Impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 nos resultados gestacionais e neonatais em gestantes acompanhadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina e no Hospital Universitário da USP

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomez, Ursula Trovato
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-14042023-123538/
Resumo: Objetivo: Determinar os fatores clínicos e epidemiológicos associados à gravidade do quadro clínico em mulheres gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 e o risco de resultados gestacionais e neonatais adversos de acordo com a gravidade da infecção. Métodos: Análise retrospectiva de dados coletados de forma prospectiva de gestantes testadas para SARS-CoV-2 (ensaios sorológicos e/ou moleculares) durante a gravidez e/ou no parto em dois hospitais de São Paulo no período de 12 de abril de 2020 a 28 de fevereiro de 2021. Cinco grupos foram criados: C0, investigação negativa de SARS-CoV-2 e ausência de sintomas de COVID-19 durante a gravidez ou no parto; C1, investigação positiva e ausência de sintomas; C2, investigação positiva e presença de sintomas leves; C3, internação com COVID-19 moderado; C4, internação com COVID-19 grave. A associação de resultados gestacionais e neonatais com a gravidade da COVID-19 foi determinada por análise multivariada (AMV). Resultados: Foram incluídas 734 gestantes elegíveis, da seguinte forma: C0 (n= 357), C1 (n= 127), C2 (n= 174), C3 (n= 37), C4 (n= 39). Idade materna mais avançada apresentou piora da gravidade clínica (p= 0,044), e a nuliparidade foi menos frequente nos casos moderados e graves (ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,79 e ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,76, respectivamente), enquanto a hipertensão crônica apresentou associação com sintomas moderados (ORa= 5,21; IC 95% 2,09 13,0) e a diabetes pré-existente, com sintomas leves (ORa= 4,27; IC 95% 1,43 11,71). Em comparação com a ausência de infecção por SARS-CoV-2 (grupo C0), os seguintes resultados gestacionais e neonatais foram associados à COVID-19 grave: oligoâmnio (ORa= 6,18; IC 95% 1,87 - 20,39), sofrimento fetal (ORa= 4,01; IC 95% 1,84 - 8,75), parto prematuro (ORa= 5,51; IC 95% 1,47 - 20,61), maior tempo de internação (ORa= 1,66; IC 95% 1,36 - 2,02) e internação em unidade de terapia intensiva neonatal (ORa= 19,36; IC 95% 5,86 - 63,99). Todos os óbitos maternos (n= 6; 15,4%; p< 0,001) e neonatais (n= 5; 12,5%; p<0,001), e a maioria dos óbitos fetais (n= 4; 9,8%; p<0,001) ocorreram nos casos graves de COVID-19. A COVID-19 moderada foi associada a oligoâmnio (ORa= 6,23; IC 95% 1,93 - 20,13) e parto prematuro (ORa= 3,60; IC 95% 1,45 - 9,27). COVID-19 leve foi associada a oligoâmnio (ORa= 3,77; IC 95% 1,56 - 9,07). Conclusão: Progressão da idade materna, multiparidade e antecedentes de hipertensão arterial crônica e de diabetes correlacionaram-se com infecção mais grave. Os resultados gestacionais e neonatais adversos também estiveram associados à gravidade da COVID-19, com aumento do risco com a piora da doença
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spelling Impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 nos resultados gestacionais e neonatais em gestantes acompanhadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina e no Hospital Universitário da USPImpact of SARS-CoV-2 on pregnancy and neonatal outcomes in pregnant women followed up at Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina and Hospital Universitário da USPAdverse birth outcomesComplicações infecciosas na gravidezComplicações na gravidezCOVID-19COVID-19Desfechos adversos do nascimentoPregnancy complication infectiousPregnancy complicationsPregnancy outcomeResultado da gravidezResultados adversos do nascimentoSARS-CoV-2SARS-CoV-2Objetivo: Determinar os fatores clínicos e epidemiológicos associados à gravidade do quadro clínico em mulheres gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 e o risco de resultados gestacionais e neonatais adversos de acordo com a gravidade da infecção. Métodos: Análise retrospectiva de dados coletados de forma prospectiva de gestantes testadas para SARS-CoV-2 (ensaios sorológicos e/ou moleculares) durante a gravidez e/ou no parto em dois hospitais de São Paulo no período de 12 de abril de 2020 a 28 de fevereiro de 2021. Cinco grupos foram criados: C0, investigação negativa de SARS-CoV-2 e ausência de sintomas de COVID-19 durante a gravidez ou no parto; C1, investigação positiva e ausência de sintomas; C2, investigação positiva e presença de sintomas leves; C3, internação com COVID-19 moderado; C4, internação com COVID-19 grave. A associação de resultados gestacionais e neonatais com a gravidade da COVID-19 foi determinada por análise multivariada (AMV). Resultados: Foram incluídas 734 gestantes elegíveis, da seguinte forma: C0 (n= 357), C1 (n= 127), C2 (n= 174), C3 (n= 37), C4 (n= 39). Idade materna mais avançada apresentou piora da gravidade clínica (p= 0,044), e a nuliparidade foi menos frequente nos casos moderados e graves (ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,79 e ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,76, respectivamente), enquanto a hipertensão crônica apresentou associação com sintomas moderados (ORa= 5,21; IC 95% 2,09 13,0) e a diabetes pré-existente, com sintomas leves (ORa= 4,27; IC 95% 1,43 11,71). Em comparação com a ausência de infecção por SARS-CoV-2 (grupo C0), os seguintes resultados gestacionais e neonatais foram associados à COVID-19 grave: oligoâmnio (ORa= 6,18; IC 95% 1,87 - 20,39), sofrimento fetal (ORa= 4,01; IC 95% 1,84 - 8,75), parto prematuro (ORa= 5,51; IC 95% 1,47 - 20,61), maior tempo de internação (ORa= 1,66; IC 95% 1,36 - 2,02) e internação em unidade de terapia intensiva neonatal (ORa= 19,36; IC 95% 5,86 - 63,99). Todos os óbitos maternos (n= 6; 15,4%; p< 0,001) e neonatais (n= 5; 12,5%; p<0,001), e a maioria dos óbitos fetais (n= 4; 9,8%; p<0,001) ocorreram nos casos graves de COVID-19. A COVID-19 moderada foi associada a oligoâmnio (ORa= 6,23; IC 95% 1,93 - 20,13) e parto prematuro (ORa= 3,60; IC 95% 1,45 - 9,27). COVID-19 leve foi associada a oligoâmnio (ORa= 3,77; IC 95% 1,56 - 9,07). Conclusão: Progressão da idade materna, multiparidade e antecedentes de hipertensão arterial crônica e de diabetes correlacionaram-se com infecção mais grave. Os resultados gestacionais e neonatais adversos também estiveram associados à gravidade da COVID-19, com aumento do risco com a piora da doençaAim: To determine the factors associated with the severity of the clinical presentation in pregnant women infected with SARS-CoV-2 and the risk of adverse gestational and neonatal outcomes according to the presence and intensity of symptoms. Methods: Retrospective analysis of prospectively collected data on pregnant women tested for SARS-CoV-2 (serological and/or molecular assays) during pregnancy and/or at delivery in two hospitals in Sao Paulo from April 12th, 2020 to February 28th, 2021. Five groups were created: C0, negative SARS-CoV-2 investigation and no COVID-19 symptoms during pregnancy or at delivery; C1, positive investigation and absence of symptoms; C2, positive investigation with mild symptoms; C3, hospital admission with moderate COVID-19; C4, hospital admission with severe COVID-19. The association of pregnancy and neonatal outcomes with COVID-19 severity was determined by multivariate analysis (MVA). Results: 734 eligible pregnant women were enrolled as follows: C0 (n= 357), C1 (n= 127), C2 (n= 174), C3 (n= 37), C4 (n= 39). Incresing maternal age was associated with progressive disease severity (p= 0.044) and nulliparity was less frequent in the moderate and severe groups (aOR= 0.30; 95% CI 0.12 0.79 and aOR= 0.30; 95% CI 0.12 0.76, respectively), while chronic hypertension was associated with moderate symptoms (aOR= 5.21; 95% CI 2.09 13.0) and pre-existing diabetes, with mild symptoms (aOR= 4.27; 95% CI 1.43 11.71). Compared to absence of SARS-CoV-2 infection (group C0), the following pregnancy and neonatal outcomes were associated with severe COVID-19: oligohydramnios (aOR= 6.18; 95%CI 1.87 - 20.39), fetal distress (aOR= 4.01; 95%CI 1.84 - 8.75), preterm birth (aOR= 5.51; 95%CI 1.47 - 20.61), longer hospital stay (aOR= 1.66, 95%CI 1.36 - 2.02), and admission to neonatal intensive care unit (aOR= 19.36, 95%CI 5.86 - 63.99). All maternal (n= 6; 15.4%; p< 0.001) and neonatal (n=5; 12.5%; p< 0.001) and most fetal deaths (n=4; 9.8%; p< 0.001) occurred in the severe COVID-19 maternal group. Moderate COVID-19 was associated with oligohydramnios (aOR= 6.23; 95%CI 1.93 - 20.13) and preterm birth (aOR=3.60; 95%CI 1.45 - 9.27). Mild COVID-19 was associated with oligohydramnios (aOR= 3.77; 95%CI 1.56 - 9.07). Conclusion: Increasing maternal age, multiparity and a history of chronic hypertension and diabetes are related to more serious infection. Adverse pregnancy and neonatal outcomes are also associated with maternal symptomatic COVID-19 status, and the risk increases with disease severityBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBrizot, Maria de LourdesGomez, Ursula Trovato2022-11-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-14042023-123538/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-04-17T16:47:14Zoai:teses.usp.br:tde-14042023-123538Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-04-17T16:47:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description Objetivo: Determinar os fatores clínicos e epidemiológicos associados à gravidade do quadro clínico em mulheres gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 e o risco de resultados gestacionais e neonatais adversos de acordo com a gravidade da infecção. Métodos: Análise retrospectiva de dados coletados de forma prospectiva de gestantes testadas para SARS-CoV-2 (ensaios sorológicos e/ou moleculares) durante a gravidez e/ou no parto em dois hospitais de São Paulo no período de 12 de abril de 2020 a 28 de fevereiro de 2021. Cinco grupos foram criados: C0, investigação negativa de SARS-CoV-2 e ausência de sintomas de COVID-19 durante a gravidez ou no parto; C1, investigação positiva e ausência de sintomas; C2, investigação positiva e presença de sintomas leves; C3, internação com COVID-19 moderado; C4, internação com COVID-19 grave. A associação de resultados gestacionais e neonatais com a gravidade da COVID-19 foi determinada por análise multivariada (AMV). Resultados: Foram incluídas 734 gestantes elegíveis, da seguinte forma: C0 (n= 357), C1 (n= 127), C2 (n= 174), C3 (n= 37), C4 (n= 39). Idade materna mais avançada apresentou piora da gravidade clínica (p= 0,044), e a nuliparidade foi menos frequente nos casos moderados e graves (ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,79 e ORa= 0,30; IC 95% 0,12 0,76, respectivamente), enquanto a hipertensão crônica apresentou associação com sintomas moderados (ORa= 5,21; IC 95% 2,09 13,0) e a diabetes pré-existente, com sintomas leves (ORa= 4,27; IC 95% 1,43 11,71). Em comparação com a ausência de infecção por SARS-CoV-2 (grupo C0), os seguintes resultados gestacionais e neonatais foram associados à COVID-19 grave: oligoâmnio (ORa= 6,18; IC 95% 1,87 - 20,39), sofrimento fetal (ORa= 4,01; IC 95% 1,84 - 8,75), parto prematuro (ORa= 5,51; IC 95% 1,47 - 20,61), maior tempo de internação (ORa= 1,66; IC 95% 1,36 - 2,02) e internação em unidade de terapia intensiva neonatal (ORa= 19,36; IC 95% 5,86 - 63,99). Todos os óbitos maternos (n= 6; 15,4%; p< 0,001) e neonatais (n= 5; 12,5%; p<0,001), e a maioria dos óbitos fetais (n= 4; 9,8%; p<0,001) ocorreram nos casos graves de COVID-19. A COVID-19 moderada foi associada a oligoâmnio (ORa= 6,23; IC 95% 1,93 - 20,13) e parto prematuro (ORa= 3,60; IC 95% 1,45 - 9,27). COVID-19 leve foi associada a oligoâmnio (ORa= 3,77; IC 95% 1,56 - 9,07). Conclusão: Progressão da idade materna, multiparidade e antecedentes de hipertensão arterial crônica e de diabetes correlacionaram-se com infecção mais grave. Os resultados gestacionais e neonatais adversos também estiveram associados à gravidade da COVID-19, com aumento do risco com a piora da doença
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