Utopias no universo distópico: a escrita de autoria feminina em Moçambique
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-03062021-121351/ |
Resumo: | No campo dos estudos africanos de língua portuguesa, a crítica literária tem relacionado o conceito da utopia às obras artísticas que discutem os processos históricos de Independências, bem como às formações dos Estados nacionais, no século XX. A distopia, por outro lado, concatena-se aos textos que destoam dessas primeiras perspectivas, como crítica aos agenciamentos independentes, a exemplo das Guerras Civis que se sucederam. Contraditoriamente, os estudos sobre a utopia pouco tem relação com esses pontos de vista, baseando-se apenas na historiografia ocidental (HALL, 1992-1993) como possibilidade conceitual (CLAYES, 2001), a partir de modelos narrativos fixos, nas paradimáticas obras de Thomas More, Utopia (1516) e George Orwell, 1984 (1949). Nesse sentido, propondo um rompimento com o \"conceito de influência\" (LUGARINHO, 2016), a partir do descentramento das relações hierárquicas relacionadas aos cânones, o presente estudo teve como objetivo questionar a fixidez conceitual dessas terminologias, provocando uma reflexão: não seria possível discuti-las através de produções discursivas que não espelhem as realidades dos \"Impérios\" (HARDHT & NEGRI, 2000)? Para refletir sobre essa e outras questões, a escolha do corpus se deu a partir de textos de autoria feminina em Moçambique, como possibilidade de diálogo entre as teorias pós-coloniais e de gênero, justamente observando como essas duas terminologias se desvencilham de modelos fíxos. Logo, o presente estudo propôs, além de uma visão panorâmica da autoria feminina em Moçambique, ao longo do século XX, a análise comparada de dois romances contempoâneos, Ventos do Apocalipse (1999), de Paulina Chiziane e Neighbours (2012), de Lília Momplé, que particularizam a experiência da Guerra Civil (1977-1992) no país, constatando que, paradoxalmente, as obras ambientam uma perspectiva distópica, mas com algumas pulsões utópicas, e essas marcas são encontradas, principalmente, nas trajetórias das personagens femininas. |
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Utopias no universo distópico: a escrita de autoria feminina em MoçambiqueUtopias in the dystopian universe: the writing of female authors in MozambiqueDistopiaDystopiaLiteraturaLiteratureMoçambiqueMozambiqueMulherNovelRomanceUtopiaUtopiaWomanNo campo dos estudos africanos de língua portuguesa, a crítica literária tem relacionado o conceito da utopia às obras artísticas que discutem os processos históricos de Independências, bem como às formações dos Estados nacionais, no século XX. A distopia, por outro lado, concatena-se aos textos que destoam dessas primeiras perspectivas, como crítica aos agenciamentos independentes, a exemplo das Guerras Civis que se sucederam. Contraditoriamente, os estudos sobre a utopia pouco tem relação com esses pontos de vista, baseando-se apenas na historiografia ocidental (HALL, 1992-1993) como possibilidade conceitual (CLAYES, 2001), a partir de modelos narrativos fixos, nas paradimáticas obras de Thomas More, Utopia (1516) e George Orwell, 1984 (1949). Nesse sentido, propondo um rompimento com o \"conceito de influência\" (LUGARINHO, 2016), a partir do descentramento das relações hierárquicas relacionadas aos cânones, o presente estudo teve como objetivo questionar a fixidez conceitual dessas terminologias, provocando uma reflexão: não seria possível discuti-las através de produções discursivas que não espelhem as realidades dos \"Impérios\" (HARDHT & NEGRI, 2000)? Para refletir sobre essa e outras questões, a escolha do corpus se deu a partir de textos de autoria feminina em Moçambique, como possibilidade de diálogo entre as teorias pós-coloniais e de gênero, justamente observando como essas duas terminologias se desvencilham de modelos fíxos. Logo, o presente estudo propôs, além de uma visão panorâmica da autoria feminina em Moçambique, ao longo do século XX, a análise comparada de dois romances contempoâneos, Ventos do Apocalipse (1999), de Paulina Chiziane e Neighbours (2012), de Lília Momplé, que particularizam a experiência da Guerra Civil (1977-1992) no país, constatando que, paradoxalmente, as obras ambientam uma perspectiva distópica, mas com algumas pulsões utópicas, e essas marcas são encontradas, principalmente, nas trajetórias das personagens femininas.In African studies in the Portuguese language, literary criticism has related the concept of utopia to artistic works that discuss the historical processes of Independences, as well as the formations of national states, in the 20th century. Dystopia, on the other hand, is concatenated with texts that differ from these first perspectives, as a criticism of independent agencies, such as the Civil Wars that followed. Contradictorily, studies on utopia have not many relations to these points of view, based only on Western historiography (HALL, 1992-1993) as a conceptual possibility (CLAYES, 2001), based on fixed narrative models, in the paradigmatic works of Thomas More, Utopia (1516) and George Orwell, 1984 (1949). In this sense, proposing a break with the \"concept of influence\" (LUGARINHO, 2016), from the decentralization of hierarchical relationships related to canons, the present study aimed to question the conceptual fixity of these terminologies, causing a reflection: it would not be possible discuss them through discursive productions that do not reflect the realities of the \"Empires\" (HARDHT & NEGRI, 2000)? In order to reflect on this and other issues, the corpus was chosen based on texts written by women in Mozambique, as a possibility of dialogue between post-colonial and gender theories, precisely observing how these two terminologies move away from fixed models. Therefore, this study proposed, in addition to a panoramic view of female authorship in Mozambique, throughout the 20th century, the comparative analysis of two contemporary novels, Ventos do Apocalipse (1999), by Paulina Chiziane and Neighbours (2012), by Lília Momplé, which particularize the experience of the Civil War (1977-1992) in the country, noting that, paradoxically, the works set a dystopian perspective, but with some utopian drives, and these marks are found, mainly, in the trajectories of the female characters.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLugarinho, Mário CésarSouza, Larissa da Silva Lisbôa2020-09-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-03062021-121351/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-06-03T19:28:02Zoai:teses.usp.br:tde-03062021-121351Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-06-03T19:28:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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