in accordance with the two areas ecological differences. The results also suggested that it is not possible to define reference values of MFGs\' basal levels for the Sapajus genus once the two populations are significantly different in this aspect. This work is just the beginning of a long endeavor to comprehend stress in wild capuchin monkeys, nevertheless it presents the first glimpse to the understanding of the natural stressors for those animals and how they impact the MFGs\' levelsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMauro, Patricia IzarMendonça-Furtado, Olívia de 2012-08-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-03122012-102144/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-03122012-102144Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Estudos da fisiologia do estresse são de fundamental importância para a área de endocrinologia comportamental e para projetos visando à promoção do bem estar de animais cativos. Esses estudos, quando feitos com animais de vida-livre, possibilitam investigar quais estímulos ambientais ou sociais são estressores para o táxon estudado. Pouco se sabe a este respeito sobre macacos-prego (gênero Sapajus), um primata neotropical muito comum em zoológicos, criadouros e outras situações de cativeiro. Uma maior compreensão dos agentes estressores neste gênero pode contribuir para o bem estar de sujeitos cativos. Frente a isso, este trabalho objetivou: 1) investigar, a partir da variação dos níveis de glicocorticóides (GCs; hormônios ligados ao estresse), quais eventos ambientais e comportamentais são percebidos por macacos-prego selvagens como estressantes; 2) verificar a possibilidade de definir valores de referência de níveis aceitáveis (nível basal) de metabólitos fecais de glicocorticóides (MFGs a mensuração de GCs a partir de fezes permite avaliar estes hormônios de forma não-invasiva) para o gênero Sapajus; e 3) validar o protocolo experimental de extração e dosagem de hormônios fecais. Em relação aos dois primeiros objetivos, foram tomadas medidas de metabólitos fecais de glicocorticóides, e de dados ambientais e comportamentais de duas populações selvagens, uma do Parque Estadual Carlos Botelho/São Paulo (PECB) e outra da Fazenda Boa Vista/Piauí (FBV). Para a validação do protocolo experimental, foi realizado um desafio de ACTH e dexametasona com macacos-prego cativos. Análises por modelo linear generalizado misto (MLGM) mostraram diferença significativa entre os níveis basais de MFGs das duas populações estudadas, sendo maiores na população da FBV. Para esta população, foi encontrado efeito de oferta de frutos no habitat, de freqüência de encontros com outras espécies animais e de cópulas, sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Para a população do PECB, nenhuma das variáveis estudadas apresentou efeito significativo sobre a variação mensal dos níveis basais de MFGs. Já as análises individuais mostraram que interações agonísticas entre membros do grupo foram os maiores causadores de picos de MFGs nos sujeitos estudados, seguidos por fêmeas em período proceptivo e cópulas, que causaram picos não só em machos adultos, mas também em machos juvenis e nas próprias fêmeas. Os resultados do desafio de ACTH e de dexametasona validaram o protocolo experimental de extração e dosagem hormonal. Os resultados obtidos estão de acordo com pesquisas anteriores que revelaram diferenças marcantes no sistema social das duas populações, especialmente no que se refere às relações sociais de fêmeas, de acordo com as diferenças ecológicas entre as duas áreas. Além disso, sugerem que não é possível definir valores de referência de nível basal de MFGs para o gênero Sapajus, já que as duas populações diferem significativamente quanto a este aspecto. A partir deste trabalho, que é apenas o começo de uma longa jornada para a compreensão do estresse em macacos-prego selvagens, começa-se a entender quais são os estressores naturais destes animais e como eles impactam os níveis de MFGs |
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